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VI FÓRUM DIÁLOGOS

ESCOLA: ESPAÇO DE DIÁLOGO E EXPRESSÃO DAS DIVERSIDADES

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Luísa N. N. Campos Fróes
Psicóloga CRP 16º/1690

Colatina
2021
A SOCIEDADE DO CANSAÇO:

• As mudanças sociais, culturais e econômicas do


século 21;
• A piora generalizada na saúde mental das pessoas
e o excesso de positividade;
• Mudança da sociedade disciplinar para sociedade
do desempenho;
• Antiga sociedade disciplinar Regras, sujeições e
proibições, na atual sociedade de desempenho
muitos profissionais tornaram-se empresários de si
mesmos.
EU E O OUTRO: E EU COM ISSO?

• O ser humano é constituído pelo desejo do outro e por


meio da mediação da fala do outro.
• Em relação aos outros animais, o bebê humano é
sempre um prematuro, ao passo que ao nascer não
sobrevive no mundo sem o amparo de um outro.
• o “Desamparo” é a experiência fundamental da
constituição humana.
• A primeira dependência de amor e desejo não é
biológica mas também psíquica. Essa angústia de
desamparo se relaciona desde a fase da criança até o
adulto, através da repetições dos desejos do outro.
QUEM SOU EU?
COMO ESTAMOS LIDANDO COM AS
DIFERENÇAS?
A SOCIEDADE PATRIARCAL

• Homens adultos
• Funções de liderança
política
• Autoridade moral
• Privilégio social
• Controle das propriedades
• Domínio da família
• O pai (ou figura paterna)
mantém a autoridade sobre
as mulheres e as crianças.
PRODUÇÃO DE DESIGUALDADES

• O patriarcalismo foi uma estratégia de dominação


colonização.

• As bases institucionais dessa dominação são o grupo


doméstico rural e o regime da escravidão.

• A estratégia patriarcal consiste em uma política de


população de um espaço territorial de grandes
dimensões, para gerar riquezas.

• A dominação se exerce com homens utilizando sua


sexualidade como recurso para aumentar a população
escrava (mão de obra). A relação entre homens e
mulheres ocorre pelo arbítrio masculino no uso do sexo.

• o patriarcado não se efetua pela dominação religiosa,


a não ser pela influência que esta exerce nas relações
familiares dentro do grupo doméstico..
(AGUIAR, 2000)
CARACTERÍSTICAS DO PATRIARCADO COLONIAL DO BRASIL:

PIRÊMIDE DA DOMINAÇÃO

Homens Proprietários de terra

Homens comerciantes, artesões e etc.

Homens escravizados
Mulheres e crianças não escravizados

Mulheres e crianças escravizadas


1.2.1 DIFERENÇAS CURRICULARES, AINDA HÁ DESIGUALDADE SALARIAL...
1.2.2 OS DIREITOS CIVIS DAS MULHERES: COMO NASCEM AS LEIS?

Em 25 de novembro de 1962, a Lei 4.121


1927, a primeira mudou essa situação. LEI Nº 11.3
concessão de voto à "Conhecida como 40, DE 7 DE
mulher no país. Estatuto da Mulher AGOSTO D
1849 A professora Celina Casada, a lei E
A faculdade da Guimarães Viana, por meio contribuiu para a 2006
1500 – Início do Bahia aceitou da lei estadual 660/1917, emancipação “Lei Maria
domínio europeu 1827 mulheres como conseguiu ter seu direito feminina em diversas da Penha
Primeiros contatos dos Escola de estudantes
portugueses com os estabelecido. áreas"
primeiras
povos originários letras do Inferioridade das Em 1932, Getúlio
O Código Civil de
Império mulheres 1916 definia a mulher Vargas instituiu o
Mulheres As 1ªs Constituições casada como incapaz Código Eleitoral
eram posse eram omissas em de realizar certos atos Brasileiro, definindo
relação os direitos das e previa que ela que era eleitor todo
do homem
mulheres necessitava da cidadão maior de 21
Tinha um
autorização do seu anos, estabelecendo
“dono” assim, por lei, o direito
marido para exercer
diversas atividades, ao voto feminino.
...
Pré Período Colonial Período Brasil- Império Período Republicano
colonial 1530 -1822 1822- 1889 1889 – até hoje
1.3 DOMINAÇÃO MASCULINA E A VIOLÊNCIA SIMBÓLICA

• (...) Também sempre vi na dominação


masculina e no modo como é imposta e
vivenciada, o exemplo por excelência desta
submissão paradoxal, resultante daquilo que
eu chamo de violência simbólica, violência
suave, insensível, invisível, a suas próprias
vítimas, que se exerce essencialmente pelas
vias puramente simbólicas da comunicação ou
do conhecimento, ou mais precisamente, do
desconhecimento, do reconhecimento ou, em
última instância, do sentimento.
BOURDIEU,2012,p.2.
O CORPO DA MULHER: PROPRIEDADE DE QUEM?
A LÓGICA DA DOMINAÇÃO

• (...) a lógica da dominação, exercida em nome de um princípio simbólico


conhecido e reconhecido tanto pelo dominante quanto pelo dominado, de uma
língua (ou uma maneira de falar), de um estilo de vida (ou maneira de pensar,
de falar ou agir) e, mais geralmente, de uma propriedade distintiva, emblema
ou estigma, dos quais o mais eficiente simbolicamente é essa propriedade
corporal inteiramente arbitrária e não predicativa que é a cor da pele.

BOURDIEU, 2020, p.8


2. A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
ALGUNS RELATOS DE MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA:

“Ele não me deixava fazer nada. Eu apenas poderia trabalhar com “Sinto medo, pânico e vontade de morrer”! (C.,
ele, ser a secretária dele. Sou capaz de tudo por ele! Ele dizia que 44 anos, foi agredida pelo irmão que é militar.)
era o Coringa e eu a Arlequina dele”. (J., 24 anos, agredida pelo ex-
companheiro.) Eu não sei dizer porque isso aconteceu comigo...Talvez
porque eu seja brincalhona e sorridente. Ele dizia que eu era
“Eu tinha o melhor e o pior dele. Em alguns momentos, ele me bonita e insistiu para estacionar o carro e eu dizia “não”! Eu
fazia sentir que eu era a melhor mulher do mundo e em outros
só queria ir pra casa...” (R.M. , 32 anos, violentada
era explosivo, grosseiro e agressivo”. (N., 44 anos, sofria
ameaças de morte do ex-marido.)
sexualmente pelo motorista do aplicativo após uma corrida.)

Sou advogada e conheci ele através de uma amiga. Rapidamente fomos


morar juntos. Ele passou a sentir ciúmes do meu ex-marido (pai da minha “A gente começou a namorar e eu logo engravidei, ele
filha), querer controlar minhas amizades e acesso a minha família. Ele mudou! Ele passou a ter muito ciúmes e não aceitava dividir
desqualificava minha família e dizia que eles não se importavam comigo... minha atenção com a nossa filha”. (N.F., 34 anos, o marido
Depois que ele me agrediu e eu denunciei, descobri que ele é reincidente saiu de casa e voltou para a casa da mãe dele, abandonando
para a lei Maria da Penha. Ele tentou esfaquear a ex-namorada. (S., 34 ela e as filhas.)
anos, sofreu agressão do ex-companheiro e estando grávida dele).
2.LEI 11.340, A LEI “MARIA DA PENHA”

• Protege as mulheres em situação de violência


• Salva vidas
• Pune os agressores
• Fortalece a autonomia das mulheres
• Educa a sociedade
• Oferece assistência com atendimento humanizado das vítimas.
• A Lei 11.340 está em vigor desde 2006 e torna crime a violência
doméstica e familiar, com mecanismos de enfrentamento aos atos de
agressões, estupros e assassinatos cometidos por ex-maridos,
companheiros e namorados.
• Entre os avanços, a Lei Maria da Penha definiu claramente o que é
violência doméstica e familiar contra a mulher e tipificou essa
violência – física, psicológica, sexual, patrimonial e moral, que
podem ser praticadas juntas ou separadamente.
• Outro ponto importante é que determinou que o enfrentamento à
violência contra a mulher é responsabilidade do Estado.
RECONHECENDO A VIOLÊNCIA... O VIOLENTÔMETRO!

O mundo social constrói o corpo como realidade


sexuada e como depositário de princípios de
visão e de divisão sexualizantes. Esse programa
social de percepção incorporada aplica-se a todas
as coisas do mundo e, antes de tudo, ao próprio
corpo, em sua realidade biológica: é ele que
constrói a diferença entre os sexos biológicos,
conformando-a aos princípios de uma visão mítica
do mundo, enraizada nas relação arbitrária de
dominação dos homens sobre as mulheres, ela
mesma inscrita, com a divisão do trabalho, na
realidade da ordem social

(BOURDIEU, 2012, p.20)


MULHER: TERRITÓRIO DE QUEM? E PARA QUEM?
CONSIDERAÇÕES FINAIS

• Segundo Bourdieu a Violência simbólica é instituída por intermédio da adesão que o


dominado não pode deixar de conceder ao dominante e quando incorporada a relação de
dominação, essa relação é vista de uma forma naturalizada que resultam em
incorporações de classificações, que assim naturalizadas, tem como resultado seu ser
social, ou seja seu produto. (p.47)
• Bourdieu aponta ainda que “só uma ação política que leve em conta todos os efeitos da
dominação que se exercem através da cumplicidade objetiva entre as estruturas
incorporadas(...) poderá, a longo prazo, sem duvida, e trabalhando com as contradições
inerentes aos diferentes mecanismos ou instituições referidas, contribuir para o
desaparecimento progressivo da dominação masculina” (p.139)
REFERÊNCIAS

• AGUIAR, Neuma. Patriarcado, sociedade e patrimonialismo. Soc. estado., Brasília, v. 15, n. 2, p. 303-330, Dec. 2000. Disponível em
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922000000200006&lng=en&nrm=iso . Acesso em 25 jun. 2020.
• Brasília: Senado Federal, Para lei escolar do Império, meninas tinham menos capacidade intelectual que meninos, Arquivo S. 2020 Disponível em
https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/nas-escolas-do-imperio-menino-estudava-geometria-e-menina-aprendia-corte-e-costura . Acesso
em jun. 2020
• BOURDIEU, P. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
• FONSECA, Rosa Maria Godoy Serpa da. A educação e o processo de inclusão: exclusão social da mulher: uma questão de gênero? Rev. bras.
enferm. [online]. 1995, vol.48, n.1, p.51-59. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
71671995000100008&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0034-7167. https://doi.org/10.1590/S0034-71671995000100008. Acesso em 15 de jun.2020.
• MACEDO, Goiacira S.; MACÊDO, Kátia B. As relações de gênero no contexto organizacional: o discurso de homens e mulheres. Rev. Psicol.,
Organ. Trab. v.4 n.1 Florianópolis jun. 2004. Disponível na internet via
file:///C:/Users/Luisa/Downloads/As%20rela%C3%A7%C3%B5es%20de%20g%C3%AAnero%20no%20contexto%20organizacional_%20o%20discurso%2
0de%20homens%20e%20mulheres%20(1).pdf
. Acesso em 15 de jun. 2020.]
• MARQUES, Teresa Cristina de Novaes; MELO, Hildete Pereira de. Os direitos civis das mulheres casadas no Brasil entre 1916 e 1962: ou como são
feitas as leis. Rev. Estud. Fem., Florianópolis , v. 16, n. 2, p. 463-488, Aug. 2008 . Available from
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2008000200008&lng=en&nrm=iso . Acesso em 26 Jun. 2020
• NERI, Regina. A psicanálise e o feminino: um horizonte da modernidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005, p. 17-274

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