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RELATIVIZAÇÃO DA VULNERABILIDADE SEXUAL FRENTE

AOS DIREITOS HUMANOS ZIMMERMANN, Daiane Taiele¹; FELLER, Thiago de Almeida².

1. Acadêmica do 7º período do Curso de Direito do Centro Universitário UNIRG, contato: daianetatiele@hotmail.com


2. Professor orientador do Curso de Direito do Centro Universitário Unirg./Perito Papiloscopista da Polícia Civil do Estado do Tocantins. Bacharel em Direito pelo Centro Universitário UNIRG de Gurupi, Estado do Tocantins. Especialista em Direito Ambiental pela Faculdade de Ciências Humanas
de Marabá, Estado do Pará; Especialista em Gestão da Segurança Pública pela Faculdade Serra da Mesa. Contato: (63) 9966-1060; thiagofeller@gmail.com

INTRODUÇÃO RESULTADOS
Verificação do objetivo
Nos crimes sexuais contra vulneráveis quando tratar-se de criança
(menor de 12 anos), a presunção de violência é absoluta, iuri et iure.
A grande divergência doutrinaria permeia no tocante ao adolescente
(maior de 12 anos), se teria ele discernimento para a prática sexual,
A tipificação do crime de estupro de vulnerável visa proteger,
se esta violência presumida deve ter um caráter absoluto mesmo
tanto a liberdade sexual quanto a dignidade sexual, encontrando
quando é consentida, se não há clara violação aos Direitos Humanos.
amparo na Constituição Federal em consonância com os Direitos
Com a edição da Lei 12.015/2009 e a criação da figura típica do
Humanos elencados no Estatuto da Criança e do Adolescente.
estupro de vulnerável, o legislador criou a figura típica do estupro de
O presente artigo tem por finalidade fazer uma reflexão vulnerável, passando a utilizar um critério puramente biológico para
acerca da vulnerabilidade retratada no artigo 217-A, caput, do informar que manter relações sexuais com menor de quatorze anos
Código Penal, sendo demonstrada seu caráter absoluto, e de idade é crime, independentemente do consenso da vítima.
apontadas direções que devem ser levadas em conta para uma Entender dessa forma, como sendo o menor de quatorze anos um
provável relativização da vulnerabilidade da vítima maior de 12 e absolutamente vulnerável, é o mesmo que considerá-lo, por
menor de 14 anos, em consonância com o descrito na Declaração equiparação a um enfermo mental, que não detém capacidade de
Universal dos Direitos Humanos. discernimento (ALVES et al., 2011 p.78). A rigidez da norma ao maior
Nos crimes sexuais contra vulneráveis quando envolver de de 12 anos e menor de 14 anos afronta a liberdade sexual que por
criança (menor de 12 anos),a presunção de violência é absoluta, iuri vez está em pleno desenvolvimento, estando em disparidade os
et iure. A grande divergência doutrinária permeia no tocante ao Direitos Humanos assegurados pela Magna Carta e a restrição a
adolescente (maior de 12 anos), se teria ele discernimento para a liberdade sexual.
pratica sexual. Esta violência presumida, segundo a Lei, deve ter um
caráter absoluto mesmo quando é consentida. A severidade da
norma agride a dignidade do ser humano enquanto ser livre.

OBJETIVOS

É possível verificar
CONCLUSÕES
que deve prevalecer o
caráter relativo (iuris
tantum) do conceito de vulnerável em relação aos menores do
quatorze anos. No entanto, tal situação deve ser vista com toda
O presente artigo tem por objetivo fazer uma reflexão acerca da cautela, a depender de cada caso concreto, tendo em vista a análise
vulnerabilidade retratada no artigo 217-A, caput, do Código Penal, precisa da capacidade de consentimento e discernimento do ato, a fim
sendo demonstrado seu caráter absoluto, bem como apontadas as de que seja mantida a finalidade da norma de proteger aqueles que
direções que devem ser levadas em conta para uma provável não detêm discernimento suficiente para compreender as
relativização da vulnerabilidade da vítima maior de 12 e menor de 14 consequências do ato sexual, sem penalizar os que não ofenderam o
anos. bem jurídico protegido, não deixando de lado, em momento algum, os
MATERIAL E MÉTODOS Direitos Humanos constitucionalmente assegurados.
Como procedimentos metodológicos buscou-se desenvolver REFERÊNCIAS
um estudo de natureza bibliográfica através de entendimentos ABRAPIA. Associação Brasileira Multi-Profissional de Proteção à Infância e
Adolescência. Abuso sexual contra crianças e adolescentes: proteção e
doutrinários e jurisprudenciais, bem como a legislação pátria vigente.
prevenção - guia de orientação para educadores. Petrópolis: Autores & Agentes &
Associados, 1997.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Adotada e proclamada pela
resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de
1948.

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