Você está na página 1de 17

Os óleos lubrificantes

Por Marcelo de Andrade


São substâncias utilizadas para reduzir o atrito lubrificando e aumentando a
vida útil das máquinas. Os óleos lubrificantes podem ser de origem animal ou
vegetal (óleos graxos), derivados de petróleo (óleos minerais) ou produzidos
em laboratório (óleos sintéticos), podendo ainda ser constituído pela mistura
de dois ou mais tipos (óleos compostos). As principais características dos
óleos lubrificantes são a viscosidade, o índice de viscosidade (IV) e a
densidade. A viscosidade mede a dificuldade com que o óleo escorre (escoa);
quanto mais viscoso for um lubrificante (mais grosso), mais difícil de escorrer,
portanto será maior a sua capacidade de manter-se entre duas peças móveis
fazendo a lubrificação das mesmas. A viscosidade dos lubrificantes não é
constante, ela varia com a temperatura. Quando esta aumenta a viscosidade
diminui e o óleo escoa com mais facilidade. O Índice de Viscosidade mede a
variação da viscosidade com a temperatura. Densidade indica o peso de uma
certa quantidade de óleo a uma certa temperatura, é importante para indicar
se houve contaminação ou deterioração de um lubrificante . Para conferir-lhes
certas propriedades especiais ou melhorar alguma já existentes, porém em
grau insuficiente, especialmente quando o lubrificante é submetido a
condições severas de trabalho, são adicionados produtos químicos aos óleos
lubrificantes, que são chamados aditivos. Os principais tipos de aditivos são:
anti-oxidantes, anti-corrosivos, anti-ferrugem, anti-espumantes, detergente-
dispersante, melhoradores do Índice de Viscosidade, agentes de extrema
pressão, etc.
Óleos para motores - Classificações
Para facilitar a escolha do lubrificante correto para veículos
automotivos várias são as classificações, sendo as
principais SAE e API.
Classificação SAE: estabelecida pela Sociedade dos
Engenheiros Automotivos dos Estados Unidos, classifica os
óleos lubrificantes pela sua viscosidade, que é indicada por
um número. Quanto maior este número, mais viscoso é o
lubrificante e são divididos em três categorias:
Óleos de Verão: SAE 20, 30, 40, 50, 60
Óleos de Inverno: SAE 0W, 5W, 10W, 15W, 20W, 25W
Óleos multiviscosos (inverno e verão): SAE 20W-40, 20W-50,
15W-50
Obs.: a letra "W" vem do inglês "winter" que significa inverno.
Classificação API: desenvolvida pelo Instituto Americano do Petróleo,
também dos Estados Unidos, baseia-se em níveis de desempenho dos
óleos lubrificantes, isto é, no tipo de serviço a que a máquina estará
sujeita. São classificados por duas letras, a primeira indica o tipo de
combustível do motor e a segunda o tipo de serviço.
Os óleos lubrificantes para motores a gasolina e álcool e GNV (Gás
natural veicular) de 4 tempos atualmente no mercado são apresentados
na tabela abaixo. O óleo SJ é superior ao SH, isto é, o SJ passa em
todos os testes que o óleo SH passa, e em outros que o SH não passa.
O Óleo SH por sua vez é superior ao SG, assim sucessivamente. Os
óleos lubrificantes para motores a gasolina 2 tempos, como os usados
em motoserras, abrangem 3 níveis de desempenho: API TA, TB e TC.
A classificação API, para motores diesel, é mais complexa que para
motores a gasolina, álcool e GNV, pois devido as evoluções que sofreu,
foram acrescentados números, para indicar o tipo de motor (2 ou 4
tempos) a que se destina o lubrificante.
Dicas: A função de um óleo lubrificante, não é a de apenas
lubrificar. Quanto maior o IV, menor será a variação de viscosidade
do óleo lubrificante, quando submetido a diferentes valores de
temperatura.
Outras associações
ACEA - Association des Constructeurs Européens de l´Automobile
(antiga CCMC)
Classificação européia associam alguns testes da classificação API,
ensaios de motores europeus (Volkswagen, Peugeot, Mercedes Benz,
etc.) e ensaios de laboratório.
JASO - Japanese Automobile Standards Organization
Define especificação para a classificação de lubrificantes para motores
a dois tempos (FA, FB e FC, em ordem crescente de desempenho).
NMMA - National Marine Manufacturers Association
Substituiu o antigo BIA (Boating Industry Association), classificando os
óleos lubrificantes que satisfazem suas exigências com a sigla TC-W
(Two Cycle Water), aplicável somente a motores de popa a dois tempos.
Atualmente encontramos óleos nível TC-W3, pois os níveis anteriores
estão em desuso.
Óleos lubrificantes básicos

Os óleos lubrificantes básicos são de dois tipos:


naftênicos e parafínicos. Ambos são comercializados
para empresas fabricantes de produtos finais, entre eles
óleos lubrificantes automotivos, industriais, óleos
marítimos e ferroviários. São também utilizados para a
formulação de graxas lubrificantes.
Tipos de lubrificantes
De modo geral podemos escolher entre quatro tipos de lubrificantes:

- lubrificantes oleosos, líquidos e fluídos lubro-refrigerantes


(emulsões)
- lubrificantes graxosos
- lubrificante pastoso
- lubrificante seco (pó ou verniz).
Já os velhos Egípcios usaram produtos para facilitar o
transporte de estátuas em 2400 a.C. Como naquela época não
eram conhecidos óleos minerais e nem sintéticos, usava-se
azeite de olivas.
Com o descobrimento de petróleo e o início da revolução
industrial começou o uso do óleo mineral como lubrificante.
O óleo mineral é hoje praticamente a base de todos os tipos de
lubrificantes, sejam eles hidráulicos, de motores, de
engrenagens, de redutores ou graxas de diversos espessantes
(sabões metálicos, bentonita, poliureia etc.).
Os óleos sintéticos como, por exemplo, glicois, ésteres
ou silicones têm a mesma função como o óleo mineral,
porém é quimicamente mais estável e resistem melhor a
temperaturas elevadas ou muito baixas.
Devido as pesquisas e esforços da indústria química, os
lubrificantes minerais têm aumentadas nos últimos anos
suas propriedades através de aditivos modernos e cada
vez mais eficientes.
Fora dos aditivos modernos usados nos fluídos
minerais, melhoraram também nos últimos anos os
processos de refinação e fabricação.
ÓLEOS com hidro-craqueamento

Um destes processos é o hidro-craqueamento.


Com este processo consegue-se tirar todos os
hidrocarbonetos não-saturados dos óleos
minerais, deixando-os assim mais estável e
resistente ao envelhecimento (oxidação), menos
vulnerável a formação de emulsão em caso de
influencia de umidade ou água e a formação de
vernizes em temperaturas mais elevadas.
ÓLEO HIDRÁULICO
A principal tarefa de um óleo hidráulico na industria é de movimentar equipamentos ou
ferramentas em linhas de processos. Em geral são sistemas centralizados ou individuais
que movem ou transportam produtos na fábrica. Nas industrias alimentícias, sistemas
hidráulicos levantam, empurram, espremem ou dão forma aos ingredientes ou produtos.
Os sistemas com óleo hidráulico muitas vezes estão sendo usados em casos de alta carga.
A função do fluido hidráulico é a transmissão de força e a lubrificação das peças internas
do sistema como por exemplo bombas de engrenagens ou cilindros.
A maior parte dos óleos hidráulicos é produzida com óleos minerais devido ao custo. Para
atender as exigências, estes produtos tem de ser melhorados com uma variedade de
aditivos, tais como: inibidores de corrosão, antioxidantes, detergentes, aditivos EP
( extreme pressão), anti espumantes, emulgadores, abaixador do ponto de congelamento
( pour-point), etc. Também é importante que o óleo hidráulico não ataque as vedações do
sistema hidráulico.
Viscosidade do óleo hidráulico
A maioria é formulado com viscosidades de ISO VG 32, 46 ou 68.
Com o tempo de uso e a influência de umidade a viscosidade do óleo tende a aumentar
devido a emulsificação de água no óleo. Com óleos semi-sintéticos ou sintéticos consegue-
se uma economia considerável, devido a diminuição de trocas e paradas no processo
produtivo.
A Série de Óleo Hidráulico 46 e 68 oferece óleos de alto desempenho, utilizados em
serviços industriais e equipamentos móveis, e nos quais são exigidos lubrificantes com
aditivos anti desgaste.
Óleos minerais
São usados como lubrificantes com uma adequada viscosidade, originados de petróleos
crus e beneficiados através de refinação. As propriedades e qualidades destes
lubrificantes dependem da proveniencia e da viscosidade do petróleo cru.
Quando falamos em óleos minerais temos de distinguir três tipos:

Óleo mineral de base parafínico


O nome ¨Parafina¨, de origem Latin, indica, que estas ligas quimicas são relativamente
estáveis e resistentes e não podem ser modificadas facilmente com influências quimicas.
Sendo assim as parafinas tendem a não oxidar em temperaturas ambientes ou
levemente elevadas. Nos lubrificantes eles são partes resistentes e preciosos, que
não ¨envelhecem¨ ou somente oxidam de forma lenta.
Contém em sua composição química hidrocarbonetos de parafina em maior proporção,
demonstra uma densidade menor e é menos sensível a alteração de viscosidade/temperatura.
A grande desvantagem é seu comportamento em temperaturas baixas: as parafinas tendem a
sedimentar-se.

Óleo mineral de base naftênicos


Enquanto os hidrocarbonetos parafínicos formam em sua estrutura molecular correntes,
os naftênicos formam em sua maioria ciclos. Os naftênicos em geral são usados, quando
necessitamos produzir lubrificantes para baixas temperaturas.
Desvantagem dos naftênicos é sua incompatibilidade com materiais sintéticos e elastômeros.

Óleo mineral de base misto


Para atender as características de lubrificantes conforme necessidade e campo de aplicação
a maioria dos óleos minerais é misturada com base naftêncio ou parafínico em quantidades
variados.
Óleos sintéticos
São, ao contrário dos óleos minerais, produzidos artificialmente. Eles
possuem, na maioria das vezes,
um bom comportamento de viscosidade-temperatura com pouca tendência
de coqueificação em temperaturas elevadas, baixo ponto de solidificação
em baixas temperaturas, alta resistência contra temperatura e influências
quimicas. Quando falamos em óleos sintéticos temos de distinguir cinco
tipos diferentes:
1. Hidrocarbonetos sintéticos
Entre os hidrocarbonetos sintéticos destacam-se hoje com maior
importância de um lado os polialfaoleofinas (PAO) e os óleos
hidrocraqueados. Estes óleos são fabricados a partir de óleos minerais,
porém levam um processo de sinteticação, o qual elimina os radicais livres
e impurezas, deixando-os assim mais estável a oxidação. Também
consegue-se através desde processo um comportamento excelente em
relação a viscosidade-temperatura. Estes hidrocarbonetos ¨semi-sintéticos¨
atingem IV (Índices de Viscosidade) até 150.
2. Poliolésteres
Para a fabricação de lubrificantes especiais, fluidos de freios, óleos
hidráulicos e fluidos de corte
os poli-alquileno-glicois, miscível ou não miscível em água tem hoje cada
vez mais importância.
3. Diésteres
São ligações entre ácidos e álcoois através da perda de água. Certos
grupos formam óleos de ester
que são usados para a lubrificação e, também, fabricação de graxas
lubrificantes.Os diésteres estão hoje aplicados em grande escala em todas
as turbinas da aviação civil por resistir melhor a altas e baixas temperaturas
e rotações elevadíssimas. Dos óleos sintéticos eles tem o maior consumo
mundial.
4. Óleos de silicone
Os silicones destacam-se pela altíssima resistência contra temperaturas
baixas,altas e envelhecimento, como também pelo seu comportamento
favorável quanto ao índice de viscosidade.Para a produção de lubrificantes
destacam-se os Fenil-polisiloxanes e Methil-polisiloxanes.Grande
importância tem os Fluorsilicones na elaboração de lubrificantes resistentes
a influência de produtos químicos,tais como solventes, ácidos etc.
5. Poliésteres Perfluorados
Óleos de flúor- e fluorclorocarbonos tem uma estabilidade extraordinária
contra influência química. Eles são quimicamente inertes, pórem em
temperaturas acima de 260°C eles tendem a craquear e liberar vapores
tóxicos.
Especificação de lubrificantes
A especificação descreve as exigências mínimas e métodos de teste para produtos que
foram determinados pelo fabricante de maquinas.
A especificação mais conhecida para fabricantes de graxas e óleos é por exemplo a
especificação MIL do exército dos Estados Unido.
Um outro exemplo são as especificações AGMA “American-Gear-Manufactures-Assotiation”
que incluem recomendações para óleos de câmbios em 9 faixas de viscosidade.
A principal ferramenta para determinar estes exigências e métodos de teste são as
normas de ensaios, como por exemplo normas DIN, ASTM, ISO VG etc.
Estes normas facilitam a escolha mais correto possível do lubrificante a ser usado e assim
pode ser obtida um bom funcionamento do elemento de maquina durante a sua vida útil
esperada.
DIN é a norma Alemã de Industrias: Deutsche Industrie Norm.
ASTM ( American Society for Testing Materials ) é a associação de profissionais nos
Estados Unidos para a normatização de métodos de testes e determinações para
especificações de lubrificantes.
Para determinar a consistência de graxas usa-se na maioria dos casos a especificação
NLGI = National Lubrication Grease Institute (USA). Exemplo: Molykote BR-2 plus,
aonde o numero 2 indica a consistência da graxa.
Consistência de graxas
Consistência é uma medida de qualidade de graxas lubrificantes. O aparelho de
ensaio para medir a consistência de uma graxa é o penômetro.
Para medir a consistência usa-se um cone, um copo com o material a ser analisada e uma
escala em 1/10 mm. O ensaio é feito com 25°C e mede-se, quantos mm o cone penetra na
massa.
Em geral a penetração é feita em repouso, porém para verificar se a graxa é estável ao
trabalho (amassamento), existe o ensaio com 60 ou 100.000 ciclos. Caso o material abaixe
muito nestes ciclos de amassamento sua consistência é um indicador que o sabão ou
espessantes não resistem ao trabalho.
A consistência é indicada conforme tabela NLGI ( National Lubricating Grease Institute ).
A classificação mais simples de consistência de graxa lubrificante é dividida em
9 classes e medida como penetração trabalhada ( 60 ciclos ) como por exemplo:
Consistência de graxas
Classe de consistência Penetração trabalhada
(1/10 mm)
00 400 – 430
0 355 – 385
1 310 – 340
2 265 – 295
3 235 – 255

Responsável pelo grau de consistência é mais a quantidade de espessantes


usado na fabricação do que a viscosidade do óleo básico.
Viscosidade de Óleos
Como viscosidade ou tenacidade de um líquido se entende a resistência que
as moléculas de um líquido fazem contra um deslocamento. Essa resistência
é também chamada atrito interno.
Visc. cinemática
Relação viscosidade/densidade indicada em mm2/s ( antigamente, centistoke).
Visc. dinâmica
é a medida da resistência interna que o óleo lubrificante forma contra o fluxo
(por exemplo, fluxo através de tubulações, fluxo na fenda de lubrificação).
A visc.dinâmica é denominada em Centipoise (cP).
Para medir as viscosidades temos diversos aparelhos de medição (viscosímetros).
A indicação é em mm2/s, antigamente se utilizavam graus Engler (°E ) ou
Centistokes (cSt). Decisiva para a medição é a indicação da temperatura da
medição,
pois o resultado depende muito desta temperatura.
(Óleos frios fluem com tenacidade, óleos quentes se tornam mais líquidos).
As classes de viscosidades tem vários institutos de classificação. Os mais
conhecidos são SAE, API, AGMA e ISO VG.
Classes de Viscosidades SAE

Você também pode gostar