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COMUNICAÇÃO, CONSUMO E RELIGIÃO:

Narrativas de peregrinos sobre o consumo moral


da fé no Santuário de Santa Paulina

Orientador: Prof. Dr. Luiz Peres-Neto


Mestranda: Maria Neusa dos Santos
Bolsista CAPES/ PROSUP
OBJETO DE ESTUDO
■ narrativas dos sujeitos que peregrinam até o Santuário de Santa Paulina,
no bairro de Vígolo, em Nova Trento (SC). Análise das práticas de
consumo moral da fé, entendido como aquisição de virtudes e atribuição
de sentido e valores às ações humanas.
OBJETIVO GERAL

■ estudar elementos que caracterizem as peregrinações ao


Santuário de Santa Paulina, suas narrativas e destaques
acerca do consumo moral da fé, investigando como se dão
os processos de recepção do consumo do sagrado por meios
de símbolos e sinais, problematizados a partir das
interseções entre comunicação, consumo e religião.
OBJETIVOS SECUNDÁRIOS

■ identificar as práticas simbólicas do consumo da fé


dos peregrinos no Santuário de Santa Paulina;
■ descrever se há, entre os peregrinos, o consumo
moral e analisá-lo por meio das narrativas, para
verificar como e em que medida este consumo se dá
no espaço sagrado;
■ relacionar a comunicação simbólica com o
consumo, analisando a mediação entre a santa e o
peregrino no santuário.
METODOLOGIA
■ Observação participante
- ela ajudou na construir o repertório e a seleção das pessoas
- vistas aos espaços do santuário e coleta de materiais
fotográfico e ex-votos;
■ Entrevistas em profundidade
JUSTIFICATIVA
■ Destaco três aspectos:
■ 1ª: Acadêmica ao trabalhar o tema comunicação e a partir do consumo
tem como intenção colaborar para o desenvolvimento da pesquisa em
comunicação e religião, a partir do consumo. É uma temática
emergente .
■ 2ª: É um tema pertencente a linha de pesquisa do Programa PGCOM na
linha de recepção e contextos sociais culturais e a mesma se alinha a
pesquisa do meu orientador que pesquisa a ética;
■ 3ª: Por fim, tem uma relevância social estudar no Brasil
contemporâneo, o fenômeno religioso das peregrinações....
■ Obs: Um dos elementos que conduziram esta pesquisa foi o fato de cada
mês ou ano aumentava o numero de peregrinos no santuário
CAPITULO I
■ No primeiro capítulo, foi apresentada uma
introdução sobre o objeto proposto e o surgimento do
interesse da pesquisadora pelo tema, trazendo uma
breve fundamentação acerca do sentido da palavra
peregrinação e sua história, assim como a descrição
das justificativas e a apresentação da metodologia
proposta.
RESUMO
■ o consumo moral da fé, em que não estão apenas os objetos materiais,
mas também aqueles que carecem de materialidade e remetem a valores
transcendentes próprios de uma cultura. Neste sentido, Brenda Carranza
(2011, p. 71) afirma que “a igreja, enquanto fornecedora de sentido, se
apropria da sociedade de consumo, mesmo quando o fim último é
evangelizar, viabilizar a essência de sua missão salvífica”. Tanto a
religião quanto o consumo auxiliam na construção de sentidos sociais e,
ao mesmo tempo, apontam para a busca de algo a mais.
■ De século a século, a religião foi e continua sendo constituída de uma
comunicação simbólica e transcendental com capacidade de motivar,
renovar e transformar o homem. No dizer de Geertz (1989, p. 105), a
religião é “um sistema de símbolos que atua para estabelecer poderosas,
penetrantes e duradouras disposições e motivações nos homens”
■ Pensadores como Baccega (2008, p. 34) alertam para o consumo como
um dos indicadores mais efetivos de práticas socioculturais e do
imaginário de uma sociedade: “revela a identidade do sujeito, seu lugar na
hierarquia social, o poder de que se reveste”.
■ O teórico do conceito de mediação Martín-Barbero também alerta que a
diferença se dá pelo consumo como um lugar de processo, de ritual e de
organização.
O consumo não é apenas reprodução de forças, mas também produção de sentidos: lugar de uma luta que não
se restringe à posse dos objetos, pois passa ainda mais decisivamente pelos usos que lhes dão forma
social e nos quais se inscrevem demandas e dispositivos de ação provenientes de diversas competências
culturais. (MARTÍN-BARBERO, 2009, p. 33)
■ Assim como o consumo, a religião é um fenômeno social que tem um
papel fundamental na formatação dos comportamentos dos indivíduos e
grupos numa sociedade. Ao falar de religião, Chauí (2012, p. 3880)
destaca que “em todas as sociedades, a religião demonstra a forma de ser
no mundo [...] a procura de um sentido para a existência”.
CAPITULO II

■ Comunicação, consumo e religião

1. Cultura do consumo e o fenômeno religioso das peregrinações


2. A construção do santuário: entrelaçamento da comunicação e do
consumo em espaços sagrados
3. Cenários de consumo presentes no espaço sagrado do santuário
de santa paulina
CAPÍTULO III

• As mediações, as virtudes e o consumo no


caminho de Nova Trento/SC

1. Santa paulina: a institucionalização das virtudes


2. Os peregrinos e a busca pelas virtudes da santa
3. O mercado de bens simbólicos
CAPITULO IV
■ Modos de viver a vida e comunicar a fé: os
rituais de consumo no santuário de santa
paulina

1. As passagens pelo santuário de santa paulina


2. As promessas votivas no santuário de santa paulina
3. A missa e a entronização de santa paulina
Há rastros de uma vida virtuosa deixada pela santa que
despertam nos peregrinos um desejo de adquiri-la.

■ “Meu Deus, tudo isso aqui é um lugar diferente, é um lugar de luz, de


paz, muito amor, é um recolhimento espiritual. É um lugar que parece
que contagia, contagia mas de uma forma de trazer paz, de trazer aquilo
que a gente tanto precisa, é uma coisa que quanto mais a gente vem,
mais a gente quer vir, porque realmente penso e sinto que aqui é um
lugar santo.” (Luzia, 79 anos, pensionista)

■ “[...] maravilhada com tanta coisa bonita que a gente só via comentar. Aí
senti aquela paz, aquela felicidade, é muito amor, nós estamos em frente
de onde era a casa dela, da Irmã Paulina.” (Morallis, 27 anos, doméstica)
CONSIDERAÇÕE FINAIS
■ Partindo dos objetivos desta dissertação, que buscava identificar
elementos comunicacionais do consumo moral da fé no Santuário de
Santa Paulina, explicado aqui a partir das mediações, entendidas
enquanto usos e apropriações da fé, ou seja, a partir dos sentidos e
efeitos produzidos e narrados pelos sujeitos que peregrinam,
investigou-se, por meio de narrativas, como se davam os processos
de recepção do consumo do sagrado por meios de símbolos e sinais,
problematizados a partir das interseções entre comunicação, consumo
e religião, e dos objetivos específicos, que buscavam descrever e
analisar se havia e, em que medida se dava, este consumo no espaço
sagrado
as narrativas estão permeadas da busca por uma vida melhor.

Os homens que não sentem prazer em agir


virtuosamente não podem ser considerados virtuosos,
pois as ações são boas e nobres por si mesmas, e a
felicidade é em grau mais elevado a melhor e mais
nobre de todas as coisas. Existem coisas boas e nobres,
mas a felicidade é a melhor dentre elas
(ARISTÓTELES, 2007, p. 127)
“A virtude é fundamental na vida das pessoas que vêm até o
santuário. Elas sentem que vão obter a graça que estão pedindo,
e acho que o principal deles é a fé, porque chegar de outro
lugar, andando até trinta quilômetros, como fazem algumas
pessoas. Nós tivemos que viajar acho que só oito a nove horas.
Imagine outros que vêm de outras cidades.”
■ No vasto cenário de comunicação simbólica e de
consumo religioso, verificou-se pelas narrativas
analisadas que o santuário tem a fama de ser um
lugar lindo, maravilhoso, próximo da imagem do
paraíso celestial na terra, onde há uma santa
que, a despeito de sua santidade, viveu por lá
como um ser humano comum, o que atrai
milhares de pessoas, chegando a cerca de 80 a 100
mil ao mês, que desejam consumir esse espaço
sagrado.
■ Ancorados nos valores e virtudes de Santa Paulina, como a
bondade, a caridade, a esperança e seu amor aos enfermos, os
peregrinos demonstram satisfação plena ao chegarem ao
santuário. No curto período em que permanecem no espaço,
narram que lá se abastecem das virtudes e valores da santa; o
consumo da fé lhes permite retornar mais renovados e
motivados a emularem em suas vidas a Santa Paulina.

“A gente busca inspiração nela e, se a gente não


buscar inspiração, a gente não vive, porque não
tem inspiração de uma pessoa” (Cararo, 50 anos,
do lar).
■ O consumo das lembrancinhas ou dos diversos
produtos expostos nas adjacências do santuário se
presta ao objetivo de oferecer aos visitantes que levem
para suas casas uma materialidade que remeta
simbolicamente à experiência vivida no santuário.
■ Indiretamente, esses produtos podem servir de
motivação para que um terceiro venha a fazer a
mesma viagem. Embora não seja o foco deste
trabalho, este tema pode suscitar uma reflexão futura.
■ Enfim, deve-se recordar que, no início deste trabalho,
buscavam-se identificar elementos que compunham as
narrativas acerca do consumo moral da fé dos peregrinos no
Santuário de Santa Paulina. Considera-se respondida essa
questão, na medida em que foram obtidas respostas
consistentes e esclarecedoras de suas buscas por aquisição de
uma vida melhor e parecida com a da santa. De modo que, na
dimensão empírica desta pesquisa, pode-se afirmar que há uma
interligação entre a comunicação, o consumo e a religião.
OBRIGADA

NEUSA SANTOS

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