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P12 ___/___/_____
Introdução:
Lesão tecidual ou sistêmica decorrente de uma transferência de energia, geralmente térmica
(T° ≥ 44º C) ou frio, elétrica, química ou radioativa, atrito ou fricção e até mesmo alguns animais e
plantas (como larvas, águas-vivas e urtiga). É um dos acidentes domésticos mais comuns, sendo
especialmente importante na faixa etária pré-escolar.
No Brasil as queimaduras representam a 4ª causa de morte e hospitalização, por acidente, de
crianças e adolescentes de até 14 anos.
O grande queimado é aquele com mais de 20% de superfície corpórea acometida, com
lesões de segundo e terceiro graus.
Causas comuns:
– Escaldadura (queimadura por líquidos quentes): é a principal causa em menores de 05 anos.
– Contato com fogo e objetos quentes: as queimaduras por chamas são mais graves, atingem maior
extensão e profundidade da pele. O álcool é um importante agente causador.
– Queimadura provocada por substâncias químicas: a ingestão de soda cáustica continua sendo a
maior fonte de queimaduras químicas em crianças. As pequenas pilhas, as baterias de relógios e de
aparelhos eletrônicos representam perigo por possuir conteúdo corrosivo.
– Queimadura por exposição à eletricidade: os acidentes por fios e aparelhos elétricos acometem
mais as crianças menores de 05 anos. Também são vítimas os adolescentes que ao empinar ou
retirar pipas da rede elétrica têm contato com fios de alta-tensão.
– Exposição excessiva ao sol.
Diagnóstico:
O diagnóstico é feito por meio da observação das lesões, sendo fundamental a determinação
do porcentual da superfície corpórea queimada (SCQ), uma vez que tal valor é diretamente
proporcional à gravidade da lesão e funciona como índice prognóstico. Também é necessária a
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Classificação:
– Quanto à profundidade:
1. Queimadura de 1º grau: são queimaduras leves em que ocorre uma vermelhidão no local,
seguida de edema e dor variável. Não se formam bolhas e a pele não se desprende. Geralmente,
deixa um ardor no local, com cura espontânea em 3 a 6 dias e raramente fica uma cicatriz.
2. Queimaduras de 2º grau: são queimaduras em que ocorre uma destruição maior da epiderme e
derme. A dor é mais intensa e, normalmente, aparecem bolhas no local ou há desprendimento total
ou parcial da pele afetada. É comumente observada nas queimaduras por líquidos quentes. A
recuperação dos tecidos é mais lenta e depende da gravidade das lesões: quando menos profundas, a
cura pode ocorrer em cerca de duas semanas sem deixar cicatrizes ou com cicatrizes discretas. As
mais profundas demoram várias semanas e podem resultar em cicatrizes significativas e manchas
claras ou escuras.
3. Queimaduras de 3º grau: são queimaduras em que há uma destruição total de todas as camadas
da pele. A ferida é seca, brancacenta ou marrom e a dor é geralmente pequena, pois a queimadura é
tão profunda que chega a danificar as terminações nervosas da pele. Pode ser muito grave e até
fatal, dependendo da porcentagem de área corporal afetada. Observada freqüentemente nas
queimaduras por chama, nas queimaduras químicas e elétricas. Na evolução, sempre deixam
cicatrizes, podendo ser necessário tratamento cirúrgico e fisioterápico posterior, para retirada de
lesões e aderências que afetem a movimentação. Tardiamente, algumas cicatrizes podem ser foco de
carcinomas de pele e, por isso, o acompanhamento dessas lesões é fundamental.
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1. Regra dos nove (urgência): A superfície palmar do paciente (incluindo os dedos) representa
cerca de 1% da SCQ.
* superfície corpórea (SC): 4 x peso + 7
Peso + 90
2. Áreas nobres/queimaduras especiais: Olhos, orelhas, face, pescoço, mão, pé, região inguinal,
grandes articulações (ombro, axila, cotovelo, punho, articulação coxofemural, joelho e tornozelo) e
órgãos genitais, bem como queimaduras profundas que atinjam estruturas profundas como ossos,
músculos, nervos e/ou vasos desvitalizados.
Fonte: GOMES, Dino R.; SERRA, Maria Cristina; PELLON, Marco A. Tratado de Queimaduras: um guia prático. São José, SC:
Revinter, 1997
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– lesão de terceiro grau atingindo mais de 2% de superfície corporal em menores de 12 anos e mais
de 5% de superfície corporal em maiores de 12 anos;
– lesão de segundo grau atingindo área superior a 10% em menores de 12 anos e superior a 15% em
maiores de 12 anos;
– queimaduras de face ou pé ou mão ou pescoço;
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– pacientes queimados, na fase aguda, com superfície corporal queimada igual ou maior que 20%,
em menores de 12 anos;
– pacientes queimados, na fase aguda, com superfície corporal queimada igual ou maior que 30%,
em maiores de 12 anos;
– pacientes, com qualquer idade, com suspeita ou diagnóstico de inalação de fumaça.
Tratamento:
– Primeiro atendimento ao paciente:
1. Exame Básico:
O primeiro atendimento da criança queimada segue as normas básicas do PALS/ATLS
– A. Vias aéreas (avaliação): Avalie a presença de corpos estranhos, verifique e retire qualquer
tipo de obstrução.
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2. Cuidados Imediatos:
– Parar o processo da queimadura;
– Lavar com água corrente até a dor passar;
– Proteger com tecido seco, estéril ou limpo.
– Acesso venoso: Obtenha preferencialmente acesso venoso periférico e calibroso, mesmo em área
queimada, e somente na impossibilidade desta utilize acesso venoso central.
– Instale sonda vesical de demora para o controle da diurese nas queimaduras em área corporal
superior a 20% em adultos e 10% em crianças.
3. Cuidados Iniciais:
– Remoção de roupas queimadas ou intactas nas áreas da queimadura;
– Remova anéis, pulseiras e colares, pois o edema se desenvolve rapidamente;
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4. Cuidados Locais:
– Remoção de contaminantes ou medicamentos caseiros;
– Limpeza local, se necessário, com sabão neutro ou glicerinado, sabão de coco ou sabão líquido e
lavagem abundante com água corrente;
– Verificar lesões de córnea – avaliação oftalmologista?
– Resfriar agentes aderentes, por exemplo: piche, com água corrente, mas não tentar a remoção
imediata;
– Em casos de queimaduras por agentes químicos, irrigar abundantemente com água corrente de
baixo fluxo, após retirar o excesso do agente químico em pó, se for o caso por pelo menos 20 a 30
minutos;
– Não aplicar agentes neutralizantes, pois a reação é exotérmica, podendo agravar a queimadura;
– Após a limpeza das lesões, os curativos deverão ser realizados com sulfadiazina de prata a 1%
– Utilizar preferencialmente curativos oclusivos, exceto em lesões de orelha ou períneo.
– Orelhas: utilizar curativo aberto e evitar a pressão excessiva para prevenir a condrite;
– Olhos: as queimaduras corneanas superficiais devem ser tratadas com irrigação vigorosa, pomada
oftálmica antibiótica e vedação ocular.
Em todas as lesões diagnosticadas e naquelas onde o diagnóstico é dúbio, solicitar avaliação do
oftalmologista.
Não ocluir se o agente lesivo for álcali (água de cal, amoníaco, soda cáustica);
– Mãos: as mãos devem ficar elevadas por 24 h a 48 h após a queimadura, para minimizar o
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edema.
Os pacientes com queimaduras circunferenciais das mãos podem necessitar de hospitalização para
observação de uma circulação adequada.
– Pés: as queimaduras dos pés são dolorosas;
Os pés queimados terão que ficar elevados quando o paciente não estiver andando;
– Queimaduras elétricas: Os acidentes com baixa voltagem são os mais comuns na criança e
freqüentemente ocorrem em casa. Geralmente, causam lesão cutânea mínima, sem dano profundo
ao músculo. Todas as lesões de comissura labial ou faciais devem ser tratadas por especialistas. As
queimaduras elétricas maiores geralmente são progressivas e mais graves que as lesões térmicas
diretas. São de difícil avaliação pela possibilidade de lesões profundas não visíveis, muitas vezes
subestimadas, mutilantes ou associadas a traumatismos.
Na admissão, deve ser realizado eletrocardiograma, exame de urina, gasometria arterial além dos
exames rotineiros. Recomenda-se a monitoração cardíaca contínua até 24 horas após a eletrocussão.
Em caso de mioglobinúria ou de hemoglobinúrias macroscópicas, devem-se:
• manter diurese acima de 2 mL/kg/h;
• alcalinizar a urina com bicarbonato de sódio (50 mEq/1.000 mL de RL) e manter pH sanguíneo
levemente alcalino;
• usar manitol: ataque com 0,5 g/kg (máximo: 25 g) e manutenção com 0,2 g/kg/dose (máximo:
12,5 g), até que a urina não apresente mais pigmentos macroscópicos.
6. Reparação Volêmica:
A reparação volêmica não deve ser atrasada, pois o choque pode se instalar rapidamente. Deve ser
iniciada no primeiro atendimento: necessidade urgente de se repor fluido sequestrado e perdas, a
fim de se restaurar a volemia; manter a perfusão tissular e os débitos cardíaco e urinário.
– Nas crianças com queimaduras com extensão inferior a 15% da superfície corporal ou 10% se
menor de um ano, basta a hidratação oral, baseada nas perdas e necessidades fisiológicas.
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– Nas primeiras oito horas: administra-se 1/2 do volume da fórmula de reparação + ⅓ das
necessidades fisiológicas. A contagem de tempo é feita a partir do momento em que ocorreu a
queimadura e não do momento em que a criança chegou ao hospital.
Não se deve administrar Cálcio e Potássio no primeiro dia, pois a potassemia e calcemia estarão
normais devido à liberação plasmática.
Em lactentes acompanhar com HGT de horário, pois podem fazer hipoglicemia e talvez
necessitem de hidratação com soro glicofisiológico ou durante hidratação com SF 0,9% ou RL
receber push glicose (SG10% - 2 ml/kg), se necessário.
O volume urinário deve ser mantido em torno de 1,5 mL/kg/h e, nas queimaduras elétricas,
2 mL/kg/h, devido ao risco adicional de insuficiência renal aguda pela hemoglobinúria e
mioglobinúria conseqüentes a intensa rabdomiólise.
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7. Tratamento da dor:
Dipirona: 15 a 25 mg/kg/dose EV ou
Morfina: 10 mg (1 ml) diluída em 9ml de SF a 0,9%, (diluição: 1ml = 1 mg). Administre de 0,5 a 1
mg/cada 10 kg de peso/dose.
8. Medidas gerais:
– Administre bloqueador do receptor de H2 para profilaxia da úlcera de estresse
Exames laboratoriais:
• Gasometria arterial: monitoração de hipóxia e de acidose metabólica, associadas à baixa perfusão
tecidual;
• hemograma completo;
• urina 1;
• uréia e creatinina;
• eletrólitos;
• transaminases e enzimas cardíacas para as vítimas de queimaduras elétricas;
• albumina sérica
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– Choque hipovolêmico:
• insuficiência renal aguda;
• síndrome de disfunção respiratória aguda;
• aprofundamento de feridas;
• sepse;
• acidose metabólica;
• insuficiência renal aguda por pigmentos (mioglobina e hemoglobina).
Prognóstico:
Depende da extensão da SCQ, da profundidade e localização da lesão, da presença de lesões e/ou
doenças crônicas associadas e da idade do paciente.
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Referências:
1. Queimaduras em crianças, o que fazer. https://www.hospitalinfantilsabara.org.br/sintomas-
doencas-tratamentos/queimaduras-em-criancas-o-que-fazer/
4. Queimaduras. https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/queimaduras/
5. Reparação volêmica na criança queimada. Prata, Pedro H. L.; Flávio Júnior, Walter F.; Lemos,
Antônio T. O.; Revista Médica Minas Gerais, 2015.
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