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UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO PROFESSOR JOSÉ DE SOUZA HERDY -

UNIGRANRIO

BACHARELADO EM ENFERMAGEM

Livia Banhos, 0053711.

QUEIMADURAS

TIPOS DE QUEIMADURA.

DUQUE DE CAXIAS - RJ

2023

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Livia Banhos,0053711.

QUEIMADURAS

Tipos de queimadura.

Trabalho de Bases de Anatomia desenvolvido pela


aluna do 2º período de Enfermagem da
Universidade Unigranrio, campus Caxias.

Professora: Verônica Nunes da Silva Cardoso.

DUQUE DE CAXIAS – RJ

2023

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Introdução
Na análise foram abordadas as queimaduras como o resultado do calor no corpo
humano, apontando melhorias no prognóstico devido ao reconhecimento do
debridamento precoce e avanços no uso de substitutos biológicos da pele. Porém, as
queimaduras continuam sendo uma causa significativa de mortalidade, principalmente
devido a infecções, complicações sistêmicas e o desenvolvimento de sequelas graves,
afetando a funcionalidade, causando deformidades e impactando aspectos psicossociais.
As queimaduras podem levar a complicações neurológicas, oftalmológicas e
geniturinárias, tornando crucial uma abordagem inicial correta para o prognóstico a
curto e longo prazo.
O objetivo da pesquisa é revisar as bases fisiopatológicas das queimaduras e os
princípios de avaliação do paciente queimado, visando à prestação adequada de
cuidados médicos de emergência.

Desenvolvimento
A queimadura compromete funções vitais da pele, como a regulação hidroeletrolítica,
controle da temperatura corporal, flexibilidade e lubrificação da superfície corporal. A
magnitude desse comprometimento está diretamente ligada à extensão e profundidade
da queimadura.
No contexto de uma queimadura, a injúria térmica desencadeia uma resposta local no
organismo, resultando em necrose tecidual e trombose dos vasos adjacentes.
Inicialmente, a ferida queimada está estéril, mas o tecido necrótico logo é colonizado
por bactérias, levando à liquefação da área e formação de tecido de granulação, crucial
para a cicatrização. Em queimaduras mais graves, especialmente aquelas extensas,
ocorre uma resposta sistêmica do organismo devido à liberação de mediadores pelo
tecido lesado.
Nas grandes queimaduras, há um dano extenso aos vasos sanguíneos, levando à rápida
perda de fluidos através da evaporação na ferida ou pelo acúmulo nos tecidos. A
colonização bacteriana exacerba essa situação. Em queimaduras muito extensas, o
sistema imunológico se sobrecarrega, dificultando o controle da infecção sistêmica, o
que reduz drasticamente as chances de sobrevivência. Essa resposta sistêmica se
manifesta por febre, aumento do metabolismo, perda muscular e desequilíbrios
fisiológicos, incluindo a função hormonal, barreira gastrointestinal comprometida e
desequilíbrio hidroeletrolítico.
Para avaliação das queimaduras é necessário considerar múltiplos fatores essenciais.
Destacando-se entre eles: a profundidade, extensão e localização da queimadura, a idade
da vítima, condições prévias, agravantes e a possibilidade de inalação de fumaça como
elementos cruciais a serem analisados no processo de avaliação do paciente queimado.

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Profundidade: Determinante para o resultado estético e funcional da queimadura.
Avalia-se em graus, dependendo da intensidade do agente térmico e do tempo de
contato com o tecido.
Extensão: Fator determinante para os riscos gerais nas primeiras horas. Calculada em
porcentagem da superfície corporal total (SC). Métodos de cálculo, como o da palma da
mão da vítima e a regra dos noves de Wallace, são utilizados. O diagrama de Lund &
Browder é mais preciso e pondera variações de forma do corpo conforme a idade.
Localização: Queimaduras na face, pescoço e mãos são desfavoráveis devido aos riscos
estéticos e funcionais. As próximas a orifícios naturais têm maior risco de contaminação
séptica.
Idade: Importante na avaliação da gravidade, sendo que idosos e crianças enfrentam
maior repercussão sistêmica.
Doenças e condições associadas: Traumas concomitantes, doenças pré-existentes,
alcoolismo, drogas ilícitas e outros fatores pioram o prognóstico, afetando a
recuperação.
Inalação de produtos de combustão: Além dos danos causados pela inalação de gases
tóxicos, os produtos de combustão causam inflamação na mucosa traqueobrônquica,
levando a complicações graves e elevando a mortalidade dos queimados.
Esses elementos devem ser cuidadosamente considerados na avaliação de um paciente
queimado, devido ao impacto que cada um desses fatores pode ter na evolução do
quadro clínico e prognóstico.
Os primeiros cuidados prestados a uma vítima de queimadura são fundamentais para o
desfecho do tratamento, sendo decisivos na redução da morbidade e mortalidade. É
crucial educar a população e treinar grupos de risco para lidar adequadamente com
casos de queimadura, incluindo procedimentos de primeiros socorros nos programas de
saúde.
Remoção da fonte de calor: A primeira medida é afastar a vítima da chama ou retirar o
objeto quente. Se as roupas estiverem em chamas, a vítima deve rolar-se no chão, nunca
correr ou ser envolvida em cobertores, que podem alimentar as chamas. As roupas
aderidas à pele devem ser removidas apenas no momento do tratamento da ferida.
Resfriamento da área queimada: Utilizar água corrente fria, não gelada, durante cerca
de 10 a 20 minutos para limpar a ferida, interromper a progressão do calor, aliviar a dor
e reduzir o edema. Se a queimadura for menor que 5% da superfície corporal, após o
resfriamento, a área pode ser protegida com gazes, compressas ou toalhas de algodão
úmidas, coberta com plástico ou material impermeável e o paciente envolvido com uma
manta ou cobertor.
Na abordagem médica de queimaduras de primeiro grau, o tratamento é ambulatorial e
focado no controle da dor e cuidados locais na área afetada. Para controlar a dor, são
utilizados analgésicos como cloridrato de tramadol para adultos ou paracetamol/fosfato
de codeína. Compressas de água fria ajudam a aliviar a dor, e corticosteroides tópicos

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podem ser empregados para reduzir a inflamação. É crucial recomendar a fotoproteção
para prevenir descolorações residuais.
No caso de queimaduras de segundo e terceiro graus, além do exame da vítima, é
importante colher uma história detalhada da queimadura para identificar possíveis
lesões concomitantes, inalação de fumaça e tratamentos prévios. É recomendável obter
uma breve história médica prévia, incluindo informações sobre doenças, medicamentos,
alergias e vacinações. Durante o atendimento, é essencial manter a calma e não se
deixar impressionar pelo aspecto chocante da queimadura, a fim de não perder lesões
graves, como traumas neurológicos, ortopédicos e viscerais. O cuidado é redobrado se
houver suspeita de lesão na coluna vertebral.
As queimaduras na face, pescoço e casos de queimaduras elétricas são consideradas
graves devido ao risco de comprometimento das vias respiratórias e arritmias cardíacas.
Após avaliar a queimadura e as condições respiratórias e circulatórias, torna-se essencial
distinguir entre uma queimadura benigna e uma grave, a fim de oferecer o tratamento
adequado.
Queimaduras benignas são caracterizadas por:
• Ausência de insuficiência respiratória imediata ou risco futuro de insuficiência
respiratória (caso de queimaduras em face e pescoço).
• Queimaduras de segundo ou terceiro grau inferiores a 10% da superfície corporal em
crianças e 15% em adultos.
Embora essas queimaduras raramente representem risco de vida para o paciente,
algumas situações indicam a necessidade de encaminhamento para atendimento
hospitalar especializado, como lesões extensas de terceiro grau que excedem 1% da
superfície corporal ou lesões nas mãos. Além disso, outros fatores que podem demandar
atenção hospitalar incluem condições especiais do paciente, como idade crítica (idosos e
crianças) e doenças associadas, como diabetes, hipertensão, insuficiência cardíaca ou
renal, entre outras.
No atendimento ambulatorial, a analgesia é fundamental, inicialmente administrada via
endovenosa com meperidina ou cloridrato de tramadol. Posteriormente, o controle da
dor é mantido por via oral, com doses específicas desses medicamentos a cada quatro ou
seis horas.
Os cuidados incluem a excisão de grandes bolhas, preservando as pequenas, e a
remoção de tecidos desvitalizados, seguidos por uma limpeza profunda da ferida com
soluções como clorexidina diluída ou iodopolivinilpirrolidona (PVPI), enxaguadas com
água ou solução fisiológica. A PVPI, conhecida por suas propriedades antimicrobianas,
deve permanecer por cinco minutos para liberar o iodo, evitando o enxágue com solução
fisiológica, que poderia inativar parcialmente a PVPI. Em seguida, é feito o curativo
com gaze vaselinada estéril, ataduras de gaze e bandagem de crepom, sem aplicar
compressão excessiva. A utilização inicial de sulfadiazina de prata é evitada, pois pode
dificultar a avaliação da área queimada, que pode evoluir nas primeiras 48 horas.
A verificação do estado da proteção antitetânica é essencial. Se o paciente estiver
devidamente imunizado (com no mínimo três doses), apenas um reforço é necessário se

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a última dose foi administrada há mais de cinco anos. Caso a imunização seja
desconhecida ou incompleta, é recomendado um reforço com toxoide tetânico e a
aplicação de gamaglobulina hiper imune para tétano.
Em casos de queimaduras graves, definidas por:
• Presença de insuficiência respiratória imediata ou risco potencial (especialmente em
queimaduras na face e pescoço).
• Queimaduras de segundo ou terceiro grau superiores a 10% da superfície corporal em
crianças e 15% em adultos.
Toda medicação deve ser administrada exclusivamente por via endovenosa, exceto o
reforço de toxoide tetânico, se necessário, que é administrado intramuscularmente. O
atendimento é essencialmente hospitalar e envolve quatro estágios sequenciais:
Controle da função respiratória: Oxigenioterapia é iniciada por catéter nasal com
oxigênio umidificado (3 a 5 litros por minuto). A intubação é considerada em situações
como inalação de fumaça ou queimaduras extensas na face e pescoço, onde pode
ocorrer edema tardio, dificultando a respiração.
Controle hemodinâmico: Reposição de líquidos é urgente em queimaduras graves,
sendo calculada pela fórmula de Parkland. Monitora-se a diurese e variáveis
hemodinâmicas.
Controle da dor: Utilização de agonistas morfínicos via endovenosa, como a
meperidina, administrados inicialmente e mantidos posteriormente se necessário,
juntamente com benzodiazepínicos em casos refratários.
Acondicionamento para transporte: Caso seja necessário transportar o paciente para
uma Unidade de Queimados, são tomadas precauções, incluindo a instalação de uma
sonda gástrica e a proteção da ferida, além da manutenção da temperatura corporal para
evitar a hipotermia.
Na Unidade de Queimados, o cuidado intensivo visa limitar a progressão dos efeitos
sistêmicos das queimaduras graves, prevenir falhas orgânicas e manter o suporte
nutricional e controle de infecções, a principal causa de mortalidade após o período
inicial. Com avanços na sobrevivência dos grandes queimados, a reconstrução das áreas
afetadas, a reabilitação funcional e psicológica e a reintegração social das vítimas de
queimaduras têm mostrado progressos significativos.

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REFERÊNCIAS
Siviero do Vale, E. C. PRIMEIRO ATENDIMENTO EM QUEIMADURAS: a
abordagem do dermatologista. Educação Médica Continuada - EMC • An. Bras.
Dermatol. 80 (1) • Fev 2005. Disponível em:
https:<//www.scielo.br/j/abd/a/TwnrQGbRB7MJFTr5G9tDmMD/>. Acesso em: 04 de
nov. de 2023.

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