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A PSICANALISE

NA CLÍNICA

A DESCOBERTA DO
NARCISISMO

Profa. Lédice Oliveira


Teorias Psicanalíticas
Instagram: lediceoliveira
BIBLIOGRAFIA

FREUD, S. (1914). Sobre o Narcisismo: Uma Introdução.


In: Edição Standard das Obras Completas. Rio de
Janeiro: Ed. Imago, 1965.
MITO DE NARCISO
Narciso era lindo e desejado pelas ninfas e jovens da
Grécia, inclusive pelas deusas.

Preocupada com as conseqüências de tanto assédio, sua


mãe consultou o oráculo Tirésias, que disse que Narciso
viveria muitos anos, desde que não se visse.

As ninfas, chateadas com a insensibilidade de Narciso,


pediram vingança a Nêmesis, que representava a justiça
divina. Nêmesis condenou Narciso a um amor impossível.

Assim, num dia de verão, o sedento Narciso se


aproximou de uma fonte e debruçou sobre o espelho da
água. Ao ver sua própria imagem refletida, se apaixonou
por ela. Cumpriu a profecia de Tirésias e a maldição de
Nêmesis.
“Deitou-se tentando matar a sede,
outra mais forte achou. Enquanto bebia,
viu-se na água e ficou embevecido com a própria
imagem.”

Narciso se contemplou e admirou o que


todos admiravam.

Morreu de amor por si mesmo, buscando se


fundir com o reflexo da sua imagem.

No lugar do seu corpo acharam uma flor


amarela de pétalas brancas no centro.
 O termo “narcisismo” foi introduzido na psicanálise
para designar o amor que um indivíduo sente por si
mesmo;

 Freud utiliza pela primeira vez o termo “narcisismo”


em 1910, para descrever a escolha de objeto feita pelos
homossexuais que escolhem um parceiro à sua imagem,
de forma que através deste “tomam a si mesmos como
objeto sexual”;

 Para Freud o narcisismo também é uma fase


intermediária do desenvolvimento psicossocial infantil,
situada entre o auto-erotismo e a fase evoluída,
caracterizada pelo amor de objeto (amor objetal).
NARCISISMO

Estágio intermediário
entre o auto-
erotismo e o amor
objetal
Predomínio
das pulsões
parciais
Passagem
para
unificação
das
pulsões
“Chega uma ocasião, no desenvolvimento do
indivíduo, em que ele reúne suas energias
(pulsões sexuais) – que até aqui haviam estado
empenhados em atividades auto-eróticas – a
fim de conseguir um objeto amoroso; e começa
por tomar a si próprio, seu próprio corpo, como
objeto amoroso (escolha de objeto
narcisista), sendo apenas subseqüentemente
que passa daí p/ a escolha de alguma outra
pessoa que não ele mesmo, como objeto,
identificando-se c/ ele.”
NARCISISMO PRIMÁRIO: A criança
toma a si mesma como objeto de amor e
como centro do mundo, antes de se dirigir
a objetos exteriores. Há a crença na
onipotência de seus pensamentos. Há o
predomínio da “libido do Eu” (sexual).
Estado de indiferenciação ou “anobjetal”.

NARCISISMO SECUNDÁRIO: A
criança passa a desenvolver uma
capacidade de amar pessoas como
separadas e diferentes de si, constituindo
um progresso relacional. A partir disso o
indivíduo consegue amar a si mesmo como
retorno por amar outro (há um retorno do
investimento libidinal). Há o predomínio da
“libido objetal”.
MANIFESTAÇÕES DO
NARCISISMO
 Psicose (esquizofrenia)
Esses indivíduos retiram seu interesse pelas pessoas e
pelas coisas do mundo exterior, de modo que esse
retraimento de libido os torna inacessíveis à análise.

Mas qual é o destino da libido no esquizofrênico?!

 A libido, neste caso, é retirada do mundo externo e se


refugia na megalomania do delírio de grandeza, por
exemplo. É o resultado de um estado que já existia antes
(narcisismo primário) e que, entretanto, retornou os
investimentos de objeto ao Ego (narcisismo secundário).
 Doenças orgânicas

O indivíduo que sofre uma dor orgânica retira seu


interesse pelo mundo exterior, assim como seus
sentimentos libidinais por seus objetos de amor, e que os
restabelece depois de curado;
“(...) afinal é preciso começar a amar, para não
adoecer, e é inevitável adoecer, quando, devido à
frustração, não se pode amar.”
Hipocondria Fobia
social /
agorafobia

Transtornos
Afetivos ou
do humor
Esquizofrenia

Lúpus /
Dermatites

Anorexia
 Estado de sono

 “O estado do sono representa um retraimento


narcísico de posições da libido na própria pessoa ou, mais
exatamente, no único desejo de dormir”.
 Vida Amorosa / Paixão

 Esse peculiar estado que lembra a obsessão neurótica,


remonta assim a um empobrecimento libidinal do Eu em
favor do objeto;

 Ser amado representa o objetivo e a satisfação na


escolha narcísica de objeto; A dependência do objeto
amado tem efeito rebaixador (da auto-estima); o
apaixonado é humilde.

Alguém que ama perdeu, por assim dizer, uma parte de


seu narcisismo, e apenas sendo amado pode reavê-la.
CAMINHOS PARA ESCOLHA DE
OBJETO
IDEAL DO EGO
 Freud julga que o ser humano não pode dispensar o
desejo de perfeição narcísico de sua infância: este não
desaparece, mas é substituído pela constituição de uma
instância intrapsíquica, que ele chama tanto de “ego ideal”
como “ideal de ego”;

 Então, aquilo que o adulto projeta diante dele como seu


ideal nada mais é que “o substituto do narcisismo perdido
de sua infância; nessa época, ele era seu próprio ideal”.
PRÓXIMA AULA

FREUD, S. (1937). Construções em Psicanálise. In:


Edição Standard das Obras Completas. Rio de Janeiro:
Ed. Imago, 1965.

QUINODOZ, J. M. Análise Terminável e Interminável.


In: Ler Freud: guia de leitura da obra de S. Freud.
Porto Alegre: Artemed, 2007 (p. 277 – 285)

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