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FORDISMO E PÓS-FORDISMO

Professora Dra. Regina Gadelha


FORDISMO E PÓS-FORDISMO
Professora Dra. Regina Gadelha

I - O MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA E AS FORÇAS


PLASMADORAS DO DESENVOLVIMENTO MUNDIAL
1. Produção de mercadoria e os problemas da realização
(consumo)
• MERCADO E CAPITALISMO SÃO CONCEITOS DISTINTOS →
Capitalismo Real é distinto do Mercado Imaginário.
• CAPITALISMO (abstrato), em tanto que MODO DE PRODUÇÃO,
se baseia em um MERCADO INTEGRADO em três dimensões:
 MERCADO DOS PRODUTOS DO TRABALHO SOCIAL.
 MERCADO DOS CAPITALISTAS.
 MERCADO DE TRABALHO.
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2. O CAPITALISMO (sistema mundial) se baseia apenas nos


mercados das duas primeiras dimensões:
→ MERCADO DOS PRODUTOS DO TRABALHO SOCIAL.
→ MERCADO DOS CAPITALISTAS.
3. Exclui a dimensão do mercado de trabalho.
• MERCADO CAPITALISTA é definido pelos limites da
concorrência decorrente dos Monopólios ou Oligopólios, que
exclui os demais da propriedade privada.
O CAPITALISMO é, assim, polarizador em escala mundial, e o
desenvolvimento desigual que ele institui torna-se uma violenta
contradição que cresce constantemente e não pode ser
superada no quadro da própria lógica da acumulação do sistema.
(Cf. Samir Amin).
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2. TESE DE SAMIR AMIN (TEORIA DO DESENVOLVIMENTO


DESIGUAL):
“A expansão global do Capitalismo foi imperialista em todas as
etapas de sua história e assim permanece por todo o futuro
deslumbrável”.
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Para garantir continuidade do processo de acumulação, a


dinâmica interna do Capitalismo (de ajuste ou de confronto)
produziu culturas internas diferenciadas de submissão seja às
exigências do Capitalismo (o liberalismo norte-americano), seja
de um novo questionamento das relações sociais próprias do
Capitalismo, expressas em três revoluções:
• Revolução Francesa
• Revolução Russa.
• Revolução Chinesa.
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3. O IMPERIALISMO É IMANENTE E ESTÁGIO PERMANENTE DO


CAPITALISMO REAL EXISTENTE (CAPITALISMO MUNDIALIZADO)
→ Nesse sentido, países centrais e países periféricos (CEPAL) são
produtos da mesma História.
CENTRO: corresponde ao desenvolvimento histórico de certas
regiões do sistema capitalista que permitiu a constituição de
uma hegemonia burguesa nacional e de um Estado capitalista
nacional também burguês → ideologia liberal é elemento
inseparável do Estado burguês nacional.
PERIFERIAS: países e regiões que não dominam localmente o
processo de acumulação, definido principalmente por coações
externas (ditames econômicos são externos aos espaços
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Embora a burguesia e o capital local sejam nacionais, a existência


formal do Estado não é sinônimo de Estado capitalista nacional.
Ou seja, a periferia não domina o processo de acumulação.

II - FASES DO PROCESSO DE ACUMULAÇÃO DO CAPITALISMO


MUNDIAL
ACUMULAÇÃO PRIMITIVA (MARX):
1º MOMENTO: 1450/1700 – Descobrimentos ultramarinos
portugueses e conquista das Américas
1ª fase: Pilhagem dos excedentes gerados pela periferia: ouro,
especiarias, escravos, produtos agrícolas coloniais etc.
2ª fase: Genocídio dos índios, tráfico de escravos africanos,
minérios e produtos agrícolas coloniais.
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2º MOMENTO (1700-1820): REVOLUÇÃO INDUSTRIAL


1ª fase: 1820/1870 – Capitalismo concorrencial - Comércio
exterior e livre movimento de mercadorias produzidas em
diferentes formações sociais (trocas desiguais - divergências de
valor).
2ª fase: 1870/1913 – Estágio monopolista ou 1ª fase do
Imperialismo (Lênin) – “abrir mercados” = submissão colonial da
Ásia e da África.
3ª fase: 1913/1940 – 2ª fase da expansão do Imperialismo ou
capitalismo monopolista de Estado (Paul Baran/Paul Sweezy).
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3º momento: 1945/1990 → PRODUÇÃO CAPITALISTA


MUNDIALIZADA
A) Exportação do capital produtivo: as TRANSNACIONAIS
→ internacionalização da produção em um único espaço da
economia mundial (produção capitalista mundializada).

B) Homogeneização das técnicas de produção: o FORDISMO


→ movimento de diferenciação devido às inovações
empresariais e tecnológicas;
→ intensificação da concorrência por maior margem de lucro.
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C) 1973 – 1ª GRANDE RECESSÃO DO PÓS-GUERRA


→ Marca a transição no regime de acumulação e no modo de
regulamentação social e política a ele associado. (cf. David
Harvey)
→ Marca o surgimento de novo modo de acumulação definido
por normas, hábitos, leis, desregulamentação, etc. conhecido
pela flexibilização das relações de produção.
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4º MOMENTO: 1990/2017...
• Derrocada do sistema soviético e dos regimes populistas
(ditaduras do 3º mundo).
• Aumento do controle da expansão dos mercados pelos países
centrais.
• Pilhagem dos recursos naturais do planeta e
superexploração da reserva de força de trabalho das
periferias = exército ativo e passivo (marginalizados e
desempregados) operando em novas condições (flexibilização
do trabalho, etc.)
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4. FUNCIONAMENTO INSTÁVEL DO SISTEMA CAPITALISTA


(David Harvey)
ANATOMIA GEOGRÁFICA DO NOVO MODO DE PRODUÇÃO) -
CARACTERÍSTICAS
1 – QUALIDADE ANÁRQUICA DOS MERCADOS [E FIXAÇÃO DE
PREÇOS] → O alto grau de descentralização dos mercados
permite os produtores coordenarem as decisões de produção
em relação às necessidades, vontades e desejos dos
consumidores (restrição de orçamentos e custos que envolvem
as transações de mercado).
2 – Necessidade de exercer controle sobre o emprego da força
de trabalho para garantir adição contínua de valor à produção
(mais valia e lucro positivo capitalista).
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Estas decisões são mediatizadas por vários tipos de pressões:


1º) PELO ESTADO: COMPENSAÇÃO DAS FALHAS DO MERCADO,
tais danos ambientais, naturais e sociais, abusos do privilégio
de monopólio.
EXEMPLO: transporte e comunicações), bens coletivos (defesa,
educação, saúde, infraestruturas sociais e físicas que não podem
ser produzidas e vendidas pelo mercado, etc), impedimento de
surtos especulativos e de intercâmbio potencialmente negativo
entre as expectativas dos empreendedores e o mercado.
2º) POR INSTITUIÇÕES: religiosas, políticas, sindicais, patronais,
culturais, aliadas ou não às grandes corporações (monopolistas,
oligopolistas e transnacionais) que afetam a dinâmica do
Capitalismo.
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PRESSÕES:
• Diretas – Imposição de Preços e de Salários.
• Indiretas – Propaganda e market subliminar e que persuadem
a incorporar novos conceitos sobre nossas necessidades e
desejos básicos na vida → plasmam o consumo e o
comportamento dos indivíduos.

MARCAS DAS ATITUDES INDIVIDUAIS OU PROPENSÕES SOCIAIS


E PSICOLÓGICAS DOS INDIVÍDUOS:
1. Individualismo ou impulso pessoal de realização por meio de
auto expressão.
2. Busca de segurança e identidade coletiva.
3. Necessidade de adquirir respeito próprio, posição ou status.
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II – TRABALHO DOS HOMENS E MULHERES NO SÉCULO XX

1. PRESSUPOSTOS EXIGIDOS DOS TRABALHADORES PELO


MERCADO DE TRABALHO:
• Concentração.
• Autodisciplina.
• Familiaridade com diversos tipos de máquinas e
instrumentos de produção.
• Conhecimento das potencialidades das matérias primas em
termos de transformação em produtos úteis (mercadorias).
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Nesse Sistema:

1 - O produto (mercadoria), o conhecimento e as decisões técnicas,


bem como o aparelho disciplinar estão fora do controle do
trabalhador.

2 - Este conhecimento tem de ser constantemente renovado pela


incorporação de cada nova geração ao mercado de trabalho.

3 – O sistema exige CONTROLE DO TRABALHO → repressão,


familiarização, cooptação e cooperação, não somente no local de
trabalho como na sociedade.
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- CONTROLE SOCIAL AMPLO DAS FACULDADES FÍSICAS E


MENTAIS DO TRABALHADOR
→ O controle do trabalho envolve a contínua socialização do
trabalhador nas condições da adequadas e exigidas pela
produção capitalista.
• Educação, treinamento, persuasão, mobilização de certos
sentimentos sociais → ética do trabalho, lealdade aos
companheiros, orgulho local (a empresa) e nacional (país,
nação);
• Propensões psicológicas (busca de identidade através do
trabalho, iniciativa individual ou solidariedade social, que
estão presentes nas IDEOLOGIAS dominantes, cultivadas pelas
mídias e pelas instituições religiosas, educacionais, e pelos
vários setores do aparelho dos Estados. (cf. David HARVEY).
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FORDISMO
1 – PERÍODO FORDISTA/KEYNESIANISMO (1945-1970)
Desde 1870 (século XIX) surge nas empresas uma nova divisão
social do trabalho, com separação entre gerência, concepção,
controle e execução, com tudo que representa em termos de
relações sociais hierárquicas e desabilitação do trabalhador no
processo de produção → Taylorismo.

1914: INÍCIO DO FORDISMO (HENRY FORD)


Jornada de 8 horas + Prêmio de US$ 5 (cinco dólares) de
recompensa para os trabalhadores da linha de montagem de
carros, na fábrica de Dearbon (Michigan-USA).
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A DIVISÃO DO TRABALHO AUMENTA A PRODUTIVIDADE DO


TRABALHO
De acordo com Adam Smith (A Riqueza das Nações, capítulo 1º):
“Esse grande aumento na quantidade de trabalho que, em
consequência da divisão social do trabalho, o mesmo número de
pessoas é capaz de executar, deve-se a três diferentes
circunstâncias:
Primeira, ao aumento da destreza de cada trabalhador
individualmente;
Segunda, à economia de tempo que em geral se perde passando
de uma espécie de trabalho a outra;
E, finalmente, à invenção de grande número de máquinas que
facilitam e abreviam o trabalho, e permitem que um homem faça
o trabalho de muitos.”
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A GERÊNCIA CIENTÍFICA (O Método de F. W. Taylor)

1911: Publicação de Os Princípios da Administração Científica, de


Frederick W. TAYLOR – fundamentos da organização dos processos de
trabalho e do controle sobre ele.

TAYLOR demonstra (Cf. Harry BRAVERMAN. 1981, p.84):

“... a produtividade do trabalho pode ser aumentada através da


decomposição de cada processo de trabalho em movimentos
componentes e da organização de tarefas de trabalho fragmentadas
segundo padrões rigorosos de tempo e estudo do movimento
(ergonomia).”
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Braverman esclarece:
“O trabalho em si é organizado de acordo com os princípios
tayloristas, enquanto os departamentos de pessoal e
acadêmicos têm-se ocupado com a seleção, adestramento,
manipulação, pacificação e ajustamento da ‘mão-de-obra’ para
adaptá-la aos processos de trabalho assim organizado. O
taylorismo domina o mundo da produção; os que praticam as
‘relações humanas’ e a ‘psicologia industrial’ [RH] são as
turmas de manutenção da maquinaria humana.”
“[...] seus ensinamentos fundamentais tornaram-se a rocha viva
de todo projeto de trabalho.”
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• DISTINÇÃO ENTRE FORD E TAYLOR


“8 horas + US$ 5” (H. Ford) → PRODUÇÃO DE MASSA EXIGE
CONSUMO DE MASSA.

Ou seja:
Dar ao trabalhador RENDA e TEMPO DE LAZER para
consumir os produtos em massa, que seriam produzidos
pelas empresas = assegura aumento da margem de lucros.
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O fordismo exigirá: “novo tipo de trabalhador e novo tipo


de homem” (Gramsci. Apud Harvey, p.121).

1 – Novo sistema de reprodução da força de trabalho.

2 – Nova política de controle e gerência de trabalho.

3 – Nova estética e nova psicologia (RH) → após a II Guerra


Mundial irá corresponder a um novo tipo de sociedade
“democrática, racionalizada, modernista e populista”.

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