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Luís Vaz De Camões

Canto IX (B): “Ilha dos Amores”


Est.88-95 (Pág. 308)
88 “Assi a fermosa e a forte companhia
O dia quasi todo estão passando
Nua alma, doce, incógnita alegria, Após a realização dos
Os trabalhos tão longos compensando. feitos grandiosos há a
Porque dos feitos grandes, da ousadia
recompensa do herói.
Forte e famosa, o mundo está guardando
O prémio lá no fim, bem merecido,
Com fama grande e nome alto e subido.”
Mitificação do herói.
89 “Que as Ninfas do Oceano, tão formosas,
Tétis e a Ilha angélica pintada,
Outra cousa não é que as deleitosas Excecionalidade dos
Honras que a vida fazem sublimada. portugueses.
Aquelas preminências gloriosas,
Os triunfos, a fronte coroada
De palma e louro, a glória e maravilha,
Estes são os deleites desta ilha.”

90 “Que as imortalidades que fingia


A antiguidade, que os Ilustres ama,
Lá no estelante Olimpo, a quem subia
Sobre as asas ínclitas da Fama,
Por obras valorosas que fazia, Dupla Adjetivação
Pelo trabalho imenso que se chama
Caminho da virtude alto e fragoso,
Mas no fim doce, alegre e deleitoso.”
Após a realização de feitos
grandiosos há a recompensa do
herói.
91 “Não eram senão prémios que reparte
Por feitos imortais e soberanos,
O mundo cos varões que esforço e arte
Divinos os fizeram, sendo humanos. Enumeração dos deuses que antes
Que Júpiter, Mercúrio, Febo e Marte, de o serem eram humanos –
Eneias e Quirino, e os dous Tebanos, confirma que a imortalidade é o
Ceres, Palas e Juno com Diana,
Todos foram de fraca carne humana.”
prémio dos que praticam grandes
ações.
92 “Mas a Fama, trombeta de obras tais,
Lhe deu no Mundo nomes tão estranhos
De Deuses, Semideuses Imortais, Apóstrofe – dirigida àqueles que
Indígetes, Heróicos e de Magnos. procuram a fama – incita-os à ação
Por isso, ó vós que as famas estimais,
Se quiserdes no mundo ser tamanhos, Despertai já do sono
do ócio ignavo,
Que o ânimo, de livre, faz escravo.”
Para atingir a
fama/glória/recompensa
merecida é necessário trabalho,
esforço e nunca cair no ócio
Para atingir a fama/gória/recompensa
merecida é necessário negar a cobiça e
93 “E ponde na cobiça um freio duro,
a ambição, pois estas levam à tirania.
E na ambição também, que indignamente
Tomais mil vezes, e no torpe e escuro
Vício da tirania infame e urgente;
Porque essas honras vãs, esse ouro puro,
Verdadeiro valor não dão à gente: É perferível/mais digno merecer ser
Melhor é merecê-los sem os ter, reconhecido e não o ser, do que ter
Que possuí-los sem os merecer.” reconhecimento sem o merecer.

Antítese – enfatiza a
exploração dos mais fracos
94 “Ou dai na paz as leis iguais, constantes, pelos mais poderosos.
Que aos grandes não deem o dos pequenos,
Ou vos vesti nas armas rutilantes,
Contra a lei dos inimigos Sarracenos:
Fareis os Reinos grandes e possantes,
E todos tereis mais o nenhum menos: A justiça e a honra existem
Possuireis riquezas merecidas, quando há uma igualdade
Com as honras que ilustram tanto as vidas.” social. – veia judicativa de
Camões e de defesa de
questões sociais.
95 “E fareis claro o Rei que tanto amais,
Agora cos conselhos bem cuidados,
Agora co as espadas, que imortais
Vos farão, como os vossos já passados.
Impossibilidades não façais,
Que quem quis, sempre pôde; e numerados Quando as ações são corretas é
Sereis entre os Heróis esclarecidos possível atingir a glória e o
E nesta “Ilha de Vénus” recebidos.”
reconhecimento.

Anáfora – realça o que deve


ser feito para atingir a glória
de uma forma honesta.
Em poucas palavras…
Esta reflexão do poeta pretende:
•  esclarecer acerca do verdadeiro caminho para
atingir a fama;
•  alertar para o domínio do ócio e o refreio da cobiça
e da ambição;
•  fomentar a aplicação de leis igualitárias e justas;
•  relembrar a necessária luta contra os mouros.
Perguntas Gerais
Integração do excerto na estrutura
Este excerto integra-se na
interna de Os Lusíadas
Narração de Os Lusíadas.

Plano/s presente/s no excerto Plano da Viagem, plano Mitológico


e plano das Reflexões do Poeta.

Identificação do narrador do excerto Poeta, Luís Vaz de Camões

Localização dos excertos na estrutura


interna de Os Lusíadas e no momento Narração  Regresso
da viagem de Vasco da Gama e dos
portugueses
Breve síntese do conteúdo das
estâncias

A ilha dos Amores simboliza o


reconhecimento dos feitos do povo
português através de uma recompensa –
a celebração de um casamento cósmico
entre as ninfas e os portugueses,
através do qual Camões os eleva a um
estatuto de deuses.
“Por feitos imortais e soberanos,
O mundo cos varões que esforço e arte
Divinos os fizeram, sendo humanos.” “Caminho da virtude, alto e fragoso,
Mas, no fim, doce, alegre e deleitoso,”  ou seja,
todo o caminho difícil de percorrer, no fim vale
sempre a pena (recompensa).
Segundo Camões, para ser imortal precisam de percorrer um
caminho:
“Se quiserdes no mundo ser tamanhos,
Despertai já do sono do ócio ignavo, (…)”  Deixar a preguiça
de lado.
“E ponde na cobiça um freio duro,
E na ambição também, que indignamente(…)”  Pôr um travão
na cobiça e na ambição.

Assim,
“Possuireis riquezas merecidas,
Com as honras que ilustram tanto as vidas.”
“Sereis entre os Heróis esclarecidos
E nesta “Ilha de Vénus” recebidos.”
Na ilha “fresca e bela “ encontram-se ninfas à espera,
tendo os marinheiros a oportunidade de se deleitar
com elas que as acolhem, depois de jogo de sedução,
dividem-se entre o prazer sexual e o Amor.;
Canto IX (B)
Divide o texto em duas partes, justificando essa divisão.

1ª Parte 2ª Parte

(Estância 88-92 (v.1-4)) (Estância 92 (v.5-8) - 95)

Significado da Ilha dos Amores. Conselhos do poeta aos que pretendem


alcançar a imortalidade.
Relê as duas primeiras estâncias:

88 “Assi a fermosa e a forte companhia O dia89 “Que as Ninfas do Oceano, tão formosas,
quasi todo estão passando Tétis e a Ilha angélica pintada,
Nua alma, doce, incógnita alegria, Outra cousa não é que as deleitosas
Os trabalhos tão longos compensando. Honras que a vida fazem sublimada.
Porque dos feitos grandes, da ousadia Aquelas preminências gloriosas,
Forte e famosa, o mundo está guardando Os triunfos, a fronte coroada
O PRÉMIO lá no fim, bem merecido, De palma e louro, a glória e maravilha,
Com fama grande e nome alto e subido.” Estes são os deleites desta ilha.”

Em que consiste o «prémio mencionado»? O que é preciso para o merecer?

Prazer de se envolverem com as


Realização de grandes feitos.
ninfas (Recompensa de todo o
esforço, coragem e trabalho).
Tendo em conta a estância 89 e as palavras de Vítor
Aguiar e Silva, explica, por palavras tuas, o significado
da Ilha dos Amores

A Ilha dos Amores simboliza a recompensa  “(…) as


deleitosas/Honras que a vida fazem sublimada.” – estância 89,
e proporciona o repouso aos navegadores  “[Os deuses]
proporcionam aos heróis como prémio e recompensa dos seus
feitos, ascender a uma existência sobre-humana.” – Texto
Apresentado.
A Ilha dos Amores representa também uma otopia. “(…)
perante a degradação e a miséria do mundo presente, floresce
o sonho de a regenerar e erguer-se a esperança do advento de
um futuro mais justo, mais harmonioso e mais feliz.”
Em que consiste o «Caminho da virtude» referido na
estância 90?

90 “Que as imortalidades que fingia


A antiguidade, que os Ilustres ama,
Lá no estelante Olimpo, a quem subia
Sobre as asas ínclitas da Fama,
Por obras valorosas que fazia,
Pelo trabalho imenso que se chama
CAMINHO DA VIRTUDE alto e fragoso,
Mas no fim doce, alegre e deleitoso.”

Refere-se ao caminho até á


imortalidade
Justifica as referências à Antiguidade nas estâncias
90,91 e 92

Camões refere-se à Antiguidade nas estâncias 90, 91 e 92


como comparação dos Deuses aos Portugueses, pois
como os marinheiros fizeram grandes feitos soberanos vão
ser tornados imortais e glorificados como Júpiter e outros
Deuses que eram humanos e atingiram a imortalidade.
“Por feitos imortais e soberanos,
O mundo cos varões que esforça e arte
Divinos os fizeram sendo humanos.
Que Júpiter, Mercúrio, Febo e Marte, (…)
Todos foram de fraca carne humana.”
Para atingir esta imortalidade é necessário percorrer um
caminho difícil.
“Caminho de virtude, alto e fragoso,
Mas, no fim, doce, alegre e deleitoso, (…) ”
Identifica e comenta o recurso expressivo presente no verso
«Mas a Fama, trombeta de obras tais»  Est. 92 (v.1)

92 “Mas a Fama, trombeta de obras tais,


Lhe deu no Mundo nomes tão estranhos
De Deuses, Semideuses Imortais,
Indígetes, Heróicos e de Magnos.
Por isso, ó vós que as famas estimais,
Se quiserdes no mundo ser tamanhos,
Despertai já do sono do ócio ignavo,
Que o ânimo, de livre, faz escravo.”

Neste verso da estância 92 está presente a metáfora que significa


que só com esforço se atinge/alcança a fama.
FIM
Trabalho Realizado Por:
Bernardo Santos nº2;
Luciana Martins nº8;
Marta Pereira nº12;
Simão Nicolau nº16

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