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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOS CAMPOS GERAIS

FACULDADES INTEGRADAS DOS CAMPOS GERAIS


CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA

WALÉRIA DE FÁTIMA PENDYK DA CRUZ

DEMÊNCIAS

PONTA GROSSA
2021
DEMÊNCIAS
Segundo Parmera e Nitrini (2015), demência é o declínio das habilidades
a vida e os relacionamentos do indivíduo. Pessoas com demência se tornam
confusas, e começam a perder habilidades que antes tinham.
De acordo com o panorama epidemiológico das demências, existem
diferentes taxas de prevalências, mas sabe-se que são muito mais comuns na
população idosa. Essa prevalência dobra a cada cinco anos, a partir dos 65.
Em termos mundiais, a prevalência da demência é de 1,6% na África a 6,4% na
América do Norte, considerando indivíduos com idade igual ou superior a 60
anos.
Na América Latina, existe um aumento de prevalência com a idade, e a
doença que mais causa demência é a Doença de Alzheimer. Segundo os
estudos de Parmera e Nitrini (2015), observou-se que a demência foi mais
prevalente entre analfabetos, sendo 15,7% da amostra total e entre os mais
idosos. Porém, nos países mais desenvolvidos, as demências se apresentam
mais nos mais jovens.
No Brasil, foi realizado um estudo na cidade de Porto Alegre onde se
chegou o resultado de incidência de 14,8 a cada 1000 por ano em idosos
acima de 65 anos portadores da Doença de Alzheimer, enquanto que na
cidade de Catanduva a incidência foi de 7,7 a cada 1000 por ano para Doença
de Alzheimer e 13,8 a cada 1000 para demência. Essa incidência no estudo
realizado por Parmera e Nitrini (2015) aumentou a cada cinco anos sem
distinção de sexo, mas observou-se que existe uma maior incidência de
demência em mulheres de idade mais avançada, além de uma maior incidência
em analfabetos.
Sendo a demência para Parmera e Nitrini (2015) uma condição de
decréscimo das funções mentais e cognitivas comparadas às habilidades
anteriores do indivíduo, existem várias sugestões diagnósticas para a
demência. Uma delas é a do DSM IV, que impõe que deve existir o
comprometimento de memória para ser considerada uma demência. Porém,
para a Academia Brasileira de Neurologia, seus critérios não exigem que haja
um comprometimento inicial da memória.
Para uma avaliação inicial, o recomendado seria realizar um
comparativo entre suas performances cognitivas anteriores e o seu
desempenho atual. Porém, essa é uma tarefa muitas vezes quase impossível,
logo, são realizados testes onde se comparam os resultados com uma amostra
populacional que tenha obtido resultados satisfatórios e padronizados para as
categorias avaliadas.
Com o aumento progressivo das demências, elas estão começando a se
tornar um problema no âmbito da saúde pública, causando gastos diretos e
indiretos, como por exemplo internações, aposentadorias, e também o
comprometimento de trabalhadores saudáveis que necessitam deixar suas
funções para cuidar dos membros portadores de demência de suas famílias, já
que um dos fatores mais evidentes é o comprometimento da autonomia.
(Parmera e Nitrini, 2015)
As demências podem ser dividias em grupos para facilitar o seu estudo,
como por exemplo a separação entre demências degenerativas e não
degenerativas, com início precoce (antes dos 65 anos) ou tardio (a partir dos
65), corticais e subcorticais, reversíveis ou irreversíveis, rapidamente ou
lentamente progressivas.
O primeiro passo no processo diagnóstico é a anamnese clínica e o
exame neurológico. Nesse momento, pode-se precisar de um acompanhante,
já que muitas vezes o paciente possui dificuldades em relatar suas próprias
limitações, ou por não reconhece-las, ou por haver o comprometimento da
linguagem ou da memória.
Segundo Parmera e Nitrini (2015), deve-se, nesse processo, reconhecer
se existe ou não uma síndrome demencial, identificar quais domínios cognitivos
foram acometidos, e conferir se esse acometimento oferece algum prejuízo
funcional para o paciente, além de identificar sua etiologia para definir qual
seria um plano adequado de atendimento para essa pessoa.
Em algumas sessões do diagnóstico, é preferível que o paciente não
esteja presente, apenas o acompanhante, que seja do convívio direto do
paciente, para que evitem situações de estresse onde as informações possam
ser comprometidas, além de evitar constrangimentos, já que o comportamento
do paciente também passa a se transformar e se tornar inapropriado a medida
que a demência progride.
Alguns dos fatores a serem observados são a fala, se a pessoa troca
palavras ou se esquece como fala algumas delas, se ele conta repetidas vezes
a mesma história para as mesmas pessoas, se ele perde objetos com
frequência. Também deve-se observar se existe um medo por parte do
paciente por conta dos lapsos de memória, demonstrando se ele já tem uma
consciência do que possa estar acontecendo com ele.
Para Parmera e Nitrini (2015) é de extrema importância observar de que
maneira ocorre a evolução e o declínio da demência, já que é um fator que
pode ajudar a encontrar a etiologia da doença. Por exemplo, se ela se trata de
uma doença de etiologia encefálica, onde há um início abrupto. Se for
progressivo, é possível que a etiologia seja degenerativa.
As mudanças comportamentais são visíveis em pacientes com
síndromes demenciais, podendo haver mudança de personalidade, apatia,
desinibição, impulsividade, perda de empatia, alucinações e delírios, distúrbios
do sono, apneia do sono. Todos esses fatores, dependendo de seus momentos
e de suas progressões são fatores cruciais para que se compreenda quais as
possibilidades de transtornos demenciais e de tratamento. (Parmera e Nitrini,
2015)
Ainda dentro da anamnese, é importante investigar outros tipos de
doenças anteriormente recorrentes, como doenças hepáticas, reumatológicas,
tireoidianas, cardiovasculares, neurológicas e todas as medicações utilizadas
para seus tratamentos, além de hábitos de vidas como etilismo ou dependência
química.
Além disso, é importante investigar o histórico da família a respeito das
demências, principalmente quando o paciente possui 65 anos ou mais. É
recomendado que se analisem atividades diárias que o paciente realiza, seus
hábitos básicos como higiene e alimentação, e questões instrumentais como
administração das próprias finanças, cuidar da casa, fazer compras. (Parmera
e Nitrini, 2015)
Após a anamneses, se iniciam os exames neurológicos, que envolvem a
busca pelo parkinsonismo, ou outros transtornos de motricidade, alterações de
sensibilidade, alteração de marcha, dentre outros.
A Academia Brasileira de Neurologia, segundo Parmera e Nitrini (2015),
ainda preconiza a realização de alguns exames adicionais para eliminação de
fatores tratáveis como deficiência da vitamina B12, hipotireoidismo, depressão,
doenças infecciosas, tumores, intoxicação medicamentosa, etilismo,
insuficiência renal ou hepática, dentre outras.
Um exemplo muito forte das demências é a Doença de Alzheimer. Ela é
a forma mais frequente de demências e aumenta de acordo com a idade,
sendo o envelhecimento seu maior fator de risco. Apesar disso, o histórico
familiar e
genético também influenciam na doença. (Parmera e Nitrini, 2015)
A forma pré-senil (antes dos 65) anos configura apenas 5% dos casos
de Doença de Alzheimer. Outro aspecto muito considerável na prevalência
dessa doença é a presença do alelo E4 do gene da Apolipoproteína E.
A Doença de Alzheimer apresenta atrofia cortical microscópica nas
áreas do córtex associativo neocortical e nas regiões temporais mesiais (do
hipocampo). No processo diagnóstico, o exame neuropatológico é decisivo, já
que ele permite observar a quantidade e a distribuição de lesões no cérebro.
O primeiro sinal aparente é o comprometimento da memória episódica
(Parmera e Nitrini, 2015), demonstrando a dificuldade de lembrar de eventos
recentes, a repetição de perguntas e a perda de objetos pessoais frequente.
Porém, nos casos de Doença de Alzheimer pré-senil, nem sempre os primeiros
sinais são amnésticos, podendo ser comportamentais e cognitivos.
Existe apatia, depressão e dificuldades de executar atividades
corriqueiras do dia-a-dia, além de agitação psicomotora. Com isso, o paciente
passa a ser incapaz de realizar a própria higiene pessoal, necessitando da
ajuda de terceiros para ir ao banheiro, tomar banho, se alimentar e se vestir.
Ele perde completamente sua autonomia. (Parmera e Nitrini, 2015)
Além da Doença de Alzheimer, existe a demência vascular. Ela é um
fator de risco, junto da idade, para a identificação da demência. Para uma
demência ser considerada vascular, ela deve estar associada a uma doença
cerebrovascular. Por exemplo, depois de três meses da ocorrência de um AVC,
o indivíduo começa a apresentar sinais demenciais em “degraus”. (Parmera e
Nitrini, 2015) Alguns sinais podem ser relatos de desequilíbrio, mudanças de
humor, comportamento ou personalidade, urgência urinária precoce, dentre
outros.
Isso tudo ocorre pelas alterações em vasos cerebrais pequenos que
comprometem a substância branca do cérebro, a leucoaraiose, além de
pequenos ou extensos infartos, comprometendo redes neurais. (Parmera e
Nitrini, 2015) A velocidade de progressão depende muito dos vasos
comprometidos. No caso dos infartos subcorticais, se apresentam alterações
de funções executivas, alterações de memória e de linguagem, alucinações,
delírios, e alterações esfincterianas.
Os fatores de riscos das demências vasculares são a hipertensão
arterial, diabetes mellitus, tabagismo e dislipidemia. A taxa de progressão é
mais lenta do que a da Doença de Alzheimer, mas a taxa de mortalidade é
maior. (Parmera e Nitrni, 2015)
Existe também a Degeneração Lobar FrontoTemporal. É a segunda
causa mais frequente de demência degenerativa em grupos pré-senis. Nela,
existem variantes comportamentais e afasias progressivas primárias,
configurando uma demência semântica. Ela atrofia assimetricamente os lobos
frontais e temporais. Geneticamente falando, 40% dos portadores possuem
histórico familiar positivo para a doença.
Na variante comportamental, há indícios de lesão em áreas do lobo pré-
frontal, como por exemplo redução da empatia, afeto inapropriado, perda da
autocrítica e irritabilidade. Quando há lesão na parte anterior do giro do cíngulo,
existe apatia. Quando há acometimento orbitofrontal, se apresentam
hipersexualidade, alterações de preferências alimentares e comportamento de
utilização. Quando o lobo temporal direito é acometido, se manifestam
hiperregiolisidade, comportamento compulsivo e antissocial. (Parmera e Nitrini,
2015)
Por fim, existe a Demência com corpos de Lewy, que hoje só fica atrás
como demência degenerativa apenas para a Doença de Alzheimer.
Suas características envolvem um quadro demencial progressivo com
parkinsonismo, alucinações visuais e flutuação cognitiva. Para ser distinguida
da Doença de Parkinson, no critério diagnóstico, ela deve anteceder ou
suceder em um ano no máximo os sintomas de parkinsonismo.
Esses pacientes apresentam muita sonolência durante o dia, além de
alterações nos níveis de consciência. Eles apresentam quedas repetidas,
distúrbio comportamental do sono REM. (Parmera e Nitrini, 2015)
REFERÊNCIAS
PARMERA, Jacy Bezerra; NITRINI, Ricardo. Demências: da investigação ao
diagnóstico. Revista de Medicina, v. 94, n. 3, p. 179-184, 2015.

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