Você está na página 1de 19

Encontro com Educadores

Fé e Alegria

PAULO FREIRE:
“Para trabalhar com o povo”

Facilitador: Douglas Dantas


Fevereiro 2023
Dados Biográficos:
1921, Recife – PE: nasce numa família
de classe média;
1934: morte do pai; dificuldades
econômicas;
Formou-se em Direito, mas não seguiu
carreira; dedicou-se ao Magistério;
Observação da cultura / linguagem dos
alunos e papel elitista da escola;
Dados Biográficos (II):

1963, Angicos – RN: 300 pessoas


alfabetizadas em 01 mês;
1964: coordenador do Plano Nacional
de Alfabetização no governo João
Goulart; Golpe Militar; 70 dias na
prisão; exílio;
1968, Chile: escreveu “Pedagogia do
Oprimido”;
Aulas nos EUA e Suíça; planos de
alfabetização em países africanos;
Dados Biográficos (III):

1979, Brasil: Anistia; integração à vida


universitária;
Filiação ao Partido dos Trabalhadores;
1989-91: Secretário de Educação
Municipal de São Paulo;
Doutor “Honoris Causa” por 28
universidades em vários países; obras
traduzidas em mais de 20 idiomas;
1997: falecimento.
Crenças Essenciais...

Somos seres inacabados; aprendemos


ao longo da vida;
“TODA REALIDADE ESTÁ AÍ,
SUBMETIDA À POSSIBILIDADE DE
NOSSA INTERVENÇÃO NELA...” (FREIRE,
1992);
Desconfiar do discurso neo-liberal de
que este é o único mundo possível;
Crenças Essenciais... (II)

O que já sei? O que ainda interessa


saber? Que perguntas e questões trago
comigo?
Para que serve o conhecimento que
adquiri? Qual o significado deste
conhecimento para a minha vida?
Que conteúdos da minha área de
conhecimento podem ajudar a
responder às questões e apelos da
realidade?
Crenças Essenciais... (III)

Aprender não é acumular


conhecimento; o importante é aprender
a pensar a realidade;
Conhecimento tem função
emancipadora: o ser humano engajado
numa construção de mundo;
Não há perspectiva de futuro sem
solidariedade;
Crenças Essenciais... (IV)

“EDUCAR-SE É ENCHARCAR DE
SENTIDO CADA ATO COTIDIANO...”
(FREIRE, 1992);
Somente o que faz sentido para a
minha vida precisa ser guardado;
Aprendemos quando “isto” passa a
fazer parte do nosso projeto de vida;
Crenças Essenciais... (V)

Contribuir para que o outro tenha


autonomia intelectual (diálogo como
premissa);
Quem aprende é sempre um sujeito
autônomo, mesmo que em contato com
um coletivo;
Educador como profissional do sentido;
Crenças Essenciais... (VI)

Desconfiar das minhas crenças e


receituários (= doutrinação?);
Cuidado com o autoritarismo em nós!
Toda educação (família, religião,
ensino superior, MCS,...) é política:
aprende-se sempre “a favor de” e
“contra algo”...
Crenças Essenciais... (VII)

TODO TRABALHO VOLUNTÁRIO É


POLÍTICO:
- QUAL É A MINHA, A NOSSA CAUSA?
- A FAVOR DE QUÊ E DE QUEM?
- CONTRA O QUÊ E CONTRA QUEM
ESTAMOS?
Atitudes Essenciais...
Premissa: relação teoria e prática:

“O QUE ENSINA A GENTE É FAZER COISAS... É


LANÇAR-SE NUMA PRÁTICA E IR APRENDENDO-
REAPRENDENDO, CRIANDO-RECRIANDO, COM
O POVO... É A PRÁTICA QUE DIZ SE O
DISCURSO É VÁLIDO OU NÃO.” (FREIRE, 1992);
Atitudes Essenciais... (II)

“NINGUÉM ESTÁ SÓ NO MUNDO...”


(FREIRE, 1992);
Quais as implicações / conseqüências
desta afirmação? Como fica aquele que
pensa ter toda a verdade?
Reconhecimento do direito que o outro
tem de dizer a sua palavra, e o dever
que tenho de respeitá-lo
 falar COM o povo X falar AO povo;
Atitudes Essenciais... (III)

Eu só falo COM na medida em que


escuto também  saber ouvir, até
mesmo aquilo que me contradiz;
Ponto de Partida: as condições
concretas em que o povo está; os níveis
e as formas como o povo se
compreende na realidade;
Atenção às linguagens verbal e não
verbal da comunidade, dos indivíduos;
Atitudes Essenciais... (IV)

Diante da compreensão mágica do


indivíduo ou comunidade:
- Não acomodar-se ao nível de
compreensão da comunidade nem
discursar sobre o imperialismo e a luta
de classes;
- Assumir a posição ingênua deles
(“aceitá-los”), para superar essa
posição com eles, e não sobre eles;
- Questionar o seu “porque aqui é assim”
ou “porque sempre foi assim”;
Atitudes Essenciais... (V)

Ninguém sabe tudo nem ignora tudo;


não há sabedoria nem ignorância
absolutas;
Nossa opção tem que ser libertadora,
evitando dois extremos:
- o Elitismo, a arrogância de se pensar que
a massa é inculta, incompetente e
precisa ser salva;
- o Basismo, a crença de que o povo se
liberta sozinho;
Atitudes Essenciais... (VI)

A opção libertadora supõe saber viver a


relação entre a impaciência e a paciência:

“É nesse sentido que a gente participa da


obra da criação e recriação do mundo
com Deus. Eu faço uma força danada pra
não deixar de cumprir essa tarefa. Esse
negócio de receber coisinha de graça de
Deus eu não gosto. É dar o duro
também.” (FREIRE, 1992)
Referências

BARRETO, Vera. Paulo Freire para educadores. São


Paulo: Arte e Ciência, 1998.
FREIRE, Ana Maria A. (org.). A pedagogia da
libertação em Paulo Freire. São Paulo: UNESP, 2000.
FREIRE, Paulo. Para trabalhar com o povo. São
Paulo: CCJ, 1992, 2ª ed.
____________ Pedagogia da autonomia. São Paulo:
Paz e Terra, 1996.
GADOTTI, Moacir (org.). Convite à leitura de Paulo
Freire. São Paulo: Scipione, 1989.
Referências (II)

GADOTTI, Moacir (org.). Paulo Freire: uma


bibliografia. São Paulo: Cortez, 1996.
GADOTTI, Moacir, LEONARD, Peter, e MC LAREN,
Peter (orgs.). Poder, desejo e memórias da
libertação. Porto Alegre: Artmed, 1998.
GADOTTI, Moacir. Um legado de esperança. São
Paulo: Cortez, 2001.
SAUL, Ana Maria (org.). Paulo Freire e a formação de
educadores: múltiplos olhares. São Paulo: Articulação
Universidade-Escola, 2000.

Você também pode gostar