Curso: Fisioterapia 8° semestre Resumo • O autismo é uma das desordens neurológicas mais comuns que afetam o desenvolvimento neuropsicomotor de crianças. Intervenções terapêuticas podem intervir nos transtornos de comunicação e nos comportamentos estereotipados, desse modo a dança, como terapia, pode ativar vias sensoriais que viabilizam o aprimoramento do gesto. Este estudo visou observar os efeitos da dançaterapia no desempenho motor e gestual, no equilíbrio corporal e na marcha, bem como na qualidade de vida de um adolescente com autismo. INTRODUÇÃO •
Esta condição envolve uma variedade de desordens
neurológicas comportamentais com três fatores mais
evidentes: dificuldades de socialização, transtornos na comunicação verbal e não verbal e padrões estereotipados repetitivos de comportamento. Muitas crianças autistas exibem desde cedo danos sensoriais e motores. A dança como terapia pode estimular a integração da sensação, da percepção e, assim, predispor a ação. Atividades coordenadas são de fundamental importância para o progresso do aparato neuromotor. A terapia motora associada à música pode facilitar a interação social e a comunicação, além de vários sistemas que interferem na percepção do movimento, fundamentais para o desenvolvimento emocional-social e para a interconexão de áreas responsáveis pela associação do movimento. Metodologia Trata-se de um estudo de caso de um indivíduo de 15 anos de idade, do sexo masculino, com transtorno invasivo de desenvolvimento no espectro autista. O jovem participou de 120 sessões de dançaterapia, com duração de 30 minutos, duas vezes por semana, em dias alternados, durante um ano. A mãe do jovem assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, concordando com a aplicação do protocolo e publicação de imagens e dados obtidos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe. As sessões de dançaterapia foram realizadas em sala de aula apropriada para dança, com espelhos, barras paralelas e aparelho de som, na Academia Sergipana de Ballet, em Aracaju, Sergipe. As sessões foram compostas por tarefas de lateralidade e percepção musical e rítmica, com quatro séries de oito repetições para as seguintes atividades: afastamento de membros inferiores ântero-posterior e látero-lateral, agachamento bipodal e unipodal, transferência de peso, pivô, marcha anterior, lateral e posterior. Todas as atividades são associadas a movimentos e floreios de membros superiores das danças de salão. As sequências eram coreografadas e, a cada 20 sessões, sequências e músicas eram alteradas para inferir na mudança de rotina do adolescente. Na primeira avaliação, o jovem apresentou um escore de 41,5 pontos, sendo classificado com autismo grave, segundo Pereira et al. Após seis meses de intervenção, o escore do adolescente era de 37,5 pontos e após doze meses de intervenção, 32,5 pontos, categorizando o jovem como autista de leve a moderado. Após os doze meses de intervenção houve interrupção do protocolo por seis meses, quando houve outra coleta de dados, na qual o jovem demonstrou escore de 34 pontos. Os benefícios da atividade física nesta população são Resultados amplamente documentados na literatura. A dança, como atividade física, fomenta a redução de comportamentos atípicos, pois modula, fisiologicamente, atitudes estereotipadas mediante liberação de neurotransmissores específicos. Tal especulação gerou interesse de incluir educação física regular no autismo. Embora este seja um resultado de nível de comprometimento, é plausível que uma diminuição em comportamentos estereotipados possa contribuir para maior participação do autista no ambiente para desenvolver suas habilidades Conclusão • A dançaterapia favoreceu o desempenho motor e gestual, inclusive no equilíbrio corporal e na marcha. Além disso, contribuiu para melhora da qualidade de vida do adolescente com espectro autista. • Houve melhora na capacidade motora, tanto estática quanto dinâmica, demonstrando a importância do movimento rítmico no desenvolvimento das habilidades motoras negligenciadas por causa da condição do espectro autista. • O desequilíbrio corporal e as anormalidades da marcha foram minimizados após as sessões de dançaterapia no jovem, provavelmente por causa dos estímulos propostos pela dança, como exercícios alternados e direções diversas. • A dançaterapia também contribuiu muito para a melhora da qualidade de vida e redução da gravidade do espectro autista, o que indica a fundamental importância da aplicação e adesão de projetos com esse perfil para favorecer melhorias substanciais nas desordens vislumbradas no jovem participante deste estudo. Referências • Assumpção Jr FB, Pimentel ACM. Autismo infantil. Rev Bras Psiquiatr. 2000;22(S2):37-39 • Gunning S.V, Holmes T.H. Dance therapy with psychotic children. Definition and quantitative evaluation. Arch Gen Psychiatry. 1973;28(5):707-13. • Hardy M, LaGasse AB. Rhythm, movement, and autism: using rhythmic rehabilitation research as a model for autism. Front Integr Neurosci. 2013;7:19. • Ingersoll B, Lewis E, Kroman E. Teaching the imitation and spontaneous use of descriptive gestures in young children with autism using a naturalistic behavioral intervention. J Autism Dev Disord. 2007;37(8):1446-56. • Iwabe C, Miranda-Pfeilsticker BH, Nucci A. Medida da função motora: versão da escala para o português e estudo de confiabilidade. Rev Bras Fisioter. 2008;12(5):417-24 • Kern L, Koegel RL, Dunlap G. The influence of vigorous versus mild exercise on autistic stereotyped behaviors. J Autism Dev Disord. 1984;14(1):57-67. • Pectrus C, Adamson SR, Block L, Einarson SJ, Sharifnejad M, Harris SR. Effects of exercise interventions on stereotypic behaviors in children with autism spectrum disorder. Physiotherapy. Canada. 2008;60(2):134-45 • Rosenblatt LE, et al. Relaxation response-based yoga improves functioning in young children with autism: a pilot study. J Altern Complem Med. 2011;17(11):1029-35. doi: 10.1089/acm.2010.0834 • Siegel EV. Movement therapy with autistic children. Psychoanal Rev. 1973;60(1):141-9. • Srinivasan SM, Bhat AN. A review of "music and movement" therapies for children with autismo: embodied interventions for multisystem development. Front Integr Neurosci. 2013;7:22. • Van Waelvelde H, Oostra A, Dewitte G, Van Den Broeck C, Jongmans MJ. Stability of motor problems in young children with or at risk of autism spectrum disorders, ADHD, and or developmental coordination disorder. Dev Med Child Neurol. 2010;52(8):174-8