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Complicações ou melhor, efeitos colaterais?

Quantificação da
satisfação do paciente e complicações após cirurgia ortognática
- uma análise retrospectiva e transversal de longo prazo

Esp Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial


Syandra Varela
A cirurgia ortognática é um procedimento
comumente usado para corrigir
deformidades dentofaciais.
Além disso, os pacientes que concluíram
a cirurgia ortognática relataram uma
grande variedade de benefícios
psicológicos, como melhora da
autoconfiança e autoestima.
No entanto, a insatisfação também surge
como resultado de expectativas não satisfeitas
do paciente
Portanto, o objetivo principal do estudo foi
avaliar complicações intraoperatórias e pós-
operatórias precoces, bem como como
achados tardios após cirurgia ortognática.
E também investigou a qualidade geral do
paciente a longo prazo, após o tratamento
cirúrgico.
Existe uma grande variedadede
intraoperatório (sangramento, osteotomia
inadequada/má separação,exposição e dano
do nervo, lesões dentárias) e complicações
pós-operatórias como (parestesia persistente
devido a lesões nervosas, fraturas da placa,
dispneia, recidiva esquelética, disfunção da
articulação temporomandibular (DTM))
associada à cirurgia ortognática.
Uma revisão resumiram que as lesões
nervosas ocorrem com mais frequência
(50%), seguida por disfunções da
articulação temporomandibular (DTM)
(14%), hemorragia (9%) e recaída (4%)
DTM é um subgrupo de disfunção
craniomandibular (DMC), mas não inclui
a oclusão como critério.
Materiais e métodos
Em um estudo clínico transversal
retrospectivo, 119 pacientes que
realizaram cirurgia ortognática entre
janeiro de 2010 e junho de 2016 no
Departamento de Medicina Oral e
Cirurgia Maxilofacial na Universidade da
Alemanha
Coleta de dados no intra operatório e
Complicações prematuras

Todos os dados analógicos e digitais foram


obtidos do prontuário do paciente, registros
cirúrgicos e ortognáticos. Radiografias pré e
pós-operatórias (ortopantomografia (OPT e
tomografia computadorizada de feixe cônico
(CBCT)) foram analisadas.
Incluiu dados específicos do paciente como data
de nascimento, sexo, diagnóstico, histórico
médico, tempo de internação, comorbidades e
diagnóstico bem como o respectivo tratamento.
Informações de interesseem relação às complicações
intraoperatórias e pós-operatórias precoces foi a seguinte:

 Intraoperatório: Bad split , hemorragia, lesões


dentárias
 Pós-operatório precoce (durante 4 semanas):
cicatrização da ferida retardada, falha na
osteossíntese, distúrbios da sensibilidade
nervosa por exemplo, hipoestesia e anestesia),
dispneia, dor/disfunções na articulação
temporomandibular (DTM).
Acompanhamento a longo prazo—análise clínica e
Achados

Na segunda parte do estudo, os pacientes foram


reexaminados em um seguimento clínico em média de 59
meses (DP ± 19,7; min: 12; máx: 84 meses) após a cirurgia.

Em total, 48 pacientes (40,3%) responderam e foram


subsequentemente examinado clinicamente.
Achados tardios incluíram nervo persistente dano
(infraorbital (ION), lingual, alveolar inferior (IAN), nervo
bucal e facial), disfunção da ATM e musculatura
mastigatória, ou seja, artropatia e miopatia à palpação
(resumida como distúrbio da articulação
temporomandibular (DTM)) e recaída.
Resultados Idade e sexo dos pacientes e experiência do
Cirurgião

Neste estudo, 55,5% (n = 66) dos pacientes


eram mulheres e 44,5% (n = 53) eram
homens, com idade média total de 31,3 anos
73 de 119 foram tratados por um cirurgião
experiente (> 40 cirurgias ortognáticas),
31 por um cirurgião de habilidade
intermediária (10 a 40 cirurgias
ortognáticas) e 15 pacientes por iniciante (<
10 cirurgias ortognáticas)
Complicações intraoperatórias
Do total de cinco complicações
intraoperatórias, má divisão foram os mais
frequentados (4/114), mostrando uma
incidência de 3,5% por BSSO. Relacionado
a 228 osteotomias divididas (SSO =
BSSOx2), a incidência da divisão ruim foi
de 1,7% por SSO. Além disso, um caso de
intraoperatório hemorragia ocorreu durante
uma única osteotomia LeFort-I.
Complicações precoces
A deficiência da sensibilidade do nervo
mandibular foi a maior complicação
precoce no pós-operatório
Total de 33 pacientes (27,7%) apresentaram
hipoestesia e três pacientes (2,5%) com
anestesia.
Outras complicações precoces foram dois
casos de falha na osteossíntese (1,7%) e um
caso de dispneia pós-operatória (0,8%).
Achados tardios e seguimento clínico
Achados tardios estiveram presentes em
46 dos 48 casos de acompanhamento e
foram subagrupados em miopatia (n =
15/48), artropatia (n = 14/48), recaída (n =
12/48) e sensibilidade permanente
distúrbios do lábio inferior (n =
28/45(BSSO e LeFort-I + BSSO))
Achados tardios e seguimento clínico
A miopatia esteve presente em 9/23 casos de
BSSO e 6/22 casos gerais de LeFort-I +
BSSO.
A artropatia foi revelada em 6/23 casos
únicos de BSSO e em 8/22 casos após
LeFort-I + BSSO. A recidiva esquelética
ocorreu em oito casos após o tratamento de
classe II, dois pacientes com classe III, um
com mordida cruzada posterior e um
paciente com mordida aberta frontal
Achados tardios e seguimento clínico
Longo prazo o exame da sensibilidade perioral revelou
28/45 pacientes com distúrbios de sensibilidade do
lábio inferior (uma única área medida com anestesia e
46 áreas com hipoestesia.
E foram cinco pacientes apresentando hipoestesia
isolada do suprimento lateral, área do nervo
mentoniano/IAN (aspecto lateral do nervo lábio),
enquanto a hipoestesia isolada da região medial dos
lábios inferiores aspecto estava presente em 27
pacientes. Hipoestesia em ambos, o aspecto medial e
lateral, ocorreu no total em seis pacientes (esquerda= 4;
direita = 3) com um caso afetando todo o lábio inferior.
Achados tardios e seguimento clínico
A hipoestesia do lábio superior foi presente em um
paciente do lado direito após LeFort-I + BSSO, bem
como em um caso após LeFort-I único osteotomia (lado
esquerdo)
Não houve déficit neurossensorial do nervo lingual.
Para o nervo bucal, um caso apresentou com
hipoestesia da mucosa da bochecha esquerda após uma
única BSSO
O número de recidivas esqueléticas foi
significativamente maior para BSSO e LeFort-I +
BSSO em comparação com uma
osteotomia LeFort-I.
Associações entre achados clínicos e nível de experiência dos
cirurgiões

Em relação às Bad split como uma complicação


intraoperatória, houve correlação significativa (p =
0,035(§)) entre a experiência dos cirurgiões e a
frequência dos eventos [iniciante: 1/15, intermediário:
3/31 e experiente: 0/73]. Em neste estudo, ao todo 36
casos de disfunção nervosa precoce (sem diferenciação
local) foram observadas.
Para iniciantes, n =7/15 casos apresentaram distúrbios
nervosos, enquanto cirurgiões intermediários
representaram n = 9/31 e cirurgiões experientes para n =
20/73 dos casos.
Associações entre achados clínicos e
nível de experiência dos cirurgiões

Não houve significativa correlação entre a


experiência dos cirurgiões e a taxa de
distúrbios de sensibilidade na fase pós-
operatória precoce (Falha na osteossíntese por
soltura da placa esteve presente em dois casos,
sendo ambos operados por especialista
Nenhuma correlação significativa foi
encontrado entre a expertise dos cirurgiões e a
frequência de achados pós-operatórios tardios.
Qualidade de vida (SF-36)
No momento do questionamento, a maioria
dos pacientes (39,6%) avaliou seu estado
geral de saúde como muito bom.
Em comparação com a avaliação pré-
operatória, a maioria (39,6%) dos pacientes
não se lembrava de nenhuma diferença. Nas
primeiras quatro semanas de pós-operatório,
os pacientes sentiram mais restrições físicas
(60,4%) causadora de um desempenho
limitado do que problemas mentais (14,6%).
Qualidade de vida
A maioria dos pacientes optou pela
cirurgia por questões estéticas (60,4%),
seguido de função mastigatória limitada
(14,6%), a influência do parceiro (4,2%),
os pais (4,2%), amigos (2,1%) e dentista
(14,6%).
No pós-operatório, pacientes (33,3%) e
seus familiares (37,5%) ficaram satisfeitos
com o resultado cirúrgico geral.
Qualidade de vida
Além disso, 13 pacientes (27,1%) lembraram da dor na
articulação temporomandibular no pré-operatório,
enquanto dez pacientes (20,8%) descreveram dor na
ATM pós-operatória
No que diz respeito aos ronco, os pacientes não
observaram nenhuma alteração no pós-operatório
(54,2% pré-operatório e 52,1% pós-operatório).
 No total, n = 29/48 (60,4%) dos pacientes não se
arrependeram de sua decisão sobre a cirurgia e optaria
pela cirurgia novamente. Em contraste, 25% dos
pacientes não tinham certeza e apenas 14,6% não
repetiriam o procedimento.
Discussão
Bad split (n = 4/114) foi a complicação
intraoperatória mais comum, seguida por um caso de
sangramento grave. Em relação às complicações pós-
operatórias precoces, o dano temporário do nervo
alveolar inferior após BSSO foi o mais comum (n =
33/114), seguido por disfunção do nervo facial (n =
3), falha na osteossíntese (n = 2) e um caso de
dispneia pós-operatória. A hipoestesia permanente do
lábio inferior foi a mais prevalente (n = 28/45 (BSSO
e LeFort-I + BSSO)) achado tardio com extensão
variável, seguido de disfunção temporomandibular
(DTM) (n = 25/48).
Discussão
A recidiva esquelética ocorreu
principalmente após o tratamento da
classe II, seguida pela classe III, mordida
cruzada posterior e mordida aberta. No
geral, a cirurgia melhorou a
autopercepção dos pacientes (85,4%),
com 60,4% dos pacientes optando
novamente pela cirurgia.
Conclusão
As complicações a longo prazo após a
cirurgia ortognática ocorreram com mais
frequência do que o comumente descrito na
literatura, e as análises da qualidade de vida
mostram a necessidade de educação pré-
operatória mais abrangente do paciente.
Hipoestesia do lábio inferior apresentou
menos como complicação, mas sim como
efeito colateral após BSSO. Como a
cirurgia ortognática é principalmente
eletiva, a educação pré-operatória do
paciente é de fundamental importância e
deve incluir a estratificação de risco
proativa.

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