TRATAMENTO DE EFLUENTES DE CAVAS DE MINERAÇÃO DE AREIA – LEVANTAMENTO DOS AREAIS DE
SEROPÉDICA E CONSTRUÇÃO DE CURVAS DE CALIBRAÇÃO DE SULFATO E DE ALUMÍNIO
Pedro Henrique Chaves de Souza Araújo; Fabíola Oliveira da Cunha; Rui de Góes Casqueira;
INTRODUÇÃO
De acordo com os dados da ANEPAC (Associação Nacional das Entidades de
Produtores de Agregados de Construção), em 2014, o Brasil consumiu cerca de 741
milhões em agregados, onde mais de 50% representam a produção de areia. O
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) é o órgão responsável pela
certificação e controle da mineradoras, emitindo a Concessão Mineral, autorização
definitiva para a exploração, tendo como obrigatoriedade o Estudo de Impacto
Ambiental (EIA).
A região conhecida como Polígono de Piranema, principal fonte de abastecimento
de areia para Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), faz uso da dragagem
por cavas inundadas em 80% de sua exploração. Segundo FERREIRA (2006), existe
uma dificuldade relacionada ao uso posterior das cavas inundadas, devido ao
passivo ambiental gerado, como também aos riscos de contaminação do lençol
freático, cabendo ao Setor Areeiro juntamente com os órgãos ambientais e
municipais criar propostas alternativas viáveis para os usos futuros e recuperação
dessas. Devido aos altos valores de sulfato (2-65 mg/L) e alumínio (0,015 – 14
mg/L), conferindo coloração azulada as lagoas, há riscos de contaminação do
Aquífero Piranema, reserva renovável estimada em 1,6 m³/s, suficiente para
abastecer 140.000 famílias da região.
Portanto, como forma de criar ações mitigatórias que ajudem na recuperação e
reutilização das áreas, monitorando ainda as lagoas e águas subterrâneas, o
seguinte trabalho busca inicialmente realizar o levantamento bibliográfico dos areais
da Região e a criação das curvas de quantificação para Sulfato e Alumínio, principais
agentes contaminantes.
Fonte: Panoramio, 2016
MATERIAL E MÉTODOS
Fez-se inicialmente um levantamento prévio dos areais da região, através do
Cadastramento Geral de Empreendimentos da Região Hidrográfica do Guandu dos
anos de 2013 e 2018, para quantificação do possível número de cavas inundadas
da região, como dos empreendimentos sem licenciamento de operação ou cadastro
vencido.
Utilizou-se como modelo base os métdos nefelométricos para quantificação dos
agentes contaminantes pós-tratamento. A determinação de Sulfato por Turbidimetria
consiste na formação dos cristais de Sulfato de Bário, insolúveis em meio aquoso,
através da adição do Cloreto de Bário, mantidos uniformes e suspensos por agente
condicionante, sendo utilizado Turbidímetro de modelo Adano RS 232 e curva de
calibração para quantificação.
Reação base
de formação
do Sal
Sulfato de
Reação genérica de complexação do Al com Eriocromo Cianina R
Bário
A determinação de Alumínio por Espectrofotometria consiste na complexação do
metal em indicador Eriocromo Cianina R, agente que ao reagir com contaminante
adquire coloração rósea alaranjada, podendo ser quantificada através absorção de
luz pela solução absorvente, essa no comprimento de onda de 535 nm.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com o CNARH, no ano de 2013, foram cadastrados 68
empreendimentos minerários na cidade de Seropédica, onde, de acordo com (AREIA
& BRITA, 2008), pelo menos 54 utilizam o modelo de cava inundadas, necessitando
da regularização de Outorga do uso de água. De acordo com o CNARH, de 2018,
para a captação, apenas 33 areais realizaram o cadastro, sendo esse valor 60 % do
estipulado para o ano de 2013.
Baseado na Lei de Lambert-Beer, onde “ um feixe de luz diminui exponencialmente
sua incidência a medida que aumenta aritmeticamente a concentração da espécie
absorvente”, a estipulou-se a determinação dos agentes contaminantes através da
relação entre luz incidente (I) e luz emitida (Io) pelo agente absorvente em diferentes
concentrações na curva de calibração.
A=a.b.C
A = log Io/I - Absorbância
a = absortividade molar
b= caminho óptico
C – concentração da espécie
absorvente
Fonte: Elder, IFSC
Estrutura tipo Traço – Eriocromo Cianina R
CONCLUSÕES
Há um controle ineficaz por parte dos órgãos municipais e ambientais no controle das
Mineradoras na Região, comprovado pela diversos Termos de Ajuste de Conduta (TAC)
exigidos, assim como pela falta de documentos a atualizações desses que comprovem
a legitimidade jurídica para o funcionamento, tendo 40%, de acordo com o
levantamento, não tendo autorização para captação.
Conclui-se que através da montagem das curvas de calibração para quantificação do
Alumínio e Sulfato, comprovaram-se a relação linear crescente entre a Absorbância e
os valores de concentração, de acordo com a Lei de Lambert-Beer, ratificado pelo
coeficiente de determinação (R²>0,95).
AGRADECIMENTOS
O grupo de pesquisa que realizou o presente trabalho agradece o CNPQ pelo
financiamento e pela bolsa de iniciação científica e, aos Técnicos e Professores dos
Departamentos de Química, Engenharia Química e Agrícola e Ambiental da UFRRJ,
assim como do IFRJ pelo fornecimento de reagentes necessários para esse devido fim.