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– São Paulo e
suas Cartas
Aula ministrada no Curso de Teologia para Leigos e
Consagrados da Região II por Pe. Marcelo Henrique
Gonzalez Dias
1. O contexto histórico-religioso dos tempos de
São Paulo
Para bem conhecer São Paulo, precisamos entrar em contato com as
informações que São Lucas nos apresenta que At e, obviamente, com as
próprias cartas escritas pelo grande Apóstolo dos Gentios.
Porém, faz-se também necessário conhecer melhor o contexto histórico do
mundo em que São Paulo viveu e pregou o Evangelho. Como estava a
organização política daquela sociedade? Quais eram as religiões e filosofias
existentes? Como o Apóstolo lidou com tal contexto, a fim de melhor pregar o
Evangelho?
Quem nos ajuda a responder tais perguntas é o papa Bento XVI (1927-2022).
Enquanto Sumo Pontífice, Bento XVI promulgou o Ano Paulino, que durou de
29 de junho de 2008 até a mesma data do ano seguinte, com o objetivo de
comemorar os 2 mil anos do nascimento de São Paulo.
Por isso, naqueles anos ele deu uma série de catequeses sobre São Paulo, sua vida
e seus ensinamentos doutrinais. Elas foram ministradas nas audiências gerais das
quartas-feiras e estão disponíveis em português no site do Vaticano.
Eis o link para acessá-las: https://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/
audiences/2008.index.html. A primeira delas é de 2 de junho de 2008 e a última é
de 4 de fevereiro de 2009(O link da última destas catequeses:
https://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/audiences/2009/documents
/hf_ben-xvi_aud_20090204.html)
Valeria a pena ler cada uma das 20 catequeses que o grande papa teólogo
ministrou a respeito de São Paulo. Elas não são longas, além de terem linguagem
acessível aos não-especialistas.
Na primeira destas audiências (cf. https://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/
audiences/2008/documents/hf_ben-xvi_aud_20080702.html), Bento XVI
responde justamente ao presente tópico destes slides: o contexto histórico-
religioso dos tempos de São Paulo. Vejamos.
A situação dos judeus
1. Introdução (1,1-11)
2. Trabalhos apostólicos de Paulo (1,12–7,16)
3. A coleta para a Igreja de Jerusalém (8,1–9,15)
4. Paulo defende seu ministério (10,1–13,10)
5. Despedidas e bênção (13,11-14)
As cartas de São Paulo (retomando)
CARTA AOS ROMANOS
PRIMEIRA CARTA AOS CORÍNTIOS
SEGUNDA CARTA AOS CORÍNTIOS
CARTA AOS GÁLATAS
CARTA AOS EFÉSIOS
CARTA AOS FILIPENSES
CARTA AOS COLOSSENSES
PRIMEIRA CARTA AOS TESSALONICENSES
SEGUNDA CARTA AOS TESSALONICENSES
PRIMEIRA CARTA A TIMÓTEO
SEGUNDA CARTA A TIMÓTEO
CARTA A TITO
CARTA A FILÊMON
4.5 Carta aos Gálatas
A Carta aos Gálatas é dirigida a vários grupos de fiéis certamente
espalhados pela província da Galácia, na Ásia Menor, sendo
atualmente a região oeste da Turquia. Nela Paulo combate
vigorosamente os judaizantes, cristãos de origem judaica que
queriam impor a prática da Lei de Moisés aos cristãos de origem
pagã. Scott Hahn explica que a Carta aos Gálatas foi certamente
escrita no começo do ano 50, pouco depois do Concílio de
Jerusalém, que reuniu-se no ano anterior e definiu que os cristãos
de origem pagã não estariam obrigados a praticar a Lei de Moisés.
O Apóstolo dos Gentios defende a origem divina de seu
ministério (1,11-17) e sua comunhão com a doutrina pregada
pelos demais apóstolos, especialmente São Pedro, que
reconheceu a legitimidade de seu ministério (2,1-10).
Em seguida, ele explica que a salvação vem a todos pela Morte
e Ressurreição de Jesus Cristo, não pela prática da Lei de
Moisés. Esta foi uma preparação para a salvação, dando ao
povo a consciência do pecado, mas não lhe dando a
possibilidade de ser redimido dele.
O Apóstolo explica que mesmo a circuncisão, originada na
época de Abraão e mais antiga que a Lei de Moisés,
também não é necessária para se obter a salvação, pois o
Novo Testamento levou a pleno cumprimento essas antigas
práticas, que eram sombra dos bens futuros.
Cristo se tornou maldição por nós, morrendo na Cruz para
nos libertar da maldição da Lei (Gl 3,13). Nascendo de
mulher, Ele mesmo sujeito à Lei, a fim de nos resgatar e de
nos dar a filiação adotiva (4,4-5).
Esquema de Gl
1. Saudação (1,1-5)
2. O falso Evangelho (1,6-9)
3. A autoridade apostólica de Paulo (1,10–2,21)
4. Lei e Fé (3,1–4,31)
5. A Liberdade cristã (5,1–6,10)
6. Exortações finais e bênção (6,11-18)
4.6 Carta aos Efésios
Nesta carta São Paulo se preocupa especialmente em explicar a doutrina da
Igreja como Corpo Místico de Cristo. Efésios é uma das “Cartas do
Cativeiro” (com Colossenses, Filipenses e Filêmon), pois foram escritas
enquanto ele estava na prisão (provavelmente em Roma).
Em Ef São Paulo também explica o processo de santificação, dá conselhos
práticos de vida fraterna e de retidão moral, além de apresentar a vida
presente como uma luta contra o Mal e, por isso, o cristão deve usar a
armadura e as armas necessárias para vencer Satanás e triunfar com Cristo.
A cidade de Éfeso ficava na província romana da Ásia. Era uma grande
cidade portuária e onde havia um vigoroso culto à deusa Ártemis. Ali São
Paulo formou uma forte comunidade cristã.
4.1 Autoria e data da redação
Por duas vezes na carta o apóstolo São Paulo se apresenta como autor
(Ef 1,1; 3,1). Esta autoria foi aceita tranquilamente até o final do
século XVIII, mas a partir deste período começaram a surgir algumas
contestações e certos estudiosos começaram a afirmar que um
discípulo de São Paulo escreveu a carta em seu nome.
Segundo eles, a carta não tem um tom pessoal como as outras cartas do
Apóstolo, a linguagem parece um pouco diferente e os temas não
seriam abordados da maneira como São Paulo costumava fazer.
Contudo, é muito sólida a afirmação de que São Paulo é
realmente o autor de Efésios. A epístola tem um estilo
diferente, mas isso se deve à motivação do escritor e ao
contexto dos seus destinatários.
Não havia grandes problemas a resolver, como na
comunidade de Corinto ou entre os Gálatas. Por isso, o tom
poderia ser mais pacífico, cabendo apenas recordar os
grandes temas da vida cristã (Cristo Salvador, Igreja, vida
moral, combate espiritual...)
A Carta foi provavelmente escrita em Roma depois do ano 65, enquanto
São Paulo estava preso. O contexto desta prisão é explicado no final do
livro dos Atos dos Apóstolos.
Porém, é bem provável que a Carta tenha sido dirigida a um conjunto de
comunidades, dentre as quais se encontrava a de Éfeso. Por quê? Bom, em
primeiro lugar porque a expressão “aos Efésios” não se encontra no texto.
Algumas versões a trazem, mas provavelmente não vem de São Paulo
Em segundo lugar, São Paulo parece não conhecer os cristãos para quem
ele dirige a carta (1,15; 4,21) e também parece não ser conhecido por eles
(3,2-4), não obstante ele ter residido em Éfeso por 3 anos (At 19,8; 10,22;
20,31).
Por isso, alguns estudiosos acreditam que São Paulo
tenha escrito uma carta geral para as comunidades da
Ásia Menor e que a cópia que circulou por Éfeso foi
a que sobreviveu à ação do tempo. Daí o tom mais
impessoal. Se for verdade esta teoria, o Apóstolo
tinha os efésios em sua mente, já que a eles também
era endereçada sua missiva, embora não de modo
exclusivo.
4.2 Estrutura e temas da Carta aos Efésios
1. Saudações (1,1-2)
2. Questões doutrinais (1,3–3,21)
Bênção em Cristo (1,3,14)
Oração pela Igreja (1,15-23)
Nova vida em Cristo (2,1-22)
Mistério da Igreja (3,1-13): mistério revelado em Cristo
Oração pela Igreja (3,14-21): conhecer o amor de Cristo
3. Questões morais
Unidade do Corpo de Cristo (4,1-16): uma só fé, Igreja e batismo
A velha e a nova vida (4,17–5,20)
O lar cristão (5,21–6,9): amor, respeito, submissão, espírito de entrega
A armadura do cristão (6,10-20)
4. Questões pessoais e bênção (6,21-24)
A Carta de São Paulo aos Efésios é um tratado ou homilia em forma de
carta. Ela tem um tom mais formal e impessoal, diferente, por exemplo,
da Carta aos Colossenses, embora ambas tratem, em parte, dos mesmos
temas.
Efésios, como vimos, é dividida em duas partes principais: a seção
dogmática (1,3–3,21) e a seção moral (4,1–6,20). Num magnífico hino
cristológico (1,13-14), Paulo louva a Deus pelas bênçãos que Ele
derramou sobre os fiéis de acordo com Seu eterno plano de salvação.
É necessário especial auxílio divino para se compreender o mistério
cristão (1,9-12). São Paulo fala de seu entendimento do mistério (3,2-4) e
implora aos fiéis que também peçam a Deus a graça da compreensão
(3,16-19)
O mistério da Igreja