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TRABALHO DE INTRODUÇÃO A ANTROPOLOGIA

CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS

UNESP, SP

2023

Título da pesquisa:
Turma da manhã
"Diferentes perspectivas de realidade nos diversos grupos étnico-raciais na UNESP FFC"

Grupo de questões raciais


Nome dos membros do grupo:
Maria Clara Carneiro Pereira, Mykaelle Recco Garcia,
Sofia Mayumi Inada e Stefany Bispo Gonçalves.
Diferentes Perspectivas de
Realidade nos Diversos
Grupos Étnicos-Raciais na
UNESP FFC
Índice
01 O Eu: O olhar etnográfico

02 O Outro: A Comunidade em análise

03 conclusões
O Nós: A noção de pertencimento e
O Eu: O Olhar • O que é a etnografia e qual é o papel
Etnográfico do etnógrafo?
“Praticar a etnografia é estabelecer relações, selecionar
informantes, transcrever textos, levantar genealogias, mapear
campos, manter um diálogo e assim por diante.” (GEERTZ,
2008, p.4)

• O fazer etnográfico:
“Lévi-Strauss (1975), destaca que a etnografia consiste na
observação e na análise dos grupos humanos em suas
particularidades a fim de reconstituir fielmente a vida de cada
um deles. O conhecimento dos fatos sociais só é possível a
partir de uma investigação concreta e minuciosa dos grupos
sociais, contextualizados em seu tempo e espaço, a fim de se
alcançar as estruturas mais inconscientes do pensamento
humano”. (GEERTZ, 2008, p.5).
Objetivo
O presente estudo objetivou compreender as diferentes
perspectivas de realidade nos diversos grupos étnicos
raciais na UNESP FFC. Assim, foram realizadas entrevistas
semiestruturadas com alunos dos variados cursos da
universidade, que estão inseridos nos diversos grupos
Modern art
étnico-raciais, a fim de compreender como estes se sentem.
A experiência de se tornar antropólogo

“O empecilho inicial foi como definir questões não muito diretas para deixar os
entrevistados inicialmente confortáveis para falar sobre assuntos delicados. Assim, já
nas entrevistas, o problema foi como tranquilizar os entrevistados pois, apesar de muitos
serem nossos colegas, precisávamos fazer com que eles se sentissem confortáveis para
falar de temas que, como muitos disseram, raramente abordavam. Foi essencial deixar
claro que a entrevista era um ambiente seguro e sigiloso para que os entrevistados
contassem suas experiencias, mesmo assim, alguns ficaram relutantes e deram respostas
vagas. Por fim, para mim, a maior dificuldade encontrada foi assumir o papel de
etnógrafa para fazer as entrevistas, me concentrando ao interagir com os entrevistados,
não condicionar respostas e, durante a análise das gravações das entrevistas, deixar
minhas crenças de lado para obter os dados buscados.”
C o m u n i d a d e e m
O O u t r o : A
análise nário faz
li s a d a n es te s e m i
c o m u n i d a d e a n a
A d e F i l o s o f i a e
l e o d a F a c u l dad e
parte do n ú c
M a r í l i a . O s g r u pos
i a s d a U N E S P d e
Ciênc u d a n t e s d e
s c o n c e n tr a m e s t
entre v i s ta d o
os o f e r ec id o s p e la
ár i a p a r te d o s c u rs
majori t
universidade.
O que são grupos focais? Grupo Focal 1
O primeiro grupo a ser
O método de pesquisa por grupo focal é uma técnica de apresentado corresponde com
pesquisa que coleta dados por meio de interações grupais as entrevistas realizadas pelas
através de um tópico, a entrevista também faz parte desse pessoas não-racializadas,
processo, junto com a observação participante feita pelos brancas, e suas experiências em
pesquisadores, que podem ser divididos entre facilitadores e relação ao seu convívio com
entrevistadores. outros grupos étnicos e suas
observações.

Grupo Focal 2 Grupo Focal 3 Grupo Focal 4


O segundo grupo é composto O terceiro grupo analisado é O quatro e último grupo entrevistado é
pelos entrevistados que se formado por entrevistados que formado por entrevistados
identificam como pardos, que se autodeclaram amarelos, e autodeclarados pretos, eles contam os
também compartilham suas relatam suas experiências com eventos importantes que os levaram à
visões sobre a vivência dentro questões também sobre universidade, com a relação com a
da universidade e a visibilidade invisibilidade, xenofobia e família, além da resistência ao
sobre suas discussões. racismo em relação às suas preconceito e racismo, assim como os
integrações na universidade. outros grupos racializados.
Trechos dos Depoimentos
"Sinto bastante ausência de pertencer, de "Principalmente porque o
"Eu acredito que a minha a raça não interfere em ter alguém para conversar de igual para curso que eu faço é muito
nada nessas questões universitárias e
igual e elitizado e tem muita pouca
que para pessoas racializadas é muito mais
difícil, pois existem muito mais questões e pessoa que é semelhante a
são vivências muito diferentes. Entretanto, compartilhar experiências." mim."
acredito que a questão de classe social me
afeta muito."
"Eu acho que quando eu cheguei aqui foi um
baque muito grande... mas hoje, depois do estágio,
"A noção de pertencimento é oca, a gente não vê eu vejo a importância da gente estar
tantos semelhantes, aqui, principalmente porque a gente atende no
SUS, então quando chegam essas crianças
principalmente no prédio de físio, e aí acabam que majoritariamente são negras e elas veem em
surgindo os questionamentos sobre mim talvez uma identificação, hoje
estar no lugar correto... Hoje fazer faculdade não é eu vejo uma importância muito grande, mas a
garantia de ficar rico, mas princípio no começo da faculdade eu
é legal saber que você pode estudar pra não ser mais via isso como um peso."
um boneco na mão do sistema,
"Sou da permanência estudantil e tive que
do capitalismo. Então é isso, eu me sinto meio
trabalhar desde que eu cheguei aqui. Não
perdido, e não completamente
aproveitei a faculdade até setembro desse ano,
pertencente à faculdade."
"É bem perceptível por parte de alguns quando pedi demissão, por ter que trabalhar o dia
professores, num sentido ruim, por eles te inteiro e à noite ter que vir estudar."
olharem com indiferença, como se você
tivesse uma capacidade reduzida
comparada aos demais."
Trechos dos Depoimentos
"Levam em conta (a identidade dele) para "Já presenciei uma situação em que um
fazer piada né, eles olham diferente quando docente foi racista diretamente com uma
o professor
aluna, e todos os outros colegas ficaram
fala algo sobre japonês. É pra mim ou pra *,
indignados."
que é coreana, que todos olham."

"Uma vez eu tava chegando na faculdade, desci do uber,


"Eu percebo que dentro da universidade por a gente não e na hora que eu passei tinha um pessoal na minha frente,
ser branca as pessoas tava frio e eu tava de moletom preto e ai as meninas
sempre subestimam muito a gente, isso é o que eu mais começaram a falar: “Hoje eu não vou ser assaltada.
percebo, tanto dos professores Fulana, se você me deixar ser assaltada hoje eu vou ficar
quantos dos alunos e tal, mas não sei dizer em que medida brava”. Esse tipo de coisa, entendeu? Eu acabei nunca
isso me afeta, não é algo que me deixa pra baixo, tipo, é levando isso a frente porque na hora que acontece a gente
algo frustrante mas não é algo que me desanima de estar sempre fica tipo, “pô, se for comigo eu vou fazer
nesse espaço, muito pelo contrário é algo que me motiva a diferente, eu vou apontar o dedo na cara, vou fazer isso,
estar aqui e mostrar para essas pessoas o quanto elas estão fazer aquilo”, mas na hora que acontece mesmo você sabe
erradas." que não consegue agir como você imaginava.
Infelizmente não foi a primeira vez e provavelmente não
vai ser a última, mas né, passou."
"Alguns professores fazem piadinha, mas já
to acostumado com essas coisas. Eu não ligo
muito, então talvez isso se encaixe como "No campus não tem tantas pessoas
racismo. É que eu não sou muito ligado nessas amarelas e quando
coisas assim."
você fala da cultura sempre têm um olhar
meio pejorativo."
Outros Dados

O Gráfico 1 representa o total de pessoas


entrevistadas e, dentre elas, a quantidade de pessoas
que são da permanência e as que não são da
permanência.

O Gráfico 2 apresenta os diferentes grupos étnico-


raciais que entrevistamos e suas respectivas
quantidades de entrevistados.
O Nós: A noção de
pertencimento e
conclusões
Devido a aspectos históricos e sociais, No caso de pessoas pretas e pardas, Já pessoas amarelas, discorrem sobre
a entrada e permanência de pessoas estas relatam que a universidade é um a falta de representatividade, visto
racializadas na universidade é de local elitizado e predominantemente que, sentem que sua identificação
extrema complexidade. ocupado por pessoas brancas, o que étnico-racial é invisibilizada e a
Em nossas entrevistas, todas as por muitas vezes as fazem não se cultura asiática é ridicularizada e
pessoas racializadas, entre, pretos, sentirem integradas. Além disso, essas apagada.
pardos e amarelos, afirmaram que não pessoas relatam que sua capacidade Ademais, casos de racismo com
se sentem totalmente pertencentes ao intelectual é quase sempre pessoas amarelas são banalizados.
ambiente acadêmico, por múltiplos questionada.
fatores.
O Nós: A noção de
pertencimento e
conclusões
Avaliando os dados coletados através da pesquisa de campo, é nítido que ser uma
pessoa racializada na universidade, traz questões além das acadêmicas.
Ademais, as pessoas racializadas afirmaram que não se sentem parte da
universidade, pois não há identificação e que se existissem núcleos de acolhimento
para pessoas pretas/pardas e amarelas o sentimento de pertencimento seria maior.
Essas pessoas afirmam que sentem falta desses movimentos, pois ao ingressar na
universidade esperavam presença notável desses grupos.
Em suma, elas afirmam que a forma que encontraram de se sentirem mais
confortáveis é se cercando dos colegas que compartilham experiências semelhantes.
Bibliografia
• GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de
Janeiro: LTC, 2008.
• NASCIMENTO, Elisa Larkin. O Sortilégio Da Cor:
Identidade, raça e gênero no Brasil. São Paulo: Summus,
2003.
• História da Diversidade Humana. São Paulo: Editora da
UNESP, 2002. VINCKE, Edouard. Géographes et
Hommes d’Ailleurs. Bruxelles: Commission Française de
la Culture de l’Aglomération de Bruxelles. Collection
Document, nº 28. 1985. . Raial ou Raciste, Racisme ou
Racismes? In: Revue de l’Institut Supérieur de Pédagogie
de Bruxelles, nº 24, décembre 1987, pp.23-33.
CASTELLS, Manuel. O Poder da Identidade. Rio De
Janeiro: Paz e Terra, 1999.
Obrigada!

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