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A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que anualmente cerca de 130 mil pessoas
sofrem algum tipo de acidente por queimadura. No Brasil, ocorrem cerca de 100 mil
notificações de casos de queimaduras por ano, com aproximadamente 3.000 mil pessoas que
evoluem para o óbito após o trauma.
Estima-se que no Brasil ocorram 1 milhão de acidentes de queimaduras por ano, e destes, 100
mil procuram atendimento hospitalar, sendo que 2.500 morrerão direta ou indiretamente por
causas relacionada às lesões. É um agravo que acomete todas as idades, porém diversos
estudos apontam que a queimadura é uma das principais causas de acidentes não intencionais
em crianças e adolescentes, representando a segunda causa de morte acidental na infância
Situações que envolvem o uso de álcool e substâncias explosivas, como em festas com o uso
de fogueiras e fogos de artifícios, estão associadas a maior prevalência de acidentes por
queimaduras térmicas.
A letalidade do trauma por queimaduras tem estreita relação com as complicações infecciosas
das lesões. Ao destruir a barreira cutânea, as queimaduras geram propensão à invasão e
crescimento bacteriano, o que, concomitantemente à imunossupressão causada pelo trauma,
provoca risco elevado de evolução para sepse e, consequentemente, o óbito.
Entre 2015 a 2019 foram identificados 127.190 casos.
Em relação ao sexo, o masculino foi responsável por mais da metade dos casos de
notificações por queimadura, com 63,2% dos casos. Quanto à faixa etária, houve prevalência
de queimaduras em indivíduos de 20 a 39 anos, com 30,5% dos casos, seguido das faixas
etárias de 1 a 4 anos e de 40 a 59 anos, com 18,0% e 22,5% dos casos, respectivamente. É
importante observar que a faixa etária pediátrica, considerada entre os menores de 1 ano
até 14 anos de idade, obteve prevalência de 32,4%. A faixa etária de menor
prevalência foi entre indivíduos com 80 e mais anos de idade, com 1,1% dos casos.
Considerando o caráter de atendimento, a maior parte foi de urgência, com 85,7% dos casos.
Quanto à faixa etária de idosos, o estudo demonstrou que a idade entre 60 a 79 anos está mais
associada a notificações, havendo uma queda nos índices de queimaduras após a idade de 80
anos e mais. Estudos associam os acidentes de queimadura entre idosos a déficits sensoriais,
funcionais e cognitivos, fatores estes que geram prejuízos nos mecanismos de proteção
desta população. Ainda, as queimaduras em idosos apresentam evolução clínica mais
desfavorável, resultando muitas vezes em longos períodos de internação hospitalar e
recuperação clínica lenta.
O SIH-SUS não apresenta dados quanto à evolução dos casos de queimaduras. Dessa
forma, não foi possível a determinação do índice de mortalidade relacionado aos traumas por
queimaduras. No Brasil, cerca de 3 a 5% das vítimas internadas por queimaduras
evoluem para óbito. A mortalidade por queimaduras está associada principalmente ao
choque séptico e à disfunção orgânica, consideradas consequências tardias das lesões por
queimaduras.
Outro agravante da queimadura de face é a inalação por fumaça, que pode gerar edema na
mucosa traqueobrônquica, manifestada por rouquidão, estridores, dispneia, broncoespasmo e
escarro com fuligem, que são fatores prejudiciais à permeabilidade das vias aéreas, podendo
levar à insuficiência respiratória, caracterizando o quadro de lesão inalatória, contribuindo
para uma piora no prognóstico e para o aumento da morbidade e mortalidade dos pacientes
queimados.
Atualmente, a lesão inalatória é a principal causa de morte nos pacientes queimados, sendo
presente em cerca de 33% dos pacientes que têm queimaduras extensas, com seu risco
crescendo progressivamente de acordo com o aumento da superfície corpórea queimada. A
presença de lesão inalatória, por si só, aumenta em 20% a mortalidade associada à extensão da
queimadura.
1 milhão de queimaduras no Brasil a cada ano - 200 mil por subs inflamáveis (mais graves) -
2500 óbitos
Etiologia
As queimaduras podem ocorrer por diversos estímulos térmicos, químicos ou elétricos, sendo
as lesões térmicas, decorrentes do fogo, as mais frequentes. Os agentes causadores de
queimaduras simples ou térmicas são líquidos ou vapores, líquidos densos e sólidos
aquecidos, substâncias inflamáveis, contato direto com chama, radiações não ionizantes, frio.
Já os agentes causadores de queimaduras complexas são fricção mecânica, eletricidade,
radiações ionizantes como raios X, alfa, beta, gama, produtos químicos.
Segundo a etiologia, as lesões podem ser classificadas em queimadura superficial, superficial
de espessura parcial, profunda de espessura parcial, de espessura completa, subdermal e
elétrica.
Queimadura Subdermal: Envolve destruição completa de todo o tecido desde a epiderme até o
tecido subcutâneo. O músculo e o osso podem ser lesados.
Queimadura elétrica: varia de acordo com o tipo de corrente, intensidade da corrente e área do
corpo por onde a corrente elétrica passa. A corrente elétrica segue o curso da menor
resistência oferecida pelos vários tecidos (nervos). O osso oferece a maior resistência. Em
geral, há uma ferida de entrada e uma de saída, a ferida de entrada é retorcida e deprimida e,
muitas vezes, é menor do que a ferida de saída. A pele se mostra amarela e isquêmica. Uma
ferida de saída tipicamente parece como se o tecido tivesse explodido no local. Tem aparência
seca. As artérias podem sofrer espasmo e haver necrose da parede vascular. O músculo lesado
aparecerá mole. Os efeitos cardíacos associados são arritmias, fibrilação ventricular ou parada
respiratória. As possíveis conseqüências renais são insuficiência renal, como resultado de
quebra excessiva de proteína e do choque dos rins que acompanham um trauma de grande
porte. No sistema nervoso central pode haver lesão aguda da medula espinal ou fratura
vertebral, que se reflete clinicamente em paresia espástica, com ou sem alteração sensorial nas
áreas de espasticidade concomitantes.
Profundidade
➢ Zona de necrose
Localiza-se no ponto de contato mais íntimo entre a fonte de energia e a pele. Aqui ocorre a
verdadeira necrose, devido à coagulação proteica, onde não há células viáveis. A partir desse
ponto e, de modo circunjacente, tanto na lateralidade como na profundidade, estão dispostas
as outras duas zonas. Irreversível.
➢ Zona de estase
Caracteriza-se por vasoconstrição, isquemia, células viáveis e não viáveis, de modo que essa
zona poderá evoluir para a recuperação ou, dependendo das condições no local, para a
necrose. Por isso, também é descrita como "zona de risco", uma vez que é de difícil
prognóstico e, dependendo das condições clínicas do paciente e do cuidado no local, poderá
sofrer conversão para lesão de profundidade total. Pode ser reversível
➢ Zona de hiperemia
Caracteriza-se pela área mais afastada da fonte de energia, com vasodilatação, hiperemia e
células viáveis. Esse local apresenta melhor prognóstico e poderá ser totalmente recuperado, a
menos que ocorra infecção, hipoperfusão acentuada ou trauma adicional. Não sofre risco de
necrose.
Além da importância anatômica descritiva das lesões, do ponto de vista de tratamento a zona
de necrose tem pouco significado, em termos de evolução, uma vez que deve ser removida
precocemente e coberta; entretanto, medidas devem ser consideradas na zona de estase para
prevenir a necrose. Isso pode ser atingido com ressuscitação volêmica adequada, eliminação
de vasoconstritores e prevenção da infecção.
Essas zonas de estase podem evoluir ou regredir, a depender do tratamento ou falta dele.
Superfície atingida
A regra dos noves é um guia prático para determinar a extensão de uma queimadura usando
cálculos baseados em áreas de queimaduras parciais e totais. A configuração do corpo adulto
é dividida em regiões anatômicas que representam múltiplos de 9%. A distribuição do BSA
difere consideravelmente para crianças, porque a cabeça de uma criança pequena representa
uma proporção maior da superfície, e as extremidades inferiores representam uma proporção
menor do que a de um adulto. A superfície palmar (incluindo os dedos) da mão do paciente
representa aproximadamente 1% da superfície corporal do paciente. A regra dos noves ajuda
estimar a extensão das queimaduras com contornos irregulares ou distribuição e é a
ferramenta preferida para o cálculo e documentando a extensão de um ferimento por
queimadura.
Gravidade da queimadura
Quanto maior o tempo de exposição e maior a temperatura mais profundo e grave será a
temperatura
A pele possui um alto calor específico - demora pra resfriar
A queimadura contribui para inflamação local e sistêmica. Ao redor da lesão existe uma zona
de isquemia cuja vascularização está comprometida. Insultos adicionais, como hipoperfusão,
extenso edema, hipóxia ou infecção, podem converter essa área marginalmente viável em
tecido morto. São as chamadas zonas da queimadura.
Cicatrização
Tem por objetivos principais: a remoção de tecido lesado e desvitalizado, a restauração dos
mecanismos de defesa locais e o estabelecimento dos sinais adequados para o prosseguimento
das fases subsequentes. Podemos subdividi-la em duas etapas: hemostasia e inflamação.
Hemostasia
A ruptura da integridade tecidual causada por evento traumático provoca lesão de vasos locais
e perda sanguínea, o que permite o contato das plaquetas com o colágeno subendotelial,
ativando a via intrínseca da cascata de coagulação, com o objetivo de estancar o sangramento.
Assim, ocorrem a agregação de plaquetas e seu entrelaçamento em uma rede de fibrina (os
monômeros de fibrina, formados a partir da ação da trombina sobre o fibrinogênio circulante,
são ligados entre si pelo fator XIII), formando o coágulo, que, além de sua função
hemostática, irá prover uma matriz extracelular (MEC) provisória, funcionando como um
verdadeiro andaime por onde se deslocarão e/ou se fixarão células inflamatórias, fibroblastos
e fatores de crescimento.
Ocorre vasoconstrição local mediada pela liberação de aminas vasoativas por células lesadas
no trauma e por ativação do sistema nervoso simpático no local.
Inflamação
As próximas células a adentrar a ferida são os monócitos, que, uma vez no local, se
diferenciam em macrófagos ativos, atingindo pico populacional em 48 a 72 horas e
permanecendo por semanas. Eles são atraídos por vários fatores (exemplo: trombina, sistema
complemento, fibronectina e fatores de crescimento, como TGF- , PDGF e TGF-a) e, além da
ação fagocitária, desempenham a função de verdadeiros maestros do processo cicatricial ao
produzirem diversas citocinas e fatores de crescimento que estimulam a angiogênese, a
reepitelização, a migração e multiplicação de fibroblastos e a produção de colágeno, além de
manterem o processo inflamatório local.
Os linfócitos têm ação secundária como reguladores do processo através das suas diferentes
subpopulações: a supressão de TCD4 enfraquece a cicatriz final, enquanto a supressão de
TCD8 fortalece.
➢ Fase proliferativa
○ Início em 2 a 4 dias
○ Protagonistas: fibroblastos, macrófagos, queratinócitos e células endoteliais
Produção da MEC
Nessa fase, a matriz inicial de fibrina e fibronectina originária da hemostasia passa a ser
substituída pela MEC cicatricial sintetizada pelos fibroblastos, que são os responsáveis pela
produção de todos os seus elementos estruturais: colágenos, glicosaminoglicanos e
proteoglicanos. A elastina não é produzida durante o processo de cicatrização, o que justifica,
em parte, a perda de flexibilidade do tecido cicatricial em relação à pele normal.
A produção de colágeno tem início em 3 a 5 dias e atinge seu pico em torno de 21 dias; a
partir de então, entra em equilíbrio com a degradação. O fibroblasto produz inicialmente o
procolágeno, que sofre, no retículo endoplasmático, o processo de hidroxilação dos resíduos
de lisina e prolina, ação dependente de vitamina e ferro, podendo então ser exportado para a
MEC na forma de uma tripla hélice, que tem seus peptídeos-C terminais clivados por
proteases específicas, permitindo a formação de fibrilas.
A proporção entre colágenos I e III, que, na pele sã, é de 90% para 10%, está alterada nessa
fase, quando então o colágeno tipo III alcança 30% (o que facilita a penetração de novos
capilares). A alta taxa de produção (fibroplasia) pode ser observada clinicamente nessa fase
como elevação ou hipertrofia transitória da cicatriz
Contração da Ferida
A contração da ferida tem início com 4 a 5 dias e se prolonga por 2 a 3 semanas, prazo que
pode prolongar-se indefinidamente em feridas crônicas. É promovida pela alteração fenotípica
dos fibroblastos para miofibroblastos (mediada por PDGF e TGF-b), que se ligam, então, a
elementos da MEC através da expressão de integrinas na sua superfície e apresentam função
contrátil graças à presença de filamentos de actina no seu citoesqueleto. A produção da
enzima lisil-oxidase pelos fibroblastos produz ligação cruzada covalente entre as fibrilas de
colágeno, estabilizando a redução obtida com a contração dos miofibroblastos.
Neovascularização
Epitelização
A ruptura da integridade do epitélio causada por um evento traumático precipita o processo de
reepitelização, com subsequente estímulo adicional por parte dos fatores de crescimento
liberados nas fases inflamatória e proliferativa, principalmente o FGF ( fator de crescimento
de queratinócitos), o TGF-beta, o fator de crescimento de nervos (NGF) e o fator de
crescimento epidérmico (EGF).
A presença do epitélio sobre a ferida exerce intensa influência sobre a fibroplasia, e, quanto
antes a cobertura de queratinócitos se restabelecer, menor a fibrose no local - o que justifica o
debridamento e a enxertia precoce de queimaduras de 2º grau profundo e 3º grau, melhorando
o resultado final.
➢ Fase de remodelação
○ Início em 6 a 8 semanas, perdurando por 1 ano ou mais
○ Protagonistas: macrófagos e fibroblastos
Tipos de cicatrização
Existem quatro protótipos básicos de cicatrização, que têm diferentes tempos de resolução,
diferentes fases predominantes e diferentes resultados finais. Essa classificação permite prever
os resultados de determinado caso, bem como estabelecer o protocolo de atendimento
adequado.
➢ Primeira Intenção
Trata-se da cicatrização que ocorre nos ferimentos em que os bordos são apostos
cirurgicamente logo após a lesão ou até algumas horas depois (idealmente, menos de 6 horas).
Nesse modelo, as fases inflamatória, proliferativa e de maturação ficam abreviadas, havendo
menor deposição de tecido fibrótico e melhor resultado estético final.
➢ Segunda Intenção
Nesse caso, as bordas da ferida não são aproximadas (habitualmente em grandes perdas de
substância ou ausência de condições locais - má circulação, deficiências nutricionais,
radioterapia, infecção). Ocorre um prolongamento exacerbado das fases de cicatrização
(proporcional ao tempo de fechamento da ferida), principalmente da inflamação e da
fibroplasia, com formação de tecido cicatricial de má qualidade e grande hipertrofia. A
contração da lesão pelos miofibroblastos tem grande importância no fechamento dessas lesões
- podendo evoluir posteriormente com contraturas, bridas e sinéquias.
➢ Reepitelização
Ocorre nas lesões que interessam apenas a epiderme ou até a derme superficial. Essas lesões
se fecham basicamente pela migração e multiplicação de queratinócitos com mínimo estímulo
cicatricial, encurtando sobremaneira as fases cicatriciais e cursando com virtual ausência de
cicatriz ou apenas alterações pigmentares.
Grande Queimado
Íleo adinâmico; Atrofia mucosa em 18h (pode ocasionar num translocação bacteriana do
intestino para a corrente sanguínea, podendo gerar uma sepse) - para porque não é prioridade -
liberação de TNF, interleucinas - anorexia
Necrose tubular e insuficiência renal aguda (não chega volume de sangue suficiente para os
rins); AT, ADH, aldosterona, causando retenção de sódio e água às custas de perdas de íons
como K, Ca - rabdomiólise (lise muscular), através da liberação de mioglobina (que é tóxico
para o rim)
Liberação de Troboxana A2, que estimula a agregação plaquetária - Obstrução vasos, que
pode levar à uma necrose de tecido
Afastar fonte de calor - O extintor não deve ser usado para “tratar” a queimadura e somente
para afastar a fonte de calor/extinguir a fonte
Lavar com água até 15 min depois da queimadura - até o resfriamento - ( >10% grandes
queimados não é feito - risco muito grande de hipotermia)
Anamnese
➢ Qual a fonte?
➢ Duração e localização da exposição?
➢ Uso anterior de drogas e álcool?
➢ Mecanismo de lesões associadas?
AeB
C
➢ Queimadura é considerado um politrauma devido à gravidade da queimadura
➢ Sempre preferência pelo acesso periférico - 2
➢ Em alguns casos deve-se fazer o central, depende dos protocolos de cada hospital
(geralmente >40% SCQ) - uso de substâncias vaso ativas que não devem ser feitas
pelo acesso venoso periférico
➢ Fazer primeiro 2mL e depois verificar como o pct está respondendo com a diurese e,
então, avaliar para ver se aumenta para 4 mL
➢ Acesso intravenoso: Periférico x Central
➢ Reposição volêmica:
○ Pré-hospitalar: (peso X SCQ%)/8
○ Hospitalar: 2 - 4 x P x SCQ%
■ 2 mL inicialmente; 4 mL após verificar se o paciente está respondendo
com a diurese (depois de 24h), pode-se utilizar
■ Pacientes vítimas de queimaduras elétricas utiliza-se de 1 -2 mL
■ ½ nas primeiras 8h e ½ nas 16h seguintes
■ Controle da diurese - sonda vesical
➢ Como calcular superfície corporal
○ Regra mais prática - regra dos 9 - regra de wallace
➢ Exposição
➢ Revisar a SCQ
➢ Cobrir o paciente para evitar a hipotermia
Fasciotomia X Escarotomia
Exames complementares
➢ Hemograma
➢ Iu
➢ Uréia
➢ Creatinina
➢ Sumário de Urina - para saber se o paciente tem infecção prévia
➢ Radiografia de Tórax PA e perfil
➢ Glicemia - diabéticos
➢ Gasometria - pacientes graves
➢ ECG - especial para vítimas de choque elétrico
➢ Carrboxihemmoglobinograma - pct em que houve lesão inalatória/inalação de gases
NO e CO
Prescrição
Curativo
Reposição volêmica
Tratamento da dor
Para adultos:
Para crianças:
➢ Limpe a ferida com água e clorexidina degermante a 2%. Na falta desta, use água e
sabão neutro.
➢ Posicionamento: mantenha elevada a cabeceira da cama do paciente, pescoço em
hiperextensão e membros superiores elevados e abduzidos, se houver lesão em pilares
axilares.
➢ Administre toxoide tetânico para profilaxia/ reforço antitétano.
➢ Administre bloqueador receptor de H2 para profilaxia da úlcera de estresse.
➢ Administre heparina subcutânea para profilaxia do tromboembolismo.
➢ Administre sulfadiazina de prata a 1% como antimicrobiano tópico.
➢ Curativo exposto na face e no períneo.
➢ Curativo oclusivo em quatro camadas: atadura de morim ou de tecido sintético (rayon)
contendo o princípio ativo (sulfadiazina de prata a 1%), gaze absorvente/gaze de
queimado, algodão hidrófilo e atadura de crepe.
➢ Restrinja o uso de antibiótico sistêmico profilático apenas às queimaduras
potencialmente colonizadas e com sinais de infecção local ou sistêmica. Em outros
casos, evite o uso.
➢ Evite o uso indiscriminado de corticosteroides por qualquer via.
➢ As queimaduras circunferenciais em tórax podem necessitar de escarotomia para
melhorar a expansão da caixa torácica.
➢ Para escarotomia de tórax, realize incisão em linha axilar anterior unida à linha abaixo
dos últimos arcos costais
➢ Para escarotomia de membros superiores e membros inferiores, realize incisões
mediais e laterais
➢ Habitualmente, não é necessária anestesia local para tais procedimentos; porém, há
necessidade de se proceder à hemostasia.
➢ Infecção
➢ Úlcera de curling - pacientes internados há muito tempo
➢ Úlcera de marjolin - carcinoma espinocelular - evolução muito ruim - deve ser retirado
➢ Cicatriz hipertrófica
➢ Quelóide
➢ Contratura
➢ Amputações
Tratamento de sequelas
Queimaduras químicas
➢ Crestadura
○ Forma mais leve da lesão pelo frio
○ Dor, palidez, diminuição da sensibilidade local;
○ Tratamento: aquecimento
➢ Congelante: formação de cristais dentro das células
➢ 1º: hiperemia e edema
➢ 2º: vesículas e necrose de espessura parcial
➢ 3º: necrose de espessura total
Hipotermia sistêmica
A morfina age sobre o sistema nervoso central e outros órgãos do corpo. Seu principal efeito é
o alívio das dores intensas. O uso de morfina para o alívio da dor deve ser reservado para as
manifestações dolorosas mais graves, como no infarto do miocárdio, lesões graves ou dor
crônica severa associada ao câncer terminal.
Absorção
Os analgésicos opioides são, em sua maioria, bem absorvidos quando administrados por via
subcutânea, intramuscular e oral. Entretanto, devido ao efeito de primeira passagem, pode ser
necessário que a dose oral do opioide (p. ex., morfina) seja muito mais alta do que a dose
parenteral para produzir o efeito terapêutico. Existe uma considerável variabilidade de um
paciente para outro no metabolismo de primeira passagem dos opioides, tornando difícil a
previsão da dose oral efetiva. Ao evitar o metabolismo de primeira passagem, a insuflação
nasal de certos opioides pode resultar na rápida obtenção de níveis sanguíneos terapêuticos.
Outras vias de administração dos opioides incluem a mucosa oral com o uso de pastilhas
(lozenges*) e a aplicação de adesivos transdérmicos, que possibilita a liberação de analgésicos
potentes durante vários dias.
Distribuição
Metabolismo
Excreção
Os agonistas opioides produzem analgesia por meio de sua ligação a receptores específicos
acoplados à proteína G, que se localizam no cérebro e em regiões da medula espinal
envolvidas na transmissão e na modulação da dor. Alguns efeitos são mediados por receptores
opioides presentes nas terminações nervosas sensitivas periféricas.
Tendo em vista que um opioide pode atuar com diferentes potências como agonista, agonista
parcial ou antagonista em mais de uma classe ou subtipo de receptores, não surpreende que
esses agentes exerçam efeitos farmacológicos diversos.
É o fenômeno pelo qual doses repetidas de opioides apresentam uma diminuição do efeito
analgésico. Clinicamente, tem sido descrita como uma necessidade de doses crescentes de
opioides para obter a analgesia observada no início da administração de opioides. Embora o
desenvolvimento de tolerância já comece com a primeira dose de um opioide, ela pode só se
tornar clinicamente manifesta depois de 2 a 3 semanas de exposição frequente a doses
terapêuticas habituais. Entretanto, foi constatado que o uso de analgésicos opioides
ultrapotentes, como a remifentanila, em cuidados críticos e no perioperatório, provoca
tolerância aos opioides dentro de poucas horas. A tolerância desenvolve-se mais rapidamente
quando são administradas grandes doses a intervalos curtos, enquanto é minimizada pela
administração de pequenas doses a intervalos maiores.
Pode haver desenvolvimento de alto grau de tolerância aos efeitos analgésicos, sedativos e de
depressão respiratória de agonistas opioides. É possível provocar parada respiratória em um
indivíduo não tolerante com uma dose de 60 mg de morfina. Todavia, em um paciente com
dependência de opioides ou que exige um escalonamento dos opioides para controlar a dor
refratária do câncer, doses de até 2.000 mg de morfina administradas no decorrer de um
período de 2 ou 3 horas podem não provocar depressão respiratória significativa.
Contraindicação
Condições médicas que impedem a administração de opioides pela via intravenosa, alergia à
morfina e outros opioides, asma brônquica aguda, obstrução das vias aéreas superiores,
estados convulsivos, arritmias cardíacas, aumento da pressão intracraniana ou
cerebroespinhal, tumor cerebral, alcoolismo agudo e delirium tremens.
Gravidez – Categoria C: Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem
orientação médica ou do cirurgião-dentista.
Como usar
A administração de sulfato de morfina deve ser limitada a profissionais treinados no controle
de depressão respiratória, e no caso de administração epidural ou intratecal, por profissionais
habituados a estas técnicas e com o controle de complicações associadas a estas técnicas. Nos
ambientes onde o sulfato de morfina for administrado deve haver equipamento de
ressuscitação, oxigênio, naloxona injetável e outros fármacos ressuscitadores. Quando as vias
de administração peridural ou intratecal são empregadas, o paciente deve ficar sob observação
por pessoal técnico especializado e com acesso a equipamentos de ressuscitação, por no
mínimo 24 horas.
A percepção de uma "boa" qualidade de vida pelos pacientes que sofreram queimaduras
estaria relacionada à ideia de "normalidade", isto é, quando o indivíduo consegue dar
continuidade ao desempenho do seu papel social dentro da família e da sociedade. Logo,
indivíduos que não se apresentam satisfeitos em relação à capacidade funcional, imagem
corporal, retorno ao trabalho, desempenho nas atividades de lazer e relações interpessoais
podem apresentar uma percepção negativa da qualidade de vida.
Dentre as relações interpessoais, o apoio social define-se como aquilo que leva a pessoa a
acreditar que é amada, cuidada e valorizada. Sentimento que surge a partir de uma relação de
confiança mútua, entre duas ou mais pessoas, na qual sentimentos e informações são
compartilhados em qualquer circunstância.
Frente a isto, o apoio social, provindo dos familiares, amigos e de pessoas próximas, torna-se
um aspecto psicossocial que influencia diretamente na reabilitação dos indivíduos que
sofreram queimaduras, pois oferece suporte emocional, afetivo e material. A valorização da
família na prestação do cuidado constitui um importante aliado da equipe de saúde na busca
pela melhoria da assistência da pessoa acometida por condição crônica, pois, além de
proporcionar a continuidade dos cuidados terapêuticos no ambiente domiciliar, ainda
transcende a técnica, constituindo uma oportunidade de interação entre familiares e pacientes
Nos relatos, percebe-se que o apoio emocional provindo de pessoas próximas, com relação de
consanguinidade ou amizade, ou de profissionais dos serviços de saúde, durante o processo de
internação e após alta, foi um aspecto importante para recuperação dos sujeitos, uma vez que
a sua presença favorece a adesão ao tratamento e a redução de sentimentos de solidão e
ansiedade.
Indivíduos que sofreram queimaduras sentem-se incomodados pelas marcas físicas, devido à
presença de cicatrizes e limitações motoras provindas do trauma. Isto pode produzir a
necessidade do apoio dos familiares e amigos, passando a apresentar um efeito positivo no seu
bem-estar e na sua saúde. Desta maneira, quanto maior for o apoio social, maior será o
bem-estar psicológico do indivíduo durante a recuperação.
Dessa forma, o apoio social pode facilitar o processo de recuperação ao contribuir para o não
aparecimento de alterações psicológicas, tais como, ansiedade, depressão e estresse
pós-traumático.
Revela-se nos depoimentos que as sequelas estéticas são as principais "vilas" no afastamento
do sujeito da sua rotina de vida durante o processo de recuperação. A presença de cicatrizes
hipertróficas para o sobrevivente de queimaduras tem sido relatada como de grande
significado, uma vez que estas alteram a fisionomia do indivíduo.
Por originar descontentamento, desconforto ou vergonha frente aos olhares curiosos, quer seja
de familiares, amigos ou desconhecidos, os indivíduos passam a realizar tentativas de
ocultá-las, sendo a principal estratégia a utilização de roupas que cubram o local do corpo
onde se encontram as marcas que o incomodam.
A integridade física e a beleza são padrões estéticos que a sociedade impõe aos indivíduos.
Aqueles que não se encaixam nessas exigências podem ser vistos como "diferentes", fato que
pode influenciar a qualidade de vida do sujeito que sofreu queimadura, visto que este
apresenta com frequência comprometimento em sua capacidade funcional e estética,
dificultando o retorno ao convívio social.
A qualidade de vida, após queimadura, pode ser interpretada como o "estado de saúde
relacionado à capacidade de resposta e adaptação do indivíduo às mudanças ocorridas após o
acidente, no tangente a aspectos individuais (autopercepção), familiares e sociais (percepção
dos outros)". A partir do acidente, os indivíduos passam a identificar aspectos importantes,
tais como as mudanças estéticas e limitações físicas, que interferem na construção do conceito
de qualidade de vida, construído a partir das necessidades e características individuais
adquiridas ao longo da experiência de vida e após o trauma.
A queimadura, além de expor o paciente ao estresse, tanto pelo trauma em si quanto pela
ocorrência de dor, o distancia da rotina diária e do convívio com os familiares. A retomada
das atividades após a alta hospitalar também é um fator potencialmente estressor, pois
poderão surgir dificuldades físicas e emocionais de adaptação à nova condição de saúde.
Uma vez que a percepção de qualidade de vida de quem sofre queimaduras pode ocasionar
limitações físicas e psíquicas, identifica-se a necessidade dos enfermeiros buscarem
minimizar os danos causados por esta injúria. A promoção da qualidade de vida durante o
processo de recuperação requer dedicação e perseverança na assistência prestada, assim como
um olhar atento às particularidades do indivíduo queimado, tais como, a cultura, o meio no
qual ele está inserido, seus desejos e suas percepções frente à vida e a morte.