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Professor Cherlio Scandian

Rodrigo de Oliveira Pezzin

Mecânica da fratura
Sumário

2.1 – Uma visão atômica da fratura


2.2 – Efeito de concentração de tensão dos defeitos
2.1 Uma visão atômica da fratura

Um material fratura quando tensão e trabalho suficientes são aplicados em


nível atômico para romper as ligações que mantêm os átomos juntos.
2.1 Uma visão atômica da fratura
2.1 Uma visão atômica da fratura

O espaçamento de equilíbrio ocorre


quando a energia potencial é mínima.
É necessária uma força de tensão para
aumentar a distância de separação do
equilíbrio.
2.1 Uma visão atômica da fratura

Essa força deve exceder a força coesiva


para romper completamente a ligação
química.
A energia de ligação é dada por:

Onde é a distância de equilíbrio e é a


força aplicada.
2.1 Uma visão atômica da fratura

É possível estimar a força coesiva em


nível atômico idealizando a relação
“força interatômica-deslocamento”
como metade do período de uma onda
senoidal:

Onde é a distância mostrada na figura.


Por questão de simplicidade a origem
é definida em .
2.1 Uma visão atômica da fratura

Para pequenos deslocamentos, a


relação “força-deslocamento” é linear.
Como, para um ângulo muito pequeno,
seu seno pode ser aproximado para o
valor do ângulo, temos:

E a rigidez da ligação é dada por:


2.1 Uma visão atômica da fratura

Multiplicando os dois lados da


equação pelo número de ligações por
unidade de área e a distância de
equilíbrio ,, convertemos a rigidez de
ligação ao módulo de Young (E) e a
força coesiva ,, à tensão coesiva ,:

Isolando , temos:
2.1 Uma visão atômica da fratura

Se considerarmos que é
aproximadamente igual ao
espaçamento atômico, temos:
2.1 Uma visão atômica da fratura

Como duas superfícies são criadas


quando um material fratura, a energia
de superfície, , será igual a metade da
energia de fratura por unidade de
área:
2.1 Uma visão atômica da fratura

Pegando o valor de na equação acima


(que já vimos), substituindo na
equação da energia de superfície por
unidade de área e resolvendo
para ,temos:
2.2 Efeito de concentração de tensão dos defeitos

Já foi mostrado que a força coesiva teórica de um material é aproximadamente


.
Porém, valores experimentais de resistência à fratura de materiais frágeis são,
tipicamente, 3 ou 4 ordens de grandeza abaixo desse valor.
A discrepância entre os valores reais de resistência de materiais frágeis e os
valores estimados teoricamente é devida a defeitos nesses materiais.
A fratura não ocorre a menos que a tensão em nível atômico exceda a força
coesiva do material
Os defeitos diminuem a resistência global de um material por aumentar a
tensão localmente.
2.2 Efeito de concentração de tensão dos defeitos

Inglis foi o primeiro a quantificar evidências do


efeito de concentração de tensão que defeitos
geram.
Ele realizou experimentos em uma placa com furo
elíptico de comprimento e largura . Onde a
largura da placa é muito maior que e a altura da
placa é muito maior que (ou seja, em uma placa
infinita). A tensão era aplicada muito distante do
furo (ou seja, no infinito).
2.2 Efeito de concentração de tensão dos defeitos

Ele encontrou que a tensão na ponta da elipse


(ponto A) é dada por:

A razão é definida como fator de concentração


de tensão, .
Quando , o furo é um círculo e .
2.2 Efeito de concentração de tensão dos defeitos

Quando aumenta em relação a , o furo se toma a


aparência de uma trinca fina e Inglis preferiu
expressar a equação da tensão na ponta da elipse
em função do raio de curvatura, , desta:

Onde:
2.2 Efeito de concentração de tensão dos defeitos

Quando se torna muito maior que , a equação


acima se torna:

Inglis mostrou que essa equação dá uma boa


aproximação para a concentração de tensão
devida a um entalhe não elíptico, exceto na
ponta.
2.2 Efeito de concentração de tensão dos defeitos

Essa equação prevê uma tensão infinita na ponta


de uma trinca de acuidade atômica, onde tende
à zero.
Esses resultados geraram preocupação, pois
nenhum material é capaz de resistir a uma tensão
infinita.
Por esse resultado, uma material contendo uma
trinca de acuidade atômica poderia,
teoricamente, falhar sob um carregamento
infinitesimal.
2.2 Efeito de concentração de tensão dos defeitos

Uma trinca infinitesimalmente pequena é uma


suposição não real quando falamos de materiais
feitos de átomos.
Metais se deformam plasticamente, por exemplo,
o que faz com que uma trinca de acuidade
atômica pare (gera o embotamento da trinca).
2.2 Efeito de concentração de tensão dos defeitos

Na ausência de deformação plástica, o raio


mínimo que a ponta de uma trinca pode ter é da
ordem de um raio atômico. Daí vem o termo
trinca de acuidade atômica.
2.2 Efeito de concentração de tensão dos defeitos
2.2 Efeito de concentração de tensão dos defeitos

Substituindo por na equação da concentração de


tensão, temos uma estimativa da concentração de
tensão na ponta de uma trinca de acuidade
atômica sob regime elástico:
2.2 Efeito de concentração de tensão dos defeitos

Porém essa estimativa é rude, pois as suposições


de Inglis não são válidas para o nível atômico.
Entretanto, Gehlen e Kanninen obtiveram
resultados similares utilizando simulação
numérica de uma trinca em uma rede 2D:

Onde é uma constante na ordem da unidade e


depende da suposição da lei força-deslocamento
2.2 Efeito de concentração de tensão dos defeitos

Assumindo um modelo de resistência de


materiais onde a fratura ocorre quando a tensão
na ponta de uma trinca atinge um valor crítico,
podemos dizer que ela ocorrerá quando .
Igualando as duas equações acima, podemos
estimar a tensão que, aplicada ao material, o fará
falhar:
2.2 Efeito de concentração de tensão dos defeitos

Concluiu-se que, quando se tem um gradiente de


tensão significante na estrutura, a falha
geralmente não é governada por um único ponto
de alta tensão.
2.2 Efeito de concentração de tensão dos defeitos

Por exemplo:
Considere uma viga de um material que não
endurece por deformação.
Se um momento fletor for imposto tal que as
fibras externas comecem a escoar, a viga ainda
tem capacidade de carregamento, porque a
tensão está abaixo do escoamento em todos os
pontos, exceto nas fibras exteriores.
2.2 Efeito de concentração de tensão dos defeitos

Existe um grande gradiente de tensão na trinca,


então a tensão na ponta não governa a fratura.
Mesmo em uma situação ideal de uma trinca de
acuidade atômica, a tensão infinita ocorre apenas
em uma distância infinitesimal da ponta da trinca,
logo a falha de uma estrutura sob um
carregamento finito aplicado não é inevitável.
2.2 Efeito de concentração de tensão dos defeitos

Fisicamente, a tensão é ampliada na ponta de uma trinca, pois há uma


superfície cheia de discordâncias. Logo, temos um somatório de campos de
tensões nessa região.
Conclusões
Um material fratura quando temos uma tensão grande o suficiente para
romper a ligação entre seus átomos.
Porém, os materiais, na prática, rompem à tensões médias bem menores.
Inglis foi o primeiro a levar em consideração o efeito de concentração de
tensão que os defeitos geram dento dos materiais.
O efeito de concentração pode elevar a tensão para o infinito na ponta de uma
trinca de acuidade atômica.
Entretanto, essa tensão infinita ocorre tão somente na região
infinitesimalmente próxima à ponta da trinca e não governa a fratura, fazendo
com que esta ão seja inevitável.
Referências

ANDERSON, T. L. Fracture Mechanics: Fundamentals and applications. 4º


Edition. Boca Raton, FL. CRC Press. 2017.

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