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4. JOSÉ SARAMAGO
Memorial do Convento
Ficha informativa 8
Memorial do Convento
Visão Crítica II
Com efeito, a leitura atenta de Memorial do Convento não pode ignorar, desde as
primeiras linhas, quer a subversão carnavalesca do rei e do regime monárquico, quer a
provocadora contraposição simbólica da construção do palácio-convento de Mafra por
oposição à construção da passarola voadora – edificações unidas por uma história de
amor, centrada na relação entre Baltasar e Blimunda. Ao mesmo tempo, a releitura do
passado histórico opera uma inversão carnavalesca, de motivação ideológica: rebaixa
através do sarcasmo os mais nobres, celebrizados pelo discurso historiográfico; e,
opostamente, eleva (levanta do chão do esquecimento) os da classe inferior, alçando-
os à categoria de verdadeiros heróis, sob a forma de entronização 1.
José Cândido Martins, «Memorial do Convento, de José Saramago: intertexto discursivo e paródia
carnavalizadora», in Flavia Maria Corradin & Lilian Jacoto (org.), Literatura Portuguesa: ontem, hoje,
São Paulo, Editora Paulistana, 2008, pp. 94, 102-103, 111.
1
Entronização: ato de colocar no trono; enaltecimento, engrandecimento.
Ficha informativa 8
Memorial do Convento
CONSOLIDA