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EXTRAÇÃO MINERAL E DEGRADAÇÃO AMBIENTAL EM SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA,

ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Souza, S.L.A.*; Mirinha, J.P.M.**; Nunes, H.***;


Rocha, R.***; Mageiro, M.M ***.

*Universidade Estácio de Sá (UNESA) / Instituto


Estadual do Ambiente/Superintendência do Baixo
Paraíba (INEA/SUPBAP)
**Instituto Estadual do Ambiente/Superintendência do
Baixo Paraíba (INEA/SUPBAP)
***Departamento de Recursos Minerais /RJ
(DRM/RJ)
INTRODUÇAO
A exploração das rochas ornamentais (pedras decorativas)
em Santo Antônio de Pádua / RJ trouxe grande expansão
econômica ao município, tornando-se a principal atividade
em geração de emprego, considerando-se toda a cadeia
produtiva. Gerou, entretanto impactos ambientais graves
embora localizados em zona rural.
As extrações de S. A. de Pádua ocorrem basicamente na
Serra do Bonfim e na Serra do Catete. São formadas por
gnaisses, denominados comercialmente de “ Granito Olho
de Pombo” e “Pedra Madeira Paduana”, com suas
variedades.
INTRODUÇÃO
A exploração das rochas ornamentais (pedras decorativas)
em Santo Antônio de Pádua / RJ trouxe grande expansão
econômica ao município, tornando-se a principal atividade
em geração de emprego, considerando-se toda a cadeia
produtiva. Gerou, entretanto impactos ambientais graves,
embora localizados em zona rural.
As extrações de S. A. de Pádua ocorrem basicamente na
Serra do Bonfim e na Serra do Catete. São formadas por
gnaisses, denominados comercialmente de “ Granito Olho
de Pombo” e “Pedra Madeira Paduana”, com suas
variedades.
LOCALIZAÇÃO E ACESSO

Santo Antônio de Pádua localiza-se no noroeste do estado


do Rio de Janeiro, coordenadas Geográficas (WGS – 84)
21º 32’ 22,89’’S / 42º 10’ 51,69’’ distando da capital do
estado 265 km a partir da rodovia Br-040 até a cidade de
Três Rios e daí pela BR-393 e RJ-186 até Pirapetinga
(MG) e S. A. de Pádua. Pela BR-101 por Campos dos
Goytacazes e RJ-158 por São Fidélis o percurso se
estende por 380 km.
Fig.1 – Localização da cidade de Santo Antônio de
Pádua no estado do Rio de Janeiro
Serras do Catete e Bonfim
Fotos 1 e 2 – Lajota de Pedra Cinza Paduana variedade ¨Olho
de Pombo¨ e muro de Pedra Madeira Paduana variedade
¨Amarela¨.
HISTÓRICO DA MINERAÇÃO NA REGIÃO

A exploração em Santo Antônio de Pádua começou na


década de 70 com a retirada das pedras para sua utilização
em currais que posteriormente, na década de 80, passaram
a ser utilizadas na construção civil, em revestimentos
externos como muros, paredes e jardins substituindo
materiais como granitos e mármores polidos bem mais
dispendiosos (Filho & Tanaka, 2002). A exploração destas
pedras passou a ser então a principal atividade econômica
da região empregando aproximadamente 6000 pessoas
segundo o sindicato da atividade local – SINDGNAISSES
(Silva & Margueron, 2002).
ASPECTOS DA MINERAÇÃO NA REGIÃO.
A mineração na região se processa de forma artesanal com
ausência de tecnologia, provocando impactos ambientais danosos
e desperdício de material devido a:
• Falta de planejamento, má utilização de explosivos e técnicas
predatórias de extração gerando muitas vezes lavra perigosa,
desperdício de material e baixa produtividade (Peiter, 2001).
• Problemas gerados por loteamento de áreas, com vários
extratores trabalhando independentemente numa mesma
poligonal requerida, provocando impactos ambientais graves.

Observa-se também que a extração da chamada Pedra Madeira,


na Serra do Catete, gera danos físicos bem mais acentuados do
que os gnaisses da Serra do Bonfim. Sua maior fissilidade origina
uma grande quantidade de resíduos, maior degradação dos
afloramentos e também maior perda de material de valor
econômico.
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL RELACIONADA À
MINERAÇÃO
Podemos listar os principais impactos físicos
ambientais.
1. Exposição do solo.
2. Processo erosivo acelerado.
3. Remoção excessiva do estéril.
4. Assoreamento das drenagens.
5. Disposição inadequada do bota-fora.
6. Praça de trabalho desorganizada.
7. Lavra predatória.
8. Loteamento de áreas
CONSEQUÊNCIAS -1
Exposição do solo – Após a remoção da cobertura vegetal
o solo fica diretamente exposto ao intemperismo,
intensificando a lixiviação e erosão e desestruturando seus
horizontes.

Foto 3 – Solo degradado


exposto acima da lavra
de gnaisse ¨Olho de
Pombo¨.
CONSEQUÊNCIAS -2
Processo erosivo acelerado – Após a retirada da vegetação
e com a evolução do processo exploratório a superfície do
terreno fica exposta aos agentes intempéricos (água, vento)
e com a alta inclinação das encostas a erosão se acelera,
provocando a assoreamento das áreas mais baixas.

Foto 4 – Superfície de terreno


e estéril exposto em encosta
carreando material para zonas
inferiores
CONSEQUÊNCIAS -3
Remoção excessiva do estéril – A exploração aleatória sem
a realização de uma pesquisa mineral preliminar pode
provocar a retirada desnecessária de grandes espessuras
de estéril com o intuito de se alcançar o material de
interesse e por vezes inutilmente.

Foto 5 – Grande espessura


de estéril retirado sem
necessidade devido à falta
de pesquisa.
CONSEQUÊNCIAS -4
Assoreamento de drenagens – A lavra e a disposição de
bota-fora sem nenhuma proteção externa como dique e
caneletas vão gerar o transporte de material particulado de
diversas granulometrias.

Foto 6 – Assoreamento
de drenagem na base de
extração.
CONSEQUÊNCIAS -5
Disposição inadequada do bota-fora – O acúmulo de rejeito
em locais inapropriados como encostas ou próximos à
drenagens pode gerar problemas como rolamento de
seixos e matacões para estradas e sedimentação de
córregos.

Foto 7 – Bota-fora disposto


em encosta ocasionando
rolamento de seixos e
assoreamento de várzeas.
CONSEQUÊNCIAS - 6
Praça de trabalho desorganizada – A disposição aleatória
de material de interesse econômico junto com rejeitos de
diversos tamanhos além prejudicar a movimentação dos
veículos em atividade agrava o aspecto visual.

Foto 8 – Praça de
trabalho desorganizada
com disposição aleatória
de rejeito e minério.
CONSEQUÊNCIAS -7
Lavra predatória – A exploração sem planejamento acelera
o término da jazida e pode gerar lavra perigosa pondo em
risco a segurança dos trabalhadores.

Foto 9 – Lavra predatória com


extração em ângulo negativo
gerando problemas de
segurança.
CONSEQUÊNCIAS -8
Loteamento de áreas – A prática comum, na região, de se
lotear a jazida em várias frentes de lavra por diversos
extratores independentes provoca desordenamento
organizacional gerando impactos ambientais diferenciados
na mesma área requerida.

Foto 10 – Loteamento de jazida


em várias frentes de extração
gerando bota-foras
independentes e lavra predatória
sem planejamento.
SOLUÇÕES PROPOSTAS - 1

As sugestões apresentadas foram:


1-Apresentação de plano de lavra com o dimensionamento
das reservas restantes com os perfis topográficos
correspondentes e a produção estimada para os próximos
(05) cinco anos com monitoramento anual.
2. Implantação de marcos georreferenciados nos limites
das frentes de lavra, assim como apresentar as plantas
com a locação destes marcos em UTM (WGS 84).
3. Manutenção da praça de trabalho limpa, sem a
presença de rejeito ou materiais estéreis provenientes da
extração, que deverão ser encaminhados para o bota-fora.
SOLUÇÕES PROPOSTAS - 2
4-Estimular a sucessão natural em bota-fora já
consolidado e implantação de dique filtrante na base
do mesmo.
5. Implantação de rede de drenagem com caneletas
escalonadas para direcionamento do fluxo natural das
águas e redução da velocidade de escoamento, além
da abertura de caixas e calotas de decantação ao
longo da drenagem.
6. Implantação de diques filtrantes após as calotas de
decantação para impedir a passagem de finos não
sedimentados anteriormente.
SOLUÇÕES PROPOSTAS - 3
7. Organizar as várias frentes de lavra independentes
numa mesma poligonal sob a responsabilidade do titular do
requerimento.

8. Escalonamento em taludes das encostas com excesso


de estéril exposto, de forma a evitar desbarrancamento.

9. Preservação de qualquer núcleo de vegetação nativa


ainda existente.

10. Manutenção permanente das estradas de acesso.


CONCLUSÕES.

1. A mineração de pedras decorativas em Santo


Antônio de Pádua iniciada de forma artesanal por
trabalhadores oriundos da atividade agropecuária,
sem qualquer conhecimento técnico e sem controle,
gerou vários tipos de impactos ambientais, que ao
longo dos anos se agravaram enormemente.
2. A atividade, agora fundamental para a economia do
município, deve ser regularizada com a mitigação
dos impactos negativos gerados e a implantação de
medidas que evitem que os danos originados no
passado se repitam.
BIBILIOGRAFIA

1-Filho, J. B. & Tanaka, M. D. (2002) – Considerações


Geológicas Sobre o Parque Produtor de de Rochas
Ornamentais do Município de Santo Antônio de Pádua –
RJ. Anuário do Instituto de Geociências – UFRJ.
2-GEOESTAÇÃO Consultoria Ltda (2005) – Estudo de
Impacto Ambiental – EIA. Termo de Ajustamento de
Conduta de Santo Antônio de Pádua. SINDGNAISSES
(Sindicato de Extração e Aparelhamento de Gnaisses no
Noroeste do Estado do Rio de Janeiro).
3-Gonçalves, A. O. & Caldeira, N. (2005) – Caracterização
Climatológica do Município de Santo Antônio de Pádua,
Estado do Rio de Janeiro. EMBRAPA, documentos 80.
BIBILIOGRAFIA
4-Guimarães, P. V.; Tocci, D.; Erthal, F (2010) – Indicação
Geográfica das Rochas de Revestimento do Noroeste do Estado
do Rio de Janeiro. DRM / Trabalhos Técnicos-Científicos.
5- Nunes, R.P.M. (2010) - Delimitação de Área de Denominação
de Origem ¨Região Pedra Madeira Rio de Janeiro ¨. DRM
6-Peiter, C. (2001) – Situação e Perspectiva da Produção de
Rochas Ornamentais no Noroeste do Estado do Rio de Janeiro.
Avanço e Transferência Tecnológica em Rochas Ornamental.
CETEM/MCT, 2001. Série Rochas e Minerais Industriais,
7-Silva R. L. S. & Margueron, C. (2002) – Estudo Geológico
Técnico de uma Pedreira de Rocha Ornamental no Município de
Santo Antônio de Pádua – Rio de Janeiro. Anuário do Instituto de
Geociências – UFRJ, vol. 25.

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