Você está na página 1de 91

Principais Acidentes na

Infância
Prof. Daniel Ledo
Medicina Uninove
SBC
 Os acidentes constituem a principal causa de
óbito durante o primeiro ano de vida,
especialmente em crianças de 6 a 12 meses.

 "Crianças estão muito sujeitas aos mais diversos


tipos de acidentes e o controle disso é uma
questão de saúde pública, tão alto é o número de
vidas abreviadas e invalidadas. Prevenir os
acidentes infantis é uma questão de informação e
de atenção de pais, educadores e de todos
aqueles que zelam pela infância".
Panorama dos acidentes no mundo
 1 milhão de crianças até 14 anos
morrem em decorrência de acidentes
todos os anos ao redor do mundo.
 Cerca de 50 milhões ficam com
sequelas permanentes.
 O acidente é a principal causa de
morte de crianças de 1 a 14 anos.
Acidentes Acontecem em Casa
 Cerca de 60% dos casos atendidos no
Hospital, o local em que ocorreram os
acidentes envolvendo crianças foi sua própria
casa ou a de parentes. Com um índice bem
mais reduzido, a escola desponta como o
segundo palco dos acidentes infantis: 15,7%,
seguida da rua, onde ocorrem 11,1% dos
casos.
Considerações
 Injúrias Físicas: Queda, Atropelamento, Desastre
de Veículo de Transporte e Disparo de Arma =
TRAUMA MECÂNICO
 Afogamento, Aspiração de Corpo Estranho =
ASFIXIA
 Contato com líquido, chama ou fumaças quentes
= QUEIMADURA
 Ingestão de Substâncias Tóxicas =
ENVENENAMENTO/INTOXICAÇÕES
 Outros: Picadas, Mordeduras,...
Fig.1 – Mortalidade por todas as causas, 2005:

Menor de 1 ano De 1 a 14 anos

Afecções período
1ª Causa perinatal Acidentes Os acidentes
representam a
principal causa de
morte de crianças
Malformações e adolescentes de 1 a
2ª Causa Doenças respiratórias
congênitas 14 anos

Doenças Doenças Infecciosas e


3ª Causa Infecciosas e parasitárias
parasitárias
 Fig.2 – Mortalidade por
causa, em %, 2005:
Trânsito 40%
Afogamento 26%
Sufocação 14%
Queimadura 6%
Outras 6%
Queda 5%
Intoxicação 2%
Arma de fogo 1%
TOTAL de 5.808
CASOS
Fig.3 – Mortalidade por gênero, 2005:

Masculino Feminino Ignorado Total

3.766 2.041 1 5.808


Fig. 4– Afogamentos por idade, 2005:

Menor que 1 1 a 4 anos 5 a 9 anos 10 a 14 anos Total

28 482 385 601 1.496

Fig. 5 – Afogamentos por Mortalidade por afogamento, segundo tipo - 0 a 14 anos - 2005
tipo, 2005:
Banheira
Piscina
0,4%
6,7%

NE
44,1%

Águas Naturais
41,9%

Outros
7,0%
Fig. 6 – Quedas por idade, 2005:

Menor que 1 1 a 4 anos 5 a 9 anos 10 a 14 anos Total

56 83 75 96 310

Fig. 7 – Quedas por tipo, Mortalidade por quedas acidentais, segundo tipo - 0 a 14 anos - 2005
2005:

Leito
9,3%
Escada
NE 4,5%
33,8%
Edifício/Lage
11,6%

Árvore
9,3%

Outros
31,5%
Fig. 8 – Queimaduras por idade, 2005:

Menor que 1 1 a 4 anos 5 a 9 anos 10 a 14 anos Total

56 160 76 81 373

Fig. 9 – Queimaduras por Mortalidade por queimadura, segundo tipo - 0 a 14 anos - 2005
tipo, 2005: Líquidos quentes e
outras fontes de
calor
4%

Fogo

Fogo
Choque Elétrico
45%

Choque Elétrico Líquidos quentes e outras


51% fontes de calor
Mortalidade – Ranking de causas
Fig. 10 – Mortalidade por faixa etária x ranking de causas, 2005:

Idade 1º Posto 2º Posto 3º Posto 4º Posto 5º Posto 6º Posto

< de 1 Sufocação Queda Passageiro Afogamento Queimadura Choque


586 56 de veículo 28 com fogo elétrico
34 26 20

1a4 Afogamento Atropelamento Sufocação Passageiro Queda Queimadura


482 242 128 de veículo 83 com fogo
108 80

5a9 Atropelamento Afogamento Passageiro Queda Sufocação Ciclista


427 385 de veículo 75 52 e Queimadura
158 com fogo
44

10 a Afogamento Atropelamento Passageiro Queda Ciclista Choque


14 601 422 de veículo 96 91 elétrico
251 64
Casa Segura?
Riscos no Ambiente
 Ordem decrescente de frequência:
◦ Cozinha
◦ Banheiro
◦ Escadas
◦ Quarto
◦ Piscina
◦ Quintal
◦ Garagem
l -Queimaduras

Lactente até 6 meses


- não levar nada quente enquanto carrega o
bebê no colo.
- controlar a temperatura da água do banho
com o cotovelo.
- cuidado com cigarros.
l -Queimaduras

Lactentes de 7 a 12 meses
- não deixar copos com líquidos quentes ao
alcance do bebê, nem beba líquidos quente
com seu filho no colo.
- não deixar a criança na cozinha no momento
do preparo da refeição.
l -Queimaduras
 Cozinha – área de alto risco

- É o local mais perigoso da casa.


- Coloque um bloqueio para a cozinha.
- Líquidos quentes, alimentos quentes, fios
elétricos, torradeiras, bules, garrafas
térmicas, deves ser mantidos fora do alcance
das crianças.
- Usar as bocas de trás do fogão, colocando os
cabos para trás.
l -Queimaduras
Crianças de l a 2 anos
-nunca deixe a criança sozinha na cozinha.
-deixar os cabos das panelas voltados para
dentro do fogão.
-não deixe a criança brincar com objetos
metálicos que possam ser introduzidos em
tomadas elétricas e use protetores de
tomadas.
l -Queimaduras
 Crianças de 2 a 6 anos
- não deixar a criança sozinha na cozinha no
momento do preparo das refeições.
- cuidado com panelas, fogão e ferro de passar
quentes.
- ensine o perigo do fogo. Evite usar fogos de
artifícios. Mantenha fósforos e isqueiros
longe das crianças.
2 - Quedas

Lactente até 6 meses


- não deixar o bebê sozinho em lugares altos
nem mesmo por instantes.
- não deixar que uma criança carregue o bebê

no colo.
2 - Quedas
 Lactentes de 7 a 12 meses
- não deixar sozinho em lugares altos.
- colocar portões nas escadas.
- baixar o estrado do berço quando a criança
já ficar de pé.
- retirar móveis com quinas.
2 - Quedas

 Crianças de l a 6 anos
- colocar portões nas escadas.
- instalar grades em todas as janelas no caso
de se morar em sobrados ou edifícios.
- use pratos e copos de plástico.
- remova móveis com bordas cortantes.
3 - Sufocação
 Lactente até 6 meses
- devido aspiração de corpo estranho.
- não deixar objetos pequenos ao alcance da
criança.
- não dar alimentos em pedaços grandes e
duros.
3 - Sufocação
 Lactentes de 7 a 12 meses
- nunca deixar objetos pequenos que possam
ser engolidos ao alcance das crianças.
- não oferecer grandes pedaços de alimentos
duros.
- não colocar cordão de chupeta em torno do
pescoço do bebê.
3 - Sufocação
 Brinquedos
- Devem ser grandes o bastante para não
serem engolidos.
- Resistentes para não quebrarem.
3 - Sufocação
 Lactentes de 7 a 12 meses
 Objetos Perigosos
- Use protetores de tomadas
- Mantenha tesouras, facas, objetos quebráveis

fora do alcance
- Remova móveis de bordas cortantes da área

de brincar.
3 - Sufocação

 Crianças de l a 2 anos
- não deixar a criança brincar com lata de talco
ou balões.
- não oferecer alimentos como: amendoim,
pipoca, goma de mascar e balas
escorregadias.
4 - Intoxicação

Lactente até 6 meses


- cuidado com gotas nasais, remédios para
resfriado, xaropes e inseticidas.
4 - Intoxicação
 Lactentes de 7 a 12 meses
- não deixar remédios e produtos tóxicos ao
alcance ou visão do bebê.
- Mantenha todos os produtos em suas
embalagens originais.
4 - Intoxicação

 Crianças de 2 a 6 anos
- só tenha em casa os remédios e produtos
tóxicos absolutamente necessários.
- mantenha remédios e produtos perigosos
fora da visão e do alcance das crianças.
- jogue fora restos de remédios.
- não tome remédios na frente das crianças
(elas tendem a imitar os adultos).
- não transfira produtos tóxicos para garrafas
de refrigerantes.
Acidentes por Submersão
 Segundo OMS: 4ª causa de morte entre 5 -14
anos
 No Brasil:

◦ 3ªcausa de morte em todas as idades


◦ 2ª causa em crianças de 1-14 anos
 Distribuição bimodal
◦ < 4anos e 15 -19 anos
 Predomínio masculino: 3:1 crianças e 4:1
adolescentes
 Maioria em água doce
Acidentes por Submersão
 Menores de 1 ano:
◦ Banheira, vaso sanitário, baldes, tanques.
◦ Podem morrer em recipientes com 5 cm de água
 1 a 4 anos:
◦ Piscinas, banheiras, reservatórios e oceano
 5 a 14 anos:
◦ Piscinas, lago, rio, represa e oceano
 Adolescentes:
◦ Mar aberto, lagos, rios e esportes aquáticos.
◦ Uso de bebida alcoólica em 25- 50%

 Afogamento ocorre quando a criança é deixada sozinha


por alguns instantes e muitos pais ou responsáveis não
compreendem que a ocorrência é silenciosa.
5 - Afogamento
 Lactentes de 7 a 12 meses
- nunca deixar o bebê sozinho no banho ou
próximo de piscina. São necessários apenas
alguns segundos para o risco de um
afogamento.
PREVENÇÃO
 CRIANÇAS MENORES
◦ Afastadas de baldes, banheira, tanques;

◦ Piscinas de plástico devem ser esvaziadas


imediatamente após o uso

◦ Bebês nunca podem permanecer sozinhos na


banheira;

◦ Banheiro deve ser mantido sempre fechado


5 - Afogamento

 Crianças de l a 2 anos
- não deixar a criança sozinha na banheira.
- nunca deixar a criança sozinha perto de
piscinas e lagos, mesmo rasos.
- Iniciar se possível aulas de natação para os
maiores.
6 - Mordida de Animais
- ensine a criança a não acariciar animais estranhos nem
provocar qualquer animal.
- ensine a criança a não acordar um cão que esteja dormindo
nem se aproximar de cão que esteja comendo.
- vacine os cães de casa.

- 77% das pessoas mordidas por cães eram membros da

família ou amigos próximos do dono do animal.


- 50% dos atacados são crianças com menos de seis anos.
Acidentes de Trânsito
 A partir do 1º ano de vida o trauma é a maior causa de
morbimortalidade.

 Trânsito ocasiona a cada ano mais de um milhão de mortes e


cerca de 10 milhões de lesões incapacitantes

 Toda criança deve viajar sempre no banco traseiro do automóvel


até os 12 anos (orientação da SBP)

 Altura mínima de 1.45 m para estar no banco da frente

 Locais mais vulneráveis:


◦ Cabeça e pescoço
7 - Acidentes de automóvel
 Lactente até 6 meses
- andar no banco traseiro com cadeiras
especiais.
7 - Acidentes de automóvel
 Lactentes de 7 a 12 meses
- não segure a criança no colo, use o contentor
apropriado para a idade.
- criança só no banco de trás.
7 - Acidentes de automóvel

 Crianças de l a 2 anos
- não permitir que as crianças brinquem na
rua.
- segurar a mão da criança para atravessar a
rua.
- transportar a criança no banco traseiro do
carro e em assentos apropriados.
7 - Acidentes de automóvel

 Crianças de 2 a 6 anos
- transportar a criança no banco traseiro do
carro e em assentos apropriados.
- só deixe andar de bicicleta em lugares
seguros.
7 - Acidentes de automóvel

 Crianças de 2 a 6 anos
- não permita que a criança ande de bicicleta
na rua.
- no carro devem ficar sempre no banco
traseiro.
- usar cintos de segurança (dê o exemplo) em
crianças de mais de 20 Kg.
- ensine regras de trânsito.
Obrigado!
1. Adolescente, sexo masculino, 13 anos é encaminhado pela
escola pois “vem brigando com os colegas” porque o chamam
por termos pejorativos. Na consulta ele relata que não
consegue dormir há cinco dias e diz chorando que colocaram
uma foto dele na rede social, de forma ofensiva. O
diagnóstico e conduta respectivamente são:
A) Cyberbullying / orienta a reagir sempre que for provocado.
B) Cyberbullying / encaminha para um atendimento
psicológico.
C) Bullying e cyberbullying / programar conversa com os
professores.
D) Bullying e cyberbullying / conversar com os pais e
professores da escola.
Resposta correta: D
A) 0,07% B) 8,26% C) 1,6% D) 90%
Comentário: diagnóstico de bullying e cyberbullying com
reação de stress pós-traumático com necessidade de apoio
emocional. Conversa com os pais e a diretoria da escola
sobre o que está ocorrendo. Programa atividades de
prevenção da violência, humilhação e discriminação entre
todos os colegas do garoto, além de fazer uma notificação
compulsória sobre a violência sofrida na escola.
SBP. Manual de Orientação. DC DE Adolescência . Saúde de
Crianças e Adolescentes nas era Digital
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/
2016/11/19166d-MOrient-Saude-Crian-e-Adolesc.pdf
2. Adolescente, 15 anos, sexo feminino
vítima de estupro é levada à emergência
acompanhada dos pais. Além de notificar o
Conselho Tutelar o médico deve
obrigatoriamente:
A) pesquisar sífilis e outras DST.
B) solicitar marcadores virais para hepatites.
C) prescrever anticoncepção de emergência.
D) confirmar violência sexual com avaliação
ginecológica.
Resposta correta: C
A) 20,67% B) 1,11% C) 46,07% D) 32,15%
Comentário: O Ministério da Saúde estabelece
um esquema de profilaxia para DST não
virais, HIV e hepatite B pela Norma Técnica:
Prevenção e tratamento dos agravos
resultantes da violência sexual contra
mulheres e adolescentes”, incluindo também
a contracepção de emergência.
3. Escolar, sete anos, sexo masculino, foi mordido por um
cão e levado duas horas depois por seus pais à emergência.
O cão é conhecido e está com as vacinas em dia. A criança
tem esquema vacinal atualizado incluindo DPTa e VIP com
cinco anos. A mordedura ocorreu na região abdominal.
Exame da pele: lesão de 4 cm de diâmetro, bem superficial
sem sinais inflamatórios na região abdominal. Além da
limpeza da ferida com água e sabão deve-se:
A) observar o animal por dez dias pós exposição.
B) administrar imunoglobulina anti-rábica e toxoide tetânico.
C) administrar esquema de cinco doses de vacina anti-rábica.
D) observar o animal e administrar 1a dose de vacina anti-
rábica.
Resposta correta: A
A) 91,56% B) 0,22% C) 0,44% D) 7,7%
Comentário: Acidentes leves como ferimentos
superficiais, pouco extensos e únicos em
tronco, abdômen e membros (exceto mãos,
polpas digitais e planta dos pés) devem ser
acompanhados clinicamente por 10 dias. Se o
animal morrer, desaparecer ou se tornar
raivoso, administrar 5 doses da vacina anti-
rábica.
4. Lactente, dois anos e seis meses, sexo masculino,
previamente hígido, é levado pela mãe ao pediatra por
apresentar quadro de tosse e chiado no peito nos últimos
sete dias. Exame físico: ativo, discreta dispneia, sem sinais de
toxemia. AR: roncos e sibilos disseminados, discreta
diminuição do murmúrio vesicular em todo hemitórax direito.
Radiografia do tórax: hiperinsuflação à direita com discreto
desvio das estruturas do mediastino para a esquerda. A
hipótese diagnóstica e conduta são:
A) aspiração de corpo estranho / broncoscopia.
B) enfisema lobar congênito / tomografia de tórax.
C) síndrome do lactente sibilante / prednisolona 1mg/kg/dia
por cinco dias.
D) asma / salbutamol 2 jatos, com espaçador, com intervalos
de 20 minutos, três vezes.
Resposta correta: A
A) 74,15% B) 10,74% C) 4,67% D) 10,37%
Comentário: A aspiração de corpo estranho
ocorre acidentalmente, com maior frequência,
em lactentes. Pode-se presenciar o momento
da aspiração (engasgo, tosse, sufocação,
cianose), mas em grande parte, estes
episódios não são observados ou não
valorizados. Podemos ter os sintomas
respiratórios após semanas ou meses do
ocorrido.
5. É característica da síndrome de Munchausen por
procuração:
A) deixar sequelas físicas e psíquicas, com a criança
assumindo o papel de doente, frágil e dependente de seu
agressor
B) agressor com psicopatologia diagnosticada, compulsivo,
que utiliza a criança para seus rituais sadomasoquistas
C) forma de autoagressão, com a simulação de doença para
obtenção de vantagens financeiras, como salário por
invalidez
D) classificada como transtorno somatoforme, em que a
criança simula a doença para chamar a atenção dos pais e do
meio médico
Resposta correta: A
A = 79,32% B = 6,62% C = 3,22% D = 10,85%
Comentários: A segunda apresentação da síndrome,
Münchausen por Procuração, descrita em 1977 pelo médico
pediatra Roy Meadow, diz respeito ao universo infanto
juvenil, como forma de violência imposta por um adulto
responsável ou cuidador, de difícil diagnóstico. Na maioria
dos casos a mãe ou quem exerce a função de cuidador(a),
inventa ou fabrica sinais e sintomas de doenças na criança ou
adolescente, em graus variados de severidade, os colocando
na posição de doentes frágeis e dependentes, podendo levá-
los à morte. Na SMPP, o agressor inventa ou produz os
sintomas no outro, habitualmente a mãe em seu filho, tendo
conhecimento pleno do que faz. É preciso avaliar o que está
por trás deste uso perverso do corpo e mente da criança ou
adolescente com o qual deveria se ter o laço do cuidar e
proteger.
6. Pré-­‐escolar de cinco anos e levado a unidade de pronto-
atendimento pela mãe que relatou quadro de febre, tosse e
cansaço há 48 horas. O exame físico revela ausculta
pulmonar com estertoração localizada à direita. Raio-X de
tórax: hipotransparência em hemitórax direito. Nos últimos
seis meses, é a terceira vez que apresenta os mesmos
sintomas e imagem pulmonar no mesmo local. A mãe referiu
que a criança sempre foi saudável. Na família, só a criança
tem apresentado esses sintomas. O diagnóstico mais
provável para esse caso é:
(A) síndrome de Loeffler
(B) tumor endobrônquico
(C) tuberculose pulmonar
(D) aspiração de corpo estranho
Resposta correta: D
A = 10,94% B = 8,64% C = 6,07% D = 74,26%
Comentários: as manifestações de aspiração
de corpo estranho podem ser tardias,
demorando meses para se caracterizarem. A
recidiva no mesmo local, sem história de
asma na família ou na criança direcionam
para a suspeita de corpo estranho. Esta
indicada a broncoscopia.
7. Escolar, 7 anos, é trazido à sala de
emergência com quadro de dor decorrente de
queimaduras em membros superiores. Ao
longo da consulta, o pediatra suspeitou de
lesão intencional. A característica que sugere
lesão por queimadura, decorrente de
agressão física é:
(A) lesão em forma de luva
(B) lesões assimétricas e abrasivas
(C) lesão causada por líquido quente
(D) acometimento de áreas descobertas
(E) presença de sinais de infecção secundária
Resposta correta: A
A = 59,98% B = 24,35% C = 2,19% D = 9,77% E = 3,71%
Comentário: Lesões de pele são frequentes em crianças vítimas
de violência física. Queimaduras fazem parte do rol de lesões,
com características próprias que as diferenciam das lesões não
intencionais, como:
• queimaduras que reproduzem o instrumento agressor (marcas
de fios, cinto, mãos, cigarro). • queimaduras por líquidos
quentes cuja distribuição na pele não respeita a ação da
gravidade.
• queimaduras em forma de luvas (nas mãos) ou meias (nos
pés).
• queimaduras em região de nádegas ou períneo: castigo
aplicado em crianças que não conseguem controlar esfíncteres.
As queimaduras intencionais podem ser decorrentes de líquidos
quentes, fios elétricos ou outros agentes, podendo levar a
diferentes níveis de gravidade (primeiro até terceiro grau).
8. Pré-escolar, sexo masculino, 2 anos, é trazido à
emergência por seus pais que acham que ele engoliu uma
bateria de telefone celular há uma hora, mas não têm certeza
do fato. Exame físico: sinais vitais estáveis, sem sinais de
sofrimento respiratório. Rx de tórax: bateria de 20mm
alojada no esôfago.
Nesse caso, a conduta indicada é:
(A) estimular emese com xarope de ipeca
(B) remover por endoscopia imediatamente
(C) observar e repetir a radiografia em seis horas
(D) forçar deslocamento do objeto com ingesta de bário
(E) forçar deslocamento do objeto com ingesta de óleo
mineral
Resposta correta: B
A = 0,17% B = 92,08% C = 7,41% D = 0,08% E = 0,25%
Comentário: As baterias de lítio são usadas em diversos
eletrônicos e após a ingestão acidental, corrente elétrica da
bateria em contato com tecido e fluidos dos tecidos gera
formação de hidróxido, que pode levar a queimaduras
alcalinas e perfuração esofágica. Essas lesões agudas
ocorrem em até 2-3 horas após a ingestão. Crianças abaixo
de 4 anos e aqueles que ingerem baterias maiores (15‐20
mm) têm risco aumentado de que se aloje no esôfago. Assim,
recomenda-se a remoção imediata por endoscopia alta.
Naqueles acasos em que a bateria só é observada após ter
passado o esôfago e não há sintomas clínicos, recomenda-se
exames diários das fezes para confirmar a eliminação.
9. Pré-escolar de cinco anos, sexo masculino, é levado à consulta por sua mãe,
que afirmando que o “pai da criança estaria mexendo nos genitais do filho”.
Relata que está separada do esposo há um ano e que há quatro meses percebeu
alterações de comportamento do filho, como dificuldades no sono, irritabilidade,
enurese, mexer no pênis e a querer ficar sem roupa. Na noite anterior, ao
repreender o filho por estar repetindo esse comportamento, ele disse que “o pai
tinha ensinado a fazer isso”. A mãe pede ao pediatra um atestado com o
diagnóstico de abuso sexual, no qual conste que seu filho não pode mais ficar
sozinho com o pai pelo risco de repetição do suposto abuso. Frente a este
relato, além do atendimento a criança, o pediatra deve:

(A) encaminhar para avaliação psicológica, objetivando o diagnóstico diferencial


entre violência sexual por parte do pai e violência psíquica (síndrome da
alienação parental) por parte da mãe
(B) redigir atestado com o diagnóstico do abuso sexual recomendando a
interrupção da guarda compartilhada com o pai para proteção da criança
(C) notificar a suspeita de abuso sexual ao Conselho Tutelar ou outra instituição
cabível (Vara da Infância e Juventude ou Ministério Público)
(D) ampliar a anamnese com a criança, fazer o atestado e encaminhar a mãe e a
criança à delegacia mais próxima
(E) prescrever vacinas indicadas nos casos de abuso sexual e encaminhar para
avaliação psicológica imediata
 Resposta correta: C
 A = 16,85% B = 0,10% C = 81,79% D = 0,88% E =
0,29%
Comentário: Trata-se de suspeita de violência
doméstica, modalidade abuso sexual. A criança
deve ser atendida e examinada minuciosamente.
Na ausência de lesões ou sinais físicos que
necessitem de encaminhamento para
procedimentos específicos ou internação, deve-se
proceder à notificação de suspeita de abuso sexual
ao Conselho Tutelar ou outra instituição
 cabível (como a Vara da Infância e Juventude ou
Ministério Público) da região de moradia da criança.
10. Em consulta de rotina de um lactente, a mãe da
criança solicita sua opinião sobre o uso do
andador. A melhor conduta este caso será:

A) desaconselhar o uso do andador pelo risco de


traumatismo craniano
B) aconselhar o uso do andador pelos seus
benefícios na prevenção de quedas
C) desaconselhar o uso do andador por prejuízo no
desenvolvimento neurológico
D) desaconselhar o uso do andador pelo reduzido
benefício na aquisição da marcha
E) aconselhar o uso do andador pelo benefício que
traz à aquisição antecipada da marcha
Resposta correta: A
A = 48,20% B = 0,34% C = 20,61% D = 30,18% E = 0,68%
Comentário: O andador não causa prejuízo no
desenvolvimento neurológico e sim, um
atraso na aquisição de habilidades motoras
como engatinhar e andar, portanto atrasando
aquisição da marcha.
O principal motivo para desaconselhar o uso
do andador é a frequência com que causa
quedas, que levam aos traumatismos
cranianos e até casos de morte.
11. Escolar de oito anos, sexo masculino,
sofreu acidente enquanto andava de bicicleta.
Ao ser atendido na via pública, relatava dor
no ombro esquerdo e respondia às
solicitações dos paramédicos. Na admissão
no setor de emergência, já apresentava
quadro clínico de choque. A etiologia mais
provável é a ruptura de:
(A) baço
(B) fígado
(C) pâncreas
(D) aorta descendente
(E) diafragma esquerdo
Resposta correta: A
A = 78,27% B = 3,27% C = 2,14% D = 13,40%
E = 2,93%
Comentário: O trauma no baço com ou sem
rutura é frequente em acidentes de bicicleta.
O choque pode ocorrer rapidamente ou um
pouco mais tardiamente. A dor no ombro
esquerdo reflete a irritação do diafragma
homolateral pelo sangue subfrênico.
12. Lactente de sete meses é sacudida
violentamente por seu pai, porque “estava
chorando muito e não deixava ninguém
dormir”. A expressão clínica mais provável
nesta categoria de maus tratos é:

(A) fratura de clavícula


(B) luxação atlantoaxial
(C) hematomas temporais
(D) hemorragias retinianas
(E) hematomas nos membros superiores
Resposta correta: D
A = 0,25% B = 6,23% C = 3,31% D = 87,91% E = 2,29%

Comentários: Em crianças vítimas da


modalidade de maus-tratos denominada
síndrome do bebê sacudido, um exame físico
cuidadoso detecta hemorragias retinianas
(opção D) em 85% dos casos.
13. O pai de uma pré-escolar de 3 anos procura o pediatra de sua
filha, constrangido e muito angustiado, dizendo‐se preocupado
com a possibilidade de sua filha ter algum problema. Relata que
freqüentemente a menina está se masturbando, o que o deixa sem
saber como agir. Sua preocupação se deve também ao fato de que
a esposa teve a menina aos treze anos e há outros casos de início
precoce de atividade sexual em sua família. A condução do caso
requer:

(A) avaliação psicológica da criança para descartar transtornos


comportamentais da sexualidade
(B) avaliação psiquátrica do pai para afastar a possibilidade de
fantasias sexuais com a própria filha
(C) parecer de ginecologista a fim de investigar uma causa
orgânica para o comportamento da criança
(D) notificação imediata ao Conselho Tutelar por suspeita de
abuso sexual por parte do pai
(E) tranqüilizar o pai, esclarecendo que se trata de comportamento
normal para a idade
Resposta correta: E
A = 6,05% B = 2,41% C = 2,55% D = 20,34% E = 62,76%
Comentários: A masturbação e a curiosidade sobre os órgãos
sexuais são situações comuns na idade pré-escolar e os pais
devem ser tranqüilizados quanto à normalidade destes
comportamentos. É importante informar-lhes que este
comportamento não guarda qualquer relação com as
manifestações sexuais da adolescência e da idade adulta.
Cabe lembrar, outrossim, que a masturbação compulsiva e a
simulação de ato sexual em brincadeiras, utilizando bonecos
ou mesmo com outras crianças – ou até com adultos – deve
nos fazer aventar a possibilidade de que a criança esteja
sendo vítima de abuso sexual ou esteja presenciando
relações sexuais entre adultos, o que também é inadequado.
14. Ao prescrever terapêutica antibiótica para um lactente de 15
meses com quadro de pneumonia, o pediatra é surpreendido
pela recusa do pai em aceitar a medicação indicada, mesmo após
ser detalhadamente informado do diagnóstico e da proposta
terapêutica. Referindo que seu filho não tomará antibióticos, o
pai solicita a radiografia realizada, afirmando enfaticamente que
procurará um outro médico. O quadro clínico da criança é
estável, sem características de gravidade imediata. Nessa
circunstância, além de entregar a receita ao pai e registrar o
ocorrido no prontuário, é indicado:
(A) entregar a radiografia ao pai, respeitando o princípio ético da
autonomia
(B) entregar a radiografia e realizar registro policial para
salvaguardar responsabilidades
(C) entregar a radiografia e exigir a assinatura de um termo de
responsabilidade pelo pai
(D) não entregar a radiografia uma vez que a mesma pertence ao
hospital e deve ficar no prontuário da criança
(E) entregar a radiografia e comunicar o ocorrido ao Conselho
Tutelar, uma vez que a atitude do pai caracteriza negligência.
Resposta correta: A
A = 41,76% B = 5,25% C = 9,18% D = 4,59% E = 33,38
Comentários: O caso em questão mostra um conflito entre Beneficiência x Autonomia
na prática pediátrica. O prontuário médico deve conter o consentimento informado: o
médico declara formalmente o diagnóstico, prognóstico, a conduta terapêutica, além
dos riscos da doença e do tratamento pro-­‐ posto e o paciente declara o seu
consentimento ou não.
No caso de crianças o consentimento é geralmente fornecido pelos pais, o chamado
consentimento por procuração (proxy consent). O conflito ressaltado implica na
Beneficiência defendida pelo médico, e a autonomia por procuração (até quanto os pais
podem decidir pelos filhos?). Ressalte-se que neste caso, o pai não recusa a terapêutica
de forma definitiva, uma vez que irá procurar outro médico. E como não existe risco
imediato de vida, o pai tem direito de ouvir outra opinião médica, diferentemente da
situação de recusa formal do tratamento indicado, mesmo após explicação
compreensível, circunstância que demandaria denúncia ao Conselho Tutelar ou ao
Juizado da Infância e Adolescência, por abuso em virtude de que estaria sendo negado
à criança o direito à saúde (princípio de Justiça). Não caracteriza maus tratos, portanto
o desejo de procurar outro médico legalmente habilitado no país.
Não se pode exigir a assinatura de termo de responsabilidade (qualquer documento
assinado pelo paciente ou pela sua família deve ser um ato voluntário e não exime o
médico de responsabilidade). Do mesmo modo, os exames realizados pertencem ao
paciente.
O artigo 56 do Código de Ética Médica assinala que “É vedado ao médico: desrespeitar o
direito do paciente decidir livremente sobre execução de práticas diagnósticas ou
terapêuticas, salvo em caso de eminente perigo de vida”.
15. Escolar de oito anos, portadora de
retardo mental, é trazida ao ambulatório por
apresentar sangramento vaginal de pequena
monta e secreção fétida amarelada
abundante. Ao exame da genitália, não se
percebe qualquer alteração de coloração da
mucosa e o hímen está íntegro. A hipótese
diagnóstica incial é:
(A) abuso sexual
(B) menarca precoce
(C) tricomoníase vaginal
(D) corpo estranho vaginal
(E) vulvovaginite por candida
Resposta correta: D
A = 8,02% B = 4,01% C = 20,26% D = 55,61% E =
6,27%
Comentários: Crianças portadoras de retardo
mental freqüentemente introduzem corpos
estranhos nos orifícios naturais do corpo (nariz,
conduto auditivo). Da mesma forma,
freqüentemente, também, manipulam sua genitália.
O quadro apresentado sugere reação local à
presença de corpo estranho sendo, portanto, a
hipótese diagnóstica inicial. Todavia vale à pena
lembrar que estas crianças são também mais
vulneráveis ao abuso sexual, e que a presença, ao
exame físico, de hímen íntegro, não exclui esta
possibilidade.

Você também pode gostar