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Vulnerabilidade social, risco pessoal e social,

violação de direitos, violência e o SUAS


Objetivo

Discutir conceitos, legislações e orientações técnicas


que são fundamentais para que as equipes técnicas
aprimorem suas práticas na acolhida, no atendimento
e no acompanhamento das famílias que vivenciam
situações de vulnerabilidades, riscos pessoal e social,
violação de direitos e violência.
Níveis de proteção da assistência social
Serviços socioassistenciais conforme nível
de Proteção Social
Compreendendo o SUAS
• Para uma oferta qualificada da proteção de assistência
social aos indivíduos e famílias em situação de
vulnerabilidade, violação de direitos, risco pessoal/social e
de violência é fundamental que os profissionais ampliem o
conhecimento e a reflexão crítica em relação a organização
e funcionamento do SUAS, de forma a contribuir para a sua
atuação profissional e, especialmente, nas ações e
encaminhamentos pertinentes ao acompanhamento
individual e/ou familiar.
Compreendendo o SUAS
• O desafio de trabalhar com pessoas em situações de
vulnerabilidade social, riscos pessoais e sociais, violação de
direitos e violência requer dos profissionais da Assistência
Social e das demais áreas com as quais se articulam, a
compreensão da complexidade, e múltiplas apreensões
desses conceitos, assim como as formas como estes
fenômenos se manifestam na vida dos indivíduos, famílias e
no território onde estão inseridos.
Vulnerabilidade Social
A vulnerabilidade se constitui em situações ou ainda em identidades que podem
levar a exclusão social dos sujeitos. Estas situações se originam no processo de
produção e reprodução de desigualdades sociais, nos processos
discriminatórios, segregacionais engendrados nas construções sociohistóricas
que privilegiam alguns pertencimentos em relação a outros (Orientações Técnicas da Vigilância
Socioassistencial).

É um fenômeno complexo, não se manifestando da mesma forma, o que exige uma análise
especializada para sua apreensão e respostas intersetoriais para seu enfrentamento;
Se não compreendida e enfrentada, tende a gerar ciclos intergeracionais de reprodução das
situações de vulnerabilidade vivenciadas;
Não prevenidas ou enfrentadas tendem a tornar-se uma situação de risco.
VULNERABILIDADE -> FRAGILIDADE
A vulnerabilidade não é um estado, uma condição dada, mas uma zona instável que as
famílias podem atravessar, nela recair ou nela permanecer ao longo de sua história. (Orientações
Técnicas sobre o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF)
Riscos Pessoais e Sociais
Risco - probabilidade ou a iminência de um evento acontecer. Logo, o risco
está articulado com a disposição ou capacidade de antecipar-se para preveni-lo
ou de organizar-se para minorar seus efeitos, quando não é possível evitar sua
ocorrência (Caderno de Vigilância Socioassistencial, 2016)
Risco se configura como uma situação instalada que, ao se impor, afeta
negativamente a identidade e a posição social de indivíduos e grupos. É
decorrente dos processos de omissão ou violação de direitos (PNAS).
Riscos pessoais e sociais decorrem da vivência de situações que envolvam
violação de direitos humanos e ameacem a integridade física, psíquica e
relacional, como violência intrafamiliar, abuso e exploração sexual, trabalho
infantil, abandono, isolamento, situação de rua, entre outros.
“A noção de risco não implica somente a iminência imediata de um perigo, mas quer dizer
também possibilidade de num futuro próximo, ocorrer uma perda de qualidade de vida pela
ausência de uma ação preventiva" (Sposati, 2001: 69).
Vulnerabilidade Social e Riscos
Pessoais e Sociais

Vulnerabilidade e risco são conceitos distintos: a ocorrência


da vulnerabilidade está associada à possibilidade de
ocorrência de risco, se não enfrentada a tempo e de forma
precisa. Uma situação de vulnerabilidade não conduz,
necessariamente, à vivência de uma situação de risco, pois a
presença de fatores e condições de proteção social podem
atenuar tal condição. Por sua vez, a vivência das situações de
risco pode propiciar novas vulnerabilidades, em um processo
que fragiliza ainda mais os indivíduos e/ou as famílias.
Vulnerabilidade Social e Riscos Pessoais
e Sociais
Algumas situações podem expor mais indivíduos e famílias a situações de
mais vulnerabilidade e risco pessoal e social.
Alguns grupos etários (criança, adolescente e idoso), pessoas com
deficiência ou que pertencem a alguns grupos mais expostos às situações
de violências, exclusões, discriminações raciais, sexuais e de gênero etc.
podem estar sujeitos a condição de vulnerabilidade e riscos pessoais.
A vulnerabilidade e o risco ocorrem em contextos de desigualdade,
pobreza, desemprego, fragilização de vínculos familiares e sociais. Essas
situações estão relacionadas à dinâmica dos territórios na produção de
situações de desigualdade social.
O território se configura em um lugar de intervenção, pois nele são
reconhecidas fragilidades e potencialidades que podem aumentar ou
minimizar vulnerabilidades e riscos.
Violação de Direitos
A violação de direitos constitui-se como a transgressão dos direitos
fundamentais composto pelo direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, garantidos pela Constituição, em seu
Art. 5º.
Para Dirienzo (2000), a violação de direito consiste em infringir a
liberdade de crença, a discriminação em virtude de raça/cor, a
orientação sexual, a identidade de gênero, a condição etária ou
socioeconômica.
Gerações de direitos humanos igualmente fundamentais, sem hierarquizações, prevalecendo sua universalidade,
indivisibilidade e interdependência, exigindo uma postura ativa do Estado como seu garantidor e promotor: liberdades
fundamentais (locomoção, religião, pensamento, opinião, aprendizado, voto); econômicos, sociais e culturais, como
educação, saúde, oportunidades de trabalho, moradia, transporte, previdência social, segurança, participação na vida
cultural da comunidade, manifestações artísticas; direito a um meio ambiente equilibrado e não poluído, à qualidade de
vida saudável, à autodeterminação dos povos, ao progresso, à paz, bem como a outros direitos difusos e coletivos, não
mais restritos a indivíduos ou a grupos específicos, mas estendidos para toda a comunidade.
Violação de Direitos

“A prática de declarar direitos significa, em


primeiro lugar, que não é um fato óbvio para
todos os homens que eles são portadores de
direitos e, por outro lado, significa que não é
um fato óbvio que tais direitos devam ser
reconhecidos por todos”. (CHAUÍ, 1989, p.20)
Violação de Direitos

A reflexão da filósofa nos leva a considerar


que enfrentamos muitas barreiras no que diz
respeito à democratização dos direitos, ainda
que o Brasil possua um conjunto de leis e
instrumentos que visam a defesa e promoção
dos direitos dos cidadãos.
Violação de Direitos

• Parte de nossa população ainda considera


uma benevolência do Estado o acesso a
alguns direitos sociais.
• Podemos imaginar que a violação de muitos
direitos não é percebida como uma violação,
criando uma dificuldade em vários setores da
sociedade de fortalecer a noção de direitos
humanos.
Violação de Direitos

• Dentre os vários tipos de ameaças e


violações de direitos que chegam ao SUAS, as
violências se destacam pela sua frequência e
gravidade.
Violência
conceito complexo e polissêmico*
Origem do latim vis, força
Uma primeira definição (Chauí, 1988):
1. Tudo o que age usando a força para ir contra a natureza de algum ser (é
desnaturar).
2. Todo ato de força contra a espontaneidade, a vontade e a liberdade de
alguém (é coagir, constranger, torturar, brutalizar).
3. Todo ato de violação da natureza de alguém ou de alguma coisa valorizada
positivamente por uma sociedade (é violar).
4. Todo ato de transgressão contra aquelas coisas e ações que alguém ou uma
sociedade define como justas e como um direito.
Polissemia: multiplicidade de sentidos de uma palavra ou locução (p.ex., prato => vasilha, comida, iguaria,
receptáculo de balança, instrumento musical, etc.)
Referências
• BRASIL, 2016. Caderno de Vigilância Socioassistencial, 2016
• CHAUÍ, M. Direitos humanos e medo. In: FESTER, A. C. R. (Org.). Direitos humanos e ...1. ed. São Paulo: Brasiliense, 1989. v. 1
• CHAUÍ. M. Ensaio Ética e Violência. Revista Teoria e Debate, ano 11, n° 39, 1998.
• DIRIENZO, Mário Augusto Bernardes. Violação dos Direitos Humanos, 2012. Disponível em: <
http://terceirost.blogspot.com.br/2012/05/violacao-dos-direitos-humanos-mario.html >. Acesso em: 16/08/2017.
• KRUG, E. G. et al. (Eds.) Relatório mundial sobre violência e saúde. Genebra: Organização Mundial da Saúde, 2002. 
• MINAYO, M.C.S..; SOUZA, ER de. Violência e saúde como um campo interdisciplinar e de ação coletiva. História, Ciências,
Saúde, v. 4, n. 3, p. 513-531, 1998.
• MINAYO, M. E SOUZA, E. É possível prevenir a violência? Uma reflexão a partir do campo da saúde pública. Ciência e Saúde
Coletiva, 4 (1), 1999.
• MINAYO, M.C.S..; SOUZA, ER de. Bases Conceituais e Históricas da Violência e setor Saúde. In: NJAINE, K.; ASSIS, S.G.;
CONSTANTINO, P. Rio de Janeiro. Ed. Fiocruz, 2013.
• SPOSATI, Aldaíza. Modelo brasileiro de proteção social não contributiva: concepções fundantes. In._____. Concepção e gestão da
proteção social não contributiva no Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Brasília, p. 13-56, 2009. ZALUAR, A.; LEAL, M. "Violência Extra e
Intramuros". Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 16, n° 45, 2001.
• ZALUAR, A. Um Debate Disperso: violência e crime no Brasil da redemocratização. São Paulo em Perspectiva, 13 (3), 1999.

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