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Etapa Ensino Médio

Filosofia

Pressupostos e
implicações da
opressão, da violência
1º SÉRIE
Aula 02 – 4º Bimestre
(nivelamento)
Conteúdo Objetivos
● Pressupostos e ● Identificar as contribuições da
implicações da opressão, filosofia para entender
da violência questões relacionadas à
vulnerabilidade
● Reconhecer a vulnerabilidade
como uma consequência de
um processo histórico de
opressão e segregação.
Para começar
Para começar
A palavra vulnerabilidade em geral é utilizada
para designar uma condição de fragilidade que
pode ser física, econômica, social, cultural,
entre outras. Essa é a condição própria daquele
que se encontra em perigo ou exposto a
potenciais danos, inclusive, maiores vítimas de
violência doméstica, social, cultural e política.

Na sua opinião, há pessoas mais vulneráveis Dê respostas às


que outras? Explique. indagações em seu
caderno.
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Vulnerabilidade e violência
Há diferentes formas de vulnerabilidade. A vulnerabilidade pode
representar um fragilidade em sistemas de segurança, em
investimentos e a fragilidade humana que em geral está relacionada
à falta de representatividade e de oportunidades sociais, políticas,
econômicas e culturais. A vulnerabilidade social e socioambiental,
por exemplo, podem estar associada a diferentes fatores e em geral
leva à discriminação, marginalização e exclusão. Nesse contexto a
vulnerabilidade está associada à violação ou na dificuldade em
acessar diferentes direitos.
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Vulnerabilidade e violência
A violação dos direitos civis (liberdade religiosa e de pensamento,
acesso à justiça); sociais (saúde, educação, segurança, habitação);
econômicos (acesso a emprego ou formas legais de ter rendimentos,
seguridade social); culturais(expressão artística, memória e fluxo de
saberes ) e políticos (possibilidade de votar e ser votado e assim
influenciar nas atividades e decisões de governo, participar de
iniciativas populares) tornam pessoas, vítimas dessa violação, mais
vulneráveis que outras.
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Vulnerabilidade e violência
• A violência como forma de relação social, em certos grupos,
constantemente agredidos e constrangidos produziu e reproduziu
grupos historicamente vulneráveis. Ou seja, grupos que, por razões
diversas, encontram-se em situação de risco. Em geral são
considerados grupos vulneráveis: mulheres, crianças e
adolescentes, idosos, população em situação de rua, pessoas com
deficiência ou sofrimento mental e comunidade LGBT.

• Grupos que historicamente tiveram limitadas, por força física ou


constrangimento, por exemplo, a expressão, o acesso a espaços de
participação política, a formas de obter rendimentos capazes de
garantir a subsistência, entre outros.
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Corpo e Sociedade
A vulnerabilidade social é construída historicamente por
questões diversas, entre elas, por características físicas
e/ou psíquicas. O corpo da mulher, por exemplo, por muito
educado para um certo tipo de feminilidade associada à
passividade, que ao longo do tempo tem colocado mulheres
em condição de vulnerabilidade.
Assim, a passividade que caracterizará essencialmente a
mulher "feminina" é um traço que se desenvolve nela desde Imagem: Simone
de
os primeiros anos. Mas é um erro pretender que se trata de Beauvoir. Corte
um dado biológico: na verdade, é um destino que lhe é do arquivo: Flickr.
Wikimedia
imposto por seus educadores e pela sociedade. (BEAUVOIR,
Simone. Segundo Sexo, 1967, p. 21)
Na prática
Todo mundo escreve
Na sua opinião, por que a “passividade feminina”
construída e imposta, ao longo de décadas, por educadores
e pela sociedade pode ter contribuído para a condição de
vulnerabilidade de mulheres.
Na prática Correção
Todo mundo escreve
Na sua opinião, por que a “passividade feminina” construída e
imposta, ao longo de décadas, por educadores e pela sociedade
pode ter contribuído para a condição de vulnerabilidade de
mulheres.
Resposta pessoal. Contudo, vale destacar que a construção da
passividade feminina teve, ao longo do tempo, relação com
uma educação voltada principalmente para atuação no
ambiente da casa e esse contexto orientou durante muito
tempo as mulheres para uma certa dependência econômica,
tornando-as mais vulneráveis a situações de
violência. Destacamos que essa condição tem se alterado nas
últimas décadas com a mudança na educação das meninas.
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Houve durante a época clássica,
Corpo e sociedade uma descoberta do corpo como
objeto e alvo do poder [...] o
grande livro do Homem-máquina foi
A vulnerabilidade também está escrito simultaneamente em dois
colocada para corpos e registros: anatômico-metafísico,
comportamentos fora do padrão [...] o outro técnico-político,
esperado. O ideal de um corpo constituído por um conjunto de
capaz de ser controlado para regulamentos militares, escolares,
desempenhar diversas atividades hospitalares e por processos
produtivas impõe a exclusão para empíricos e refletidos para controlar
aqueles que não atendem ao e corrigir as operações do corpo
padrão. (FOUCAULT. Vigiar e Punir, 1987,
p.117-118)
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Corpo e sociedade

Segundo Foucault, o poder manifesto nas estruturas disciplinares


define o agir dos corpos, o controle das suas funções e impulsos,
mas também para o desenvolvimento de força e orientação para a
utilidade. Nesse contexto corpos ou comportamentos desviantes
devem ser classificados e, na medida do possível, corrigidos.
Entretanto, há corpos que não podem ser corrigidos, estão fora do
padrão, de uma certa “normalidade”. Corpos e comportamentos
considerados dessa forma são segregados e oprimidos.
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Corpo e sociedade

[...] desde períodos datados do século XV, a Proteção Social


destinada a pessoas com deficiências era focada no afastamento da
vida em sociedade. Já que as pessoas com deficiência não possuem
corpos adequados aos padrões [...] Esse processo se constituiu como
controle daqueles que não são produtivamente ativos, contribuindo
para a segregação e a experiência da deficiência como forma de
opressão social (CUNHA, Ana C. C. P., 2021, p.313)
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Corpo e sociedade

A deficiência, por muito tempo, foi considerada como um problema


de indivíduos cujo corpo não era apto para a vida produtiva. Essa
condição começou a ser modificada apenas na década de 1970, a
partir de um movimento britânico que questionou o entendimento de
da deficiência como um problema individual. Esse movimento
contribuiu para a percepção de que na realidade a deficiência era da
sociedade. É a sociedade que não estaria capacitada para incluir toda
a diversidade de corpos no sistema produtivo. É a sociedade que
coloca barreiras ao estabelecer um padrão homogêneo de corpo útil e
apto para a vida produtiva.
Na prática
Arremate
Segunda metade do século XVIII: o soldado tornou-se algo que se
fabrica; de uma massa informe, de um corpo inapto, fez-se a
máquina de que se precisa; corrigiram-se aos poucos as posturas;
lentamente uma coação calculada percorreu cada parte do seu
corpo, se assenhoreia dele , dobra o conjunto, torna-o
perpetuamente disponível, e se prolonga, em silêncio, no
automatismo do hábito; em resumo , foi “expulso o camponês” e
lhe foi dada a “fisionomia de soldado”. (FOUCAULT, 1987, p. 117)
1. Identifique no excerto o que foi alterado no camponês para
torná-lo um soldado?
2. A partir do excerto, todo camponês pode se tornar um
soldado?
Na prática Correção
Arremate
1. Identifique no excerto o que foi alterado no camponês
para torná-lo um soldado?
2. A partir do excerto, todo camponês pode se tornar
um soldado?

1. A postura foi corrigida e seu corpo foi coagido até


desenvolver o automatismo do hábito.
2. Resposta pessoal. Contudo, vale destacar, a partir do que
podemos ler no excerto, que podemos concluir que o
camponês só poderá ser um soldado se possuir um corpo
capaz de ser "corrigido" .
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Vulnerabilidade e violência
O Brasil pode ser considerado um país violento pelo número de
elevado número de homicídios, roubos e outros atentados contra a
vida e patrimônio, assim como pela condição de vulnerabilidade de
parte significativa da sua população, historicamente excluída de
direitos sociais, políticos, econômicos, culturais, entre outros.

Grupos historicamente vulneráveis e reconhecidos dessa forma


pelo Estado passaram a partir do processo de democratização, a ter
legislação protetiva, por exemplo: Estatuto da Criança e do
Adolescente, Estatuto da Pessoa Idosa, Estatuto da Igualdade
Racial, Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei Maria da Penha.
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Estatuto da Pessoa com Deficiência
O Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei nº 13.146, é um conjunto
de normas que visa garantir igualdade de condições para as pessoas
com deficiência. Trata-se de uma normativa que visa atender um
grupo historicamente excluído de espaços e atividades relacionadas a
trabalho, transporte e lazer, entre outras, relacionadas a direitos
sociais, políticos, econômicos, culturais. Destacamos que a
vulnerabilidade da pessoa com deficiência pode ser potencializada
pela falta de acesso e pelas dificuldades de mobilidade em regiões
periféricas e de risco socioambiental assim como pelo preconceito
gerado a partir da idealização de corpos.
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Estatuto da Pessoa com Deficiência
Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de
oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma
espécie de discriminação.
1. § 1º Considera-se discriminação em razão da deficiência toda
forma de distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão,
que tenha o propósito ou o efeito de prejudicar, impedir ou
anular o reconhecimento ou o exercício dos direitos e das
liberdades fundamentais de pessoa com deficiência, incluindo a
recusa de adaptações razoáveis e de fornecimento de
tecnologias assistivas.
Aplicando
Puxe Mais
Redija pelo menos um parágrafo descrevendo
como o Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei
nº 13.146/2015, pode contribuir para uma
mudança de perspectiva da maior parte da
população sobre a diversidade dos corpos dos
cidadãos da nossa sociedade.
O que aprendemos hoje?
A partir da abordagem de pressupostos e implicações da
violência identificamos:
● as contribuições de Foucault e Simone de Beauvoir para
entender questões relacionadas à vulnerabilidade
● a vulnerabilidade como uma consequência de um
processo histórico de opressão e segregação
Tarefa SP
Localizador: ID – 101121

1. Professor, para visualizar a tarefa da aula, acesse com


seu login: tarefas.cmsp.educacao.sp.gov.br
2. Clique em “Atividades” e, em seguida, em “Modelos”.
3. Em “Buscar por”, selecione a opção “Localizador”.
4. Copie o localizador acima e cole no campo de busca.
5. Clique em “Procurar”.

Videotutorial: http://tarefasp.educacao.sp.gov.br/
Referências
Slide 4, 5 e 6 – Dicionário do desenvolvimento (Camões – Instituto da
Cooperação e da Língua; Fundação Cidade de Lisboa; Associação
Renovar a Mouraria e Instituto Marquês de Valle Flôr). Vulnerabilidade.
Disponível em:
https://ddesenvolvimento.com/portfolio/vulnerabilidade/. Data de
acesso: 27 jul. 2023.

Slide 7 – BEAUVOIR, Simone. Segundo Sexo – a experiência vivida.


Tradução Sérgio Milliet. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1967.

Slide 10 – FOUCAULT. Vigiar e Punir: o nascimento da prisão.


Tradução: Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1987.
Referências
Slide 11, 12 e 13 – CUNHA, Ana C. C. P. Deficiência como expressão
da questão social. Serviço Social e Sociedade [Internet]. 2021.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/sssoc/a/pykStjJty9FMZZTDCdgGCcy/#. Data
de acesso: 27 jul. 2023.

Slide 17 e 18 – BRASIL. Lei nº 13.146/2015 - Lei Brasileira de


Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com
Deficiência). Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l1314
6.htm
. Data de acesso: 27 jul. 2023.
Referências

LEMOV, Doug. Aula nota 10: 49 técnicas para ser um professor


campeão de audiência. Tradução: Leda Beck. Consultoria e revisão
técnica: Guiomar N. de Mello e Paula Louzano. 2. ed. São Paulo:
Da Prosa/Fundação Lemann, 2011.
SÃO PAULO. Currículo Paulista: etapa ensino médio.
Organização: Secretaria da Educação. Coordenadoria Pedagógica:
União dos Dirigentes Municipais de Educação do Estado de São
Paulo – UNDIME. São Paulo: SEDUC, 2020.
Referências
Lista de imagens e vídeos
Slides 3 e 20 – Marcelo Ortega/@ortega_alemao
Slide 7 – Corte do arquivo: Flickr – assessoria de imprensa do
Governo (GPO) J.P. Sartre e Simone De Beauvoir são recebidos por
Avraham Shlonsky e Leah Goldberg. Jpg (autor Moshe Milner).
Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Simone_de_Beauvoir2.png

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