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UNIVERSIDADE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

Instituto Superior Politécnico do Huambo

NOTAS DE AULA

“PROJECTO DE OBRAS E ESTALEIRO”

Prof. António Madaleno Luís, MSc.

IIºSEM.
Huambo, 2021/2022
CAPÍTULO 3 - MEDIÇÃO E ORÇAMENTAÇÃO
3.1 - MEDIÇÃO

Na gíria de Construção Civil “MEDIR” significa determinar quantidades de


tarefas (artigos de orçamento).

As medições podem ser efectuadas sobre o projecto ou na obra.

Normalmente quando se fala em “medir” estamos a falar da fase de projecto


mas é necessário analisar a situação concreta em análise caso a caso.
CONTEÚDO

3.1.1 - Propósitos a atingir com as Medições


3.1.2 - Fases do Processo de Medições
3.1.3 - Consequências financeiras dos erros das Medições
3.1.4 - Objectivos gerais das Medições
3.1.5 - Princípios gerais de Medição
3.1.6 - Regras gerais das Medições
3.1.7 - Unidades de Medida

3.1.8 - Modelos de folha de Medições


3.1.1 - Propósitos a atingir com as Medições

1. Possibilitar a igualdade de oportunidade a todas as empresas que


apresentam propostas a concurso, ou seja, permitir a determinação dos
custos e a elaboração de orçamentos com base nas mesmas informações
de quantidade e qualidade de execução dos trabalhos, previstos no
projecto;
2. Quantificar, antes do início dos trabalhos, os recursos (materiais de
construção, mão de obra e equipamentos) necessários para a execução da
mesma, em função do volume de produção, dos materiais a utilizar, dos
pormenores de execução, dos processos de construção e das condições de
implantação e de organização do estaleiro;
3. Controlar a quantidade de trabalhos efectuados, tendo em consideração a
facturação e o pagamento das situações mensais;

4. Elaborar a conta de empreitada no momento da recepção provisória da obra.


3.1.2 - Fases do Processo de Medições

Fase do Concurso

São a base fundamental para a apresentação e avaliação das propostas e


posteriormente para a elaboração dos documentos contractuais.

Fase de Execução

Permitem a GESTÃO e o controlo económico da empreitada, pois é a partir


dos mapas de medição que se elaboram os autos de medição bem como o
controlo da facturação.
3.1.3 Consequências financeiras dos erros de Medições

Interromper a execução das tarefas por falta de


financiamento
Dono da Obra

Criar prejuízos por avaliações excedentes

Inviabilizar o empreendimento
Equipa de projecto Reformular o projecto, por ultrapassar os
parâmetros financeiros pré estabelecidos

Falsear o valor dos honorários do projecto


Fazer um esforço financeiro não previsto
Empreiteiro
Suspender os trabalhos por falta de
materiais e/ou equipamentos

Atrasar a conclusão da empreitada


3.1.4 Objectivos gerais das Medições

1º Elaborar listas de trabalhos, de acordo com sistemas de classificação que


individualizem cada trabalho segundo grupos específicos que possibilitem, às
várias entidades envolvidas no processo, análises comparativas de custos e
avaliações económicas de diferentes soluções.
2º Proporcionar às entidades adjudicantes a avaliação de propostas cujos
preços foram formulados com idêntico critério, bem como permitir, de um
modo facilitado, a quantificação das variações que se verificarem durante a
construção, devidas a trabalhos a mais e a menos ou a erros e a omissões de
projecto.
3º Possibilitar às empresas um acesso simplificado a informação
eventualmente tipificada e informatizada relativa a trabalhos-tipo, permitindo
assim a formulação de propostas para concursos com bases determinísticas
sólidas, nomeadamente as relativas a custos como:
Fabrico;
Directos;
Indirectos;
Estaleiro;
Sub-empreitadas, e outros.
4º Proporcionar às empresas adjudicatárias uma sistematização de
procedimentos relacionada com o controlo dos diversos trabalhos a executar,
nomeadamente os devidos a rendimentos de recursos que proporcionam:
 Cálculo das quantidades de materiais;
 Avaliação das quantidades de mão-de-obra; e
 Equipamentos..
5º Facilitar o estabelecimento dos planos de inspecção e ensaio aplicados ao
controlo da quantidade e da segurança na execução dos diferentes trabalhos.

6º Facilitar a elaboração dos autos de medição e o pagamento das situações


mensais, no prazo de execução da obra e a elaboração da conta de
empreitada, quando da recepção provisória da obra.

7º Estabelecer as bases para que as empresas realizem a análise e o controle


de custos dos trabalhos.
3.1.5 - Princípios gerais de Medição

a) O MEDIDOR deve analisar cuidadosamente todos os elementos que


caracterizam o modo e as condições de execução dos trabalhos, ou seja,
deve estudar toda a documentação do projecto tais como:
 Peças Desenhadas;
 Caderno de Encargos;
 Cálculos..
b) As MEDIÇÕES devem satisfazer as peças desenhadas do projecto e as
condições técnicas gerais e especiais do caderno de encargos, pois podem
existir erros e omissões que o MEDIDOR deve esclarecer com o autor do
projecto;
c) Na grande maioria dos casos algumas informações são omissas no
projecto, que se podem recolher no local de implantação da obra e que são
indispensáveis para complementar as do projecto:
 Desmatação;
 Desterros e aterros;
 Depósito de terras;
 Drenagens;
 Energia eléctrica;
 Obras de sustentação.
d) As medições devem ser realizadas de acordo com as REGRAS DE
MEDIÇÃO e no caso destas não se enquadrarem num determinado tipo de
trabalho, o MEDIDOR deve adoptar critérios que devem ser discriminados,
de forma clara, nas medições do projecto;

e) As medições devem discriminar todos os trabalhos, principais e


auxiliares, que são realizados durante a execução da obra e devem respeitar
as normas aplicáveis à construção, nomeadamente aos materiais, produtos e
técnicas de execução;
f) As medições devem ser decompostas por partes da obra, de forma a
facilitar a determinação das quantidades de trabalho realizadas, durante a
realização da obra bem como a comparação de custos com outras obras
similares.

g) Os trabalhos medidos devem corresponder às actividades que são


exercidas por cada categoria profissional de operários;
h) Durante a elaboração e o cálculo das medições, devem ser realizadas
DIVERSAS VERIFICAÇÕES das operações efectuadas;

i) Na medição de cada trabalho, a sua designação deverá ser o mais clara


possível e deverá indicar todas as características mais importantes para a sua
execução.
3.1.6 - REGRAS gerais das Medições

As medições devem descrever, de forma completa e precisa, os


trabalhos previstos no projecto ou executados em obra;
A medição de uma determinada tarefa deverá ser feita em todos os
locais e níveis em que se aplique;
Os trabalhos que impliquem diferentes condições ou dificuldades de
execução, serão sempre medidos separadamente;
As dimensões que não puderem ser calculadas com rigor, deverão ser
indicadas com a designação de “quantidades aproximadas”
As medições devem ser apresentadas com as indicações necessárias à
sua perfeita compreensão, de modo a permitirem a sua verificação ou
rectificação e a determinação correcta do custo;
É recomendável que as medições sejam organizadas de forma a
facilitar a determinação dos dados necessários à preparação da
execução da obra e ao controlo de produção;
Os capítulos das medições e a lista de medições poderão ser
organizados de acordo com a natureza dos trabalhos ou por
elementos de construção;

Deverá indicar-se sempre o nome do técnico ou dos técnicos


responsáveis pela elaboração das medições e lista de medições;

Sempre que as medições de certas partes do projecto,


nomeadamente as referentes às instalações forem elaboradas por
outros técnicos, o nome destes deve ser referido no início dos
respectivos capítulos.
3.1.7 - Unidades de Medida
3.1.8 - Modelos da Folha de Medições
3.2 - ORÇAMENTAÇÃO
3.2 - ORÇAMENTAÇÃO

ORÇAR é quantificar insumos, mão de obra, ou equipamentos necessários


para a realização de uma obra ou serviço bem como os respectivos custos e o
tempo de duração dos mesmos serviços.

O ORÇAMENTO, é a expressão quantitativa expressa em unidades físicas e


valores monetários, referidos a uma unidade de tempo, dos planos elaborados
para o período ou períodos subsequentes.
CONTEÚDO

3.2.1 - Orçamento Produto


3.2.2 - Diferenças e características das avaliações, estimativas, orçamentos e
suas respectivas margens de erros

3.2.3 - O Processo constructivo

3.2.4 - Preços e Lucros de Empreitadas

3.2.5 - Métodos de orçamentação

3.2.6 - Composição de preços e de Custos

3.2.7 - Cálculo dos Custos Indirectos Empresariais


ORÇAMENTO PROCESSO – quando o objectivo é
definir metas empresarias em termos de custo,
faturamento e desempenho, donde participam na
elaboração e se compromete com a sua realização
Tipos de todo o corpo gerêncial da empresa.
Orçamento
ORÇAMENTO PRODUTO – tem por objectivo
definir o custo e, em decorrência, o preço de algum
produto da empresa, seja a construção de algum bem
ou a realização de qualquer serviço.
3.2.1 Orçamento Produto
Tipos de Orçamento Produto Elaboração de projectos
Elaboração de orçamentos, cadernos de encargos,
especificações
Elaboração de laudos técnicos

Serviços de fiscalização, auditoria ou assessoria técnica

Orçamento de serviços ou mão de obra

Construção ou empreitada

Orçamento de canteiros de obras ou obras complementares


A realização do orçamento produto, basicamente, pode seguir dois
procedimentos:
 Por avaliação e estimativa;
 Por composição de custos unitários..

As avalições, as estimativas e os orçamentos diferenciam-se pelo grau de


precisão, quando se comparam ao custo inicialmente proposto com aquele
realmente incorrido.
As avalições, constituem-se na valoração de empreendimentos através de
parâmetros genéricos.

As Estimativas, de custo determinam o valor das obras a partir de projectos


incompletos, cujas deficiências são supridas com a adopção de parâmetros
particulares.
3.2.2 - Diferenças e características das avaliações, estimativas,
orçamentos e suas respectivas margens de erros

Elementos técnicos
Tipo Margem de erro
necessários
- Área de construção;
Avaliações De ±30 a ±20% - Padrão de acabamento;
- Custo unitário de obra básica.
-Projecto índicativo;
Estimativas - Preços unitários de
De ±20 a ±15% serviços de referência;
- Especificações genéricas.
Elementos técnicos
Tipo Margem de erro
necessários
- Projecto executivo;
Orçamento - Especificações sucintas mas bem
De ±15 a ±10% definidas;
Expedito
- Composições de preço de serviços
genéricos;
- Composições de insumos de
referência.

Orçamento - Projecto executivo;


Detalhado De ±10 a ±5% - Projectos complementares;
- Preços de insumos de acordo com a
dimensão de serviços.
Elementos técnicos
Tipo Margem de erro
necessários

- Todos elementos necessários ao


Orçamento orçamento detalhado mais o
De ±5 a ±1%
Analítico
planejamento da obra.
3.2.3 - O Processo constructivo

A construção civil, diferentemente do que ocorre na maioria das industrias,


apresenta um processo laboral com três características que tornam difícil o
seu acompanhamento e controle.
1º Unidades de produção temporária e migrantes.

2º Operários móveis em torno de um produto fixo.

3º Produtos, normalmente únicos.


 Tal facto contribui para dificultar a avaliação de todos os custos a serem
incorridos e, em consequência, do acompanahamento.

 Esta situação contribui para o ganho de experiência com decorrência na


expressão do lucro desejado em cada empreendimento.
3.2.3.2 - Reconhecimento do local

A primeira providência a ser efectuada ao iniciar o estudo e planejamento de


um empreendimento consiste em providênciar o reconhecimento de:
 Local de implementação da obra;
 Condições de mão de obra;
 Legislação e suprimento propiciado pela região.
Por tanto, recomenda-se levantar, registrar e verificar itens, no intuito de
permitir a elaboração precisa de orçamento, estabelecer a necessidade de
projectos especiais tais como de fundações ou do tratamento e recuperação
de condições ambientais.
 Solo: dimensões e sua qualidade;
 Condições técnicas das edificações ou propriedades lindeiras;
 Disponibilidade de mão de obra especializada ou não;
 Fornecedores de serviços e equipamentos;
 Fornecimento de tecnologias especiais;
 Serviços públicos: água, energia, gás, telefonia;
 Condições de acesso;
 Legislação tributária;
 Legislação Ambiental.
3.2.4 Preços e Lucros de Empreitadas

A formação do preço e em decorrência dele o lucro, é função do regime


prevalente da industria onde a empresa se situa.
O reconhecimento desse facto induz a comportamento distinto na formulação
de proposta de preços, actuando a empresa em regime de livre concorrência.
O Preço pode ser definido como a expressão monetária de uma obra ou
serviço, correspondendo ao valor cobrado ao cliente..
O custo, representa o valor da soma dos insumos (mão de obra, matérias,
equipamentos, impostos, administração,) necessário a realização de dada
obra ou serviço, sendo assim constitui-se no valor pago pelos insumos.
3.2.4.1 Classificação dos custos de Acordo a Produção:
Directos – custos directamente apropriados ao produto,
perfeitamente caracterizados a cada serviço e quantificados
a cada serviço.
Ex: mão de obra directa, insumos e equipamentos.

CUSTOS Indirectos – custos onde se faz necessário estabelecer algum


factor de roteiro para a sua apropriação a algum serviço.

Custos vinculados a Custos vinculados a


administração do canteiro despesas decorrentes da
de obra. administração da empresa.
CUSTO DIRECTO CUSTO INDIRECTO
Mão de obra directa Taxas e documentações
Pedreiros, carpinteiros, serralheiros Engenheiros
Serventes Respónsável
Técnicos de obras Aluguer de equipamento
Matéria-prima Impostos
Projectos Alimentação em canteiro
Equipamentos Manutenção de máquinas
Aquisição de terrenos lubrificantes
Encargos sociais Assistência médica
3.2.4.2 Classificação dos custos de acordo ao volume de produção

Fixos – são os que, praticamente, não variam para uma dada faixa
de volume de produção;

Variáveis – são os que variam, de forma proporcional e directa em


função da quantidade ou da dimensão dos produtos produzidos

CUSTOS Semivariáveis – variam de acordo com a variação da quantidade


produzida, porém de forma não proporcional;

Totais – são os constituidos pelas parcelas de custos variáveis e de


custos fixos ou semivariáveis;
3.2.5 Métodos de orçamentação

Processo de
correlação simples
Correlação
Processo de
correlação múltipla
Métodos de
orçamentação
Insumos
Quantificação
Composição do
custo unitário
3.2.6 Composição de preços e de Custos

Os preços e os custos na construção civil, via de regra, são orçados por


serviço e determinados segundo a produção de acordo com as composições
unitárias. E estas composições, comforme o serviço, tem por unidade:
O m, m2, m3;
Homens-hora (H/h) despendidos na execução do serviço;
hora de máquinas, etc.
Composição de Preços

O Preço na construção civil, geralmente é definido pelo seguinte modelo em


que: CD corresponde aos Custos incorridos, Directamente, na execução dos
serviços e IBDI , denominado de Índice dos Benefícios e Despesas Indirectas,
engloba os custos indirectos a serem suportados por cada serviço.

P = СD x IBDI
Composição de custos Unitários

A maioria dos orçamentos apresenta como parâmetro de orçamento o


serviço.
Assim o Custo de cada serviço em que foi subdividido um projecto é
compoto segundo a quantificação e os custos da mão de obra, dos insumos,
dos equipamentos e dos encargos sociais necessários a sua consecução.
3.2.7 Cálculo dos Custos Indirectos Empresariais

os Custos Indirectos Empresariais podem ser obtidos a partir da elaboração de


mapas mensais de custos da administração central da empresa. Com os dados
de um trimestre, pode-se estimar o custo anual.
A Taxa percentual de custos indirectos empresarial resultará da divisão do
Valor dessa estimativa pelo Custo de produção correspondente ao volume
anual de obras previstas serem realizadas naquele ano.
 
LITERATURA

1. Oscar Ciro Lopes, Liziane Ilha Librelotto e Antonio Victorino Avila.


Orçamento de obras. Curso de arquitectura e urbanismo universidade do sul
de santa catarina – UNISUL Florianópolis – SC, 2003 versão 1 de julho.
2. José Amorim Faria. Noções Elementares sobre Orçamentos de Obras de
Construção Civil. Versão 10 de Fevereiro 2014.
FIM

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