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Novas Leituras 9 | Guia do Professor

TESTE N.° 6

ESCOLA:

TESTE DE PORTUGUÊS
Ano: 9.° | Turma: Data: / /20

GRUPO I
Parte A
Lê o texto com atenção. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.

A Viagem da Índia
As naus estavam finalmente aparelhadas, as guarnições a postos, as âncoras prontas a er-
guer-se.
Fora ainda D. João II que as mandara construir; e o Príncipe perfeito, inspirando-se nos conse-
lhos de Bartolomeu Dias e dos outros práticos, não se poupara a esforços para que elas fossem
5 acabadas de uma maneira especialmente cuidada e forte, com madeiras de grande grossura, ha-
bilmente escolhidas e arrecadadas na Casa da Mina por pessoa de confiança, com a pregaria bem
atacada, com o calafeto1 rigorosamente verificado e os aparelhos, o cordame2, as velas tríplices
por causa dos temporais.
Estavam prontas as naus heroicas, predestinadas, que agora simbolizavam todo o futuro, todo
10 o sonho, toda a ansiedade de Portugal; as naus em que naquela manhã de 8 de julho de 1497, de-
pois de ter passado a noite na capela do Restelo, vigiando e orando, Vasco da Gama devia em-
barcar com os seus companheiros em demanda do Oriente.
Todo o povo de Lisboa tinha acorrido à praia, a que a piedade de muitos, ainda no tempo do
infante D. Henrique, pusera o pitoresco nome de Lágrimas; e na luz prestigiosa da manhã, toda
15 em cintilas3 e irisados4 fulgores, toda em tonalidades do mais puro cristal, apenas lá muito ao
longe levemente empanada5 na bruma das serranias, o venturoso rei D. Manuel viera também
em triunfo, sob o pálio6, dizer o último adeus aos novos argonautas.
No calmo estuário do Tejo, tão predestinado para as gloriosas empresas e para as supremas con-
sagrações, já o S. Gabriel, o S. Rafael, o S. Miguel e o Bérrio desfraldam as velas aos ventos e aos
20 sonhos épicos; e, no meio da multidão – enquanto Vasco da Gama e os outros comandantes se
afastam – as mãos agitam-se mais altas num frémito de ansiedade, as almas perturbam-se
numa mais enternecida emoção e um velho de longas barbas alvejantes diz talvez em torno as
proféticas palavras d‘Lusíadas.
Enfim! Enfunadas as velas, já lá iam pelo mar fora, audazmente, na apoteose esplêndida do
25 sol trespassando o azul, dourando a cidade e as águas; já lá iam em busca da morte, em busca da
glória e das origens do sol, como aventureiros ousados de um novo, mais pulcro7 ideal – enquanto
a multidão se dispersava, agora mais soturna, ainda em lágrimas, no angustioso presságio dos
temporais, dos naufrágios, dos flagelos implacáveis do futuro…

In Quadros da História de Portugal, Chagas Franco & João Soares, Gradiva Publicações, 2010
Novas Leituras 9 –

VOCABULÁRIO
1
vedação; 2 cordas; 3 brilhos; faíscas; 4 brilhantes; coloridos; 5 encoberta; 6 espécie de dossel sustido
por varas, debaixo do qual vai o rei nos cortejos; 7 belo; delicado
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4. Testes de Avaliação | Novas Leituras

Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. Para responderes a cada item, seleciona a afirmação adequada ao sentido do texto.

1.1. A palavra “aparelhadas” (linha 1) significa:


a) acabadas.
b) ancoradas.
c) encaminhadas.
d) preparadas.

1.2. O ano “1497” (linha 10) reporta-se ao século:


a) XIV.
b) XV.
c) XVI.
d) XVII.

1.3. O “S. Gabriel, o S. Rafael, o S. Miguel e o Bérrio” (linha 19) referem-se:


a) ao nome dos comandantes das naus.
b) ao nome atribuído às naus.
c) aos santos que acompanhavam os navegadores.
d) aos sacerdotes que viajavam com a tripulação.

1.4. A expressão “as mãos agitavam-se mais altas” (linha 21) contém uma:
a) metáfora.
b) perífrase.
c) personificação.
d) sinédoque.

1.5. Na frase “já lá iam pelo mar fora” (linha 24), o sujeito é:
a) as naus.
b) as velas.
c) os argonautas.
d) os sonhos épicos.

1.6. A palavra sublinhada na expressão “ainda em lágrimas” (linha 27) pode ser substituída por:
a) agora.
Novas Leituras 9 –

b) até agora.
c) mais.
d) também.
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor

Parte B
Lê o excerto de Os Lusíadas de Luís de Camões. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário
apresentado.

A Tempestade

Ivan Konstantinobich, Navio na tempestade, 1887


70 Mas neste passo, assi prontos estando1,
Eis o mestre2, que olhando os ares anda,
O apito toca: acordam, despertando,
Os marinheiros dũa e doutra banda,
E, porque o vento vinha refrescando3,
Os traquetes das gáveas tomar manda4.
“– Alerta (disse) estai, que o vento crece5
Daquela nuvem negra que aparece!”

71 Não eram os traquetes bem tomados, 73 Correm logo os soldados animosos


Quando dá a grande e súbita procela6. A dar à bomba; e, tanto que14 chegaram,
“– Amaina (disse o mestre a grandes brados), Os balanços que os mares temerosos
Amaina7 (disse), amaina a grande vela!” Deram à nau, num bordo os derribaram.
Não esperam os ventos indinados8 Três marinheiros, duros e forçosos,
Que amainassem, mas, juntos dando nela, A menear o leme não bastaram;
Em pedaços a fazem cum ruído Talhas15 lhe punham, dũa e doutra parte,
Que o Mundo pareceu ser destruído! Sem aproveitar dos homens força e arte.

72 O céu fere com gritos nisto a gente, 74 Os ventos eram tais que não puderam
Cum súbito temor e desacordo9; Mostrar mais força d' ímpeto cruel,
Que, no romper da vela, a nau10 pendente Se pera derribar então vieram
Toma grão suma11 d' água pelo bordo. A fortíssima Torre de Babel16.
“– Alija12 (disse o mestre rijamente, Nos altíssimos mares, que creceram,
Alija tudo ao mar, não falte acordo13! A pequena grandura dum batel
Vão outros dar à bomba, não cessando; Mostra a possante nau, que move espanto,
À bomba, que nos imos alagando!” Vendo que se sustém nas ondas tanto.

In Os Lusíadas, Luís de Camões


edição de A. J. Pimpão, MNE-IC, 2000

VOCABULÁRIO
1
vatentos à narrativa de Fernão Veloso; 2 comandante de manobra; 3 soprando; 4 manda encurtar as velas su-
periores do mastro grande; 5 aumenta de intensidade; 6 tempestade; 7 carrega, colhe; 8 impetuosos, enfurecidos;
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9
frenesi, nervosismo; 10 de S. Gabriel; 11 grande quantidade; 12 lança carga ao mar; 13 presença de espírito, san-
gue-frio; 14 logo que; 15 cordas que se prendem à cana do leme, para facilitar o governo da nau; 16 torre que, se-
gundo a Bíblia, os hebreus construíram para chegar ao Céu, tendo sido castigados por Deus que fez com que
o povo falasse línguas diferentes e, como tal, não se entendesse
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4. Testes de Avaliação | Novas Leituras

Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
2. Situa o excerto de Os Lusíadas na estrutura interna da obra.
3. Atenta nas estâncias 70 e 71.
3.1. Transcreve das estâncias as expressões que ilustrem o crescimento gradual da tempestade.
3.2. Identifica, na segunda estância, uma personificação, evidenciando o seu valor expressivo.
3.3. Caracteriza a atitude da personagem individual, destacada na tripulação, face à tempestade.
4. Relê as estâncias 72 e 73.
4.1. Esclarece o estado de espírito dos marinheiros.
4.2. Explicita a atitude dos marinheiros perante as ordens do “mestre”.
5. Esclarece o sentido dos quatro primeiros versos da última estância, identificando o recurso ex-
pressivo empregue na descrição da força dos ventos.

GRUPO II
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. “Não esperam os ventos indinados / Que amainassem” (estância 71)
1.1. Identifica a função sintática desempenhada pela expressão sublinhada.
1.2. Classifica a forma verbal “amainassem”, indicando pessoa, número, tempo e modo.
1.3. Classifica a oração introduzida pela conjunção subordinativa “que”.
1.4. Reescreve os versos anteriores na afirmativa, iniciando-os como a seguir se indica.
Oxalá os ventos indinados __________________________________________________________________________
2. “Três marinheiros, duros e forçosos, / A menear o leme não bastaram” (estância 73)
2.1. Reescreve o segundo verso, substituindo “o leme” pelo pronome pessoal adequado. Faz apenas
as alterações necessárias.
2.2. Identifica a função sintática desempenhada pela expressão sublinhada.
3. Seleciona a alínea que te permite obter uma afirmação correta.
3.1. A frase em que a palavra que é um pronome é:
a) “Eis o mestre, que olhando os ares anda, / O apito toca” (estância 70)
b) “– Alerta (disse) estai, que o vento crece” (estância 70)
c) “Não esperam os ventos indinados / Que amainassem” (estância 71)
d) “Em pedaços a fazem cum ruído / Que o Mundo pareceu ser destruído!” (estância 71)

GRUPO III
Os navegadores portugueses arriscaram a sua vida na descoberta do caminho marítimo para a Índia.

Baseando-te em filmes/séries televisivas que tenhas visto ou em algum livro que tenhas lido,
escreve uma história real ou imaginária, de 180 a 240 palavras, em que alguém tenha arriscado a
própria vida para alcançar um determinado objetivo.
Lembra-te de que deves situar a ação no tempo e no espaço, bem como apresentar as persona-
gens intervenientes.
Novas Leituras 9 –

O teu texto deve incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e uma parte de
conclusão.
Antes de redigires o teu texto, aponta em forma de tópicos as ideias gerais que queres apresentar.
No final, relê com atenção o texto que escreveste, verifica se respeitaste a tua planificação e
procede a ajustes e/ou correções que consideres necessários.
PROPOSTAS DE RESOLUÇÃO DOS TESTES FORMATIVOS
(Guia do Professor)
TESTE N.° 6
Grupo I

Parte A

1.1. d) 1.2. b) 1.3. b) 1.4. c) 1.5. c) 1.6. b)

Parte B

2. O excerto situa-se no plano da Viagem

3.1. As expressões “o vento vinha refrescando”, “o vento crece/ Daquela nuvem negra que aparece”,
“dá a grande e súbita procela”, “os ventos indinados” ilustram o crescimento gradual da
tempestade.

3.2. A personificação “os ventos indinados” evidencia o ímpeto e a violência da tempestade, pelo
facto de ser atribuída aos ventos a capacidade de se indignarem.

3.3. O “mestre” mantém-se no seu posto, atento à manobras do barco e às condições atmosféricas,
pelo que é o primeiro a atuar perante a iminência de perigo: toca o apito para despertar os
marinheiros, dá ordem imediata para que desçam “os traquetes das gáveas” e amainem a “grande
vela”, com o intuito de evitar o naufrágio.

4.1. Os marinheiros sentem-se assustados e desnorteados perante o súbito aparecimento da


tempestade.

4.2. Os marinheiros obedecem prontamente às ordens do “mestre”, retomando o ânimo no sentido


de evitarem uma catástrofe e de se salvarem.

5. A hipérbole evidencia a força desmedida dos ventos que seriam capazes de derrubar a enorme
Torre de Babel.

Grupo II

1.1. sujeito (simples)


1.2. “amainassem” – pretérito imperfeito do conjuntivo, terceira pessoa do plural
1.3. oração subordinada substantiva completiva
1.4. Oxalá os ventos indinados esperem que amainem.

2.1. A meneá-lo não bastaram.


2.2. modificador do nome apositivo

3.1. a)

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