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Avaliação E. Educação Professor

Ficha de Educação Literária 14

Os Lusíadas, de Luís de Camões


Lê a cantiga Canto IX d’Os Lusíadas, de Luís de Camões. Caso seja necessário, consulta as notas .
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Assi a fermosa e a forte companhia1 Não eram senão prémios que reparte,
O dia quási todo estão passando Por feitos imortais e soberanos,
Nua alma2, doce, incógnita alegria, O mundo cos varões que esforço e arte
OsNome
trabalhos tão longos compensando. N. o Divinos os fizeram,
10.o sendo
Data humanos.
/ /
Porque dos feitos grandes, da ousadia Que Júpiter, Mercúrio, Febo e Marte,
Avaliação
Forte E. Educação
e famosa, o mundo está guardando Professor
Eneas e Quirino 7
e os dous Tebanos,8
O prémio lá no fim, bem merecido, Ceres, Palas e Juno com Diana,
Ficha de Educação Literária 1
Com fama grande e nome alto e subido. Todos foram de fraca carne humana.

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Que as Ninfas do Oceano, tão fermosas, Mas a Fama, trombeta de obras tais,
Tétis e a Ilha angélica pintada, Lhe deu no Mundo nomes tão estranhos
Outra cousa não é que as deleitosas De Deuses, Semideuses, Imortais,
Honras que a vida fazem sublimada. Indígetes9, Heroicos e de Magnos.
Aquelas preminências gloriosas, Por isso, ó vós que as famas estimais,
Os triunfos, a fronte coroada Se quiserdes no mundo ser tamanhos,
De palma e louro, a glória e maravilha3, Despertai já do sono do ócio ignavo10,
Estes são os deleites desta Ilha. Que o ânimo, de livre, faz escravo.

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Que as imortalidades que fingia E ponde na cobiça um freio duro,
A antiguidade, que os Ilustres ama, E na ambição também, que indignamente
Lá no estelante4 Olimpo, a quem subia Tomais mil vezes, e no torpe e escuro
Sobre as asas ínclitas5 da Fama, Vício da tirania infame11 e urgente;
Por obras valerosas que fazia, Porque essas honras vãs, esse ouro puro,
Pelo trabalho imenso que se chama Verdadeiro valor não dão à gente:
Caminho da virtude, alto e fragoso6, Milhor é merecê-los sem os ter,
Mas, no fim, doce, alegre e deleitoso, Que possuí-los sem os merecer.

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Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 10.o ano 127


Ou dai na paz as leis iguais, constantes, E fareis claro12 o Rei que tanto amais,
Que aos grandes não deem o dos pequenos, Agora cos conselhos bem cuidados,
Ou vos vesti nas armas rutilantes, Agora co as espadas, que imortais
Contra a lei dos imigos Sarracenos: Vos farão, como os vossos já passados.
Fareis os Reinos grandes e possantes, Impossibilidades não façais,
E todos tereis mais e nenhum menos: Que quem quis, sempre pôde; e numerados
Possuireis riquezas merecidas, Sereis entre os Heróis esclarecidos
Com as honras que ilustram tanto as vidas. E nesta «Ilha de Vénus» recebidos.
Luís de Camões, Os Lusíadas, edição de A. J. Costa Pimpão, Lisboa, MNE-IC, 2003, pp. 409-410.

1
a fermosa e a forte companhia: a companhia das Ninfas e dos 8
os dous Tebanos: Baco e Hércules;
navegadores; 2 alma: benéfica; 3 maravilha: admiração; 9
Indígetes: divindades primitivas e nacionais dos romanos;
4
estelante: cintilante de estrelas; 5 ínclitas: ilustres; 10
ignavo: indolente; 11 infame: que não tem boa fama, vil;
6
fragoso: com fragas, de difícil acesso; 12
claro: ilustre.
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Quirino: nome de Rómulo divinizado;

1. Demonstra que o poeta, na estância 89, explica a simbologia da Ilha dos Amores .
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2. Com base nas estâncias 90 e 91, e nos versos 1 a 4 da estância 92, explica quem foram, na
perspetiva do poeta, as figuras imortais da Antiguidade Clássica. Ilustra a resposta através de
citações textuais.
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3. Enuncia os defeitos de que se devem libertar aqueles que desejam imortalizar-se.


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4. Explicita o significado dos versos «Milhor é merecê-los sem os ter, / Que possuí-los sem os
merecer.» (estância 93, versos 7-8).
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5. Indica as qualidades que devem ter os que pretendem alcançar a fama.


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