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Dançaterapia no autismo: um

estudo de caso

Acadêmico: Matheus Ribas de Souza


Curso: Fisioterapia 8° semestre
Resumo
• O autismo é uma das desordens
neurológicas mais comuns que afetam o
desenvolvimento neuropsicomotor de
crianças. Intervenções terapêuticas podem
intervir nos transtornos de comunicação e
nos comportamentos estereotipados, desse
modo a dança, como terapia, pode ativar
vias sensoriais que viabilizam o
aprimoramento do gesto. Este estudo visou
observar os efeitos da dançaterapia no
desempenho motor e gestual, no equilíbrio
corporal e na marcha, bem como na
qualidade de vida de um adolescente com
autismo. 
INTRODUÇÃO

Esta condição envolve uma variedade de desordens


 

neurológicas comportamentais com três fatores mais


evidentes: dificuldades de socialização, transtornos na
comunicação verbal e não verbal e padrões estereotipados
repetitivos de comportamento. Muitas crianças autistas
exibem desde cedo danos sensoriais e motores. A dança
como terapia pode estimular a integração da sensação, da
percepção e, assim, predispor a ação. Atividades
coordenadas são de fundamental importância para o
progresso do aparato neuromotor. A terapia motora
associada à música pode facilitar a interação social e a
comunicação, além de vários sistemas que interferem na
percepção do movimento, fundamentais para o
desenvolvimento emocional-social e para a interconexão de
áreas responsáveis pela associação do movimento.
Metodologia
Trata-se de um estudo de caso de um indivíduo de 15 anos de
idade, do sexo masculino, com transtorno invasivo de
desenvolvimento no espectro autista. O jovem participou de 120
sessões de dançaterapia, com duração de 30 minutos, duas vezes
por semana, em dias alternados, durante um ano. A mãe do
jovem assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
concordando com a aplicação do protocolo e publicação de
imagens e dados obtidos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de
Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe.
As sessões de dançaterapia foram realizadas em sala de aula
apropriada para dança, com espelhos, barras paralelas e
aparelho de som, na Academia Sergipana de Ballet, em Aracaju,
Sergipe. As sessões foram compostas por tarefas de lateralidade
e percepção musical e rítmica, com quatro séries de oito
repetições para as seguintes atividades: afastamento de
membros inferiores ântero-posterior e látero-lateral,
agachamento bipodal e unipodal, transferência de peso, pivô,
marcha anterior, lateral e posterior. Todas as atividades são
associadas a movimentos e floreios de membros superiores das
danças de salão. As sequências eram coreografadas e, a cada 20
sessões, sequências e músicas eram alteradas para inferir na
mudança de rotina do adolescente.
Na primeira avaliação, o jovem apresentou um escore de
41,5 pontos, sendo classificado com autismo grave,
segundo Pereira et al. Após seis meses de intervenção, o
escore do adolescente era de 37,5 pontos e após doze
meses de intervenção, 32,5 pontos, categorizando o
jovem como autista de leve a moderado. Após os doze
meses de intervenção houve interrupção do protocolo
por seis meses, quando houve outra coleta de dados, na
qual o jovem demonstrou escore de 34 pontos. Os
benefícios da atividade física nesta população são
Resultados amplamente documentados na literatura. A dança, como
atividade física, fomenta a redução de comportamentos
atípicos, pois modula, fisiologicamente, atitudes
estereotipadas mediante liberação de
neurotransmissores específicos. Tal especulação gerou
interesse de incluir educação física regular no autismo.
Embora este seja um resultado de nível de
comprometimento, é plausível que uma diminuição em
comportamentos estereotipados possa contribuir para
maior participação do autista no ambiente para
desenvolver suas habilidades
Conclusão
• A dançaterapia favoreceu o desempenho motor e gestual, inclusive no equilíbrio
corporal e na marcha. Além disso, contribuiu para melhora da qualidade de vida do
adolescente com espectro autista.
• Houve melhora na capacidade motora, tanto estática quanto dinâmica, demonstrando a
importância do movimento rítmico no desenvolvimento das habilidades motoras
negligenciadas por causa da condição do espectro autista.
• O desequilíbrio corporal e as anormalidades da marcha foram minimizados após as
sessões de dançaterapia no jovem, provavelmente por causa dos estímulos propostos
pela dança, como exercícios alternados e direções diversas.
• A dançaterapia também contribuiu muito para a melhora da qualidade de vida e redução
da gravidade do espectro autista, o que indica a fundamental importância da aplicação e
adesão de projetos com esse perfil para favorecer melhorias substanciais nas desordens
vislumbradas no jovem participante deste estudo.
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