Você está na página 1de 13

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO

Data da Revisão:
Número: Data da validação:
P12 ___/___/_____

Atendimento Inicial ao Queimado

Introdução:
Lesão tecidual ou sistêmica decorrente de uma transferência de energia, geralmente térmica
(T° ≥ 44º C) ou frio, elétrica, química ou radioativa, atrito ou fricção e até mesmo alguns animais e
plantas (como larvas, águas-vivas e urtiga). É um dos acidentes domésticos mais comuns, sendo
especialmente importante na faixa etária pré-escolar.
No Brasil as queimaduras representam a 4ª causa de morte e hospitalização, por acidente, de
crianças e adolescentes de até 14 anos.
O grande queimado é aquele com mais de 20% de superfície corpórea acometida, com
lesões de segundo e terceiro graus.

Causas comuns:
– Escaldadura (queimadura por líquidos quentes): é a principal causa em menores de 05 anos.
– Contato com fogo e objetos quentes: as queimaduras por chamas são mais graves, atingem maior
extensão e profundidade da pele. O álcool é um importante agente causador.
– Queimadura provocada por substâncias químicas: a ingestão de soda cáustica continua sendo a
maior fonte de queimaduras químicas em crianças. As pequenas pilhas, as baterias de relógios e de
aparelhos eletrônicos representam perigo por possuir conteúdo corrosivo.
– Queimadura por exposição à eletricidade: os acidentes por fios e aparelhos elétricos acometem
mais as crianças menores de 05 anos. Também são vítimas os adolescentes que ao empinar ou
retirar pipas da rede elétrica têm contato com fios de alta-tensão.
– Exposição excessiva ao sol.

Diagnóstico:
O diagnóstico é feito por meio da observação das lesões, sendo fundamental a determinação
do porcentual da superfície corpórea queimada (SCQ), uma vez que tal valor é diretamente
proporcional à gravidade da lesão e funciona como índice prognóstico. Também é necessária a

Elaborado por: Revisado por: Aprovado por: Validado por:

Dra Eclair B. S. Gomes Dr José Ernesto A. Trigo Dr Paulo Pepulim Bastos Dr Sérgio Henrique Antônio
Dra Pricila R. Borges Intensivista Pediátrico Diretor DUUPA Secretário Municipal de Saúde
Pediatras – SMS Pediatra - SMS
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO

Data da Revisão:
Número: Data da validação:
P12 ___/___/_____

determinação da profundidade da queimadura, que, junto com a extensão da superfície queimada e a


idade, é o principal determinante da mortalidade.

Classificação:
– Quanto à profundidade:

1. Queimadura de 1º grau: são queimaduras leves em que ocorre uma vermelhidão no local,
seguida de edema e dor variável. Não se formam bolhas e a pele não se desprende. Geralmente,
deixa um ardor no local, com cura espontânea em 3 a 6 dias e raramente fica uma cicatriz.

2. Queimaduras de 2º grau: são queimaduras em que ocorre uma destruição maior da epiderme e
derme. A dor é mais intensa e, normalmente, aparecem bolhas no local ou há desprendimento total
ou parcial da pele afetada. É comumente observada nas queimaduras por líquidos quentes. A
recuperação dos tecidos é mais lenta e depende da gravidade das lesões: quando menos profundas, a
cura pode ocorrer em cerca de duas semanas sem deixar cicatrizes ou com cicatrizes discretas. As
mais profundas demoram várias semanas e podem resultar em cicatrizes significativas e manchas
claras ou escuras.

3. Queimaduras de 3º grau: são queimaduras em que há uma destruição total de todas as camadas
da pele. A ferida é seca, brancacenta ou marrom e a dor é geralmente pequena, pois a queimadura é
tão profunda que chega a danificar as terminações nervosas da pele. Pode ser muito grave e até
fatal, dependendo da porcentagem de área corporal afetada. Observada freqüentemente nas
queimaduras por chama, nas queimaduras químicas e elétricas. Na evolução, sempre deixam
cicatrizes, podendo ser necessário tratamento cirúrgico e fisioterápico posterior, para retirada de
lesões e aderências que afetem a movimentação. Tardiamente, algumas cicatrizes podem ser foco de
carcinomas de pele e, por isso, o acompanhamento dessas lesões é fundamental.

– Quanto à extensão da queimadura (superfície corpórea queimada – SCQ):

Elaborado por: Revisado por: Aprovado por: Validado por:

Dra Eclair B. S. Gomes Dr José Ernesto A. Trigo Dr Paulo Pepulim Bastos Dr Sérgio Henrique Antônio
Dra Pricila R. Borges Intensivista Pediátrico Diretor DUUPA Secretário Municipal de Saúde
Pediatras – SMS Pediatra - SMS
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO

Data da Revisão:
Número: Data da validação:
P12 ___/___/_____

1. Regra dos nove (urgência): A superfície palmar do paciente (incluindo os dedos) representa
cerca de 1% da SCQ.
* superfície corpórea (SC): 4 x peso + 7
Peso + 90

2. Áreas nobres/queimaduras especiais: Olhos, orelhas, face, pescoço, mão, pé, região inguinal,
grandes articulações (ombro, axila, cotovelo, punho, articulação coxofemural, joelho e tornozelo) e
órgãos genitais, bem como queimaduras profundas que atinjam estruturas profundas como ossos,
músculos, nervos e/ou vasos desvitalizados.

Regra dos Nove em criança e adolescente/adulto

Fonte: GOMES, Dino R.; SERRA, Maria Cristina; PELLON, Marco A. Tratado de Queimaduras: um guia prático. São José, SC:
Revinter, 1997

Elaborado por: Revisado por: Aprovado por: Validado por:

Dra Eclair B. S. Gomes Dr José Ernesto A. Trigo Dr Paulo Pepulim Bastos Dr Sérgio Henrique Antônio
Dra Pricila R. Borges Intensivista Pediátrico Diretor DUUPA Secretário Municipal de Saúde
Pediatras – SMS Pediatra - SMS
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO

Data da Revisão:
Número: Data da validação:
P12 ___/___/_____

– Quanto a Gravidade da queimadura:

1. Pequeno Queimado ou Queimado de Pequena Gravidade: Considera-se como queimado de


pequena gravidade o paciente com:
– queimaduras de primeiro grau em qualquer extensão, em qualquer idade e/ou;
– queimaduras de segundo grau com área corporal atingida até 5% em crianças menores de 12 anos,
ou;
– queimaduras de segundo grau com área corporal atingida até 10% em maiores de 12 anos.

2. Médio Queimado ou Queimado de Média Gravidade: Considera-se como queimado de média


gravidade o paciente com:
– queimaduras de segundo grau com área corporal atingida entre 5% a 15% em menores de 12
anos, ou;
– queimaduras de segundo grau com área corporal atingida entre 10% a 20% em maiores de 12
anos, ou;
– qualquer queimadura de segundo grau envolvendo mão ou pé ou face ou pescoço ou axila ou
grande articulação (axila ou cotovelo ou punho ou coxofemoral ou joelho ou tornozelo), em
qualquer idade;
– queimaduras que não envolvam face ou mão ou períneo ou pé, de terceiro grau com até 5% da
área corporal atingida em crianças até 12 anos, ou;
– queimaduras que não envolvam face ou mão ou períneo ou pé, de terceiro grau com até 10% da
área corporal atingida em maiores de 12 anos.

3. Grande Queimado ou Queimado de Grande Gravidade: Considera-se como queimado de


grande gravidade o paciente com:
– queimaduras de segundo grau com área corporal atingida maior do que 15% em menores de 12
anos, ou;
– queimaduras de segundo grau com área corporal atingida maior do que 20% em maiores de 12
anos, ou;
– queimaduras de terceiro grau com área corporal atingida maior do que 5% em menores de 12
anos, ou;
– queimaduras de terceiro grau com área corporal atingida maior do que 10% em maiores de 12
anos, ou;

Elaborado por: Revisado por: Aprovado por: Validado por:

Dra Eclair B. S. Gomes Dr José Ernesto A. Trigo Dr Paulo Pepulim Bastos Dr Sérgio Henrique Antônio
Dra Pricila R. Borges Intensivista Pediátrico Diretor DUUPA Secretário Municipal de Saúde
Pediatras – SMS Pediatra - SMS
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO

Data da Revisão:
Número: Data da validação:
P12 ___/___/_____

– queimaduras de segundo ou terceiro grau atingindo o períneo, em qualquer idade, ou;


– queimaduras de terceiro grau atingindo mão ou pé ou face ou pescoço ou axila, em qualquer
idade, ou;
– queimaduras por corrente elétrica.

Será igualmente considerado grande queimado ou queimado de grande gravidade, o


paciente que for vítima de queimaduras de qualquer extensão que tenha associada a esta
queimadura uma ou mais das seguintes situações:
– lesão inalatória;
– politraumatismo;
– fratura óssea em qualquer localização;
– traumatismo craniano encefálico (diagnosticado por exames radiológicos ou por quadro clínico);
– choque de qualquer origem;
– insuficiência renal;
– insuficiência cardíaca;
– insuficiência hepática;
– diabetes;
– distúrbios da coagulação e hemostasia;
– embolia pulmonar;
– quadros infecciosos graves decorrentes ou não da queimadura (que necessitem antibioticoterapia
venosa);
– síndrome compartimental ou do túnel do carpo, associada ou não à queimadura;
– doenças consumptivas, ou;
– qualquer outra afecção que possa ser fator de complicação à lesão ou ao quadro clínico da
queimadura.

A internação está indicada nos seguintes tipos de queimaduras:

– lesão de terceiro grau atingindo mais de 2% de superfície corporal em menores de 12 anos e mais
de 5% de superfície corporal em maiores de 12 anos;
– lesão de segundo grau atingindo área superior a 10% em menores de 12 anos e superior a 15% em
maiores de 12 anos;
– queimaduras de face ou pé ou mão ou pescoço;

Elaborado por: Revisado por: Aprovado por: Validado por:

Dra Eclair B. S. Gomes Dr José Ernesto A. Trigo Dr Paulo Pepulim Bastos Dr Sérgio Henrique Antônio
Dra Pricila R. Borges Intensivista Pediátrico Diretor DUUPA Secretário Municipal de Saúde
Pediatras – SMS Pediatra - SMS
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO

Data da Revisão:
Número: Data da validação:
P12 ___/___/_____

– queimaduras de região perineal ou genitália;


– queimadura circunferencial de extremidade ou do tórax;
– queimaduras por descarga elétrica;
– inalação de fumaça ou lesões das vias aéreas;
– queimaduras menores concomitantes a outros importantes traumas ou a doenças preexistentes que
possam vir a agravar o quadro;

A internação na UTI está indicada, entre outros, nos seguintes casos:

– pacientes queimados, na fase aguda, com superfície corporal queimada igual ou maior que 20%,
em menores de 12 anos;
– pacientes queimados, na fase aguda, com superfície corporal queimada igual ou maior que 30%,
em maiores de 12 anos;
– pacientes, com qualquer idade, com suspeita ou diagnóstico de inalação de fumaça.

Tratamento:
– Primeiro atendimento ao paciente:

1. Exame Básico:
O primeiro atendimento da criança queimada segue as normas básicas do PALS/ATLS

– A. Vias aéreas (avaliação): Avalie a presença de corpos estranhos, verifique e retire qualquer
tipo de obstrução.

– B. Respiração: Aspire as vias aéreas superiores, se necessário. Administre oxigênio a 100%


(máscara umidificada) e, na suspeita de intoxicação por monóxido de carbono, mantenha a
oxigenação por três horas.
Suspeita de lesão inalatória:
• Queimadura em ambiente fechado com acometimento da face,
• Presença de rouquidão,
• Estridor,
• Escarro carbonáceo,
• Dispnéia,
Elaborado por: Revisado por: Aprovado por: Validado por:

Dra Eclair B. S. Gomes Dr José Ernesto A. Trigo Dr Paulo Pepulim Bastos Dr Sérgio Henrique Antônio
Dra Pricila R. Borges Intensivista Pediátrico Diretor DUUPA Secretário Municipal de Saúde
Pediatras – SMS Pediatra - SMS
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO

Data da Revisão:
Número: Data da validação:
P12 ___/___/_____

• Queimadura das vibrissas,


• Insuficiência respiratória.
Mantenha a cabeceira elevada (30°).
Indique intubação orotraqueal quando:
• A escala de coma Glasgow for menor do que 8;
• A PaO2 for menor do que 60;
• A PaCO2 for maior do que 55 na gasometria;
• A saturação for menor do que 90 na oximetria;
• Houver edema importante de face ou orofaringe (nesses casos não é infreqüente ocorrer
estridor laríngeo e é importante NÃO postergar a intubação orotraqueal, pois com o edema
que está evoluindo torna - se cada vez mais difícil tecnicamente. Sugere – se intubação com
cânula 0,5 cm menor que o recomendável para criança e de preferência com cuff).

– C. Avalie se há queimaduras circulares no tórax, nos membros superiores e inferiores e verifique


a perfusão distal e o aspecto circulatório (oximetria de pulso).

– D. Avalie traumas associados, doenças prévias ou outras incapacidades e adote providências


imediatas.

– E. Exponha a área queimada.

2. Cuidados Imediatos:
– Parar o processo da queimadura;
– Lavar com água corrente até a dor passar;
– Proteger com tecido seco, estéril ou limpo.
– Acesso venoso: Obtenha preferencialmente acesso venoso periférico e calibroso, mesmo em área
queimada, e somente na impossibilidade desta utilize acesso venoso central.
– Instale sonda vesical de demora para o controle da diurese nas queimaduras em área corporal
superior a 20% em adultos e 10% em crianças.

3. Cuidados Iniciais:
– Remoção de roupas queimadas ou intactas nas áreas da queimadura;
– Remova anéis, pulseiras e colares, pois o edema se desenvolve rapidamente;
Elaborado por: Revisado por: Aprovado por: Validado por:

Dra Eclair B. S. Gomes Dr José Ernesto A. Trigo Dr Paulo Pepulim Bastos Dr Sérgio Henrique Antônio
Dra Pricila R. Borges Intensivista Pediátrico Diretor DUUPA Secretário Municipal de Saúde
Pediatras – SMS Pediatra - SMS
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO

Data da Revisão:
Número: Data da validação:
P12 ___/___/_____

– Avaliação clínica completa e registro do agente causador, da extensão e da profundidade da


queimadura;
– História médica pregressa, como alergias ou doenças prévias;
– Pesquisar maus tratos nas crianças;
– Pesquisar história de queda ou trauma associado;
– Profilaxia de tétano, se necessário;
– Triagem – necessária internação?

4. Cuidados Locais:
– Remoção de contaminantes ou medicamentos caseiros;
– Limpeza local, se necessário, com sabão neutro ou glicerinado, sabão de coco ou sabão líquido e
lavagem abundante com água corrente;
– Verificar lesões de córnea – avaliação oftalmologista?
– Resfriar agentes aderentes, por exemplo: piche, com água corrente, mas não tentar a remoção
imediata;
– Em casos de queimaduras por agentes químicos, irrigar abundantemente com água corrente de
baixo fluxo, após retirar o excesso do agente químico em pó, se for o caso por pelo menos 20 a 30
minutos;
– Não aplicar agentes neutralizantes, pois a reação é exotérmica, podendo agravar a queimadura;
– Após a limpeza das lesões, os curativos deverão ser realizados com sulfadiazina de prata a 1%
– Utilizar preferencialmente curativos oclusivos, exceto em lesões de orelha ou períneo.

5. Queimaduras em áreas especiais:

– Orelhas: utilizar curativo aberto e evitar a pressão excessiva para prevenir a condrite;

– Olhos: as queimaduras corneanas superficiais devem ser tratadas com irrigação vigorosa, pomada
oftálmica antibiótica e vedação ocular.
Em todas as lesões diagnosticadas e naquelas onde o diagnóstico é dúbio, solicitar avaliação do
oftalmologista.
Não ocluir se o agente lesivo for álcali (água de cal, amoníaco, soda cáustica);

– Mãos: as mãos devem ficar elevadas por 24 h a 48 h após a queimadura, para minimizar o

Elaborado por: Revisado por: Aprovado por: Validado por:

Dra Eclair B. S. Gomes Dr José Ernesto A. Trigo Dr Paulo Pepulim Bastos Dr Sérgio Henrique Antônio
Dra Pricila R. Borges Intensivista Pediátrico Diretor DUUPA Secretário Municipal de Saúde
Pediatras – SMS Pediatra - SMS
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO

Data da Revisão:
Número: Data da validação:
P12 ___/___/_____

edema.
Os pacientes com queimaduras circunferenciais das mãos podem necessitar de hospitalização para
observação de uma circulação adequada.
– Pés: as queimaduras dos pés são dolorosas;
Os pés queimados terão que ficar elevados quando o paciente não estiver andando;

– Períneo: as queimaduras perineais costumam exigir hospitalização, pelo alto risco de


complicações, como infecção ou obstrução urinária.
Utilizar, preferencialmente, curativos aberto.

– Queimaduras elétricas: Os acidentes com baixa voltagem são os mais comuns na criança e
freqüentemente ocorrem em casa. Geralmente, causam lesão cutânea mínima, sem dano profundo
ao músculo. Todas as lesões de comissura labial ou faciais devem ser tratadas por especialistas. As
queimaduras elétricas maiores geralmente são progressivas e mais graves que as lesões térmicas
diretas. São de difícil avaliação pela possibilidade de lesões profundas não visíveis, muitas vezes
subestimadas, mutilantes ou associadas a traumatismos.
Na admissão, deve ser realizado eletrocardiograma, exame de urina, gasometria arterial além dos
exames rotineiros. Recomenda-se a monitoração cardíaca contínua até 24 horas após a eletrocussão.
Em caso de mioglobinúria ou de hemoglobinúrias macroscópicas, devem-se:
• manter diurese acima de 2 mL/kg/h;
• alcalinizar a urina com bicarbonato de sódio (50 mEq/1.000 mL de RL) e manter pH sanguíneo
levemente alcalino;
• usar manitol: ataque com 0,5 g/kg (máximo: 25 g) e manutenção com 0,2 g/kg/dose (máximo:
12,5 g), até que a urina não apresente mais pigmentos macroscópicos.

6. Reparação Volêmica:
A reparação volêmica não deve ser atrasada, pois o choque pode se instalar rapidamente. Deve ser
iniciada no primeiro atendimento: necessidade urgente de se repor fluido sequestrado e perdas, a
fim de se restaurar a volemia; manter a perfusão tissular e os débitos cardíaco e urinário.

– Nas crianças com queimaduras com extensão inferior a 15% da superfície corporal ou 10% se
menor de um ano, basta a hidratação oral, baseada nas perdas e necessidades fisiológicas.

Elaborado por: Revisado por: Aprovado por: Validado por:

Dra Eclair B. S. Gomes Dr José Ernesto A. Trigo Dr Paulo Pepulim Bastos Dr Sérgio Henrique Antônio
Dra Pricila R. Borges Intensivista Pediátrico Diretor DUUPA Secretário Municipal de Saúde
Pediatras – SMS Pediatra - SMS
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO

Data da Revisão:
Número: Data da validação:
P12 ___/___/_____

– Nas crianças com queimaduras mais extensas utiliza-se a hidratação venosa.

– Hidratação venosa nas primeiras 24 horas:


* fórmula de reparação (Parkland modificada): 3 ml x Peso x % SCQ
(Considerar 50% como máximo de SCQ);

* solução de manutenção (necessidades fisiológicas):


• Até 10 kg = 100 mL x Peso
• 10 a 20 kg = 1.000 mL + 50 mL/kg (de peso que exceder 10 kg)
• 20 a 30 kg = 1500 ml + 20 ml/kg (de peso que exceder 20 kg)

Administra-se no 1º dia Na Cl 0,9% puro ou Ringer com lactato.

– Nas primeiras oito horas: administra-se 1/2 do volume da fórmula de reparação + ⅓ das
necessidades fisiológicas. A contagem de tempo é feita a partir do momento em que ocorreu a
queimadura e não do momento em que a criança chegou ao hospital.

– Nas 16 horas seguintes: administra-se: ½ da fórmula de reparação + os ⅔ restantes das


necessidades fisiológicas.

Não se deve administrar Cálcio e Potássio no primeiro dia, pois a potassemia e calcemia estarão
normais devido à liberação plasmática.

Em lactentes acompanhar com HGT de horário, pois podem fazer hipoglicemia e talvez
necessitem de hidratação com soro glicofisiológico ou durante hidratação com SF 0,9% ou RL
receber push glicose (SG10% - 2 ml/kg), se necessário.

O volume urinário deve ser mantido em torno de 1,5 mL/kg/h e, nas queimaduras elétricas,
2 mL/kg/h, devido ao risco adicional de insuficiência renal aguda pela hemoglobinúria e
mioglobinúria conseqüentes a intensa rabdomiólise.

Elaborado por: Revisado por: Aprovado por: Validado por:

Dra Eclair B. S. Gomes Dr José Ernesto A. Trigo Dr Paulo Pepulim Bastos Dr Sérgio Henrique Antônio
Dra Pricila R. Borges Intensivista Pediátrico Diretor DUUPA Secretário Municipal de Saúde
Pediatras – SMS Pediatra - SMS
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO

Data da Revisão:
Número: Data da validação:
P12 ___/___/_____

Acompanhar de perto as prescrições e resultados, a fim de se fazer os ajustes individuais


necessários.

O esquema de fluidoterapia deve ser adaptado a resposta de cada paciente em particular.

7. Tratamento da dor:
Dipirona: 15 a 25 mg/kg/dose EV ou
Morfina: 10 mg (1 ml) diluída em 9ml de SF a 0,9%, (diluição: 1ml = 1 mg). Administre de 0,5 a 1
mg/cada 10 kg de peso/dose.

8. Medidas gerais:
– Administre bloqueador do receptor de H2 para profilaxia da úlcera de estresse

– Restrinja o uso de antibiótico sistêmico profilático. Use apenas em queimaduras potencialmente


colonizadas e com sinais de infecção local ou sistêmica.

– Evite o uso de corticosteróides por qualquer via.

– Observe a glicemia nas crianças, nos diabéticos e sempre que necessário

Exames laboratoriais:
• Gasometria arterial: monitoração de hipóxia e de acidose metabólica, associadas à baixa perfusão
tecidual;
• hemograma completo;
• urina 1;
• uréia e creatinina;
• eletrólitos;
• transaminases e enzimas cardíacas para as vítimas de queimaduras elétricas;
• albumina sérica

Prevenção e tratamento das complicações:


– Intoxicação por monóxido de carbono (CO): incêndios em ambientes fechados:

Elaborado por: Revisado por: Aprovado por: Validado por:

Dra Eclair B. S. Gomes Dr José Ernesto A. Trigo Dr Paulo Pepulim Bastos Dr Sérgio Henrique Antônio
Dra Pricila R. Borges Intensivista Pediátrico Diretor DUUPA Secretário Municipal de Saúde
Pediatras – SMS Pediatra - SMS
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO

Data da Revisão:
Número: Data da validação:
P12 ___/___/_____

• complicações específicas de traumas associados: insuficiência respiratória por pneumotórax,


traumatismo craniano fechado, traumatismo abdominal, sangramento arterial e outros.

– Choque hipovolêmico:
• insuficiência renal aguda;
• síndrome de disfunção respiratória aguda;
• aprofundamento de feridas;
• sepse;
• acidose metabólica;
• insuficiência renal aguda por pigmentos (mioglobina e hemoglobina).

– Insuficiência respiratória aguda:


• intoxicação por CO;
• edema de vias aéreas superiores;
• restrição respiratória por queimaduras, por edema de parede abdominal ou torácica;
• edema pulmonar;
• pneumonia;
• embolia pulmonar;
• insuficiência cardíaca;
• hemorragia digestiva alta;
• íleo paralítico;
• coagulação intravascular disseminada;
• hemorragia de escarotomia;
• síndrome compartimental – insuficiência vascular arterial;
• distúrbio psiquiátrico e complicações neurológicas;
• complicações infecciosas: é a maior causa de mortalidade em pacientes queimados após o período
de ressuscitação hídrica (após 72 horas) como infecção de ferida; infecção pulmonar; sepse e
síndrome de disfunção de múltiplos órgãos; hiperglicemia ou hipoglicemia e complicações de
procedimentos médicos.

Prognóstico:
Depende da extensão da SCQ, da profundidade e localização da lesão, da presença de lesões e/ou
doenças crônicas associadas e da idade do paciente.

Elaborado por: Revisado por: Aprovado por: Validado por:

Dra Eclair B. S. Gomes Dr José Ernesto A. Trigo Dr Paulo Pepulim Bastos Dr Sérgio Henrique Antônio
Dra Pricila R. Borges Intensivista Pediátrico Diretor DUUPA Secretário Municipal de Saúde
Pediatras – SMS Pediatra - SMS
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO

Data da Revisão:
Número: Data da validação:
P12 ___/___/_____

– Condições que acarretam risco de morte em pacientes com grandes queimaduras:


• hipóxia: pela lesão inflamatória, pode gerar edema de glote, asfixia e inalação de gases tóxicos.
Pode levar a óbito precoce durante as primeiras 24 horas;
• choque: quando causado pela hipovolemia, é a principal causa de morbimortalidade nos primeiros
dias após o acidente;
• septicemia: após o terceiro dia de acidente.

Referências:
1. Queimaduras em crianças, o que fazer. https://www.hospitalinfantilsabara.org.br/sintomas-
doencas-tratamentos/queimaduras-em-criancas-o-que-fazer/

2. Cartilha para tratamento de emergências das queimaduras. Ministério da Saúde. Brasília/DF.


2012.

3. Queimaduras: Diagnóstico e Tratamento Inicial. Projeto Diretrizes.


https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/queimaduras-diagnostico-e-tratamento-inicial.pdf

4. Queimaduras. https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/queimaduras/

5. Reparação volêmica na criança queimada. Prata, Pedro H. L.; Flávio Júnior, Walter F.; Lemos,
Antônio T. O.; Revista Médica Minas Gerais, 2015.

6. Queimaduras. Emergências em Pediatria – Protocolos da Santa Casa. 2ª edição, 2013.

Elaborado por: Revisado por: Aprovado por: Validado por:

Dra Eclair B. S. Gomes Dr José Ernesto A. Trigo Dr Paulo Pepulim Bastos Dr Sérgio Henrique Antônio
Dra Pricila R. Borges Intensivista Pediátrico Diretor DUUPA Secretário Municipal de Saúde
Pediatras – SMS Pediatra - SMS

Você também pode gostar