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MENTE E CÉREBRO

Mente e Cérebro
◻ Como compatibilizar um mundo (partículas
físicas) com um mundo que contenha
consciência?
◻ Como a mente se relaciona com o cérebro?
◻ Porque a mente parece mais misteriosa que o
cérebro?
◻ Como o pensamento (intencionalidade) pode ter
algum efeito causal sobre o mundo físico?
Consciência
➢ 0 termo consciência origina-se da junção de dois termos latinos:
cum (com) e scio (conhecer), indicando o conhecimento
compartilhado com outro e, por extenso, o conhecimento
"compartilhado consigo mesmo", apropriado pelo individuo
(Zenan e cols., 1997). Na língua portuguesa a palavra consciência
tem pelo menos três acepções diferentes:
➢ A definição neuropsicológica
➢ A definição psicológica
➢ A definição ético- filosófica
Neuropsicologia da consciência
➢0 conceito de sistema reticular ativador
➢ ascendente (SRAA)
➢ A capacidade de estar desperto e agir
conscientemente depende da atividade do
tronco cerebral e do diencéfalo, os quais
exercem uma poderosa influencia sobre
os hemisférios cerebrais, ativando-os e
mantendo o tônus necessário para seu
funcionamento normal.
➢O SRAA origina-se no tronco cerebral e
sua ação estende-se até a córtex, por
meio de projeções talâmicas.
➢ Elementos do SRAA particularmente
importantes para a ativação cortical são
os neurônios da porção tegmentar, os
➢ da parte superior da ponte e os do
mesencéfalo.
➢ Embora a importância do SRAA para o nível
de consciência seja aceita até hoje, sabe-se
agora que varias estruturas do telencéfalo tem
uma participação critica na gênese da
consciência. Verificou-se, por exemplo, que a
ação sincrônica de numerosas áreas corticais
visuais, contendo amplas redes neuronais
bidirecionais, é uma pré-condição para a visão
consciente.
Campo da Consciência
➢ Ao voltar-se para a realidade, a consciência demarca um
campo, no qual se pode delimitar um ,foco, ou parte central
mais iluminada da
➢ consciência,e uma margem ( franja ou umbral), que seria a
periferia menos iluminada, mais nebulosa, da consciência
O Insconsciente
➢ Agora, porém, o caminho é escuro. Passamos da
consciência para a inconsciência, onde se faz a
elaboração confusa das ideias, onde as reminiscências
dormem ou cochilam Aqui pulula a vida sem formas, os
germes e os detritos, os rudimentos e os sedimentos; é
o desvão imenso do espirito"
➢ Machado de Assis ( O Cônego ou Metafisica do
Estilo, em Várias histórias, 1896)
Alterações normais da
Consciência
◻ Sono
◻ O sono é um estado especial da consciência, que ocorre de forma
recorrente e cíclica nos organismos superiores
● Características:
◻ estado comportamental
◻ fase fisiológica normal necessária ao organismo
◻ obedece a regulação rítmica circadiana (ritmos fisiológicos)
◻ Osciladores biológicos (“relógios vivos”) e sincronizadores
(ciclos de luz) estruturam o ciclo do sono-vigília

O sono sincronizado No-REM
➢ Sono sincronizado (lento) NÃO REM
➢ sem movimentos oculares rápidos
➢ registro EEG específico (ondas lentas de grande
amplitude)
➢ diminuição da atividade do sistema nervoso autônomo
simpático
➢ Parâmetros fisiológicos estáveis (freqüência cardíaca e
respiratória estável)
O sono REM
➢ Padrão de movimentos oculares rápidos
➢ Nesta fase ocorre a maior parte dos sonhos
➢ Não é leve nem profundo, mas qualitativamente
diferente.
➢ Instabilidade do sistema nervoso simpático.
➢ Parâmetros fisiológicos instáveis (Variação
freqüência cardíaca e respiratória, pressão
arterial, fluxo sanguíneo cerebral).
O sonho
➢ 0 sonho, fenômeno associado ao sono, pode ser considerado
uma "alteração normal" da consciência. É, sem dúvida, uma
experiência humana fascinante e enigmática.
➢ Na “Interpretação dos Sonhos” (1900), Freud busca demonstrar
que o sonho não é um resíduo fisiológico do funcionamento
cerebral (produto aleatório) tão pouco uma “mensagem do além”.
Ele afirma que o sonho tem uma lógica interna, o sonho tem um
sentido.
➢ O sonho é a realização de desejos inconscientes. É uma
solução de compromisso, resultado de intensas “negociações”
entre as instâncias do Incs e Cs
Alterações Patológicas da
Consciência
➢ ALTERACOES QUANTITATIVAS DA
CONSCÊNCIA: REBAIXAMENTO DO NÍVEL D E
CONSCIÊNCIA
➢ Obnubilação da consciência
➢ Sopor
➢ Coma
➢ Síndromes psicopatológicas associadas ao
➢ rebaixamento do nível de consciência:
➢ delirium
➢ estado onírico
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS DA
CONSCIÊNCIA
➢ Estados crepusculares
➢ Dissociação da consciência
➢ Transe
➢ Estado hipnótico
Atenção e suas alterações
➢ A atençãopode ser definida como a
direção da consciência, o estado de
concentração da atividade mental sobre
determinado objeto (Cuvillier, 1937)
NEUROPSICOLOGIA DA
ATENÇÃO
➢ A atenção resulta da interação de diversas
➢ áreas do sistema nervoso
➢ Sistema reticular ativador ascendente
➢ áreas corticais pré frontais (seleção e
concentração)
➢ Estruturas límbicas mesotemporais (interesse
afetivo)
Psicologia da Atenção
➢ natureza : voluntária e espontânea
➢ Direção: interna e externa
➢ Amplitude: focal e dispersa
➢ atenção seletiva e atenção sustentada
➢ Tenacidade: capacidade do indivíduo de fixar sua
atenção sobre determinada área ou objeto
➢ A vigilância: qualidade da atenção que permite ao
individuo mudar seu foco de um objeto para outro
Alterações da Atenção
➢ Hipoprosexia, hiperprosexia e aproxesia
➢ Distrabilidade, ao contrario da distração, é
um estado patológico que se exprime por
instabilidade marcante e mobilidade
acentuada da atenção voluntária
Orientação e suas alterações
➢ A capacidade de situar-se quanto a si
mesmo e ao ambiente é um elemento
básico da atividade mental
➢ A orientação autopsíquica é a orientação
do individuo em relação a si mesmo
➢ A orientação
alopsíquica diz respeito a
capacidade de orientar-se em relação ao
mundo (temporal e espacial)
Neuropsicologia da atenção
➢ Transtornos da orientação são frequentes
em pacientes com lesões cerebrais.
➢ Alzheimer: lesões corticais difusas
➢ Delirium: lesões cerebrais bilaterais
➢ Síndrome de Korsacoff: lesões do sistema
límbico
Alterações da Orientações
➢ Desorientação em relação ao nível de consciência
➢ Desorientação por déficit de memória
➢ Desorientação apática ou abúlica
➢ Desorientação delirante
➢ Desorientação oligofrênica
➢ Desorientação histérica
➢ Desorientação por desagregação
➢ Desorientação quanto à própria idade
Vivência do tempo e espaço
➢ As vivências do tempo e do espaço
constituem dimensões fundamentais de todas
as experiências humanas. O ser, de modo geral,
só é possível nas dimensões reais e objetivas
do espaço e do tempo. Portanto, o tempo e o
espaço e são, ao mesmo tempo, condicionantes
fundamentais do universo e estruturantes
básicos da experiência humana.
➢ Tempo subjetivo
➢ Tempo objetivo
Anormalidades da vivência do
tempo
➢ Bradpsiquismo
➢ Taquipsiquismo
➢ Ilusão sobre a duração do tempo
➢ Atomização do tempo
➢ Inibição do fluir do tempo
Anormalidades da vivência do
espaço
➢ Estado de êxtase
➢ Vivência do espaço nos transtornos da
afetividade
➢ Vivência do espaço nos quadros
paranóides
➢ Agorafobia
sensopercepção
➢ Todasas informações do ambiente,
necessárias à sobrevivência do individuo,
chegam até o organismo por meio das
sensações
sensação
➢ Define-sesensação como o fenômeno
elementar gerado por estímulos físicos,
químicos ou biológicos variados,
originados fora ou dentro do organismo,
que produzem alterações nos orgãos
receptores, estimulando-os
percepção
➢ Por
percepção entende-se a tomada de
consciência, pelo individuo, do estímulo
sensorial.
➢O elemento básico do processo de
sensopercepção é a imagem perceptiva
real
imagem perceptiva real
➢ Nitidez
➢ Corporeidade
➢ Estabilidade
➢ Extrojeção
➢ Ininfluenciabilidade voluntária
➢ completitude
imagem representativa
➢ Pouca Nitidez
➢ Pouca Corporeidade
➢ Instabilidade
➢ Introjeção
➢ Incompletude
ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS
DA SENSOPERCEPÇÃO
● Hiperestesia: aumento global da intensidade
perceptiva.
● Hipoestesia: diminuição global da
intensidade perceptiva.
● Agnosias: distúrbio do reconhecimento de
estímulos visuais, auditivos ou táteis, na
ausência de déficits sensoriais.
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS
DA SENSOPERCEPÇÃO

Ilusão: Percepção falseada, deformada, de
um objeto real presente.
● Nos estados de rebaixamento do nível de
consciência
● Nos estados de fadiga grave
● estados afetivos
➢ Alucinação: Percepção clara e definida de um
objeto (voz, ruído, imagem) sem a presença
objeto estimulante real. Possuem todas as
características de uma imagem perceptiva
real: corporeidade, localização no espaço
externo, estabilidade, irresistível força de
convencimento.
VIVÊNCIAS ALUCINATÓRIAS

Alucinações auditivas : são consideradas as mais comuns.
Elas podem ser simples (ruídas, estalidos) ou complexas
(alucinação audio-verbais). São vozes que ameaçam,
conteúdo depreciativo e/ou perseguição, alguns casos
ordenam (vozes de comando).
● Alucinações visuais: podem ser simples ( pontos brilhantes,
chamas) ou complexas ( figuras, objetos, cenas em
movimento).
● Alucinações olfativas e gustativas.
● Alucinações táteis (cutâneas)

● Alucinações cenestésicas (viscerais)
● Alucinações cinestésicas (movimento)
● Alucinações sinestésicas (combinadas)
● Alucinações visuais extracampinas: objeto
percebido encontra-se fora do campo
perceptivo.

● Alucinações funcionais: desencadeada por
estímulos sensoriais reais.
● Alucinações liliputianas
● Heutoscopias: percepção externa de si
mesmo.
● Sonorização de pensamentos: o paciente
ouve o próprio pensamento.
➢ Alucinoses:fenômeno pelo qual o
paciente percebe tal alucinação como
estranha à sua pessoa. São
imediatamente criticadas pelo indivíduo,
que reconhece o fenômeno como algo
patológico.
➢ Curiosamente,a pesar de as alucinações serem
➢ estudadas há quase 200 anos pelos médicos
➢ e cientistas, ainda são controversas as suas
➢ possíveis causas e mecanismos fisiológicos,
➢ neuropsicológicos e psicológicos
ALTERACOES DA REPRESENTACÃO
OU DAS IMAGENS REPRESENTATIVAS
➢ Pseudo-alucinações: é um fenômeno que,
embora se pareça com a alucinação, dela
se afasta por não apresentar os aspectos
vivos e corpóreos de uma imagem
perceptiva real. A pseudo-alucinação tem
mais as características de uma imagem
representativa.
➢ Alucinações negativas: ausência de
visão de objetos reais, presentes no
campo visual do paciente (falha
perceptiva correlacionada com fatores
psicogênicos)
O EXAME DA SENSOPERCEPÇÃO

● a) Verificar se o paciente apresenta atenção comprometida,


● fisionomia de terror, proteção do ouvidos, mudanças
súbitas da posição da cabeça.
● b) Solilóquio, mussitação, para-respostas, risos imotivados.
● c) O olhar fixo em determinada direção, desvios súbitos do
● olhar, movimentos defensivos com a mão.
● d) Recusa sistemática de alimentos.
● e) Movimentos das mão como que afastando algo do corpo
SENSOPERCEPÇÃO NOS PRINCIPAIS
TRANSTORNOS MENTAIS

➢ PSICOSES: A Esquizofrenia apresenta grande riqueza


alucinatória (auditivas, pseudo-alucinações, cinestésicas,
sonorização de pensamentos)
➢ TRANSTORNO DE HUMOR: hipoestesia, hiperestesia, alucinações
auditivas (quadros afetivos com sintomas psicóticos)
➢ DELIRIUM : alucinações visuais, auditivas, táteis, zoopsias, ilusões.
➢ DEMÊNCIA: pode cursas agnosias
➢ NEUROSE HISTÉRICA: anestesia, alucinações negativas.
O Pensamento

Devem-se inicialmente distinguir os elementos


constitutivos do pensamento que, segundo a tradição
aristotélica, são o conceito, o juízo e o raciocínio, das
diferentes dimensões do processo de pensar,
delimitadas como curso, forma e conteúdo do
pensamento.
Os conceitos formam-se a partir das representações:
eliminação dos caracteres de sensorialidade e
generalização
Os juízos: formar juízos é o processo que conduz ao
estabelecimento de relações significativas entre os
conceitos básicos
O raciocínio: a função que relaciona os juízos
recebe a denominação de raciocínio.
Alterações dos conceitos
Desintegração dos conceitos: o corre quando os conceitos
sofrem um processo de perda de seu significado original.

Condensação dos conceitos: o corre quando dois ou mais


conceitos são fundidos, o paciente involuntariamente condensa duas ou
mais idéias em um único conceito, que se expressa por uma nova palavra.
Alterações dos juízos

Juízo deficiente ou prejudicado

Juízo de realidade ou delírio


Alterações do raciocínio
e do estilo de pensar

pensamento normal: regido pela lógica formal e orienta- se


segundo a realidade e os princípios de racionalidade da cultura na qual o
indivíduo se insere.
Tipos Alterados de Pensamento

Pensamento mágico
Pensamento concreto
Pensamento inibido
Pensamento prolixo (tangencialidade)
Pensamento confusional
Pensamento demencial
Pensamento desagregado
Pensamento obsessivo
O PROCESS0 DO PENSAR

Curso do Pensamento
Aceleração do pensamento
Lentificação do pensamento
Bloqueio ou interceptação do pensamento
Forma do Pensamento

Fuga de idéias
Afrouxamento das associações/descarrilhamento
Desagregação do pensamento
Conteúdo do pensamento

É aquilo que dá substância ao pensamento, seus


temas predominantes, o assunto em si.
O juízo de realidade
e suas alterações (o delírio)

Todo juízo implica, certamente, um julgamento, que, por


um lado, é subjetivo, individual e, por outro, social,
produzido historicamente, em consonância com os
determinantes socioculturais.
ERRO SIMPLES X DELÍRIO

Segundo a escola psicopatológica de Jaspers (1979), os erros são


psicologicamente compreensíveis,pois admite- se que possam
surgir e persistir em virtude de ignorância, fanatismo religioso ou
político, enquanto o delírio tem como característica principal a
incompreensibilidade. Nessa concepção, não se pode compreender
psicologicamente o delírio.
ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS
DO JUÍZO

Idéias prevalentes ou sobrevaloradas (idéias errôneas por


superestimação afetiva)
Delírio – delirare = “fora dos trilhos”. Segundo Jaspers,
delírios são juízos patologicamente falseados.

Características:
certeza extraordinária
Impossível modificação pela experiência
Conteúdo impossível (improvável)
Produção associal
Não se confunde com o erro que é originado da ignorância,
no julgamento apressado, e por passível de correção
pelos dados da realidade.
Dimensões do delírio
Grau de convicção
Extensão
Bizarrice ou implausibilidade
Desorganização
Pressão ou preocupação
Resposta afetiva ou afeto negativo
Comportamento desviante
Delírio Primário
É a idéia delirante autêntica. Está relacionada com
uma profunda transformação da personalidade, uma
quebra radical na biografia, transformação qualitativa
de toda a existência.

Delírio Secundário (idéias deliróides):


origina-se de forma compreensível
psicopatologicamente de outras manifestações
psíquicas, tais como alterações do humor, da
sensopercepção e consciência.
Estrutura dos delírios
Delírios simples (monotemáticos) X Delírios complexos
(pluritemáticos)

Delírios não-sistematizados X Delírios sistematizados


Surgimento e evolução do delírio:
estados pré-delirantes

Em geral, os delírios surgem após período pré-delirante,


denominado humor delirante (Jaspers,1979).

Em relação ao curso, os delírios podem ainda ser agudos ou


crônicos.
Para a formação do delírio, podem contribuir diversos
fatores e tipos de vivências. Como em relação à maioria
dos sintomas psicóticos, a interação de fatores
cerebrais, psicológicos, afetivos, da personalidade pré-
mórbida e socioculturais é complexa e provavelmente
multifatorial.
Deve-se pensar o delírio como uma construção. Tal
construção está inserida em um processo de tentativa
de reorganização do funcionamento mental
Tipos de Delírios

Delírios persecutórios
Delírio religioso
Delírio de grandeza
Delírios de ciúmes
Delírio de ruína
Delírio de influência
Delírio de auto-referência
Delírio de reivindicatório
Delírio compartilhado
Delírio sexual (erotomania)
Delírio de filiação
Percepções delirantes
Idéias obsessivas
Mitomania
Possíveis causas e teorias
etiológicas dos delírios

Mesmo sendo o delírio um dos fenômenos mais centrais


da psicopatologia, não há uma única teoria que explique
satisfatoriamente sua etiologia.
Pensamento nas Psicoses (Esquizofrenia)

Curso: acelerado (agitações), lentificado (estupor),


normal, Bloqueio de pensamento.
Forma: Desconexão de idéias, formalismo rígido,
prolixo/perseverante, afrouxamento das
associações/desagregação.
Neologismos, Fusão de pensamentos, imposição
de pensamentos, roubo de pensamentos.
Pensamento na Oligofrenia

Prolixo/perseverante, concreto, repetitivo, pouco


imaginativo, pueril, pouco produtivo.
Abstração ocorre com dificuldade, sem
consistência ou grande alcance.
Pensamento na Epilepsia
Pode ocorrer comprometimento cognitivo,
prolixidade, minuciosidade, viscosidade.
Neurose Obsessiva
pensamento minucioso, presença de idéias
obsessivas.
Transtorno de Humor

Acelerado (mania), lentificado (depressão).


Fuga de idéias, afrouxamento das associações
Delírios de culpa, ruína, hipocondria (depressão),
grandeza (mania)
AFETIVIDADE

A afetividade é uma atividade do psiquismo


que constitui a vida emocional do ser humano.
O prazer, a alegria, a euforia, o êxtase, a
tristeza, o desânimo, a depressão, o medo, a
ansiedade, a raiva, a hostilidade, a calma –
estas e outras emoções contribuem para a
riqueza de nossa vida pessoal e conferem
paixão e caráter às nossas ações.
Humor: Tônus afetivo do indivíduo, disposição
afetiva de fundo, estado de ânimo.
Emoções: estado afetivo curto, curta duração,
grande intensidade, acompanha alterações
corporais.
Sentimentos: estados afetivos estáveis,
duradouros, complexos, menos reativos,
associados a conteúdos emocionais.
Paixão: estado emocional intenso canalizado em
uma só direção.
CATATIMIA influencia que a vida afetiva, o estado de
humor, as emoções, sentimentos e paixões exercem
sobre as demais funções psíquicas
REAÇÃO AFETIVA

sintonização afetiva
Irradiação afetiva
rigidez afetiva
ALTERAÇÕES DO HUMOR

Distimia Depressiva: tristeza patológica vazio vital,


ausência de prazer, queixas somáticas
difusas.
Distimia Expansiva: exaltação patológica do
humor Atividade ininterrupta, expansividade
afetiva, ntusiasmo constante, taquipisiquismo.
Distimia Colérica: estado de humor irritável,
suscetível à crises de fúria,explosões
agressivas, agitação psicomotora.
ALTERAÇÕES DAS EMOÇÕES
E DOS SENTIMENTOS
Ansiedade: sensação vaga difusa, desagradável,
tensão que acompanha manifestações físicas
(dispnéia, taquicardia, tensão muscular,
sudorese, tremor).
Medo: refere-se a um objeto específico ligado a
autopreservação.
Fobia: estado de medo patológico,
desproporcional, sem relação direta com a
periculosidade do objeto.
0 termo angustia relaciona-se diretamente com a
sensação de aperto no peito e nó na garganta, de
compressão, e sufocamento. Assemelha-se muito a
ansiedade, mas tem conotação mais corporal e mais
relacionada ao passado. Do ponto de vista existencial, a
angustia têm um significado mais marcante, é algo que
define a condição humana, é um tipo de vivência mais
"pesada", mais fundamental do que a experiência da
ansiedade.
Apatia: é a diminuição da excitabilidade emotiva e afetiva.
Labilidade Afetiva: instabilidade afetiva,dificuldade no controle dos
afetos.
Incontinência Afetiva: perda completa de controle da expressão
afetiva
Rigidez Afetiva: perda da capacidade de modular a resposta afetiva
de acordo com a situação de cada momento.
Paratimia: incongruência entre o afeto expresso e a situação
vivenciada.
Ambitimia: sentimentos opostos que são simultâneos e que se referem
ao mesmo objeto, pessoa ou situação.
AFETIVIDADE NOS PRINCIPAIS
TRANSTORNOS MENTAIS
Mania: euforia, irritabilidade patológica (hipertimia), labiliadade ou
incontinência afetiva.
Depressão: Tristeza patológica (hipotimia), ansiedade ou irritabilidade
intensa, rigidez afetiva.
Esquizofrenia: Hipotimia nos sintomas negativos do esquizofrênico.
Em quadros delirantes ou de agitação psicomotora: ansiedade
intensa (hipertimia). Pode ser encontradas paratimias, ambitimias e
neotimias.
Demências: Labilidade e incontinência afetiva, rigidez afetiva.
Ansiedade, tristeza e irritabilidade são manifestações freqüentes.
VONTADE

Definição: é um processo psíquico de escolha de uma entre várias possibilidades de ação, uma
atividade consciente de direcionamento. Trata-se de uma elaboração cognitiva realizada a
partir de impulsos (Pulsão x instinto)
Processo Volitivo (Ação voluntária)
fase de intensão
fase de deliberação
fase de decisão
fase de execução
Ato Impulsivo: “curto circuito” do ato voluntário
Ser realizado sem fase prévia de intenção, deliberação e decisão.
Realizado de forma egossintônica
Ser associado à impulsos patológicos de natureza inconsciente, incapacidade de tolerância à
frustração.
Ato Compulsivo
Vivência de desconforto subjetivo
Egodistônico
Tentativas de resistir
Sensação de alívio
Associados à idéias obsessivas
ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS DA
VONTADE
Hipobulia
Abulia
ALTERAÇÕES QUALIITATIVAS DA VONTADE

Impulsos relacionados a agressividade

Automutilação: comportamento de auto-lesão voluntária


Impulso ou ato suicída
Frangofilia: impulso patológico de destruir objetos que
circundam o indivíduo.
Piromania: propensão a atear fogo, provocar um incêndio.
Impulsos relacionados à ingestão de alimentos

Bulimia: Aumento patológico do apetite.


Anorexia (anorexia nervosa): perda auto-induzida do apetite.
Sitiofobia rejeição sistemática à alimentos
Polidipsia: sede desmedida, exagerada.
Malácia: desejos de comer coisas imprópias à alimentação
Geofagia: hábito de comer terra.
Cropofagia: hábito de comer alimentos
Dispomania: ingestão de grandes quantidades de álcool.
ATOS E COMPULSÕES RELACIONADAS AO DESEJO E AO
COMPORTAMENTO SEXUAL

Fetichismo
Exibicionisrno
Voyeurismo
Pedofilia
Pederastia
Zoofilia
Necrofilia
Coprofilia
Ninfomania/satiríase
OUTRAS ALTERAÇÕES DA VONTADE
Negativismo
Obediência automática
Fenomênos de eco (ecopraxia, ecolalia,
ecomimia, ecografia)
automatismo mental
PSICOMOTRICIDADE
Ações psicomotoras são uma expressão do psiquismo. Encontram-se diretamente relacionadas à
etapa final do ato volitivo (fase de execução).
Agitação psicomotora
Lentificação psicomotora
O estupor é a perda de toda atividade
espontânea, que atinge o indivíduo globalmente,
na vigência de um nível de consciência
aparentemente preservado e da capacidade
sensitivo-motora para reagir ao ambiente.
Flexibilidade Cerácea: rigidez muscular
Esteriotipias: ações motoras desprovidas de finalidade e sentido repetidas de maneira uniforme
e com freqüência.
Maneirismo: movimentos expressivos que se tornam exagerados, rebuscados e extravagantes.
Na conversão há o surgimento abrupto de
sintomas físicos (paralisias, anestesias,
parestesias, cegueira, etc.) de origem
psicogênica. A conversão motora (paralisias,
contraturas conversivas) ocorre geralmente em
uma situações estressante, de ameaça ou
conflito intrapsíquico ou interpessoal
significativos para o individuo
A marcha do paciente histérico é descrita como
irregular, mutável, bizarra, podendo ter
elementos de ataxia (deficiência de
coordenação) , espasticidade (aumento do
tônus muscular) e outras alterações, mas
raramente revela um padrão preciso e estável
de determinada "marcha neurológica“ (Marcha
espástica
Apragmatismo (ou hipopragmatisrno) e a
dificuldade ou a incapacidade de realizar
condutas volitivas e psicomotoras minimamente
complexas, como cuidar da higiene pessoal,
limpar o quarto, participar de trabalhos
domésticos, envolver-se em qualquer tipo de
atividade produtiva para si ou para seu meio
(ausência de déficit neurológico).
Apraxia (lesões neuronais): é a impossibilidade ou
grande dificuldade de realizar atos intencionais,
gestos complexos, voluntários, conscientes,
sem que haja paralisias, paresias (disfunção ou
interrupção dos movimentos ) ou ataxias que o
impossibilitem, e sem que falte também o
entendimento da ordem para fazê-lo ou a
decisão de fazê-lo.
Os psicofarmácos, principalmente os
neurolépticos de primeira geração
(haloperidol/Haldol, Clorpromazina/Amplictil )
utilizados no tratamento das psicoses,
produzem uma série de alterações do tônus
muscular, da postura e da movimentação
voluntária e involuntária.
Distonia aguda (Contração muscular lenta)
Acatisia (Inquietação motora)
Discinesia tardia: Síndrome conseqüente ao uso prolongado de neurolépticos, que se expressa por
movimentos bucolínguo-mastigatorios
Avaliação da Psicomotricidade

O paciente vem a consulta por sua iniciativa ou é trazido por alguém?


A atitude geral do paciente é passiva ou ativa? Colabora com o
entrevistador, é indiferente ou se opõe a ele?
Como são os seus movimentos espontâneos? Seus gestos são lentos
e "difíceis" ou rápidos e "fáceis"?
Como é sua mímica de repouso?
Mostra-se hostil, contrariado, agressivo? Parece ter dificuldades em
controlar seus impulsos ?
Faz movimentos inadequados? Faz movimentos ou gestos bizarros?
CONSCIÊNCIA DO EU

1. A consciência do eu representa a propriedade através da qual “o eu se faz consciente de si


mesmo” (Jaspers)
2.Características da Consciência do Eu

Consciência da Unidade do Eu
Consciência da Identidade do Eu
Consciência da Atividade do Eu
Consciência dos Limites do Eu
Alterações da Consciência da
Unidade do Eu
O indivíduo vivencia uma divisão do seu eu em
duas ou mais partes de forma conflituosa; ou
então ele sente ser duas ou mais pessoas ao
mesmo tempo. “o meu lado direito está feliz ,
mas o meu lado esquerdo está triste.
Dupla orientação alopsíquica pode expressar uma
alteração da Consciência da Unidade do Eu.
Alterações da Consciência da
Identidade do Eu
O indivíduo vivencia profunda transformação de sua personalidade e de seu corpo. Sente-se como
se não fosse mais a mesma pessoa, especialmente em comparação à pessoa que era antes do
primeiro surto psicótico.
Alterações da Consciência da
Atividade do Eu
O indivíduo torna-se um mero observador passivo de suas vivências psíquicas, as quais não
reconhece como próprias.
Imposição de pensamentos, delírios de influência, roubo de pensamentos e etc.
despersonalização

Em toda a vida psíquica em que há o aspecto de ação


“minha”, do “eu”, do “pessoal”, ocorre o que se
denomina personalização: é meu pensamento,
motricidade. Tudo o que a pessoa faz é ela ou é dela.
Se ao contrário, esses elementos psíquicos aparecem
com a consciência de não me pertencerem, de serem
estranhos a mim, de serem automáticos, de surgirem de
outra parte, chamam-se fenômenos de
despersonalização (não sou dono das coisas que
realizo).
desrealização
Comumente associada à despersonalização, pode
ocorrer a desrealização, que é a transformação e a
perda da relação de familiaridade com o mundo
Alteração da Consciência dos Limites do Eu

Um comprometimento da consciência dos limites do eu caracteriza-se por uma fusão do eu com o


mundo externo: o paciente identifica-se com objetos do mundo externo e não se distingue
deles.
Apropriação: se cortam um galho de uma árvore, o paciente sente dor.
Transitivismo: Indivíduo sente capaz de ler os
pensamentos das outras pessoas, ou acredita
influir diretamente no mundo externo através do
poder de seus pensamentos.
Publicação de pensamentos: mal acaba de pensar
e todos já conhecem seus pensamentos.

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