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SOCIAL
Professoras Luísa Andrade e Cássia Jardim
POR QUE MEMÓRIA
SOCIAL?
Vera Dodebei ; Francisco R. de Farias;
Jô Gondar
(Org.)
[...] um conceito não deve ser confundido com uma ideia geral
ou abstrata; ele expressa um mundo possível (DELEUZE;
GUATTARI, 1992), trazendo consequências para a vida que se
leva e se pretende levar. (p.23).
[...] memória social é um conceito eminentemente ético e
político. (p.23).
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Pensar a memória como uma reconstrução racional do passado, erigida
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Desse modo, se fazemos a pergunta – a escrita digital
seria ainda um meio de memória ou deveríamos
considerá-la um meio de esquecimento? –, teremos que
responder: ambos. A construção de uma memória
digital, por ser continuamente sobrescrita, implica o
esquecer e o recordar, numa relação em que os dois
coexistem sem qualquer possibilidade de síntese, mas
inseparáveis.(p.31).
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Quarta proposição: a memória não se reduz à identidade
outras categorias a ele ligadas. Uma delas é a identidade. O que quer dizer identidade? Existem muitas
maneiras de defini-la, mas podemos ficar com a que nos apresenta Michel Pollak, apoiado em literatura
psicanalítica: identidade é uma “[...] imagem de si, para si e para os outros. Isto é, a imagem que uma
pessoa adquire ao longo de sua vida referente a ela própria, a imagem que ela constrói e apresenta aos
outros e a si própria, por acreditar na sua própria representação, mas também para ser percebida da
maneira como quer ser percebida pelos outros” (POLLAK, 1992, p. 204). Porém, uma imagem sobre si
não é apanágio exclusivo dos indivíduos. Um grupo, uma sociedade, um país também constroem uma
partir da memória. Não mais uma memória fincada na conservação do passado, e sim
rastro/resíduo é aquele que se aplica, em nossos dias, da forma mais válida, à falsa
mais do que garantir a preservação do que se passou, a memória pode ser uma aposta no
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Mas podemos pensar que nossa própria cidade já foi um dia, para nós,
desconhecida, e que as formas, cores e encontros que nela
experimentamos como novidade deixaram impressões e se constituíram
em lembranças. Desse modo, se a memória é um processo, o que o
deflagra são relações e afetos – em outros termos, são jogos de força. A
representação poderia, ainda que não necessariamente, integrar esse
processo, mas nesse caso viria depois, como uma tentativa de dar sentido
e direção ao que nos surpreendeu.(p.38)
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Conceber a memória como processo não significa
excluir dele as representações coletivas, mas, de fato,
nele incluir a invenção e a produção do novo. Não
haveria memória sem criação: seu caráter repetidor
seria indissociável de sua atividade criativa; ao reduzi-
la a qualquer uma dessas dimensões, perderíamos a
riqueza do conceito.(p.40)
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