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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

O CONTEXTO VIVIDO E SEUS


REFLEXOS NO GESTOR PÚBLICO

Sérgio da Silva Mendes


Secretário de Recursos

2018

1
Pedaladas, Superfaturamentos, Delações:
os problemas de um Brasil
Contemporâneo

2
Segue a fé

3
Ou ...

4
CORRUPÇÃO: conceito Filosófico
 Aristóteles: “é uma mudança que vai de algo ao
não ser de algo”.

 Spinoza: sendo a ética o “mundo da pureza


racional”, o hábito da virtude seria o domínio das
paixões.

 Arendt: diante da história, “não pedimos à política


outra coisa que não demonstrar a devida
consideração por nossos interesses vitais e pela
liberdade pessoal”.

5
Corrupção: conceito filosófico

 Da completa tutela: para a superação da


corrupção deveríamos impor a todos um estilo de
vida. Definir juridicamente a corrente hedonista a
ser seguida pela sociedade e impor através de
conjunto de regras da vida boa pré-selecionada.

 Ao pessimismo minimalista ou ao vazio cético.

6
Corrupção: inspiração para a percepção
de um conceito prático-funcional

7
Corrupção: um conceito biológico
imagem: Josep Vidal

8
Multirresistência e Adaptação ao Ambiente
 a corrupção opera como alopoiese (pontos débeis).
É que na experiência se encontram as regularidades
(normas) e as transformações pela via dos
breakdowns (pane, colapso, desagregação). O
corrupto é um ser biológico, que atua sob a lógica
das doenças e das bactérias. Em palavras outras,
atacam os organismos, ficam latentes, adaptam-se a
mudanças nos ambientes, criam multirresistências
às medidas para sua eliminação. Em uma frase: a
corrupção deve ser pensada epidemiologicamente.

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Multirresistência e Adaptação ao Ambiente:
Colaboração Premiada da Odebrecht

 primeiro, cartel e participação dolosa de agente público;


 após, interferência na elaboração do edital de licitação
(direcionamento);
 propostas não poderiam ser superfaturadas no ponto de
partida (os órgãos de controle possuíam vacina), eram
deixadas “imprevisibilidades” implícitas, mas sabidas, para
aditivos contratuais;
 tendo em conta a atenção dos órgãos de controle, e da
própria mídia, para os grandes eventos ou obras, diluir o
superfaturamento em contratos “de bagatela”;
 quando alguma empresa entrasse na concorrência e
resistisse ao cartel, criavam armadilhas;

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Combate à corrupção: segundo insight
com Derrida
 O carácter auto imunitário da democracia.
 Opção: um espaço de combate que respeite os
direitos fundamentais a partir do conhecimento
passado, mas, diante do caráter epidemiológico do
combate à corrupção, admitir as oportunidades da
flexibilidade do mundo real e, a partir das incertezas
do futuro, criar incertezas que gerem insegurança e
temor no ambiente da corrupção. Ao que
denominamos de fórmula do ambiente sempre em
mutação e inóspito inibidor da multirresistência.

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Meio-ambiente favorável às práticas ilícitas, pois
não haviam remédios.
 Lei de Licitações favorece os cartéis, ao dizer que a
participação de Construtoras estrangeiras é a exceção
(protecionismo e solução europeia);
 aditivos foram bacteriologicamente colocados em
ambientes favoráveis das “alterações qualitativas dos
objetos”;
 as feridas abertas nas falhas dos projetos como
ambiente perfeito para que as bactérias os infectem;
 aprenderam que os chamados 10% estavam
identificados. Saída: superfaturamentos microscópicos
(de 1 a 3%) em contratos macroscópicos (os bilhões
de reais em cada um dos contratos da Petrobras);

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Meio-ambiente favorável às práticas ilícitas,
pois não haviam remédios.
 identificação de obras fora dos padrões, onde as “regras”
de conduta não fossem aplicadas;
 aproveitar a aplicação do denominado e dúctil direito
privado administrativo às Estatais, em especial as que
exploram atividades econômicas;
 o bilionário cofre dos Fundos de Pensão das Estatais, a
Presidência indicada pelo Governo com voto de
qualidade e a ausência de anticorpos (indefinição
constitucional do Controle);
 o poder discricionário na definição das políticas públicas
(investir bilhões de reais em “grandes players” através
dos chamados bancos de desenvolvimento).

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O ataque contábil ao Brasil

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Pedaladas Fiscais (contábeis)
 Conceito (Senado Federal):
 Apelido dado a um tipo de manobra contábil feita pelo
Poder Executivo para cumprir as metas fiscais,
fazendo parecer que haveria equilíbrio entre gastos e
despesas nas contas públicas.

 Atraso voluntário do repasse de recursos para bancos


públicos e para o FGTS para o pagamento de
programas sociais como Bolsa Família e o Minha Casa
Minha Vida, benefícios sociais como o abono salarial e
o seguro-desemprego, e subsídios agrícolas.

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Pedaladas: não tão simples assim

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Pedaladas: normas da LRF ‘manipuladas’
 Art. 36. É proibida a operação de crédito entre
uma instituição financeira estatal e o ente da
Federação que a controle, na qualidade de
beneficiário do empréstimo.
 Art. 42. É vedado ao titular de Poder [...], nos
últimos dois quadrimestres do seu mandato,
contrair obrigação de despesa que não possa ser
cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha
parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem
que haja suficiente disponibilidade de caixa para
este efeito. (NOTE QUE OMITIR PASSIVO,
AUMENTA DISPONIBILIDADE E PERMITE
EMPENHO E ...)

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Um problema expandido:
pedaladas fiscais + desordem contábil

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Um problema expandido:
pedaladas fiscais + desordem contábil

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Pedaladas: a defesa

 “houve uma mudança de orientação e se quer


aplicar retroativamente a tipificação de um
crime, como se ele existisse antes da mudança
jurisprudencial nos dois casos, o que não
existe.” (J.E.M.C)
 Cobrir eventuais descasamentos entre
desembolso e restituição é prestação de
serviços.
 A teoria da Papelaria (atraso no pagamento)

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Pedaladas: .............................

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Corrupção e Acordos no Brasil

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Acordos de Leniência da Lei Anticorrupção

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Acordos de Leniência da Lei Anticorrupção

 Art. 1o Esta Lei dispõe sobre a


responsabilização objetiva administrativa e civil
de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a
administração pública, nacional ou estrangeira.
 Art. 2o As pessoas jurídicas serão
responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos
administrativo e civil, pelos atos lesivos previstos
nesta Lei praticados em seu interesse ou
benefício, exclusivo ou não.

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Acordos de Leniência da Lei Anticorrupção
 Seria a responsabilidade objetiva das pessoas
jurídicas realmente uma responsabilidade
objetiva no sentido clássico do termo?

 Então, há que se construir um conceito de


culpabilidade próprio das pessoas jurídicas, com diz
Briccola.
 Tiedemam e Brender desenvolveram o conceito de
culpabilidade por defeito de organização, como
obrigação genérica (dever de evitar)
 DEFEITO DE ORGANIZAÇÃO E CONSELHOS
PROFISSIONAIS (causas do sistema de normas).

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Segue o anterior – EFEITOS E CONFLITOS
 Art. 16. § 6o A proposta de acordo de leniência
somente se tornará pública após a efetivação do
respectivo acordo, salvo no interesse das
investigações e do processo administrativo.
 Art. 16. § 7o Não importará em reconhecimento da
prática do ato ilícito investigado a proposta de acordo
de leniência rejeitada. [ questão das PROVAS]
 Art. 16. § 8o Em caso de descumprimento do acordo
de leniência, a pessoa jurídica ficará impedida de
celebrar novo acordo pelo prazo de 3 (três) anos
contados do conhecimento pela administração pública
do referido descumprimento.

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Segue o anterior – EFEITOS E CONFLITOS
 Anomia (insegurança jurídica) deixada pela
vigência encerrada de dois dispositivos do art. 16:

 § 11. O acordo de leniência celebrado com a


participação das Advocacias Públicas impede o
ajuizamento por elas ou prosseguimento das ações do
art. 19 e as de improbidade administrativa.

 § 12. quando envolver o MP, este também fica


impedido.

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Síntese dos conflitos

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Lógica por detrás da Leniência

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Colaboração Premiada da Lei 12.850/2013

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Colaboração Premiada da Lei 12.850/2013

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Mais tarde: O Direito Penal do Inimigo

 DESDE HOBBES:

 Aquele que atenta contra o Estado está fadado à morte


civil. Não são castigados com súditos, mas como inimigos,
afastando deles a aplicação (escancarada ou subtil) dos
direitos fundamentais. Despidas de garantias (normativas
ou na aplicação) as normas são de direito penal de exceção
(Ferrajoli).

 Fonte: Günther Jakobs. Derecho Penal del enemigo.

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Mais tarde: A Mani Puliti em seu contexto
 A Itália das “Strage”, do “doppio stato”, da máfia,
da corrupção.
 Legge n. 29 maggio 1982, 304: requisitos de que
o Pentiti confessasse os crimes, fizesse as
delações antes da sentença definitiva e
fornecesses elementos relevantes à descoberta
dos autores. Não há regras de limitação do valor
da confessione.
 Ausência de regras objetivas de confrontação
(coréu despido) levando a eficácia probatória ao
livre convencimento racional do juiz (da metafísica
da Lei Negra para a Transcendência).

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Mais tarde: A Mani Puliti e seus efeitos

 Via D’amelio (assassinato do Juiz Borsellino): falso pentiti. Mas


de uma década depois 11 processos em revisão, 7 inocentes
condenados.

 Sette pentiti per uma balla. E lui si fa 10 anni in cella! (a autoria


passou de mão em mão)

 “quei pentiti non sono credibili”. Senenza de la Corte d’Assise


de Catania. Influenciados pelos investigadores no curso do
inquérito.

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Mais tarde: A Mani Puliti e seus efeitos
 MANI PULITI

 Tribunal: 645 condenados, 430 absolvidos, 104


anulações ou restituições.

 Uma nulidade: MP omitiu inconsistências nos


depoimentos dos colaboradores.

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Pentiti: um caso em detalhes
 SENTENZA 76/88:
 Pentiti saiu de uma perpétua para 8 anos;
 Valor verdade da delação maior quando o pentiti se auto
acusa e pode perder os benefícios em caso de mentira;
 casos: a) Carabineri di Udine concluíram que os autores
foram os pentiti, conformado por uma fonte confidencial;
b) testemunhas oculares e um segundo inquérito
apontavam para 6 autores que não o delatado; c) após o
que, no último caso, a personalidade do delatado estava
construída, e sobre ela se deu a condenação, ausente
provas materiais.
 O azar: pessoas que descreveram o autor dos disparos
como homem com cerca de 1,70 m, barba e bigode

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De volta à nossa Lei 12.850/2013
 Art. 4o O juiz poderá, a requerimento das partes,
conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois
terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por
restritiva de direitos daquele que tenha colaborado
efetiva e voluntariamente com a investigação e com o
processo criminal, desde que dessa colaboração
advenha um ou mais dos seguintes resultados:
 I - a identificação dos demais coautores e partícipes da
organização criminosa e das infrações penais por eles
praticadas;
 ...
 IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do
proveito das infrações penais praticadas pela
organização criminosa;

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Segue nossa Lei 12.850 ...
 § 4o Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Público
poderá deixar de oferecer denúncia se o colaborador:
 I - não for o líder da organização criminosa;
 II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos
deste artigo. [Imunidade Penal x perdão judicial]
 § 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso em
que as provas autoincriminatórias produzidas pelo
colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em
seu desfavor.
 § 16. Nenhuma sentença condenatória será proferida
com fundamento apenas nas declarações de agente
colaborador.

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Mani Puliti: direitos fundamentais em risco

 Presunção de não culpabilidade;


 A formação dialética das provas;
 A igualdade (posição privilegiada do delator);
 A justiça (processos facilitadores da condenação);
 A inversão do ônus da prova (passa a ter que
provar a inocência)

 Nota: Itália como ponto fora da curva da Europa

39
Semântica da Prova na Delação Premiada

 Nossa legislação padece das mesmas lacunas


que a legislação italiana no âmbito da prova e dos
efeitos da palavra do delator.

40
Semântica da Prova na Delação Premiada

 Abrem-se duas correntes:

 Explanacionismo: que necessariamente


necessita de teorias flexibilizantes de apoio.

 Bayesionismo: supostamente objetivas, mas que


partem de um sentido prévio, o qual será
corroborado por provas, interpretadas conforme
esse sentido.

41
Semântica da Prova na Delação Premiada

 EXPLANACIONISMO: A evidência é vista como


algo que é explicado pela hipótese trazida pela
acusação ou pela defesa.

42
Semântica da Prova na Delação Premiada
 O CASO JOSÉ DIRCEU (corréu colaborador –
benefícios mínimos – confissão)
 Acusação: Formação de quadrilha e corrupção
ativa
 Corrupção Ativa: Compra de apoio parlamentar
através do repasse de dinheiro advindo de
práticas ilícitas.
 Fonte de recursos: Visanet, Banco do Brasil
(publicidade), Banco Rural (empréstimos
simulados), Banco BMG (empréstimos simulados)

43
Semântica da Prova na Delação Premiada

 Depoimento do corréu Roberto Jefferson: líder


José Dirceu, que comandava Delúbio (perador),
Genoíno (empréstimos) e Silvio Pereira (cargos).
 Circunstâncias de corroboração:
 A) caso Grupo Espírito Santo (reunião no Planalto – ES,
Delúbio e MV), álibi Portugal.
 B) benefícios ex-esposa de Dirceu: emprego no BMG
(15 salários mínimos), empréstimo Banco Rural (R$ 42
mil) e venda do imóvel para Rogério Tolentino (R$ 130
mil).

44
Semântica da Prova na Delação Premiada

 O caso da venda do imóvel:


 1º - vendeu a Ivan Guimarães (Banco Popular – R$ 21
milhões em crédito e R$ 29 milhões em publicidade
DNA)
 2º - repasse da compra para Tolentino - sócio de MV.

45
Semântica da Prova na Delação Premiada
 Testemunho da ex-esposa:
 Conversa com Ivan: “Eu falei que eu era ex-mulher de uma
pessoa que trabalhava no Governo, e ele deve ter deduzido
que era o José Dirceu”
 Conversa de Ivan com ex-esposa: “Muito influente no
governo, quem? Três pessoas? Olhei para a cara dela e
falei: ‘Você foi esposa do José Dirceu?’ ‘Fui, como é que
você descobriu?’ ‘Não é muito difícil, mora na Vila Madalena
em São Paulo [comento: morar na Vila Madalena
indicaria ser esposa de José Dirceu?] e não sendo de
Ribeirão Preto [quase-metafísica “revelação”]

46
Semântica da Prova na Delação Premiada

 Pierre-Simon Laplace, o filósofo das


probabilidades, os testemunhos que atestam
consequências impossíveis são falsos e aqueles
que conduzem a conclusões extraordinárias
(completamente fora do normal) são, por elas
próprias, desmentidos.

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Semântica da Prova na Delação Premiada
 Teoria do domínio do fato: qual dos intervenientes,
mesmo sem ato concreto, mesmo mediato, ostenta o
domínio do fato. [não dando conta]
 Delito de infração de dever: dever jurídico extrapenal
de evitar o fato, ainda que não o domine faticamente
(Banco Rural x Banco Central) [não dando conta]
 Delito de posição de garante: o ilícito é daqueles que
possam incidir sobre o bem jurídico a ser protegido.
Posição não formal, mas material (fática). Substitui a
impossibilidade de demonstração do nexo causal. A
posição do garante tem a mesma valoração de um
fazer positivo.

48
Semântica da Prova na Delação Premiada
 Teorema de Bayes: hipóteses formuladas a priori
são confirmadas pelas evidências. Ou melhor, a
hipótese H melhor explica a evidência.

 Problemas:
 A) não parte de uma hipótese de não culpabilidade;
 B) não verificável (Popper – falsificável) – prova
diabólica
 C) a Teoria do Pintinho Envenenado daria maior
possibilidade probabilística de absolvição (Lênio Streck)

49
Semântica da Prova na Delação Premiada

50
Semântica da Prova na Delação Premiada

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Semântica da Prova na Delação Premiada
 Voluntariedade de encomenda

 Ação controlada ilícita

 Crime impossível e indução da prova

 Omissão das contradições do delator e ausência


de investigações suplementares (H com E
selecionadas)

 Participação ilegal de agentes do Estado.


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APORIAS DA INDEPENDÊNCIA DE
INSTÃNCIAS NA GESTÃO PÚBLICA

STF TCU

PROVA A PROVA A

PROVA B PROVA B

NÃO HÁ PROVA DA HÁ PROVA DA FRAUDE


FRAUDE

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APORIAS DA INDEPENDÊNCIA DE
INSTÂNCIAS NA GESTÃO PÚBLICA
 O CASO DO FRACIONAMENTO DAS LICITAÇÕES:
 Acórdão TCU 1540/2014): Não constitui fracionamento de
despesa a celebração e execução de mais de
um convênio, em virtude de liberações de recursos
orçamentários em períodos distintos para atendimento a
emenda parlamentar. No caso de obras distintas e
independentes, a cada convênio celebrado deve
corresponder licitação na modalidade adequada ao
montante dos recursos recebidos em cada ajuste, isto é,
condizente com o valor do objeto que se pretende licitar em
cada convênio. (RESULTADO: 4 ANOS DE RECLUSÃO]

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APORIAS DA INDEPENDÊNCIA DE
INSTÂNCIAS NA GESTÃO PÚBLICA

 O CASO DA INEXIGIBILIDADE FORA DAS


HIPÓTESES PREVISTAS NA LEI:
 Reconhecimento da CBL como idônea para emitir
atestados: Acórdão 3.290/2011 – Plenário, e
Acórdão 6.803/2010 da 2ª Câmara do TCU [“I - ...
devendo a comprovação de exclusividade ser feita
através de atestado fornecido pelo órgão de registro
do comércio do local em que se realizaria a licitação
ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou
Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades
equivalentes;”]

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APORIAS DA INDEPENDÊNCIA DE
INSTÂNCIAS NA GESTÃO PÚBLICA
 O CASO DA INEXIGIBILIDADE FORA DAS
HIPÓTESES PREVISTAS NA LEI:
 “É lícita a aquisição direta de livros [didáticos], por
inexigibilidade de licitação, quando feita junto a
editoras que possuam contratos de exclusividade
com os autores para editoração e comercialização
das obras, o que, porém, não isenta o gestor de
justificar os preços contratados” Decisão 1.500/2002
– Plenário, Acórdãos 6.803/2010 2ª Câmara. Acórdão
3.290/2011-Plenário. [RESULTADO: 5 anos e 4 meses
de reclusão]

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O VELHO DOGMA DE 1942

 Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei,


alegando que não a conhece.

 Cumprir é interpretar.

 A medida da “razoabilidade” da interpretação e o


princípio da precaução.

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COMO O SISTEMA COFEN/COREN
INSERE-SE NESSE CONTEXTO?

58
CONSELHOS PROFISSIONAIS
 Superior Tribunal de Justiça - REsp 953127
Os conselhos profissionais têm poder de polícia,
inclusive nos aspectos de fiscalização e
sanção. Precedentes. [...]. É firme a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no
sentido de que as contribuições recolhidas
pelos conselhos profissionais são tributos,
classificadas como contribuições de interesse
das categorias profissionais, nos termos do
art. 149 da Constituição. [...]

59
CONSELHOS PROFISSIONAIS
 Supremo Tribunal Federal no MS 21797
Natureza autárquica do Conselho Federal e dos Conselhos
Regionais de [...] Obrigatoriedade de prestar contas ao
Tribunal de Contas da União. C.F., art. 70, parágrafo único,
art. 71, II. II. [...] Os servidores do Conselho Federal [NÃO
CONHECIMENTO DA PARTE REFERENTE À
RECOMENDAÇÃO] deverão se submeter ao regime
único da Lei 8.112, de 1990 IV. - As contribuições cobradas
pelas autarquias responsáveis pela fiscalização do exercício
profissional são contribuições parafiscais, contribuições
corporativas, com caráter tributário. C.F., art. 149.

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CONSELHOS PROFISSIONAIS

 PROBLEMAS TEÓRICO-PRÁTICOS

 Parafiscalidade e paraestatalidade
 Soft law de criação (reserva de lei para
autarquias)
 Reserva de Regimento
 Natureza Autárquica em Regime Especial

61
CONSELHOS PROFISSIONAIS

 Art 1º São criados o Conselho Federal de


Enfermagem (COFEN) e os Conselhos Regionais
de Enfermagem (COREN), constituindo em seu
conjunto uma autarquia, vinculada ao Ministério
do Trabalho e Previdência Social.
 Art. 3º. O Conselho Federal, ao qual ficam
subordinados (?) os Conselhos Regionais ...

62
CONSELHOS PROFISSIONAIS
 ACÓRDÃO TCU 231/2017 – PLENÁRIO:
 “o entendimento de que o Cofen e o Coren/SP constituiriam uma única e
mesma autarquia somente poderia ser extraído a partir de interpretação
puramente literal e imprópria do texto legal; o Cofen e os Conselhos
Regionais de Enfermagem constituem uma autarquia apenas no sentido
de exercerem, conjuntamente, um serviço público (a fiscalização do
exercício da atividade profissional), além do fato de compartilharem o
rateio das contribuições parafiscais arrecadadas; trata-se, no entanto, de
entes distintos, tendo em vista serem dotados de autonomia
administrativa e financeira, de estarem individualmente sujeitos à
prestação de contas anual ao TCU e, ainda, o fato de os dirigentes dos
conselhos regionais não se encontrarem em situação de subordinação
hierárquica aos dirigentes do Conselho Federal;”

63
CONSELHOS PROFISSIONAIS
 LITERALIDADE E TERMOS INDETERMINADOS
 Lei 5.905/1973:
 Art. 2º. “são órgãos disciplinadores do exercício da
profissão”
 Art. 8º. Ao CF compete aprovar os regimentos,
normatização uniformizadora, promover estudos e
campanhas para aperfeiçoamento profissional.
 REGIMENTO INTERNO DO SISTEMA (art. 13)
 Deliberar sobre assuntos de interesse do
exercício, promovendo as medidas necessárias ao
bom nome;

64
EM CONTEXTO DE INCERTEZAS [RANE +
SOFT LAW], ATIVISMO E ANOMALIAS DO
SISTEMA, O QUE FAZER?
 UMA SUGESTÃO:

 POLÍTICAS DE
INTEGRIDADE E DE
GESTÃO DE RISCO

65
POLÍTICAS DE INTEGRIDADE E DE
GESTÃO DE RISCO

66
POLÍTICAS DE INTEGRIDADE E DE
GESTÃO DE RISCO

 La integridad institucional está estrechamente


relacionada con un ámbito donde la corrupción, el
fraude, el abuso, la ilegalidad y otras
irregularidades están ausentes.

67
POLÍTICAS DE INTEGRIDADE E DE GESTÃO DE RISCO

68
POLÍTICAS DE INTEGRIDADE E DE
GESTÃO DE RISCO

 Contrataciones públicas, Licencias, Permisos,


Autorización y Concesiones: El servidor público
que con motivo de su empleo, cargo, comisión o
función o a través de subordinados, participa en
contrataciones públicas o en el otorgamiento y
prórroga de licencias, permisos, autorizaciones y
concesiones, se conduce con transparencia,
imparcialidad y legalidad; orienta sus decisiones a
las necesidades e intereses de la sociedad, y
garantiza las mejores condiciones para el Estado.

69
POLÍTICAS DE INTEGRIDADE E DE
GESTÃO DE RISCO

 Control Interno: El servidor público que en el


ejercicio de su empleo, cargo, comisión o función,
participa en procesos en materia de control
interno, genera, obtiene, utiliza y comunica
información suficiente, oportuna, confiable y
de calidad, apegándose a los principios de
legalidad, imparcialidad y rendición de cuentas.

70
POLÍTICAS DE INTEGRIDADE E DE GESTÃO
DE RISCO – NÍVEIS DE RESPONSABILIDADE

71
POLÍTICAS DE INTEGRIDADE E DE
GESTÃO DE RISCO

72
POLÍTICAS DE INTEGRIDADE E DE
GESTÃO DE RISCO

 El Comité de Ética es el encargado de supervisar


las medidas de prevención, detección, disuasión,
investigación y sanción de actos corruptos y
atentatorios de la integridad institucional,
asimismo, evalúa las denuncias recibidas en la
Línea Ética de Denuncia y las canaliza a la
instancia competente para su atención.

73
POLÍTICAS DE INTEGRIDADE E DE
GESTÃO DE RISCO
 PROGRAMA DE PROMOÇÃO DA INTEGRIDADE
E PREVENÇÃO DE DESVIOS
 Integración de un Comité de Ética
 • Código de Ética
 • Código de Conducta
 • Línea de denuncia
 • Acciones de difusión del Programa
Anticorrupción
 • Promoción de la cultura y capacitación en
materia de integridad y control de la corrupción

74
POLÍTICAS DE INTEGRIDADE E DE
GESTÃO DE RISCO
 AMBIENTE DE CONTROLE
 1. La institución demuestra un compromiso efectivo con la integridad y los
valores éticos.
 2. Los mandos directivos establecen, bajo la supervisión de los órganos de
gobierno, las estructuras, canales de información y líneas de autoridad y
responsabilidades necesarias para el logro de los objetivos de integridad.
 4. La institución demuestra el compromiso de atraer, capacitar y retener a
servidores públicos con adecuados perfiles éticos y profesionalmente
competentes, de acuerdo con los objetivos institucionales que apoyarán.
 5. La institución obliga a rendir cuentas y responsabiliza, mediante líneas
de autoridad claras, a los servidores públicos encargados del control de la
integridad.

75
POLÍTICAS DE INTEGRIDADE E DE
GESTÃO DE RISCOS
 ADMINISTRAÇÃO DE RISCOS:
 La institución establece los objetivos anticorrupción con
claridad suficiente para permitir periódicamente la
identificación y evaluación de riesgos relacionados con los
objetivos de integridad.
 7. La institución identifica los riesgos que amenazan el logro
de sus objetivos de integridad a lo largo de toda la entidad, y el
análisis de dichos riesgos es el fundamento para determinar el
modo en que serán administrados.
 8. La institución considera durante los procesos de evaluación
de riesgos la posibilidad de fraudes y acciones corruptas.
 9. La institución identifica y evalúa los cambios que podrían
afectar significativamente al sistema de control de la
integridad.

76
POLÍTICAS DE INTEGRIDADE E DE
GESTÃO DE RISCO
 La primera línea de defensa
 Como primera línea de defensa, los directores operativos son
responsables de identificar y evaluar los riesgos y administrarlos.
También son responsables de la implantación de acciones correctivas
para hacer frente a las deficiencias detectadas en los procesos y los
controles internos.
 Los directores son responsables de mantener controles internos
eficaces y de ejecutar en el día a día procedimientos de riesgo y control.
La dirección operativa debe identificar, evaluar, controlar y mitigar los
riesgos de corrupción, orientando el desarrollo e implementación de
políticas y procedimientos internos, y garantizando que las actividades
estén alineadas con las metas y objetivos institucionales.

77
POLÍTICAS DE INTEGRIDADE E DE
GESTÃO DE RISCO

 La segunda línea de defensa


 Las instituciones cuentan con áreas específicas,
establecidas por la alta dirección, que tienen por
objetivo administrar los riesgos y vigilar el
cumplimiento legal. Estas áreas, como las
unidades de control interno, las oficinas de
administración de riesgos o los departamentos de
mejora de la calidad, entre otras, coadyuvan a
construir y supervisar los controles de la primera
línea de defensa. Las funciones específicas de
estas áreas varían según su marco legal

78
POLÍTICAS DE INTEGRIDADE E DE
GESTÃO DE RISCO

 La tercera línea de defensa: los auditores


internos
 Los auditores internos proporcionan al Titular de la
institución, a la alta dirección, y en su caso, al
órgano de gobierno, un aseguramiento integral,
basado en su nivel de independencia y objetividad
dentro de la institución

79
POLÍTICAS DE INTEGRIDADE E DE
GESTÃO DE RISCO
 GESTÃO DE RISCO
 7.03 Para identificar riesgos, la Administración debe
considerar los tipos de eventos que impactan a la
institución. Esto incluye tanto el riesgo inherente
como el riesgo residual. El riesgo inherente es el
riesgo que enfrenta la institución cuando la
Administración no responde ante el riesgo. El riesgo
residual es el riesgo que permanece después de la
respuesta de la Administración al riesgo inherente.
La falta de respuesta por parte de la Administración
a ambos riesgos puede causar deficiencias graves
en el control interno.

80
POLÍTICAS DE INTEGRIDADE E DE
GESTÃO DE RISCO
 7.06 La Administración debe estimar la relevancia de
los riesgos identificados para evaluar su efecto sobre
el logro de los objetivos, tanto a nivel institución como a
nivel transacción. La Administración debe estimar la
importancia de un riesgo al considerar la magnitud del
impacto, la probabilidad de ocurrencia y la naturaleza
de riesgo.
 La naturaleza del riesgo involucra factores tales como
el grado de subjetividad involucrado con el riesgo y la
posibilidad de surgimiento de riesgos causados por
corrupción, fraude, abuso, desperdicio y otras
irregularidades o por transacciones complejas e
inusuales.
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Muito obrigado!

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