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REPÚBLICA DE ANGOLA

MINISTÉRIO DA SAÚDE
HOSPITAL AMÉRICO BOAVIDA

Curso de Especialização Média

Pré-projecto

CUIDADOS DA ENFERMAGEM A PACIENTES COM QUEIMADURA


DO 4º GRAU NA U.T.I DO HOSPITAL GERAL ESPECIALIZADO
NEVES BENDINHA Iº TRIMESTRE DE 2024

AUTOR: Sabino Francisco Sacala


ORIENTADOR: Mateus Adolfo Quisseque

Luanda, Novembro de 2023


CUIDADOS DA ENFERMAGEM A PACIENTES COM QUEIMADURA
DO 4º GRAU NA U.T.I DO HOSPITAL GERAL ESPECIALIZADO
NEVES BENDINHA Iº TRIMESTRE DE 2024

Protocolo de Pesquisa Ciêntífica


apresentado no Hospital Américo
Boavida, como requisito parcial para
a obtenção do título de técnico médio
de Enfermagem especializado em
cuidados intensivos

Orientador:
___________________________________
Prof. Mateus Adolfo Quisseque. Enf
1. INTRODUÇÃO

A pele é o mais extenso órgão do corpo humano, protegendo-o contra a invasão de


microrganismos contra perdas excessivas de água e eletrólitos, e contra traumas físicos.
Participa da produção de hormônios e secreção de substâncias, da metabolização de vitamina
D na termo regulação e na recepção de estímulos do ambiente (ZINI, 2016, p. 5).

As queimaduras são definidas como lesões traumáticas que acontecem na pele, sendo
ocasionadas por algum agente externo. Esses agentes podem ser térmico, químico, elétrico ou
radioativo e podem destruir parcialmente ou totalmente a pele e seus tecidos adjacentes. As
queimaduras são divididas em grau: primeiro, segundo e terceiro. Quando são de primeiro grau,
ocorrem lesões superficiais e atingem a epiderme. As de segundo grau são lesões que causam
danos na epiderme e parte da derme. Já as de terceiro grau, causa destruição da epiderme e
derme, podendo atingir o tecido subcutâneo, tendões, ligamentos, músculos e ossos (SILVA,
2022).

As queimaduras estão entre as mais devastadoras de todas as lesões e representam um


crise de saúde pública global. Trata-se do quarto tipo de trauma mais comum do mundo, ficando
atrás dos acidentes de trânsito, quedas e violência interpessoal, e ocorrem mais frequentemente
em países subdesenvolvidos. Em crianças, a queimadura é um dos principais agentes
responsáveis pela morbimortalidade infantil dos países subdesenvolvidos (Souza, 2016).

As queimaduras são um problema de saúde pública global, sendo responsáveis por cerca
de 180.000 mortes anualmente, com maior ocorrência em países de baixa e média renda e quase
dois terços nas regiões da África, Ásia e América Latina (Silva, et al., 2021).

Os acidentes com queimaduras acontecem a cada 15 segundos (Murray,2020). Colocar a


pagina se for de um livro ou artigo pdf se for de um site o mesmo deve aparcer na referencia
Bibliografica. Colocar a estatistica de Quimadura em Africa em angola se houver estudos
publicados no Hospital onde se realizara o estudo deverá costar.
1.1. Formulação do Problema

Segundo dados da OMS, queimaduras são um problema de saúde pública global,


causando cerca de 180.000 mortes por ano, a maioria das quais ocorre em países de baixa e
média renda e quase dois terços nas regiões africanas e asiáticas (BARBOSA, NISHIMURA,
RACANICCHI, & OLIVEIRA, 2021).

A mortalidade em função das queimaduras graves continua elevada. Anualmente, nos


Estados Unidos acometem 1,1 milhão de pessoas e 45.000 necessitam hospitalização, com
4.500 óbitos e no contexto mundial esse número chega a 265.0006. Queimaduras são mais
prevalentes em países de baixa e média renda. Em países ricos ocorrem, prevalentemente, em
suas áreas onde há pobreza e infraestrutura precária, muitas vezes decorrentes da desinformação
e da distração (Franck, Figueredo, Melo, Silva, & Matioli, 2020).

No âmbito mundial, os gastos em saúde alcançam anualmente 25 bilhões de dólares.


Países em desenvolvimento sofrem com o custo e falta de profissionais especializados,
limitando a assistência. A alta incidência de queimaduras nesses países continua
comprometendo a saúde pública (Franck, Figueredo, Melo, Silva, & Matioli, 2020).

Se pararmos e fizermos uma análise quanto ao grau ou o nível de queimaduras


existentes, iremos constatar que as queimaduras do 4º grau são as queimaduras mais fatais e
uma das principais causas de amputação, comprometimento funcional significativo, incluindo
hospitalização prolongada, desfiguração e incapacidade, e até mesmo a morte. Portanto,
tratando-se de um nível de situação delicado surge a seguinte questão:

Quais são os cuidados de enfermagem prestados em pacientes com queimadura do 4º


grau na UTI do hospital geral especializado Neves Bendinha?
1.2. Justificativa

Constata-se que as queimaduras constituem um problema grave de saúde pública e que


o acidente recorrente de incêndios é uma das principais causas do fardo das doenças em África.
As taxas de mortalidade relacionadas com incêndios em África (6,1 por 100.000 habitantes) são
muito mais comuns quando comparadas com as observadas em países de alto nível de
rendimento (apenas 1,0 mortes por 100 000 habitantes). Colocar a pagina se for de um livro ou
artigo pdf se for de um site o mesmo deve aparcer na referencia Bibliografica

Por esta razão, decidi fazer um estudo para saber os conhecimentos, atitudes e práticas
dos enfermeiros sobre os cuidados da enfermagem ao paciente com queimaduras do quarto
grau.
OBJECTIVOS

Geral

Saber os cuidados de enfermagem prestado ao paciente com queimadura do IVº grau na


U.T.I do Hospital Geral Especializado Neves Bendinha.

Específicos

 Caracterizar os profissionais segundo a idade, gênero, grau acadêmico e tempo de serviço;


 Investigar sobre as queimaduras;
 Descrever os cuidados de enfermagem prestado em pacientes com queimaduras do IVº grau.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

2.1 Definição de conceitos


As queimaduras são lesões cutâneas causadas pela ação de um agente (térmico, elétrico,
químico, radioativo) que podem ou não ser acompanhadas de manifestações sistêmicas
(MIRMOHAMMADI et al., 2013 apud MOCELIN, 2018, p. 21)

Segundo a SBQ, queimaduras são feridas traumáticas causadas, na maioria das vezes,
por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos. Atuam nos tecidos de revestimento do
corpo humano, determinando destruição parcial ou total da pele e seus anexos, podendo atingir
camadas mais profundas, como tecido celular subcutâneo, músculos, tendões e ossos. As
queimaduras são classificadas de acordo com a sua profundidade e tamanho, sendo geralmente
mensuradas pelo percentual da superfície corporal acometida (SBQ, 2017 apud MOCELIN,
2018, p. 21)

 Definir segundo tres autores


 Enfermagem
 Paciente
 Definir assitencia de Enfermagem
2.2 Breve história da queimadura

Mélega (2002) relata que a historia das queimaduras acompanha o homem desde os
tempos mais remotos. Com o controle e uso disseminado do fogo em todas as culturas, mesmo
as mais primitivas, os acidentes em decorrência de seu uso passaram a ser cada vez mais
numerosos. Segundo o autor, a incidência de queimaduras aumentou à medida que as
civilizações evoluíram e queimaduras produzidas por calor e frio somaram-se às químicas e,
mais recentemente, às causadas por radiações ionizantes.(MÉLEGA, 2002).
Existem relatos datados de 1500 a.C., de vários pensadores, dentre eles Celsus, Galeno,
Aristóteles e Fere, sobre as técnicas de tratamento das queimaduras. Também, por volta do
século XVIII, H. Earle preconizava o uso de água gelada para minimizar a dor e edema. Na
mesma época, Marjolin, descreve a transformação maligna em úlceras crônicas de seqüela de
queimaduras, e hoje, as mesmas são conhecidas como úlceras de Marjolin. Colocar a pagina se
for de um livro ou artigo pdf se for de um site o mesmo deve aparcer na referencia Bibliografica

Na segunda metade do século XIX, a medicina se ateve para as áreas não queimadas,
reconhecendo o caráter abrangente da queimadura e sua repercussão nos outros órgaos. Assim,
Baraduc reportou hemoconcentração nos queimados e, na virada desse século, os autores
italianos Tomasoli e Bacelli já começavam a usar soluções salinas sobre as lesões. Colocar a
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Apesar das queimaduras serem abordadas há séculos, apenas na segunda década do


século XX se iniciou a busca pela compreensão da sua fisiopatologia, com Frank Underhill, em
estudo envolvendo a bioquímica das lesões e sua evolução.
A história moderna das queimaduras começa em 1942, com Cope e Moore, em um trabalho
onde demonstram a perda de fluidos externa e internamente.
Evans (1952), realizou a primeira formula reacional de reposição de fluidos, atualmente
conhecida por fórmula de Brook-Evans, pois mais tarde foi modificada no Brook Army
Hospital. Algumas décadas depois, Mayere, Shires e Baxter, do Parkland Hospital, passaram a
utilizar reposição contendo cristalóides na solução de Ringe. Nascia a formula de Parkland, ate
hoje utilizada (TRICKLEBANK, et al., 2009).
Atualmente, dá-se preferência ao tratamento fechado e os antimicrobianos utilizados desde os
anos 40. Esta prática, porém, só começou a ter sucesso na década de 60 com a descoberta do
acetato de mafenide e o uso de nitrato de prata. Neste período houve a possibilidade de êxito
no controle das infecções locais secundárias. Posteriormente, foi constatado que estes
medicamentos tinham muitos efeitos colaterais e em vista disto, Charles Fox combinou sulfa e
prata originando o sulfadiazinato de prata, ate hoje o antimicrobiano mais usado mundialmente.
Os enxertos foram utilizados há mais de um século e com o aparecimento dos expansores de
pele por Tanner Vandedut, deu novo alento para cobertura de áreas cruentas, quando havia
escassez de áreas doadoras.
Janzekovic (1970) preconizava abordagem com incisão precoce e enxertia de queimadura de
segundo grau profundo, revolucionando o tratamento local das queimaduras. A partir desta
década até os tempos atuais, as medidas abordadas no tratamento do paciente queimado
passaram a envolver o tratamento cirúrgico aliado a novos conhecimentos sobre a fisiopatologia
e imunologia, abrindo novos horizontes para o controle da escara proveniente da queimadura.
Pesquisadores descreveram a presença de um componente lipídico-protéico presente na escara
que pode ser inibido pelo nitrato de serio, fornecendo nova esperança, cada dia mais efetivo,
para os pacientes acometidos pelas queimaduras. (JANZEKOVIC, 1970; MÉLEGA, 2002
2.1. Epidemiologia

Em 2004, ocorreram em todo o mundo 11 milhões de queimaduras que necessitaram de


tratamento médico, das quais 300.000 resultaram na morte por queimaduras. As queimaduras
são a 4ª maior causa de lesões em todo o mundo, após os acidentes rodoviários, quedas e
violência. Cerca de 90% das queimaduras ocorrem nos países em vias de desenvolvimento.
Este facto tem sido atribuído em parte ao excesso de população e à pouca segurança dos locais
de cozinha. Em crianças, as queimaduras são uma das quinze principais causas de morte. Entre
a década de 1980 e 2004, observou-se em vários países uma diminuição não só da taxa de
fatalidade entre os queimados, como da própria ocorrência de queimaduras. Colocar a pagina
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O número de queimaduras fatais aumentou de 280.000 em 1990 para 338.000 em 2010. Cerca
de 60% das queimaduras fatais ocorrem no sudeste asiático, a uma taxa de 11,6 por 100.000
habitantes. Na generalidade dos países desenvolvidos, a mortalidade entre os homens é o dobro
da das mulheres. Este facto deve-se provavelmente ao maior risco das profissões masculinas e
de atividades onde o risco é maior. No entanto, em alguns países desenvolvidos o risco é duas
vezes superior entre as mulheres, o que está muitas vezes associado a acidentes na cozinha ou
violência doméstica. Em crianças, a taxa de morte por queimaduras é dez vezes superior em
países desenvolvidos do que em vias de desenvolvimento.

Fig. 1 - Esperança de vida corrigida pela incapacidade para incêndios por 100 000
habitantes em 2004.

O Hospital Geral Especializado Neves Bendinha (HGENB) cujos serviços estão


a funcionar, desde 2019, numa unidade de saude no Zango, registou, em dois anos, 10.853
casos de queimaduras e 348 óbitos, sendo a maioria das vítimas menores de idade.
Pelo menos 6 em cada 10 pacientes atendidos no Hospital dos queimados, em
Luanda, são dos 0 aos 14 anos de idade, apontam as estatísticas da única unidade do país
especializada em tratamento de pessoas com queimaduras.
Num relatório daquela unidade de saúde, a que o Novo Jornal teve acesso, é possível
ler-se que, entre 2019 e o primeiro semestre de 2021, foi atendido no banco de urgência
um total de 10.853 casos de queimaduras diversas. Desses, mais de 6.000 foram crianças.
O documento indica que , no período em referência, foram ainda registados 348 óbitos.
(Jornal, 2023)
2.2. Classificação

As queimaduras originam lesões fundamentais com destruição da superfície


cutânea a partir de um agente agressivo externo, variando de pequena vesícula, bolha ou
erosão a perdas mais profundas ou largas capazes de desencadear uma grande diversidade
de respostas sistêmicas (MÉLEGA, 2002).
Mais especificamente, as lesões causadas pelas queimaduras podem ser
classificadas segundo a extensão de área acometida, profundidade da perda tecidual,
etiologia e, ainda, de acordo com a evolução e com a capacidade de reparo local.
Portanto, quanto a sua classificação, as queimaduras podem ser:
 Queimaduras do primeiro grau (superficiais): As queimaduras de primeiro
grau afetam apenas a camada externa da pele, a epiderme. O local da queimadura
é vermelho, dolorido, seco e sem bolhas. Queimaduras solares leves são um
exemplo. Danos nos tecidos a longo prazo são raros e geralmente consistem em
um aumento ou diminuição na cor da pele.

 Queimaduras do segundo grau (espessura parcial): As queimaduras de


segundo grau envolvem a epiderme e parte da camada inferior da pele, a derme.
O local da queimadura parece vermelho, com bolhas e pode estar inchado e
dolorido.

 Queimaduras do Terceiro grau (espessura total): Queimaduras de terceiro


grau destroem a epiderme e a derme. Eles podem atingir a camada mais interna
da pele, o tecido subcutâneo. O local da queimadura pode parecer branco ou
enegrecido e carbonizado.

 Queimaduras do quarto grau: As queimaduras de quarto grau atravessam as


camadas da pele e do tecido subjacente, bem como os tecidos mais profundos,
possivelmente envolvendo músculos e ossos. Não há sensação na área porque as
terminações nervosas estão destruídas.
2.3. Fisiopatologia

Segundo Sheridan (2003), as queimaduras comprometem a integridade funcional


da pele, quebrando a homeostase hidroeletrolítica e alterando o controle da temperatura
interna, flexibilidade e lubrificação da superfície corporal. O comprometimento da pele
ocorre em virtude da extensão e profundidade das lesões.
Mélega (2002), relata a participação de dois eventos fisiopatológicos nas
queimaduras: o aumento da permeabilidade e, consequentemente, o edema.
Com o trauma térmico, há exposição do colágeno e consequente ativação e
liberação de histamina pelos mastócitos. A histamina leva ao aumento da permeabilidade
capilar que, por sua vez, permite a passagem do infiltrado plasmático para o interstício dos
tecidos afetados, provocando edema tecidual e hipovolêmia. A ativação do sistema
calicreina produz cininas que colaboram, ainda mais, para o aumento da permeabilidade
capilar, agravando o edema e a hipovolemia.
As cininas e a exposição do colágeno ativam o sistema fosfolipase acido
araquidônico, originando prostaglandinas, mais especificamente a prostaglandina E2
(PGE2), potencializando a vasodilatação e causando dor. Outra via ativada é a via
tromboxane (TXA), que junto com a plasmina e trombina circulantes, provoca tampão
nas paredes capilares, ocasionando um aumento na pressão hidrostática de ate 250%,
contribuindo para o edema tecidual. (MÉLEGA, 2002).
Hettiaratchy et al. (2004) e Sheridan (2003), comentam que nas queimaduras
superiores a 40% da superfície corporal, consideradas extensas, ocorre, além dos sinais
cardeais inflamatórios locais, uma resposta sistêmica com presença de febre, circulação
sanguínea hiperdinâmica e ritmo metabólico acelerado, além de aumento do
catabolismo muscular, decorrente da alteração hipotalâmica (aumento da secreção de
glucagon, cortisol e catecolameinas), da deficiência da barreira gastrointestinal com
passagem de bactérias e toxinas bacterianas para a corrente sanguínea. Ainda, a perda de
calor e de fluidos por evaporação através da ferida são eventos que levam à hipotermia e
desequilíbrio hidroeletrolítico. (HETTIARATCHY, et al., 2004; SHERIDAN, et al.,
2003).

2.4. Manifestação Clínica

2.5. Tratamento

O tratamento de emergência inicia-se com a a avaliação e estabilização das vias


respiratórias, respiração e circulação da pessoa queimada. Nos casos em que haja suspeita
de lesões que impeçam a respiração, pode ser necessária intubação endotraqueal. Em
seguida inicia-se o tratamento da própria queimadura. As pessoas com queimaduras
extensas podem ser envoltas em lençóis limpos até à chegada ao hospital. Uma vez que as
lesões de queimaduras são suscetíveis a inflamações, no caso do indivíduo não ter sido
vacinado contra o tétano nos últimos cinco anos pode ser necessário administrar uma
vacina de reforço. No caso de queimaduras extensas é importante a administração de soro.
3.5.1 Terapia Intravenosa

Em pessoas com pouca perfusão devem ser administrados bolus de solução


cristaloide isotónica. Em crianças com queimaduras em mais de 10-20% do corpo e
em adultos com mais de 15% deve-se proceder a reanimação volémica formal
seguida de monitorização. Caso seja possível, em pessoas com queimaduras
superiores a 25% do corpo este procedimento deve ser iniciado em fase pré-hospitalar.
A fórmula de Parkland tem por base a área queimada e peso do queimado e ajuda a
determinar o volume de solução intravenosa necessária nas primeiras 24 horas. Metade
da solução é administrada nas primeiras 8 horas e o restante durante as 16 horas
seguintes.
O intervalo de tempo é calculado a partir do momento da queimadura e não a
partir do momento em que a reanimação é iniciada. As crianças necessitam de uma
solução de manutenção que inclua glicose. Os queimados com lesões nas vias
respiratórias necessitam também de solução adicional. As fórmulas são apenas um
guia, uma vez que as infusões devem ser idealmente ajustadas para um débito urinário
de >30 mL/h em adultos ou >1mL/kg em crianças e para uma média de pressão
arterial superior a 60 mmHg.
Embora seja frequentemente utilizada solução de Ringer-lactato, não há
evidências que seja superior ao soro fisiológico convencional. As soluções cristaloides
aparentam ser tão eficazes como as soluções coloides, não sendo estas últimas
recomendadas devido ao custo superior. Raramente são necessárias transfusões de
sangue, só sendo recomendadas quando os níveis de hemoglobina são inferiores a 60-
80 g/L (6-8 g/dL) e devido ao risco associado de complicações. Em caso de
necessidade, é possível colocar Cateteres intravenosos através da pele queimada ou
recorrer a transfusões intra-ósseas.
3.5.2 Tratamento das Feridas

O arrefecimento imediato, até 30 minutos após a queimadura, reduz a


profundidade e dor da lesão. No entanto, devem ser observados alguns cuidados, já
que o sobre arrefecimento pode provocar hipotermia. O arrefecimento deve ser
realizado com água fresca, entre 10 e 25 ºC, e não com água gelada, a qual pode
agravar ainda mais as lesões. As queimaduras químicas podem necessitar de
irrigação prolongada. Entre os cuidados essenciais no tratamento das lesões estão a
limpeza com sabonete e água, a remoção de tecido morto e a aplicação de
compressas. Ainda não é claro o procedimento a ter com bolhas intactas, embora
algumas evidências apoiem que seja preferível deixá-las intactas. As queimaduras de
segundo grau devem ser reavaliadas ao fim de dois dias.
Para o tratamento de queimaduras em primeiro e segundo graus, existem
poucas evidências de qualidade que permitam determinar qual o melhor tipo de
curativos. É razoável tratar queimaduras de primeiro grau sem recorrer a compressas.
Embora sejam frequentemente recomendados antibióticos tópicos, existem poucas
evidências que apoiem a sua utilização. A sulfadiazina de prata não é recomendada,
uma vez que tem a potencialidade de prolongar o tempo de cicatrização. Não há
evidências suficientes que apoiem a utilização de compressas com prata ou a terapia
de pressão negativa.
3.5.3 Medicamentos

Uma vez que as queimaduras podem ser bastante dolorosas, estão disponíveis
uma série de opções para a gestão da dor, desde simples analgésicos, como o
ibuprofeno ou o paracetamol, até opiáceos, como a morfina. Podem ser
administradas benzodiazepinas em conjunto com os analgésicos para o tratamento da
ansiedade. Durante o tratamento, a comichão pode ser aliviada com recurso a anti-
histamínicos, massagens ou neuroestimulação elétrica transcutânea. No entanto,
os anti-histamínicos só são eficazes em 20% das pessoas. Existem algumas
evidências que apoiam a utilização de gabapentina em pessoas que não melhoram
com anti-histamínicos. A lidocaína intravenosa requer mais estudos antes de poder
ser recomendada para a dor.
Em pessoas com queimaduras extensas (>60% do corpo), é recomendada a
administração intravenosa de antibióticos antes de uma eventual cirurgia. À data de
2008, as orientações não recomendavam a sua administração generalizada devido a
preocupações com a resistência antibiótica e ao aumento do risco de infeções
fúngicas. No entanto, algumas evidências sugerem que podem aumentar a taxa de
sobrevivência em pacientes com queimaduras graves e extensas.
A eritropoietina não demonstrou ser eficaz no tratamento ou prevenção de
anemia em pessoas com queimaduras. Em queimaduras provocadas por ácido
fluorídrico, o antídoto específico é o gluconato de cálcio e pode ser usado de forma
intravenosa ou tópica. Em pessoas com queimaduras em mais de 40% do corpo, a
hormona do crescimento recombinante (rhGH) aparenta acelerar a cicatrização sem
afetar o risco de morte.
3.5.4 Cirurgia

As feridas abertas que necessitem de ser fechadas com enxertos de pele devem ser tratadas o
mais cedo possível. As queimaduras circunferenciais dos membros ou do tórax podem
necessitar de escarotomia urgente, de modo a tratar ou prevenir problemas circulatórios ou
respiratórios. No entanto, ainda não existem evidências de que seja útil em queimaduras do
pescoço ou dos dedos. Nas queimaduras elétricas pode ser necessário recorrer a fasciotomia.
3.5.5 Medicina Alternativa

Desde a Antiguidade que o mel é usado no tratamento de feridas e a sua aplicação pode ser
benéfica em queimaduras de primeiro e segundo grau. Por outro lado, as evidências para a
eficácia da aloe vera são de pouca qualidade. Embora possa ter alguma eficácia na diminuição
da dor e um estudo de revisão de 2007 tenha encontrado algumas evidências na melhoria do
tempo de cicatrização, um estudo de revisão posterior, de 2012, não verificou que a cicatrização
fosse superior à sulfadiazina de prata. Colocar a pagina se for de um livro ou artigo pdf se for
de um site o mesmo deve aparcer na referencia Bibliografica

A manteiga não é recomendada. Existem poucas evidências de que a vitamina E possa ser
benéfica na prevenção de queloides ou cicatrizes. Em países em vias de desenvolvimento,
cerca de um terço das queimaduras são tratadas com recurso a medicina tradicional, na qual
se inclui a aplicação de ovos, lama, folhas ou estrume de vaca. Existem uma série de outros
métodos que podem ser usados, para além da medicação, para reduzir a ansiedade, entre os
quais a terapia de realidade virtual, hipnose e abordagens comportamentais, como técnicas
de distração. Tirar o negrito nos paragrafos manter apenas nos subtitulos

3.5.6 Cuidados da Enfermagem


3. CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES
Referências

BARBOSA, M. L., NISHIMURA, A. T., RACANICCHI, I. A., & OLIVEIRA, L. R. (Janeiro


de 2021). Revista Brasileira de Cirurgia Plástica. Acesso em 8 de Janeiro de 2024,
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MOCELIN, P. R. (2018). Acidentes por queimadura grave em acidentes por queimadura grave
em urgência do município de São Luís – ma: análise quantitativa e qualitativa.
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MOCELIN, P. R. (2018). ACIDENTES POR QUEIMADURA GRAVE EM USUÁRIOS DE
HOSPITAIS MUNICIPAIS DE URGÊNCIA DO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS – MA:
ANÁLISE QUANTITATIVA E QUALITATIVA. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM SAÚDE COLETIVA DOUTORADO ACADÊMICO, UNIVERSIDADE
FEDERAL DO MARANHÃO, CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA
SAÚDE, SÃO LUÍS – MA.
SAÚDE, M. D. (2022). Acesso em 24 de Novembro de 2023, disponível em
https://bvsms.saude.gov.br/comunidade-segura-livre-de-queimaduras-06-6-dia-
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BR/atuacao-da-equipe-multiprofissional-no-atendimento-de-um-grande-queimado--
um-relato-de-caso
SILVA, C. F. (2022). ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM PACIENTES QUEIMADOS.
CENTRO UNIVERSITÁRIO FADERGS, Porto Alegre. Acesso em 8 de Janeiro de
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Souza, C. O. (2016). Caracterização do perfil epidemiológico dos queimados do Brasil:
Revisão sistemática da literatura. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, Salvador
(Bahia). Acesso em 8 de Janeiro de 2024
ZINI, T. M. (2016). A HISTÓRIA DO CUIDADO DE UMA PESSOA QUEIMADA. Em T.
M. ZINI. Porto Alegre. Acesso em 08 de Janeiro de 2024
Rever
https://pt.wikipedia.org/wiki/Queimadura
https://www.urmc.rochester.edu/encyclopedia/content.aspx?ContentTypeID=90
&ContentID=P09575
https://novojornal.co.ao/sociedade/interior/hospital-dos-queimados-regista-
mais-de-10-mil-casos-de-queimaduras--seis-em-cada-10-pacientes-sao-
criancas-105529.html
https://www.dn.pt/lusa/hospital-de-queimados-de-luanda-tratou-quase-2900-
pessoas-em-seis-meses-9589603.html

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