Sudesarrollo (Tomás Gutiérrez Alea) e Terra em Transe (Glauber Rocha) Fernando Rodrigues Frias Mestrando em História da Arte; Bolsista CAPES Unifesp (Universidade Logo da Federal de São Paulo); Professora agência de Dra. Yanet Aguilera Franklin de fomento (se Matos. tiver) O debate sobre os intelectuais foi premente nos anos 1960 e 1970 do século XX. A participação do intelectual na vida política e cultural se fez presente seja no modelo gramsciano de intelectual orgânico ou no modelo sartreano de engajamento. Assim sendo, podemos citar uma vasta cinematografia no qual o tema dos intelectuais está em primeiro plano ou de forma tangencial. Dentre os filmes cito: La Notte ( Michelangelo Antonioni, 1961), I Compagni (Mário Monicelli, 1963) e La Chinoise (Jean Luc – Godard, 1967). No contexto da América – Latina que é objeto de minha pesquisa podemos pensar o Nuevo-Cine Latino-americano como uma cinematografia de “intelectuais” no qual a produção da imagem latino-americana aparece em suas contradições e tensões. Uma imagem que se apresenta como potência e não apenas como materialidade social na forma dialética entre forma-conteúdo, qual seja, uma imagem que é autônoma no sentido de preservar seu poder de negociação para além do fetiche ou espetáculo. Corpos e Imagens da Melancolia ● Vemos na primeira imagem Sérgio deitado e prostrado numa poltrona que nos remete a um Divã. A imagem traz Sérgio vestido de forma descontraída como se estivesse de pijama. No entanto, vemos em suas mãos contraídas um movimento de tensão. Ele parece estar em desconforto. Em uma das mãos parece agarrar com força o braço da poltrona. Seu olhar é fugidio e perdido. Essa imagem na sequência inicial do filme mostra a figura melancólica de Sérgio presente não somente em seu corpo, mas seu espelhamento com outro, seus solilóquios e sua nostalgia. ● Assim sendo, podemos considerar o conjunto das imagens mostradas numa posição de câmera subjetiva com planos médios e um close-up como espelhamento ou olhar narcísico de Sérgio projetado no “outro”. Sua melancolia, portanto, não é mais sua e sim projetada neste “outro”. ● A primeira imagem é de um homem negro cujo contorno do rosto apresenta um claro-escuro e tensão em sua face. O homem apresenta resignição em sua face. Mais uma vez podemos ver um sentimento de prostação. ● Na segunda e terceira imagens vemos duas mulheres. A primeira uma mulher mestiça de óculos escuro com um terço e o uma guia no pescoço. Seu rosto mostra desânimo e seu corpo tem uma leve inclinação para baixo. Num segundo plano quase chapado ao corpo da mulher vemos um tronco de árvore descasado com ranhuras fragmentadas. O corpo da mulher e a árvore formam uma natureza morta opaca e sem vida. ● Na terceira imagem vemos um mulher branca em Close-Up com as pálpebras contraídas e um olhar que expressa sentimento de tristeza e resignação. Seu cabelo é desgranhado e logo atrás e dela em segundo plano a imagem de um homem e metade de seus rosto coberto por uma névoa escura. Terra em Transe: Melancolia, Corpo e Imagem do Homem Branco Terra em Transe não é apenas um filme – contradição do projeto nacional-popular, Terra em Transe é a imagem sedimentada na longa-duração histórica brasileira. A imagem de abertura é o mar diaspórico entrecuzada com sons de pontos de candomblé. É imagem visível do que foi invisibilizado. São vozes de resistência que estão submersas na travessia do atlântico e aparecem como fantasmas. A melancolia de Paulo Martins é o sofrimento do homem branco latino-americano assombrado pela fantasmagoria colonial. Terra em Transe não é somente um filme da melancholia da esquerda brasileira, é também um filme dos resistentes: Africanos e Índigenas. Bilbiografia
● BENJAMIM, Walter. O. Escolhidas,vol, I – Magia e Técnica, Arte
e Política,Ensaios sobre literatura e história da cultura.Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. S.Paulo: Brasiliense,1994. ● BÜRGER, Peter. Teoria da vanguarda. Tradução de José Pedro Antunes. São Paulo: Cosac Naify, 2008. ● LAPLANCHE, Jean. Vocabulário da psicanálise / Laplanche e Pontalis ; sob a direção de Daniel Lagache; [traduçao Pedro Tamen|. — São Paulo: Martins Fontes, 1991. ● TRAVERSO, Enzo. Melancolia da Esquerda: Marxismo, História e Memória. Belo Horizonte: Editora ÂYINÉ, 2018.