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Realismo

Prof. Arno

Literatura

Várias histórias
(1896, Machado de Assis)
Realismo
Prof. Arno

Machado de Assis
(RJ, 1839-1908)

Vida

• Nasceu numa família pobre,


precisou trabalhar desde muito
jovem.

• Nunca frequentou escola


regular.

• Trabalha escrevendo em alguns


jornais e como funcionário
público no ministério da
agricultura.

• Tem uma vida modesta ao lado


de sua esposa Carolina.

• É um dos fundadores da ABL.


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Machado de Assis
(RJ, 1839-1908)

Escreveu
• Contos
• Romances
• Poemas

Apresenta duas fases


1ª - Romantismo
2ª - Realismo (a partir de 1881)

Memórias póstumas
de Brás Cubas
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Machado de Assis
(RJ, 1839-1908)

Características
• Crítica a burguesia carioca

• Pessimismo em relação ao ser humano

• Ironia

• Aparência versus a essência

• Quebra da linearidade cronológica


(flashbacks)

• Discurso metalinguístico
(digressão e diálogos com o leitor)

• Temas: loucura, adultério, etc.


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Machado de Assis
(RJ, 1839-1908)

Romances Coletânea de contos


• Memórias póstumas de Brás Cubas (1881)
• Quincas Borba (1891) • Contos Fluminenses (1870)
• Dom Casmurro (1899) • Histórias da Meia-Noite (1873)
• Esaú e Jacó (1904)
• Memorial de Aires (1908) • Papéis Avulsos (1882)
• Histórias sem Data (1884)
• Várias Histórias (1896)
• Páginas Recolhidas (1899)
• Relíquias de Casa Velha (1906)
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Literatura

Várias histórias
(1896, Machado de Assis)
Realismo
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Várias histórias Contos
(1896, Machado de Assis)

1. A cartomante (3ª pessoa)


2. Entre santos (1ª e 3ª pessoa)
3. Uns braços (3ª pessoa)
4. Um homem célebre (3ª pessoa)
5. A desejada das gentes (diálogo)
6. A causa secreta (3ª pessoa)
7. Trio em lá menor (3ª pessoa)
8. Adão e Eva (3ª pessoa)
9. O enfermeiro (1ª pessoa)
10. O diplomático (3ª pessoa)
11. Mariana (3ª pessoa)
12. Conto de escola (1ª pessoa)
13. Um apólogo (1ª e 3ª pessoa)
14. D. Paula (3ª pessoa)
15. Viver! (diálogo)
16. O cônego ou metafísica do estilo (3ª pessoa)
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Várias histórias 1. A cartomante
(1896, Machado de Assis)

• 3ª pessoa
Rita
• Tema: adultério
“Hamlet observa a Horácio que há
• Enredo/ personagens: mais coisas no céu e na terra do que
sonha a nossa filosofia. Era a mesma
explicação que dava a bela Rita ao
moço Camilo, numa sexta-feira de
novembro de 1869, quando este ria
dela, por ter ido na véspera consultar
uma cartomante; a diferença é que o
fazia por outras palavras.”

Vilela Camilo
- Casado com Rita
- Advogado - Amante de Rita
- Regrado e responsável - Funcionário público
- aventureiro,
irresponsável
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Várias histórias 2. Entre santos
(1896, Machado de Assis)

• 1ª pessoa

- o narrador ouviu a história de um padre velho, que lembrou um episódio de seu


passado, quando era capelão na igreja de São Francisco de Paula.
“Todos eles, terríveis
• Tema: adultério; avareza. psicólogos, tinham
penetrado a alma e a vida
• Personagens: dos fiéis, desfibravam os
- Capelão (antes de ser padre)
- São José; São Miguel; São João Batista; São Francisco de Sales; São Francisco
sentimentos de casa um,
de Paula. como os anatomistas
escalpelam um cadáver.
Enredo: na noite, o capelão vai até a igreja investigar uma luz, descobre que as Era assim, segundo o
estátuas dos santos ganharam vida. Os santos julgam o caráter humano ao temperamento de cada
lembrarem das pessoas que durante o dia rezaram e fizeram pedidos diante deles.
um , que eles iam narrando
Uns são tolerantes , outros ácidos. Um deles (São José) lembra de uma mulher
adúltera que pedia para se afastar do amante, porém ficavam relembrando e comentando. Tinham já
momentos picantes, o que a faz abandonar a igreja sem completar a promessa. contado casos de fé
Outro santo (São Francisco de Sales), de forma irônica defende a ideia de que não sincera e castiça, outros
se devia perder a esperança no ser humano. E lembra da promessa de um marido de indiferença,
avarento que pedia a melhora da esposa (acamada por uma erisipela na perna dissimulação [...].”
esquerda. Primeiro pensa em dar de promessa uma perna de cera, mas depois
julgando que sairia muito caro, acha melhor pagar o pedido com orações, julgando
inclusive que era mais sagrado.
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Várias histórias 3. Uns braços
(1896, Machado de Assis)

• 3ª pessoa
Dona Severina
• tema: sedução
“Aqui o sonho coincidiu com a
• Enredo/Personagens:
realidade, e as mesmas bocas uniram-
se na imaginação e fora dela. A
diferença é que a visão não recuou, e
a pessoa real tão depressa cumprira o
gesto, como fugiu à porta, vexada e
medrosa. Dali passou à sala da frente,
aturdida do que fizera, sem olhar
fixamente para nada.”

Inácio Borges
- 15 anos - despachante
- estudar - só maltrata Inácio
- aprender uma profissão
- fascinado pelos braços de Dona Severina
- suporta as ofensas para estar próximo de Dona Severina
- episódio da rede
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Várias histórias 4. Um homem
(1896, Machado de Assis) célebre

• 3ª pessoa

• Tema: sonho x realidade; a


frustração profissional. “– Ah! O senhor é que é o Pestana?
[...]
• Enredo/ Personagens: Pestana
(músico e compositor)
– Diga, minha senhora
– É que nos toque agora aquela sua polca
Não bula comigo, Nhonhô.
Pestana fez uma careta, mas
dissimulou depressa, inclinou-se calado,
sem gentileza, e foi para o piano, sem
vocação ambição
entusiasmo. Ouvidos os primeiros
compassos, derramou-se pela sala uma
Música popular Música erudita alegria nova, os cavalheiros correram às
(polca) (clássica) damas, e os pares entraram a
saracotear a polca da moda. Da moda;
tinha sido publicada 20 dias antes, e já
não havia recanto da cidade em que não
fosse conhecida.”
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Várias histórias 5. A desejada
(1896, Machado de Assis) das gentes

• Na forma de diálogo. O conselheiro conversa


com um interlocutor não identificado. Conta-lhe um
episódio do passado envolvendo uma paixão.

• tema: o amor não correspondido. “– [...] casou


comigo à beira da
morte [...] passei
• Personagens:
os últimos dois
• Conselheiro (advogado)
dias [...] ao pé da
• Nóbrega (advogado, colega de escritório)
• Quintilia (30 anos, bela, mora com o tio) minha noiva
moribunda, e
• Enredo: O conselheiro nutre uma paixão abracei-a pela
platônica por Quintília, que já está com 30 anos, primeira vez, feita
mas era desejada por muitos homens. Depois de cadáver.
algumas mortes, toma coragem e a pede em
casamento, esta recusa, mostrando-se convicta
em permanecer solteira. Já no leito de morte,
aceita casar-se com o conselheiro, o qual só
teve a oportunidade de a abraçar já morta.
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Várias histórias 6. A causa
(1896, Machado de Assis) secreta

• 1ª e 3ª pessoa (o narrador afirma que vai contar um episódio


envolvendo três pessoas, “Como os três personagens aqui presentes
estão agora mortos e enterrados, tempo é de contar a história sem “Garcia tinha-se chegado ao cadáver, levantara o
rebuço”) lenço e contemplara por alguns instantes as
feições defuntas. Depois, [...] inclinou-se e
• tema: o sadismo. beijou-a na testa. Foi nesse momento que
Fortunato chegou à porta. Estacou assombrado;
• Personagens: não podia ser o beijo da amizade, podia ser o
• Garcia (médico) epílogo de um livro adúltero. Não tinha ciúmes
• Fortunato (capitalista, frio, observador) [...] nem inveja, mas [...] vaidade, que não é
• Maria Luísa (jovem esposa de Fortunato) menos cativa ao ressentimento. Olhou
assombrado mordendo os beiços.
• Enredo: Garcia e Fortunato, tornam-se amigos ao socorrerem um Entretanto, Garcia inclinou-se ainda para beijar
esfaqueado. Depois abrem um clínica juntos, onde Fortunado se outra vez o cadáver, mas então não pode mais. O
destaca na atenção aos pacientes, principalmente fazendo beijo rebentou-se em soluços, e os olhos não
curativos ou ajudando em operações. Garcia ao ver Fortunato puderam conter as lágrimas, que vieram aos
torturar um rato, conclui que ele tinha prazer em observar o bordalhões, lágrimas de amor calado, e
sofrimento alheio. Depois, sua esposa, fica doente com tísica. O irremediável desespero. Fortunato, à porta, onda
marido fica ao seu lado até os instantes finais. No velório de ficara, saboreou tranquilo essa explosão de dor
Maria Luísa, enquanto o marido dormia, Garcia aproveitou para moral que foi longa, [...] deliciosamente longa.”
beijar a defunta. Quando foi dar o segundo beijo, começou a
chorar compulsiva. Fortunato acordara alguns instantes antes, e
testemunhara tudo. Não ficou indignado, pelo contrário,
aproveitou com prazer o sofrimento alheio.
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Várias histórias 7. Trio em lá
(1896, Machado de Assis) menor

• 3ª pessoa

• dividido em 4 partes, as quais apresentam a nomeação de


uma sonata, composição musical executada com 3
instrumentos.

• tema: a busca da perfeição.

• Personagens:
• Maria Regina (bela)
• Miranda (50 anos, sério, reservado, com pouca energia)
• Maciel (27 anos, alegre, expansivo, cheio de energia)
“[...] fechou os olhos e dormiu. Sonhou que
• Enredo: Maria Regina apaixona-se por dois homens. Numa morria [...]. Então uma voz surgiu do abismo,
visita dos dois homens, discutem música e Maria Regina com palavras que ela não entendeu:
toca uma sonata ao piano. Já no quarto ela pensa nas – É a tua pena, alma curiosa de perfeição; a
características dos dois homens. Porém Maciel se revela tua pena é oscilar por toda a eternidade entre
fofoqueiro e materialista. Já Miranda se mostra dois astros incompletos, ao som desta sonata
antipático, mau e egoísta. Quando a jovem está com um, velha sonata do absoluto: lá, lá, lá.”
pensa no outro e não consegue se decidir. Como não se
decide, os dois se afastam. Acaba sozinha. Ficava
idealizando uma junção das virtudes dos dois.
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Várias histórias 8. Adão e Eva
(1896, Machado de Assis)

• 3ª pessoa/ Local e tempo: “Uma senhora de engenho, na Bahia, pelos anos


de mil setecentos e tantos [...].”

• tema: a curiosidade; as tentações da vida; as verdades bíblicas; a


capacidade de se manipular as pessoas com mentiras.

• Personagens:
• Dona Leonor
• Veloso (juiz de fora, um dos convidados, “jovial e inventivo”)
• Frei Bento (outro convidado)

• Enredo: durante uma refeição que ocorre na casa da Dona Leonor, a


anfitriã anuncia que será servido um doce. Um dos convivas quer saber “– Bem dizia eu que o Sr. Veloso estava
qual doce será servido. Daí ela o acusa de ser curioso. Dito isto, começa
logrando a gente. Não foi isso que lhe
uma discussão, quem seria mais curioso, os homens ou as mulheres? E a
pedimos, nem nada disso aconteceu, não é
expulsão do paraíso, teria sido culpa de Adão ou de Eva? Veloso
argumenta que o mundo foi feito pelo Diabo, cabendo a Deus tentar Frei Bento?
consertar os erros. Adão e Eva foram criados sem alma e com instintos [...]
ruins. Deus lhes deu então a alma e sentimentos nobres, também o E o juiz de fora, levando à boca uma colher
paraíso, avisando-lhes da árvore proibida. O diabo com raiva, não de doce:
podendo entrar no paraíso, mandou a serpente tentar Adão e Eva. Porém
– Pensando bem, creio que nada disso
o casal resistiu. Por isso Deus recompensou os dois ao ordenar que o
aconteceu; mas também, D. Leonor, se
anjo Gabriel levasse o casal para o céu. O paraíso ficaria para o
“Tinhoso”, reinando a serpente. Dona Leonor acusa Veloso de estar tivesse acontecido, não estaríamos aqui
mentindo. Ele concorda, mas afirma que foi um pretexto para comerem o saboreando este doce [...].”
doce.
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Várias histórias 9. O enfermeiro
(1896, Machado de Assis)

• 1ª pessoa/ Procópio, da Corte, escreve a um interlocutor, narrando em tom de confissão, um


episódio que vivenciou em 1860, quando estava com 42 anos: “[...] o que aconteceu comigo em 1860,
pode entrar na página de livro? Vá que seja, com a condição única de que não há de divulgar nada antes da
minha morte. Não esperará muito [...] estou desenganado. [...] leia isto e queira-me bem; perdoe-me o que
lhe parecer mau [...]. Pediu-me um documento humano, ei-lo aqui.”

• Personagens:
• Procópio
• Coronel Felisberto (rabugento e mau, perto dos 60 anos)
”E balanceava os
• Enredo: Procópio estava trabalhando para um padre, quando este lhe indicou para um trabalho
de enfermeiro do Coronel Felisberto, o qual lhe informaram ser pessoa insuportável. Já tivera agravos, punha no ativo
outros enfermeiros. Inicialmente procurou ser compreensivo com as injúrias do coronel, pois as pancadas e injúrias
este sofria de várias moléstias. Mas depois percebeu que o coronel além de rabugento também [...]. O pior foi a
era mau, humilhado os outros. Pensou em abandonar o serviço, mas foi ficando, por pedido do fatalidade daquela
vigário. Mas só pensava em voltar para a Corte. O coronel fez um testamento, estava cada vez noite... Considerei que
mais insuportável. Procópio já não conseguia mais ser compreensivo e nutria ódio e aversão o coronel não podia
pelo doente, o qual numa noite o agrediu. Então Procópio, não se conteve mais e salto sobre o viver muito mais [...].
coronel e o estrangulou. Passou do remorso ao temor de uma possível punição. Depois Já não era vida, era um
encorajou-se e preparou o corpo para o funeral, escondendo as marcas do estrangulamento. O molambo de vida [...]
caixão foi fechado e ninguém desconfiou de nada, restava apenas o peso na consciência, tinha ao padecer contínuo do
alucinações e pesadelos. De retorno ao Rio de Janeiro, falava aos outros do coronel de forma pobre homem.”
simpática. Sete dias depois, chegou a notícia de que o testamento do coronel indicava
Procópio como seu herdeiro universal. Pensou em doar a herança, depois em doar apenas uma
parte da herança. Já não se achava tão culpado, todos concordavam que o coronel era ruim.
Ele suportara tudo, além do mais, o coronel logo iria morrer mesmo.
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Várias histórias 10. O
(1896, Machado de Assis) diplomático

• 3ª pessoa

Tema: a fantasia e a realidade; a preocupação com o ”Era solteirão, por obras das
status, a posição social. circunstâncias, não por vocação.
Em rapaz teve alguns namoricos
• Personagens: de esquina, com o tempo
• Rangel (41 anos, solteirão, o “diplomático”) apareceu-lhe a comichão das
• João Viegas (escrivão, amigo de Rangel)
grandezas [...]. Cobiçava
• Joaninha (19 anos, filha de João Viegas)
alguma noiva superior a ele e à
• Enredo: Rangel, sonhava com uma escalada social roda em que vivia e gastou o
através do casamento. Com dificuldade de escolher a tempo em esperá-la.
esposa certa. Acaba solteirão. Visitava o amigo João [...]
Viegas com frequência. Rangel era conhecido como O
diplomático por sua maneira elegante de se portar em
De imaginação fazia tudo,
todas as ocasiões. Na casa de João Viegas era tratado
raptava mulheres e destruía
com respeito e admiração. Rangel ficou interessado em
Joaninha, mas não sabia como revelar sua paixão. cidades. Mas de uma vez foi,
Quando finalmente decide entregar um bilhete se consigo mesmo Ministro de
declarando, percebe que Joaninha estava cativada pelo Estado [...]. Chegou ao
jovem Queirós, com o qual logo se casou. Rangel serviu extremo de aclamar-se
de testemunha no casamento. Sofrendo pensou em se imperador [...]. Cá fora,
alistar na Guerra do Paraguai, em participar de outras porém, todas as suas proezas
guerras, em alcançar altos postos militares, mas não o eram fábulas. Na realidade era
fez. pacato e discreto.”
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Várias histórias 11. Mariana
(1896, Machado de Assis)
• 3ª pessoa/ Tempo: 1890/ Local: Rio de Janeiro

Tema: o adultério; o tempo e a distância promovendo o afastamento


emocional dos amantes.

• Personagens:
• Evaristo (53 anos)
• Mariana (48 anos)
• Xavier (marido de Mariana)

• Enredo: Evaristo foi morar Paris com o objetivo de se “tratar” de uma


“doença” que quase o deixou doido, um caso adúltero que durou 4
anos. Passados 18 anos retorna ao Brasil, porém já pensando em
voltar para Paris logo em seguida. Quis saber sobre sua antiga
amante, Mariana. Tinha curiosidade de como poderia ser o
reencontro. Mariana estava cuidando do marido moribundo. Foi visitar ”A pouca distância viu sair da igreja do Espírito
Mariana. Ao esperar na sala, lembra do passado, na mesma sala Santo uma senhora de luto, que lhe pareceu
tiveram uma conversa na qual ela confessou que não amava o marido. Mariana. Era Mariana; vinha a pé; ao passar pela
O caso adúltero foi interrompido por ação da mãe de Mariana, a qual
carruagem olhou para ele, fez que não o conhecia,
tentou suicídio. Logo depois, deixou o Brasil. Encontram-se
e foi andando de modo que o comprimento de
finalmente. Mariana só tinha olhos para o marido e a despedida foi
fria. Evaristo fica com o ego ferido, devido a indiferença como foi Evaristo ficou sem resposta.
tratado. Na segunda visita, Xavier morre. Mariana fica desesperada [...]
com a morte do marido. Evaristo fica sabendo da felicidade que o – Três vezes sincera, concluiu, passados alguns
casal vivia. Evaristo tenta fazer uma visita à viúva, mas não é minutos de reflexão.”
recebido. Ao cruzarem-se numa igreja, ela finge não o conhecer. No
final, Evaristo volta a Paris.
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Várias histórias 12. Conto de
(1896, Machado de Assis) escola

• 1ª pessoa (Pilar, lembra de um fato


ocorrido na sua infância em 1840)

• Temas: vícios da sociedade; crítica


ao autoritarismo no ensino

• Enredo/Personagens:

Prof. Policarpo
Pilar

(palmatória)
Raimundo

(corrupção)
Curvelo
(delação)
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Várias histórias 13. Um apólogo
(1896, Machado de Assis)

• 1ª e 3ª pessoa (“Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha [...].”)

• Local: casa da baronesa

• Tema: narrativa em tom moralizante. Permite uma reflexão sobre a


meritocracia na sociedade, onde muitas vezes, pessoas oportunistas exploram
outras, para ascender na sociedade e depois descartam quem as ajudou.

• Personagens:
• Agulha
• Linha
• Alfinete

• Enredo: a agulha irrita-se com linha, julgando que esta tem um ar de


superioridade. Dai discutem quem era mais importante para uma costura.
Quando a costureira da baronesa começou a confeccionar um vestido a agulha ”Contei esta história a um
ainda tentou provocar a linha, mas esta se manteve em silêncio. Finalmente o professor de melancolia, que me
vestido foi concluído e o dia do baile chegou. E então a linha respondeu a disse, abanando a cabeça:
agulha lembrando que, enquanto ela, linha, iria ao baile acompanhado a – Também eu tenho servido de
baronesa, ela, a agulha, ficaria em casa, na caixa de costura. O narrador agulha a muita linha ordinária!”
lembra que parece que a agulha nada respondeu. Mas um alfinete respondeu à
agulha que ela era uma tola, abrindo caminhos para os outros. O narrador no
final afirma que contou esta história a um professor de melancolia, que
afirmou também servir de agulha para muita linha ordinária.
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Várias histórias 14. D. Paula
(1896, Machado de Assis)

• 3ª pessoa/ Rio de Janeiro (1882)

• Tema: A tia aparenta moralismo, pregando o casamento, mas na sua intimidade prefere
a transgressão amorosa do adultério.

• Personagens:
• Dona Paula
• Venancinha (sobrinha de D. Paula)
• Conrado (advogado, marido de Venancinha)

• Enredo: Dona Paula ao visitar a sobrinha encontra-a chorando compulsivamente. A


sobrinha revela que tivera uma briga feia com o marido, o qual cogitou até em
separação. Estava convicto de que a esposa o estivesse traindo com um rapaz que
dançara com ela num baile. D. Paula pede ao marido da sobrinha que a perdoe e depois,
diz que vai levar a sobrinha para sua casa por um tempo, com a intenção de a educar
com mais recatos. Ao despedir-se de Conrado ouviu do mesmo que o nome do rapaz era
Vasco Maria Portela. A tia empalideceu. Deduziu que era filho de um diplomata “amigo”
seu, de mesmo nome. Depois de dois dias foram para sua casa na Tijuca. D. Paula
lembrou do seu passado, do caso adúltero que tivera com Vasco Maria Portela. A tia
procurava lembrar a sobrinha as virtudes do marido. Este, alguns dias depois apareceu
e, orientado pela tia, fingiu indiferença e frieza. Venancinha se desesperou temendo
perder o marido. Depois de dois dias, avistaram um cavaleiro passando na rua, era
Vasco. Venancinha deu um grito e se escondeu. Venancinha revelou tudo a tia, tornam-
se confidentes. Venancinha conta como se conheceram num baile, as conversas, os
pensamentos, os flertes, a saudade. Dona Paula empolga-se com a narrativa da
sobrinha e estimula-a a falar mais. Revive as sensações de sua juventude na narrativa
da sobrinha. Porém, por fim, voltando a si, relembra à sobrinha, a necessidade de amor
ao marido e o recato social.
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Várias histórias 15. Viver!
(1896, Machado de Assis)

• Na forma de diálogo/ “Fim dos tempos. Ahasverus,


sentado em uma rocha, fita longamente o horizonte,
onde passam duas águias, cruzando-se. Medita, depois
sonha. Vai declinando o dia.”

• Tema: os sonhos de grandiosidade na sociedade as


vezes ignoram a finitude da vida.

• Personagens:
• Ahasverus (mitologia judaica)
• Prometeu (mitologia greco-romana)

• Enredo: no fim dos tempos, Ahasverus é o último homem


que resta para a humanidade ser extinta. Ao dormir
sonha que se encontra com Prometeu e que conversam.
Ambos contam as suas histórias de vida. Ahasverus
culpa Prometeu por ter criado a humanidade, logo o seu ”UMA ÁGUIA – Ai, ai, ai deste último homem, está
suplício eterno. Discutem. Prometeu revela que no lugar morrendo e ainda sonha com a vida.
da raça humana extinta será criada uma nova raça, com A OUTRA – Nem ele a odiou tanto, senão porque a
os melhores espíritos da raça humana e Ahasverus será amava muito.!”
o novo rei. Ahasverus fica chocado com a revelação.
Ele, que desejava a morte, empolga-se com a vida
novamente ao ver-se como rei. Enquanto Ahasverus
sonha, no delírio de morte, é observado por duas águias.
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Várias histórias 16. O cônego ou
(1896, Machado de Assis) metafísica do estilo

• 3ª pessoa

• Tema: texto de caráter metalinguístico, onde o narrador


tenta compreender os argumentos de um religioso na
composição de um sermão.

• Personagens:
• Cônego Matias (40 anos, vividos entre os livros)

• Enredo: o cônego Matias aceita escrever um sermão,


encomendado para uma festa que logo vai ocorrer.
Começou a escrever o sermão contrariado, porém,
depois empolgou-se. Porém decide parar por um
instante devido a dúvidas na escolha das palavras
(adjetivo=Silvia; substantivo=Silvio), olha pela janela e
logo volta à mesa para retomar a escrita. Paralelo a
“Nisto o cônego estremece. O rosto ilumina-se-lhe. A
descrição do trabalho do cônego na escrita, o narrador
pena, cheia de comoção e respeito, completa o
faz uma “arqueologia” do ambiente mental do cônego,
substantivo com o adjetivo. Silvia caminhará agora ao
tentando expor a forma de pensar do cônego, a partir de
pé de Silvio, no sermão que o cônego vai pregar um
leituras que fez, sonhos, impressões, lembranças de
dia destes, e irão juntinhos ao prelo [...].”
vida, etc. O narrador também se dirige ao leitor
constantemente.

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