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ANÁLISE DE CIRCUITOS I

Professores: Mafalda Seixas (mafalda.seixas@isel.pt)


João Lagarto (joao.lagarto@isel.pt)

Avaliação: 2 testes ao longo do semestre (nota mínima em cada teste: 8.0 e média mínima 9.5), ou
exame (nota mínima 9.5).
Em exame de época normal é possível repetir um dos testes.

Livros recomendados:

• Análise Básica de Circuitos para engenharia; Autor: J. David Irwin; Editora: LTC - Livros Técnicos e
Científicos Editora

• Análise de Circuitos; Autor: John O’Malley; Editora: Schaum McGrawHill

1
ANÁLISE DE CIRCUITOS I – 1.ª parte: Corrente Contínua
• Conceitos fundamentais. Variáveis de circuitos: corrente, tensão, potência e energia.
Elementos de circuitos: fontes de tensão/corrente e resistências/condutâncias.

• Leis de Kirchhoff em circuitos em Corrente Contínua (DC). Série e Paralelo de


resistências. Divisor de tensão e divisor de corrente. Modelos de fontes de tensão e de
corrente com resistência interna. Equivalência de circuitos.

• Métodos de análise de redes em DC: Analise de correntes de malha e análise de


tensões nos nós, com fontes independentes e com fontes dependentes/controladas.

• Teoremas dos circuitos: Teorema da substituição. Teorema da sobreposição. Teorema


de Thévenin e de Norton. Transformação de fontes. Teorema da máxima transferência
de potência.

• Elementos que armazenam energia: carga de um condensador e ligação de um


circuito indutivo. 2
Exemplo de rede elétrica com sistema fotovoltaico doméstico

1 – painéis solares que convertem a luz solar para energia elétrica em corrente contínua
2 – inversor para converter a energia elétrica em corrente contínua para corrente alternada
3 – baterias para armazenarem energia para quando houver luz solar suficiente
4/5 – entrada e distribuição da energia elétrica da rede pública
6 – equipamentos consumidores de energia elétrica
3
Potencial e tensão ou diferença de potencial elétrico (d.d.p.) elétrico

Recordando a estrutura dos átomos, existem neutrões (carga elétrica neutra) e protões (carga
elétrica positiva) agregados no núcleo e eletrões (carga elétrica negativa) que orbitam em torno do
núcleo.
O átomo é eletricamente neutro pois, o número de eletrões e
de protões é idêntico.

Se separarmos os eletrões do átomo criamos um desequilíbrio


e o átomo fica eletricamente carregado. Ao perder eletrões
Átomo de cobre fica com carga elétrica positiva, ou seja, temos um ião positivo
ou catião. Ao ganhar eletrões fica com carga elétrica negativa,
ou seja, temos um ião negativo ou anião.

Carga do eletrão = 1,602×10−19 C

Em geral, as fontes de tensão são estabelecidas simplesmente criando uma separação de cargas positivas e
negativas. Para existir esta separação é necessário fornecer energia ao sistema. Quanto maior for a tensão, maior
será a quantidade de cargas positivas e negativas.
Por ser irrelevante falar sobre a tensão estabelecida pela separação de um único eletrão, fala-se em coulomb (C),
que é um conjunto de 6,242 x 1018 eletrões. 4
Potencial e tensão ou diferença de potencial elétrico (d.d.p.) elétrico
Para movimentar um coulomb de carga negativa, de uma região para outra, gastamos energia para
vencer as forças de repulsão dos eletrões e de atração dos protões. Se 1 joule [J] de energia for usado
para mover a carga negativa de 1 coulomb [C], há uma diferença de 1 volt [V] entre os dois pontos.

Voltímetro

A posição da carga é um fator na determinação da tensão. Como a


energia potencial associada a um corpo é definida pela sua
posição, o termo potencial é frequentemente aplicado para definir
níveis de tensão. Por exemplo, a diferença de potencial é de 4 V
entre os dois pontos A e B, ou a tensão entre um ponto e a terra é
de 12 V. 5
Os diferentes tipos de condução (corrente) elétrica:
Condução eletrónica ou condução metálica
Nos metais a corrente elétrica é constituída pelo deslocamento de eletrões que vão passando de um
átomo para o outro com grande facilidade (banda de condução). Na presença de campo elétrico, os
eletrões ficam sujeitos a forças de sentido contrário ao desse campo e deslocam-se no sentido dessas
forças.

Condução iónica
Verifica-se nas soluções de ácidos, bases ou sais dissolvidos em água (eletrólitos), e nos sais fundidos.
A corrente é constituída pelo deslocamento de iões que resultam da dissociação de moléculas. Os iões
positivos (catiões) deslocam-se no sentido do campo elétrico e os negativos (aniões) deslocam-se em
sentido oposto. A corrente elétrica é constituída pelo movimento de iões nos dois sentidos.

Condução gasosa
A corrente elétrica é constituída pelo movimento de catiões num sentido e de aniões em sentido oposto,
que provém da ionização das moléculas do gás. A corrente inicia com o movimento de eletrões livres
que, chocando com as moléculas do gás, arrancam outros eletrões dessas moléculas, ionizando-as, os
iões por sua vez encontram novas moléculas, que são ionizadas por choque e assim por diante.

6
Corrente elétrica
Condução eletrónica/metálica
Movimentação ordenada de cargas (sentido convencional)
elétricas (eletrões).
A unidade fundamental da quantidade
de carga elétrica, é o coulomb [C].
A intensidade da corrente elétrica, i(t),
é a taxa de variação no tempo da
quantidade de carga elétrica, que
atravessa um plano transversal de um
condutor e mede-se em ampere [A].

Amperímetro
Condução iónica
𝑑𝑞 𝑐 𝑜𝑢𝑙𝑜𝑚𝑏
Carga do eletrão = 1,602×10 −19
C 𝑖(𝑡)= 𝑎𝑚𝑝 𝑒𝑟𝑒=
𝑑𝑡 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜
1 coulomb  6,242 x 1018 eletrões

7
Corrente elétrica de condução nos sólidos - depende do meio:
Resistividade ( ) - é uma característica de cada material que se traduz na capacidade de um
material resistir à passagem de corrente e mede-se em [.mm2.m-1]
O inverso da Resistividade é a Condutividade () e mede-se em [Siemens .m-1]

Tipos de materiais:
• Materiais bons condutores  Ex, cobre  = 1,72x10-2 [.mm2.m-1] - baixa
• Materiais isolantes (dielétricos)  Ex. poliestireno  = 1x1018 [.mm2.m-1] - elevada
• Materiais semicondutores – conduzem a corrente elétrica em determinadas circunstâncias
 Silício (Si), Germânio (Ge)

A Resistência de um elemento ou dispositivo é a propriedade física que quantifica a oposição à


passagem de corrente. A resistência de um corpo homogéneo de secção constante, depende do
material (resistividade) e da sua geometria:

Representação simbólica:
8
Exemplos de resistências elétricas

9
Códigos de cores de resistências elétricas

10
11
Resistência variável (reóstato)

Representação simbólica:

12
Variação da resistividade/resistência com a temperatura

Coeficientes de temperatura

Construção de resistências elétricas


(cargas elétricas, aquecimento, etc.).
Pouca variação com a temperatura.
13
As resistências (incluindo os condutores) caracterizam-se por dois parâmetros:
Resistência óhmica e capacidade de dissipação do calor gerado por efeito de Joule.
[Tabela com as resistências/km em função da secção]

14
Lei Ohm (1827):
Ao aplicar tensão a um circuito elétrico com determinada resistência,
estabelece-se uma corrente. Então matematicamente como é que
estas grandezas se relacionam?
A diferença de potencial aos terminais de uma resistência
é diretamente proporcional à corrente que a percorre.
𝑈 𝐴𝐵 =𝑅 𝐼

𝐺 𝑈 2 −𝑈 1
𝑈 𝐴𝐵 ⏞
𝑅=
O inverso da Resistência (em ohm) – R
[] é a Condutância (em siemens) – G [S]
𝐼=
𝑅
=
1
𝑅 ( )
𝑈 𝐴𝐵
𝐼2 − 𝐼 1

15
Associação de resistências em série:

Ohmímetro

16
Associação de resistências em paralelo:

Ohmímetro

17
Caso (particular) de 2 resistências em paralelo:

18
Associação de resistências em série e em paralelo - (exemplos)

19
Fontes dependentes/controladas:
Fontes (independentes):
Fonte de Tensão controlada por tensão

Fonte de Tensão ideal U F= K U x

Fonte de Tensão controlada por corrente


ou
U F= K I x

Fonte de Corrente ideal Fonte de Corrente controlada por tensão

IF=K Uy

Fonte de Corrente controlada por corrente

IF= K I y
20
Exemplo de fonte dependente
O circuito da figura representa/modela um amplificador a transístor.
É um exemplo onde se tem uma tensão à entrada que será amplificada/reduzida (depende do
ganho) à saída.
Como simplificação, todo o circuito pode ser substituído por uma fonte de tensão controlada a
tensão.

21
Fonte de tensão independente: esquema conceptual.
Exemplos: Pilhas e baterias recarregáveis ou não (Zinco-Carbono, Chumbo-Ácido,
Alcalinas, Níquel-Hidreto Metálico, Iões e Polímeros de Lítio, etc.), geradores
elétricos de corrente contínua e de corrente alternada, pilhas de combustível, etc.

22
Gerador de corrente contínua de magnetos permanentes.

23
Pilha de combustível (fuel cell) a hidrogénio.

24
25
Associação de fontes de tensão

As fontes de tensão podem ser ligadas em série para aumentar ou diminuir a tensão total aplicada ao circuito.
A tensão total aplicada ao circuito é determinada somando a tensão das fontes com a mesma polaridade e
subtraindo a tensão das fontes com polaridade oposta. A polaridade resultante é a polaridade da soma maior.

U1 = 10 V U1 = 9 V

U2 = 3 V UT = 8 V
U2 = 6 V UT = 18 V

U3 = 4 V
U3 = 2 V

26
Associação de fontes de tensão

Fontes de tensão
As fontes de tensão podem ser ligadas em paralelo para aumentar a corrente fornecida ao circuito acima da
corrente nominal da fonte.
As fontes de tensão para poderem ser ligadas em paralelo têm de ter a mesma tensão.

IS IS = I1 + I2

I1 I2

U1 = 12 V U2 = 12 V U1 = 12 V

27
Circuito elétricos - simbologia

EXEMPLO 1: Calcular a intensidade da corrente no circuito.

28
Fonte de alimentação DC regulável: 0 a 60 V e 0 a 1,5 A

(a) Terminais disponíveis;


(b) Tensão positiva em relação à massa;
(c) Tensão negativa em relação à massa;
(d) Fonte de tensão flutuante, i.e., sem terminal de referência (massa).
29
Fontes de alimentação corrente contínua – Modelo real da Fonte de Tensão
RF – resistência interna da fonte
E – f.e.m. da fonte = constante
UF – queda de tensão aos terminais da fonte em vazio
UAB – queda de tensão aos terminais da fonte em carga

 Efeito de carga:
UAB = UF – RF I
• Fontes de tensão ligadas em série permitem obter uma tensão total mais elevada (soma
algébrica das tensões);
• Fontes de tensão idênticas ligadas em paralelo, permitem obter uma corrente total mais
elevada (soma das correntes, mas devem ter a mesma resistência interna);
• A grande maioria das fontes funciona (ou devia) próximo da situação de vazio (RF << R).
30
Exemplo: Bateria de chumbo-ácido (bateria de arranque auto de 12 V –> 6 células):
A tensão em vazio varia com o estado de carga.
A resistência interna é muito pequena!
Por exemplo, calcular o seu valor sabendo que
quando é dado o arranque a intensidade da
corrente atinge os 200 A e a tensão aos terminais
da bateria reduz de 12 para 8 V, isto é, uma queda
de tensão na resistência interna igual a 4 V:

-> 4 V / 200 A = 0,02 


Nota: se a resistência interna subir muito a queda
de tensão faz reduzir a tensão aplicada ao motor
de arranque impedindo o seu arranque.
A resistência interna das pilhas convencionais (zinco-carbono) é da ordem de poucas unidades de
ohm até algumas dezenas para pilhas usadas.

31
Fontes de alimentação corrente contínua – Modelo real da Fonte de Corrente
RF – resistência interna da fonte
IF – corrente fornecida pela fonte em curto circuito (ISC)
IR – corrente fornecida pela fonte em carga
IRF – corrente interna da fonte

 Efeito de carga

• Fontes de corrente, ligadas em paralelo, somam-se algebricamente;


• A fonte de corrente modela a situação de se ter uma corrente constante, com um valor
limitado, a percorrer determinado ramo de circuito que, mesmo em situação de curto
circuito, não excede o valor IF da fonte
• Para funcionar próximo da situação de curto-circuito (situação desejável) deve ter-se RF >> R. 32
Associação de fontes de corrente
As fontes de corrente podem ser ligadas em paralelo para aumentar ou diminuir a corrente total aplicada ao
circuito. A corrente total aplicada ao circuito é determinada somando a corrente das fontes com o mesmo
sentido e subtraindo a corrente das fontes com sentido oposto. O sentido resultante é o sentido da soma maior
IS

IS = 5 A
I1 = 4 A I2 = 3 A I3 = 2 A

IS

IS = 3 A
I1 = 3 A I2 = 10 A I3 = 4 A

Para ligar fontes de corrente em série, estas têm de ter o mesmo valor.

33
Equivalência (para o exterior) de fontes reais de tensão e de corrente

{ }
𝑈𝐹 ¿ 𝑅1=𝑅 𝐴 =𝑅 𝐹 𝑅𝐴
𝐼 𝑅= 𝐼= 𝐼
𝑅1 + 𝑅 ¿ 𝑈 𝐹 =𝑅 𝐹 𝐼 𝐹 𝑅 𝐴 +𝑅 𝐹
• A equivalência das duas fontes reais implica a igualdade da tensão aos seus terminais e a
igualdade da corrente fornecida à carga.
• Os teoremas de Thévenin e de Norton constituem a definição mais geral de equivalência de
bipolos (circuitos elétricos acessíveis para o exterior através de dois terminais e caracterizados
por uma queda de tensão aos seus terminais e por uma corrente que o percorre).

34
Associação de fontes e de resistências (exemplos)

Simplificar o circuito que alimenta a carga RL

Simplificar o circuito de forma a calcular a tensão Ubc.

35
Potência elétrica
A potência elétrica é a grandeza física que mede a energia elétrica
transferida por unidade de tempo e mede-se em watt [W].
𝐽 𝐽 𝐶
𝑊 [ 𝑤 𝑎𝑡𝑡 ] = = ×
𝑠 𝐶 𝑠
A energia elétrica mede-se em joule [J] e pode assim obter-se
a partir do conhecimento da potência elétrica ao longo do tempo.

Ex. de Unidades de Energia Unidades de Energia Elétrica


1 cal = 4,184 J
1 kWh = 3,6 x 106 J
1 BTU = 1,05435 x 103 J
1 eV = 1,6022 x 10-19 J
1 tep = 4,186 x 1010 J

Mostrar que a energia em kWh contida numa bateria automóvel


de 12 V com 90 Ah e com a carga completa, é igual a 1,08 kWh.

36
Potência elétrica (Convenções) -

Potência fornecida pelo elemento:


-> a corrente sai do elemento pelo terminal marcado como positivo da tensão.

Potência absorvida pelo (ou dissipada no) elemento:


-> a corrente entra no elemento pelo terminal marcado como positivo da tensão.

37
EXEMPLO 2: Calcular as potências nas pilhas do EXEMPLO 1.

EXEMPLO 3
Sabendo que a corrente I = 3 A:
a) Determinar a queda de tensão (d.d.p.) em cada elemento passivo do circuito;

b) Determinar o potencial nos pontos A B C D;

c) Determinar a potência em cada elemento;

d) Determinar a tensão Uf da fonte;

e) Determinar a resistência equivalente do circuito.

Resolver a alínea b) considerando como referência (massa) o nó B. 38


Multímetros(*): Voltímetro e Amperímetro

O Voltímetro que mede a tensão entre


dois pontos de um circuito deve ter uma
resistência interna praticamente infinita
(circuito-aberto), de forma a não absorver
praticamente nenhuma corrente.

Os multímetros
acumulam diversas
funcionalidades no
mesmo O Amperímetro que mede a intensidade da
equipamento: corrente que passa num condutor (e através
voltímetro, dele) deve ter uma resistência interna
amperímetro, praticamente nula (curto-circuito ou shunt),
ohmímetro, de forma a não introduzir praticamente
frequencímetro, nenhuma queda de tensão no circuito.
etc..
39
Malha divisora de tensão (verificação com ohmímetros e voltímetros):
8,4 V / 60 mA = 140 
Só com 2 resistências

Generalização para k resistências


𝑅𝑥
𝑈 𝑅𝑥 = 𝑈 𝑒𝑞
𝑅1+ 𝑅2 + 𝑅3 +... 𝑅𝑘

40
Malha divisora de corrente (verificação com ohmímetros):
Generalização para k resistências
𝐺𝑘
𝐼 𝑘= 𝐼𝑇
𝐺1 +𝐺2 +𝐺 3+... 𝐺 𝑁

Só com 2 resistências

41
Exemplos de equivalências

Associação de resistências/condutâncias

Associação de fontes de tensão e de corrente independentes

Entre fontes

42
Equivalência/transformação  - 

Equivalência: Transformação  - :

43
Equivalência/transformação  - 

Equivalência: Transformação  - :

44
Equivalência/transformação
  :   :

Se:
Então
ou

45
Req = 10 k

1k
EXEMPLO 4:
12 k 18 k
No circuito da figura: 6k
10 V 4k
a) Simplifique o mais possível o circuito da figura +
-
(Utilize a transformação Δ - Y); 5k
9k 3k
b) Determine a potência fornecida pela fonte.
R: a) Req=6,5 k b) P=15,4 mW 2k

46
Noções e conceitos na análise de redes elétricas
Ramo – caminho único numa rede, composto por um elemento simples e os nós
presentes nas suas extremidades (nº de ramos = nº de elementos).
Caminho fechado – laço (loop).
Malha ou malha independente – Caminho fechado que não tem quaisquer laços
no seu interior.
Nó – ponto de ligação entre 2 ou mais elementos.
Nó principal – ponto de ligação entre 3 ou mais ramos.
Conjunto de corte – conjunto de ramos que são intersectados por uma
superfície fechada e que satisfazem as condições:
- se todos os ramos são cortados o circuito divide-se em dois;
- se todos os ramos menos 1 são cortados o circuito continua ligado.
47
Análise de circuitos elétricos
O modo como as tensões e as correntes se distribuem num dado circuito elétrico é completamente
descrito pelas chamadas equações de equilíbrio que resultam da aplicação de métodos
sistemáticos, ordenados e eficientes, que permitem formular e resolver essas equações:

Métodos baseados nas leis de Kirchhoff


Lei de Kirchhoff das quedas de tensão ou lei das malhas –> cálculo das correntes de malha

Lei de Kirchhoff das intensidades de corrente ou lei dos nós  –> cálculo das tensões de nó

Métodos de corte – Teoremas de Thévenin e de Norton


48
Lei das malhas – soma algébrica das tensões numa malha é nula

∑ 𝑣 𝑘=0
𝑘=1

49
Lei das malhas – determinação das correntes nas malhas

𝑈 1+𝑈 2
𝐼=
𝑅 1+ 𝑅 2

Eq. matricial: R I = U  I = R-1 U


[ ] [ ]
−1
−1 𝑎 b 1 𝑑 −b
𝐴 = =
[ 𝑅 1+ 𝑅 3
− 𝑅3
− 𝑅3
𝑅 2 + 𝑅3 ][ ] [ ]
𝐼A
𝐼B
=
𝑈1
−𝑈 2
c 𝑑 ⏟
𝑎𝑑 −𝑏𝑐 ⏟
det 𝐴
−c 𝑎
𝑎𝑑𝑗 𝐴 50
EXEMPLO 5:
No circuito da figura:
R1 = 48 , R2 = 24 , UF1 = 100 V e UF2 = 50 V

a) Escrever a equação literal resultante da aplicação da lei das malhas.


b) Determinar a corrente no circuito.
c) Determinar a tensão aos terminais das resistências pela lei Ohm.
d) Confirmar o seu valor por aplicação de divisor de tensão.
e) Determinar a soma das tensões nos ramos ao longo dos 2 caminhos entre os nós B e D (UBD).
f) Simplificar o mais possível o circuito.
g) Verificar o princípio da conservação da potência no circuito, calculando a potência em cada
elemento do circuito.

51
EXEMPLO 6:
Com U = 50 V, determine:
a) O número de malhas, nós e ramos no circuito
b) As correntes I2 e I3 por aplicação da lei de Ohm
c) Determine I1: [I1 = 2,08(3) A]
c1) por aplicação da lei das malhas
c2) após simplificação do circuito por associação de resistências em paralelo
d) Confirme o valor de I2 e de I3 por aplicação de divisor de corrente

EXEMPLO 7:
a) Escreva as equações resultantes da aplicação da lei das malhas
b) Indique o valor do potencial em cada nó principal [UB=80V, UE=60V]
c) Determine o valor das diferenças de potencial UBC, UCD, UBE e UED
d) Determine o valor de I2, I3 e I4
e) Determine a potência fornecida pelas fontes e verifique o princípio da conservação da potência no circuito52
Análise de Redes: Análise de malhas em circuitos só com fontes de tensão

correntes
malha  ramo

{
𝐼1 𝐼3

¿ −𝑈 1 + 𝑅1 ⏞
𝐼 𝐴 + 𝑅3 ( ⏞
𝐼 𝐴 − 𝐼 𝐵 )=0
¿
𝐼3 𝐼1

¿ − 𝑅 3 (⏞
𝐼 𝐴 − 𝐼 𝐵 )+ 𝑅2 ⏞
𝐼 𝐵 +𝑈 2 =0

53
Análise de Redes: Análise de malhas em circuitos com fontes de corrente

Se a corrente de malha IB for conhecida, não é necessário escrever a equação da malha B.

Cria-se um caminho de circulação orientado (“super malha”) que


engloba as malhas adjacentes à fonte de corrente e que dá origem a uma só equação.

{ {
->
¿ −𝑈 1 + 𝑅1 𝐼 𝐴+𝑈 𝐹 =0 ¿ −𝑈 1 +𝑅1 𝐼 𝐴 + 𝑅 2 𝐼 𝐵 + 𝑅3 𝐼 𝐵 =0
¿ ¿
¿ −𝑈 𝐹 + 𝑅 2 𝐼 𝐵 + 𝑅 3 𝐼 𝐵=0
¿−
¿
¿ 𝐼 1 =𝐼 𝐵 − 𝐼 𝐴 ¿
¿ 𝐼 1 =𝐼 𝐵 − 𝐼 𝐴

54
Nas malhas 2 e 3:

Somando as 2 equações (desaparece a incógnita tensão Vx) obtêm-se a mesma equação


da super malha:

55
EXEMPLO 8:
Considere o circuito:
a) Determine a corrente I
e a tensão U por análise de malhas e por divisor de corrente;
b) Determine as potências em todos os elementos.
a) -24 mA / U = 96 V b) Pfonte = 3,6 W; PR5k = 2,88 W; PR16k = 0,576 W; PR4k = 0,144 W

EXEMPLO 9:
Considere o circuito:
a) Utilize análise de malhas para determinar:
a1) a corrente na fonte de tensão;
a2) a tensão U;
b) Determine as potências em todos os elementos.
56
Lei dos nós – soma algébrica das correntes nos nós é nula

Somatório das correntes a entrar é


igual ao somatório das correntes a
sair (as cargas elétricas não podem
ser armazenadas no interior do nó):

57
Lei dos nós – determinação das tensões nos nós

𝑈 𝐴 −𝑈 𝐵 =𝑅 𝐼 3

58
Lei dos nós – determinação das tensões nos nós

Nó 1: Nó 2:

[ 𝐺1+ 𝐺2
− 𝐺2 ][ ] [ ]
− 𝐺2 𝑉1
𝐺 2+ 𝐺3 𝑉 2
=
𝐼𝐴
− 𝐼𝐵

[c 𝑑] ⏟
𝑎𝑑 − 𝑏𝑐 [⏟
−c 𝑎 ]
−1
1
𝐺 −1
=𝑎 b = 𝑑 −b
Eq. matricial: G V = I  V = G-1 I det 𝐺
𝑎𝑑𝑗 𝐺

Com IA = 1 mA, IB = 4 mA, R1 = 12 k , R2 = 6 k  e R3 = 6 k: verificar que: U1 = -6 V e U2 = -15 V 59


Análise de Redes: Análise de nós em circuitos só com um tipo de fontes

{ ( )( )
𝐼1 𝑈𝑅2


𝑈𝑋 ⏞
(𝑈 𝑋 − 𝑈 𝑌 )
¿ 𝐼 𝐴+ + =0
𝑅1 𝑅2
¿
¿−
(⏟) (⏟)
𝑈 𝑋 −𝑈 𝑌
𝑅2
𝑈
− 𝐼 𝐵 + 𝑌 =0
𝑅3
𝐼2 𝐼3

{
𝑈 𝑋 −𝑈 1 𝑈 𝑋 𝑈 𝑋 −𝑈 2
¿ + + =0
𝑅1 𝑅3 𝑅2
¿
¿ 𝑈 1=10
¿
¿ 𝑈 2=2

60
Fonte de tensão ligada entre dois nós principais –> criação de “super nó”

EXEMPLO 10:
Considerar no circuito R1= R2= R3 = 100 :
Determinar por análise de nós I1, I2, I3, Ua e U2

Aplicar análise de nós aos EXEMPLOS 7, 8 e 9 61


EXEMPLO 11:
Para o circuito da figura:
a) Calcule UA e I1 por aplicação da lei dos nós;
b) Calcule as correntes nos outros 3 ramos
ligados ao nó A;
c) Calcule as potências nos diversos elementos
do circuito.

UA = 11,25 V / I1 = -0,625 A
62
A seleção do método de análise (malhas ou nós) a escolher deve basear-se no número de
equações linearmente independentes que têm de ser formuladas em cada um deles.
O circuito abaixo possui oito malhas. Selecionando as correntes de malha de modo a que apenas
uma corrente de malha flua através da fonte de corrente independente, deixa sete correntes de
malha desconhecidas. Como o circuito possui sete nós, existem seis tensões nos nós e devemos
formular seis equações linearmente independentes. Por seleção criteriosa do nó inferior como o nó
de referência, quatro das tensões do nó são conhecidas, deixando apenas duas tensões de nó
desconhecidas - a tensão do nó na fonte de corrente e a tensão do nó nas resistências com 3 e 6 .
Mesmo com o uso de uma calculadora moderna ou de um programa de computador, a solução de
duas equações simultâneas requer menos esforço do que a solução das sete equações simultâneas
que a análise de malhas exigiria.

63
Teorema da sobreposição
Se num circuito: I1 U1
Então: I2 = kI1 U2 = kU1
E também: I1 + I2 U1 + U2
• Aplica-se a circuitos com elementos lineares – i.e., com equações linearmente
independentes;
• Em cada estado anulam-se todas as fontes independentes menos uma para
estabelecer esse estado: curto-circuito nas fontes de tensão e circuito
aberto nas fontes de corrente;
• As fontes dependentes de variáveis do circuito não se anulam;
• Aplica-se às correntes e tensões mas não se aplica à potência (relação
quadrática/não linear).
64
Teorema da sobreposição (EXEMPLO 12):

I1 = I’1 + I’’1 = U1/5k – (U2/7,5k)/2 A


65
Teorema da sobreposição c/ fonte dependente (EXEMPLO 13):

=
+

V’’ = 2 (-I’’X)

I’X + I’’X = 2 - 0,6 = 1,4 A


66
Teoremas de Thévenin e de Norton (métodos de corte)
O teorema de Thévenin/Norton diz que se pode substituir toda uma rede, excluindo a carga, por
um circuito equivalente que contém apenas uma fonte de tensão/corrente independente
(tensão/corrente de Thévenin/Norton) em série/paralelo com uma resistência (resistência de
Thévenin /Norton), de forma que a relação corrente-tensão na carga não seja alterada.

O circuito original é dividido em dois circuitos X e Y, sendo o circuito X substituído pelo circuito
equivalente de Thévenin/Norton.

67
Teoremas de Thévenin e de Norton (cont.)
A tensão Uoc (ou a corrente Isc) é a tensão (ou a corrente) aos terminais A-B com a rede em vazio
(ou em curto-circuito) e a resistência RTh (ou RN) é a resistência vista dos terminais A-B com todas
as fontes independentes anuladas: curto circuitando as fontes de tensão e abrindo o circuito nas
fontes de corrente.

Os circuitos equivalentes de Thévenin e de Norton são equivalentes entre si, se:

68
Teorema de Thévenin – Tensão de Thévenin  tensão de circuito aberto

69
Teorema de Thévenin – Resistência de Thévenin  todas as fontes anuladas

70
Teorema de Thévenin – prova da equivalência com uma carga (ex. igual a RTh)

71
Circuitos só com fontes independentes:
A tensão de Thévenin é a tensão aos terminais com a rede em vazio Uoc e a resistência de
Thévenin RTh é a resistência vista dos terminais do circuito com todas as fontes independentes
anuladas: curto circuitando as fontes de tensão e abrindo o circuito nas fontes de corrente.

VOC = 8 V RTH = 9 

A corrente de Norton é a corrente com a rede em curto-circuito Isc e a resistência de Norton RTh
(ou RN) é a resistência vista dos terminais do circuito com todas as fontes independentes
anuladas: curto circuitando as fontes de tensão e abrindo o circuito nas fontes de corrente.

ISC = 1,6 mA RN = RTH = 5 k


72
Teoremas de Thévenin e de Norton (circuitos com fontes dependentes)
-> Por não se poderem anular as fontes dependentes não é possível calcular diretamente a resistência de
Thévenin/Norton. Assim, tem de ser calculada através da tensão V Th e da corrente IN.

Visto dos terminais A-B:

A variável Ix da fonte dependente tem de se manter no circuito cortado.


No super nó que abrange a fonte de 12 V tem-se:

com: obtém-se:

73
A corrente I”x = 0 devido ao paralelo com o shunt com

obtém-se:

Equivalente de Thévenin

Pelo divisor de tensão:

74
EXEMPLO 14: Circuitos apenas com fontes dependentes – energizar com uma fonte unitária (não
existe tensão VTh)

-> RTh = 14/15 k

75
EXEMPLO 15: Circuitos só com fontes dependentes – energizar com uma fonte unitária (não
existe tensão VTh)

-> RTh = 10/7 k

76
Aplicação dos teoremas de Thévenin e de Norton: Transformação sucessiva de fontes

77
Teorema da máxima transferência de potência (para a carga)

Ponto de potência máxima:

( )
2
2 𝑈 Derivada em ordem a RL = 0
𝑃 𝑜𝑢𝑡 =𝐼 𝑅 𝐿 = 𝑅𝐿
𝑅+ 𝑅 𝐿
𝑑𝑃 𝑜𝑢𝑡
=¿ ¿
𝑑𝑅 𝐿

( 𝑅+ 𝑅 𝐿 )2 − 2 𝑅𝑅 𝐿 − 2 𝑅2𝐿= 𝑅2 − 𝑅 2𝐿 =0
Nesta condição (adaptação de impedâncias):
𝑹 𝑳= 𝑹
2
𝑃 𝑚𝑎𝑥 =𝑅 𝐼 =𝑅
2𝑅
= ( )
𝑈 2 𝑈2
4𝑅
𝑃 𝑜𝑢𝑡
𝜂= =50 %
𝑃 𝑖𝑛
78
EXEMPLO 16:
Determine o circuito equivalente de Thévenin e Norton
a) À esquerda de A-B (só com fontes independentes)
b) À direita de C-D (tem uma fonte dependente)
c) Visto de R
d) Trace à escala, o gráfico de potência fornecida pelo circuito à resistência R
e) Determine R tal que P transferida seja máxima

79
À esquerda de A-B:

UTh = - 10,77 V
RTh = 13,23 

RTh = 13,23 
IN = -0,814 A
RN = 13,23 

80
À direita de C-D:

UTh = 12,0 V IN = 0,882 A


RTh = 13,6  RN = 13,6 

81
O CAMPO MAGNÉTICO DE UMA LINHA DE CORRENTE:
A corrente (I) num condutor linear produz um campo magnético (B) em torno
do condutor. O campo tem orientação de acordo com a regra do saca rolhas
(derivada da regra da mão direita).

82
O CAMPO MAGNÉTICO NA BOBINA:
A energia magnética armazenada no campo magnético e a indutância da bobina.

Indutância da bobine
em henry [H]

 - Permeabilidade magnética do meio


 = L.i μ = μ0 μr -> μ0 = 4π × 10−7 N·A−2
𝑑 𝜑 μ - permeabilidade magnética do vazio
𝑣 (𝑡 )= 0
𝑑𝑡 μ - permeabilidade relativa do meio
r

83
BOBINAS (Indutâncias)

84
ASSOCIAÇÃO DE BOBINAS (Indutâncias):
Série
𝑍 𝑇𝑆 =𝑍 1+ 𝑍 2+ 𝑍 3 +…+ 𝑍 𝑛
𝜔 𝐿𝑇𝑆 =𝜔 𝐿1 +𝜔 𝐿2 +𝜔 𝐿3 +…+ 𝜔 𝐿𝑛
𝐿 𝑇𝑆=𝐿 1 + 𝐿2 + 𝐿3 +…+ 𝐿𝑛

Paralelo 1 1 1 1
= + + +…+
1
𝑍 𝑇𝑃 𝑍 1 𝑍 2 𝑍 3 𝑍𝑛

1 1 1 1 1
= + + +…+
𝜔 𝐿𝑇𝑃 𝜔 𝐿1 𝜔 𝐿2 𝜔 𝐿3 𝜔 𝐿𝑁
1 1 1 1 1
= + + +…+
𝐿𝑇𝑃 𝐿1 𝐿 2 𝐿3 𝐿𝑛

85
Ligação de um circuito indutivo

𝑑 𝑖𝐿
𝑣 𝐿= 𝐿
𝑑𝑡

A energia na bobina fica armazenada no


campo magnético pelo que a corrente que
<- constante de tempo
a percorre não pode variar bruscamente:
1 2 -> Após o transitório a bobina passa a ser um curto-circuito!
𝑊 𝐿 = 𝐿𝑖 𝐿
2
86
O CAMPO ELÉTRICO

87
O CAMPO ELÉTRICO NO CONDENSADOR:
A energia elétrica armazenada no campo elétrico e a capacidade
elétrica.

Capacidade em farad [F]

𝑑𝑞
𝑖 ( 𝑡 )=
 - permitividade elétrica do meio 𝑑𝑡
 = 0 r –> 0 = 8,854 x 10-12 F.m-1
0 - permitividade elétrica do vazio
r – permitividade relativa do meio

88
CONDENSADORES

Eletrolítico

Poliéster

Tântalo

89
ASSOCIAÇÃO DE CONDENSADORES:
Série
𝑍 𝑇𝑆 = 𝑍 1+ 𝑍 2+ 𝑍 3 +…+ 𝑍 𝑛
1 1 1 1 1
= + + +…+
𝜔 𝐶 𝑇𝑆 𝜔 𝐶 1 𝜔 𝐶 2 𝜔 𝐶 3 𝜔 𝐶𝑛
1 1 1 1 1
= + + + …+
𝐶 𝑇𝑆 𝐶 1 𝐶 2 𝐶 3 𝐶𝑛

Paralelo
1 1 1 1 1
= + + +…+
𝑍 𝑇𝑃 𝑍 1 𝑍 2 𝑍 3 𝑍𝑛
1 1 1 1 1
= + + +…+
1 1 1 1 1
𝜔 𝐶 𝑇𝑃 𝜔 𝐶 1 𝜔 𝐶 2 𝜔 𝐶 3 𝜔 𝐶𝑛

𝐶 𝑇𝑃 =𝐶1 +𝐶 2 +𝐶 3 +…+ 𝐶 𝑛

90
Carga de um condensador

𝑑 𝑣𝐶
𝑖𝐶 =𝐶 <- constante de tempo
𝑑𝑡

A energia no condensador fica


armazenada no campo elétrico pelo que a
sua tensão não pode variar bruscamente:
1 2 -> Após o transitório a corrente no circuito anula-se e
𝑊 𝐶 = 𝐶 𝑣𝐶
2 por isso o condensador passa a ser um circuito-aberto!

91
Unidades de base do Sistema Internacional de Unidade (Unidades SI), aplicáveis à eletrotecnia:

Unidades derivadas, aplicáveis à eletrotecnia:

92
Unidades derivadas com nomes especiais, aplicáveis à eletrotecnia:

93
Prefixos utilizados com as unidades SI:

94

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