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AULAS PÚBLICAS VIRTUAIS:

APRENDENDO EM COMUNIDADE
Lea Cristina Borges dos Santos¹
Joice Maria Lamb²

RESUMO
Com o objetivo de encontrar nossos estudantes no contexto de pandemia, entendemos
que era necessário libertar o conhecimento e a aprendizagem das amarras tradicionais
da escola presencial (restrições de idade, ano escolar, turma, professor) e também
incluir todas as pessoas no processo de #aprenderecompartilhar. Assim foi construída a
proposta das AULAS PÚBLICAS VIRTUAIS: aprendendo em comunidade. Um projeto
no qual os professores e alunos escolhiam assuntos de seu interesse e produziam em
grupo uma aula para ser transmitida ao vivo Facebook\Youtube. Também organizavam
arquivos com links para que a comunidade pudesse aprofundar o tema na sua casa.
Todo o projeto era direcionado para nossos estudantes, mas poderia atingir a todos
que tivessem o desejo de aprender, porque entendíamos que, principalmente nesse
momento de pandemia, precisávamos aprender e compartilhar, fortalecendo os
vínculos na escola com a comunidade. As reuniões de preparação eram realizadas
através do google meet, respeitando a orientação no momento de “fique em casa”.
Todos os envolvidos puderam crescer durante a realização desse projeto. Todos
aprendiam sobre os conteúdos explorados nas aulas. Quem produzia, independente
de ser estudante ou professor, desenvolvia uma postura protagonista e ampliava o
seu potencial criativo. Defender suas ideias e aceitar sugestões de outros também
foram habilidades desenvolvidas pelos participantes. Somente no ano de 2020 foram
produzidas 25 aulas.

Palavras-chave: Aprendizagem, pandemia, comunidade, aula pública, conhecimento.

1 Segundo o Jornal O Globo, o texto “A escola”, atribuído a Paulo Freire, é deF autoria desconhecida. De acordo com o
Instituto Paulo Freire, o educador leu esse texto em público e, a partir daí, a informação equivocada começou a se espalhar.
05/02/2009 Informação em https://oglobo.globo.com/brasil/educacao/correcao-texto-escola-atribuido-paulo-freire-de-autor-
desconhecido-3180500
2 Entendemos por educação bancária, a comparação que Freire faz do aluno com o banco, no qual depositamos o conhecimento. O
banco apenas recebe e enriquece com esses depósitos.

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Lea Cristina Borges dos Santos e Joice Maria Lamb

ABSTRACT
With the aim of meeting our students in the context of a pandemic, we understood that
it was necessary to free knowledge and learning from the traditional shackles of face-
to-face school (age restrictions, school year, class, teacher) and also include all people
in the process of # learn and share. This is how the proposal of the VIRTUAL PUBLIC
CLASSES was built: learning in community. A project in which teachers and students
chose subjects of their interest and produced, in a group, a class to be broadcast live
on Facebook\Youtube. They also organized files with links so that the community could
delve deeper into the topic at home. The entire project was aimed at our students,
but it could reach everyone who had the desire to learn, because we understood that,
especially in this moment of pandemic, we needed to learn and share, strengthening
ties at school with the community. Preparation meetings were held through google
meet, respecting the orientation at the time of “stay at home”. All those involved were
able to grow during the realization of this project. Everyone learned about the contents
explored in the classes. Whoever produced, regardless of being a student or teacher,
developed a protagonist attitude and expanded their creative potential. Defending
your ideas and accepting suggestions from others were also skills developed by the
participants. In 2020 alone, 25 classes were produced.

Keywords: learning, pandemic, community, public classroom, knowledge

O QUE FAZ UMA ESCOLA?

Em 2020, estando todos impossibilitados de acessar o prédio em que existia


a escola, por causa das contingências adotadas para impedir o avanço da pandemia
de Covid -19, a pergunta: O que faz uma escola?, se fez presente na mente de todos
os educadores brasileiros. Estando longe do prédio, a escola não existe mais? Essa
dúvida não foi apenas uma questão de logística, mas uma questão real de existência.
Durante muito tempo, a escola foi sempre um lugar, um prédio. Existe um
texto atribuído a Paulo Freire, que diz, entre outras coisas, que “Escola é… o lugar
onde se faz amigos, não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários,
conceitos…Escola é, sobretudo, gente,” Infelizmente, essa definição de escola não
é a mais usada. A escola, no senso comum, é o prédio, o currículo, as regras e existe
uma forma de estar na escola que caracteriza e diferencia os sujeitos. Existe um
comportamento esperado para professores e para estudantes. De maneira nenhuma,
a escola é “sobretudo gente”. Na maioria das vezes, a gente é uma coisa descartável,
independente de qual o seu lugar na hierarquia. Os estudantes que não se enquadram
na forma de ser e estar na escola são reprovados ou expulsos. Os professores
que pretendem, mesmo sufocados por condições de trabalho que não favorecem
o pensamento livre, trazer a gente para o centro do processo educativo, tem uma
batalha dura e, muitas vezes, impossível de vencer. A escola tradicional e “bancária”²,
como diz Freire (1974), está cristalizada na ideia de escola que carregamos conosco.
Com certeza, a resposta para essa pergunta foi alcançada de diversas

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Aulas públicas virtuais: Aprendendo em comunidade

maneiras por cada grupo de educadores e educadoras que se encontrou alijado de


seu ambiente natural durante a pandemia. Algumas respostas foram inovadoras e
ousadas e outras tentaram, das mais diversas formas, resgatar os sentidos mais
tradicionais da escola. Na EMEB Profª Adolfina J. M. Diefenthäler, em Novo Hamburgo
- RS, mesmo longe da escola, nós continuamos nos encontrando em espaços virtuais
e tentando alcançar os estudantes através de atividades virtuais abertas nas redes
sociais da escola. Nossa opção de utilizar, logo em um primeiro momento, as redes
sociais e não os e-mails dos estudantes, veio da constatação de que a maioria das
famílias não tinha acesso à internet que pudesse ser liberado para os jovens e as
crianças durante o dia. A maioria das famílias tinha recursos limitados que eram
utilizados principalmente para a subsistência própria. Em um segundo momento,
também entendemos que, para garantir o vínculo com as crianças e os jovens,
seria necessário fortalecer o vínculo com os adultos que eram responsáveis por
eles. Com a escola confinada, aprender deveria ter um novo significado e buscamos
essa essência por meio da criação e veiculação de aulas públicas, que tinham como
objetivo estender o vínculo com a escola, através do que seria a nossa função inicial:
compartilhar conhecimento.
Para nós, a escola é imaterial. São desejos, sentimentos, encontros
e desencontros vividos por todos que formam a nossa comunidade. Durante a
pandemia, o mundo virou escola.

APRENDER EM COMUNIDADE

Nosso projeto foi chamado de Aulas públicas virtuais: aprender em comunidade.


O conceito de que se aprende em comunidade veio para nós por intermédio do
provérbio africano bastante citado entre a comunidade educativa brasileira: É preciso
de uma aldeia para educar uma criança. Enquanto estávamos na escola, cercados
da comodidade de ter as crianças e os adolescentes chegando até nós, sem
intermediários, o provérbio não fazia sentido para muitos, sendo apenas um dizer
bonito para simbolizar uma conexão inexistente com a cultura africana. No momento
em que a escola fica fechada e nosso acesso às crianças e aos adolescentes fica
impedido, percebemos que não podemos continuar o processo educativo sem abrir
espaço para a comunidade e o sentido do provérbio começa a ser reconhecido.
Frente a este novo desafio, compreendemos que os processos de ensinar
e aprender que realizamos deveriam ser problematizados para que pudéssemos
encontrar maneiras adequadas de entrar em contato com nossos estudantes e suas
famílias. Consideramos que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua produção e construção” (Freire, 1996, p.25). Essa ideia
de Freire já estava no nosso cotidiano enquanto pensávamos em projetos na escola
presencial, mas se fez muito necessária quando estávamos planejando para uma
escola remota emergencial. Todas as possibilidades controladas que tínhamos
anteriormente para realizar o acompanhamento do ensino e da aprendizagem
não existiam mais, então, qualquer pensamento remanescente sobre transferir
conhecimentos teria que ser esquecido. Da mesma forma, sem esse controle, também

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Lea Cristina Borges dos Santos e Joice Maria Lamb

teríamos muitas limitações para acompanhar a construção de conhecimento feita


pelos alunos e alunas da nossa escola. Restou então, para essa escola confinada,
o caminho que levaria a “criar possibilidades” de construção de conhecimento junto
a nossa comunidade escolar.
Mudar conceitos educacionais é uma tarefa difícil, visto que os professores
e os gestores de escolas tendem a ser bastante tradicionais nas formas com que
lidam com os desafios educacionais. A perda do público cativo, que diariamente
adentrava nas escolas sem que nós precisássemos fazer muito esforço, causou uma
perda de perspectiva do que poderia ser feito em termos de ensino e aprendizagem.
Essa situação nunca havia sido conhecida antes. Toda a nossa vasta experiência
educacional se resumia, ao fim e ao cabo, na escola presencial.
Em diversas reuniões de planejamento com os professores da escola Adolfina,
antes de iniciarmos o ensino remoto, discutimos dois livros importantes: Pedagogia
da Avaliação e Paulo Freire: incluir para transformar, de Michael Patton e Vilma
Guimarães; e Jardim de Infância para a Vida Toda: Por Uma Aprendizagem Criativa,
Mão na Massa e Relevante, de Michael Resnik. Com estas leituras, pretendíamos
iluminar nosso caminho em busca de uma escola possível no contexto remoto
emergencial. Como deveria ser esta escola? Quais fatores deveríamos priorizar?
Como saberíamos que esta nova forma seria efetiva? Não existia um dia que não
aparecesse uma nova dúvida ou uma angústia. Os estudos desse período serviram
de base para nossas propostas seguintes que tentaram compreender e aceitar
que a aprendizagem pode acontecer sem o controle excessivo de um professor e
sem o direcionamento exaustivo de uma aula; que deveríamos estar atentos para
perceber o que as crianças aprenderam que nós não, deliberadamente, ensinamos
e para aceitar essa aprendizagens como válidas e relevantes; que deveríamos ouvir
mais o que os estudantes e suas famílias traziam, valorizar essas falas e levar em
consideração quando do planejamento de novas propostas.
Durante o ensino remoto emergencial, a escola Adolfina teve diversas
frentes de atuação: as aulas públicas virtuais; os recreios compartilhados feitos
por lives; as atividades enviadas diretamente aos alunos e vinculadas às turmas; o
acompanhamento das famílias mais vulneráveis e o auxílio à segurança alimentar
com doações e campanhas; a disseminação de informações de saúde e campanhas
virtuais pelo “fique em casa”, pelo uso de máscaras e pela vacina; busca e distribuição
de equipamentos tecnológicos para os alunos necessitados. No decorrer do tempo,
percebemos que todas essas atividades combinadas foram responsáveis pelo
sucesso que tivemos nesse tempo de pandemia e pela manutenção de um vínculo
saudável e alegre com nossa comunidade.

AS AULAS PÚBLICAS VIRTUAIS

Para fazer o nosso papel na criação de possibilidades de produção de


conhecimento, desenvolvemos o projeto das aulas públicas virtuais. Seu principal
objetivo era produzir, ou fazer curadoria de conteúdo educativo coletivo e compartilhado
sobre temas diversos e relevantes para o momento atual vivido, tentando aproximar

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Aulas públicas virtuais: Aprendendo em comunidade

os estudantes, os professores e a comunidade através de aulas públicas divulgadas


no Facebook. Dessa forma, todos os 740 alunos e suas famílias, os professores,
funcionários da escola, a comunidade do entorno e demais interessados do mundo todo
seriam público alvo da nossa iniciativa. Sabíamos que a proposta era ousada, mas não
nos interessava criar nichos, porque sabíamos que quanto mais restrita fosse a proposta
menos chance teríamos de atingir nossos estudantes.
As aulas produzidas tinham um formato determinado. Cada aula deveria ter,
aproximadamente, 1 hora e seria veiculada na página do Facebook da escola em horário
semanal fixo. As aulas foram veiculadas no formato de Lives, nas quais a interação com
os espectadores foi estimulada. Cada aula foi produzida pelo grupo de professores,
coletivamente. Um ou mais docentes pensavam em um tema e abriam uma pasta no
Drive com o título da aula. Esses docentes seriam os responsáveis por aquela aula
e também por chamar outros participantes. Cada pasta no Drive era composta pelo
roteiro da aula e três arquivos com atividades e propostas que recebiam contribuições
de todos os professores da escola. Esses arquivos foram chamados de: APRENDER
BRINCANDO, APRENDER E DESCOBRIR, APRENDER MUITO MAIS. Dividimo-os
pensando em etapas de aprendizagem. Aprender brincando seria para crianças de 4 a
6 anos, porém não divulgamos essa informação abertamente para as famílias para que
eles pudessem buscar atividades de acordo com seu desejo. Então, uma criança de 13
anos que quisesse fazer aquelas propostas não ficaria constrangida pela indicação de
idade. Aprender e descobrir seria para crianças já alfabetizadas, de 7 a 10. E Aprender
muito mais seria para aprofundar o assunto, para os adolescentes e outros adultos
interessados. A realização dessas atividades não era obrigatória, mas compunha o
conjunto com a aula semanal. O grupo de docentes responsável pela aula revisava e
editava cada um desses arquivos, definindo quais sugestões dos colegas eram mais
relevantes.
As reuniões de planejamento eram realizadas por meio do google meet, cada um
na sua casa. O uso dessas tecnologias colocava os estudantes próximos à realidade em
que eles viviam. E, apesar de tantas críticas que recebem os estudantes que passam
longos períodos nas redes sociais, buscamos refletir com Mitchel Resnick que nos diz:

Empregar todo tempo disponível em uma única coisa é algo problemático. Entretanto, a
questão mais importante quanto ao tempo diante das telas não diz respeito à quantidade,
e sim à qualidade. Há muitas maneiras de interagir com as telas, e não faz sentido tratar
todas elas como se fossem iguais. O tempo gasto em um jogo violento é diferente do tempo
gasto enviando mensagens para amigos que, por sua vez, é diferente do tempo gasto com
uma pesquisa para uma trabalho da escola, que é diferente do tempo gasto na criação de
um projeto de Scratch. (RESNICK, 2020, p. 23)

As aulas não tinham um público específico, ofereciam conteúdo para todas as


idades, lembrando um programa de televisão. Os grupos de docentes se formaram
por interesse no tema levantado pela aula, não por limitações como a faixa etária em
que atuavam ou tempo de trabalho na escola. Libertos das amarras da seriação ou da
disciplina com a qual trabalhavam, os professores formavam grupos muito diferentes
daqueles que costumavam formar na escola presencial. Esse trabalho coletivo permitiu
uma integração maior do grupo de professores entre si e geraram momentos incríveis

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Lea Cristina Borges dos Santos e Joice Maria Lamb

de formação continuada.
Essa proposta permitiu um ambiente de aprendizagem inclusivo e interativo.
Os estudantes acessaram as aulas ao vivo ou gravadas junto com suas famílias
ou sozinhos/as. Outras pessoas que estavam na página da escola no momento da
transmissão (e não eram da escola) também podiam assistir. As aulas contaram com a
participação ao vivo ou gravada de pessoas da comunidade, estudantes, professores
e especialistas em algum tema. Essas participações aconteciam ao vivo ou em vídeos
gravados anteriormente. As conversas que ocorriam nos comentários da Live eram
lidas pelos apresentadores e aconteciam brincadeiras ou quiz nos quais os assistentes
podiam participar. Os participantes das aulas chamavam amigos e familiares para
assistir e sentiam-se valorizados e felizes com a repercussão.
Algumas situações ficaram marcadas pelos professores e são lembradas por
quase todos os envolvidos, como a aula 17 sobre dinossauros. Um aluno de apenas 10
anos de idade, que sempre estudou muito sobre dinossauros, entrou ao vivo logo após
um professor dar suas explicações. Ao discordar de uma informação dada pelo professor,
o estudante, gentilmente, pede desculpas e expõem sua opinião, argumentando com
segurança e muita pesquisa as informações que trazia. Os comentários explodiram no
facebook, gerando muitos elogios e felicitações ao estudante.
Na vinheta de abertura, apresentada a cada aula, como em um programa de
televisão, lembrava, a cada encontro, que podemos aprender brincando, conversando,
ouvindo, sozinho, em comunidade, aprender ensinando. Também explicava para todos
que pretendiam assistir que aula pública, em tempos normais, sem pandemia, é aquela
aula apresentada em praças, embaixo de uma árvore, a qual qualquer pessoa pode
assistir, mesmo não sendo aluno daquele professor. Assim como a proposta da aula,
a abertura foi feita com a participação de alunos, professores, pais de alunos e\ou
familiares.
Outro momento muito lembrado e comentado era a participação da Bisa, uma
personagem criada pela professora de matemática A professora se caracterizava como
uma senhora idosa e gravava vídeos trazendo informações empíricas e científicas de
forma criativa e bem humorada, gerando comoção de estudantes, ex-alunos e colegas
professores.

EA Bisa surgiu num momento de inspiração durante o distanciamento social. A saudade


dos estudantes, dos colegas e da rotina escolar estava imensa e também a preocupação
com os idosos, por serem grupo de risco diante do novo Coronavírus.Os sentimentos
de insegurança e incerteza com o futuro, geraram reflexões e questionamentos: Como
falaremos de 2020 para os netos e bisnetos? E se fosse possível viajar para o futuro?
Então a Bisa entrou em cena, contando um pouco das suas memórias e também da vida de
aposentada. Com o passar da idade é comum a franqueza aumentar e a memória falhar e
com essa ex-profe não foi diferente.
O que será que ela ainda vai contar? (ADOLFINA, 2022)

Os estudantes se preparavam para essas aulas, ensaiando leituras, decorando


poesias, pesquisando e aprofundando os assuntos explorados. Chamavam a família
para assistir ao vivo e encaminhavam o link do vídeo depois para quem não conseguiu
assistir. As aulas se tornaram um momento esperado na semana e que causava muito

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Aulas públicas virtuais: Aprendendo em comunidade

interesse na família toda.


Entre os anos de 2020 e 2021, foram produzidas 33 aulas.
Quadro das aulas públicas produzidas na Adolfina

AULAS DE 2020 AULAS DE 2021


1. Tem Covid na São José? 26. Aula Inaugural 2021;
2. É quarentena? E o que tem para fazer?; 27.Saudade;
3. Alimentação; 28. Adolfina;
4.Atividades físicas em casa, é possível?; 29. Crocodilo ou Jacaré?;
5. Para Além da Cor; 30. História da Humanidade;
6. Brincando ontem, hoje e amanhã! Vamos?; 31. Libras;
7 e 8. Agosto da Matemática; 32. São João;
9. “Que bicho te mordeu?”; 33. Universo e suas
10. Tem poesia no Bairro São José?; curiosidades;
11. Mangá. Fanfic. RPG. O que você está lendo?;
12. Xadrez;
13. Meus novos brinquedos velhos;
14. Jogando para Aprender;
15.Sustentabilidade;
16. OBMEP na nossa escola;
17. Dinossauros;
18. Uma escola para todos;
19. Animal de estimação não é brinquedo!;
20. Infância: brincando, imaginando e investigando;
21. SERÁ VERDADE? Fique imune às fake news;
22. Diários da Pandemia;
23. Sinta, inclua e divirta-se;
24. Games ;
25. Retrospectiva aulas públicas de 2020
Fonte: Compilado do acervo pessoal do autor

As aulas realizadas em 2020 foram veiculadas pela conta do Facebook da escola.


As aulas de 2021 foram apresentadas pela conta do YouTube da escola. Nas 25 aulas
realizadas em 2020, foram produzidas 28h e 47 min de vídeo ao vivo, das quais 108
estudantes e 47 docentes fizeram parte. Apresentaram-se também 88 convidados
especiais. Tivemos 1500 pessoas assistindo ao vivo e, depois, 21812 visualizações
no facebook com 35 575 reações, comentários ou compartilhamentos. Em 2021,
produzimos 9 aulas com uma participação maior dos alunos que, além de participarem
do planejamento, também apresentavam.
As temáticas das aulas eram trazidas pelo grupo de professores e também pelos
discentes. Não havia nenhuma pré-seleção de temas pela coordenação, sendo a escolha
totalmente livre.

APRENDIZAGEM E CRIATIVIDADE

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Lea Cristina Borges dos Santos e Joice Maria Lamb

Ao elaborar uma Aula Pública produzimos conhecimento, pensamento crítico e


criativo, repertório cultural, comunicação, cultura digital, argumentação e cooperação.
Nos assuntos das aulas tivemos empatia, autoconhecimento e autocuidado, trabalho
e projeto de vida, ou em seus temas principais ou dentro de outro tema em específico.
Assim podemos dizer que as 10 competências da BNCC são amplamente exploradas
neste projeto.
Necessitamos de pessoas criativas, que possam atuar no mundo com autonomia
e empatia, mas, ao contrário disso, a escola tradicional investe em um perfil de aluno
individualista que apenas executa, copia e pouco cria. O processo de aprendizagem
criativa ocorre de forma espiral: imaginar-criar-brincar-compartilhar-refletir-imaginar.
(Resnick, 2020). Em cada aula pública, vimos presente muita criatividade de todos os
envolvidos, desde a escolha dos temas até o desenvolvimento da apresentação. Além
disso, existiu muito protagonismo dos estudantes, das famílias e dos professores. Os
momentos de trocas entre diferentes grupos e contextos impulsionava a criatividade uns
dos outros. Exatamente como nos diz o autor

A criatividade é um processo social, no qual as pessoas as colocam, compartilham e


constroem a partir do trabalho umas das outras. (RESNICK, 2020, p. 16)

Para o autor, os estudantes X são os que criam, arriscam, fazem coisas


diferentes sem medo.

Pessoas que arriscam. Que fazem .Que criam coisas. Elas são os estudantes X, os
pensadores criativos. Elas foram a força motriz das mudanças econômicas, tecnológicas,
políticas e culturais ao longo da história. hoje, todos precisam arriscar, fazer e criar coisas;
não necessariamente para mudar o rumo da história, mas suas próprias vidas. (RESNICK,
2020, p. 31)

APRENDER E COMPARTILHAR SEMPRE

A experiência de desenvolver o projeto Aulas Públicas Virtuais acrescentou


muito no aprofundamento da proposta pedagógica da escola. Também permitiu
uma aproximação sem igual dos docentes, mesmo em tempo de isolamento social.
Fortalecemos a nossa comunidade pedagógica e aprendemos que todos aprendem o
tempo todo e que os professores não podem pensar que já sabem tudo.
Nossa escola já utilizava o Gsuite for Education do Google desde 2016,
mas o foco eram os estudantes dos Anos Finais do Ensino Fundamental. Com as
aulas públicas, os professores dos Anos Iniciais também compreenderam o valor da
tecnologia e buscaram aprimoramento das suas habilidades a fim de dar conta desse
desafio.
Como as Aulas Públicas se tornaram um meio de divulgarmos a ideia de
um aprender em comunidade, uma aprendizagem para todos e feita por todos,
coletivamente, pretendemos retomar o Projeto em breve. Entendemos que isso é
muito mais do que uma coisa emergencial, mas um entendimento de escola e uma
forma de fazer educação. A Escola Adolfina pratica uma educação voltada para o
coletivo, voltada para a comunidade, então, essa mesma comunidade não pode estar

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Aulas públicas virtuais: Aprendendo em comunidade

fora da escola. As aulas públicas virtuais permitem que a escola esteja dentro da casa
de cada um, levando um conteúdo de qualidade produzido pelos nossos estudantes e
seus professores para responder às suas perguntas e as suas curiosidades.
Por fim, esse projeto pode, além de contribuir para formação dos professores,
auxiliar na discussão sobre metodologias ativas, visto que utilizamos o conhecimento
de forma crítica e criativa, estimulando a convivência harmoniosa diante da
diversidade. Essa experiência valorizou o conhecimento prévio e a leitura de mundo
dos estudantes, contemplou tecnologias e reflexões sobre estar na sociedade,
valorizando a aprendizagem em um momento não formal.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base nacional comum


curricular. Brasília, DF, 2016. Disponível em: < http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/
site/início>. Acesso em: abril. 2020.
CORREÇÃO: O texto escola atribuído a Paulo Freire é de autor desconhecido; O Globo.
São Paulo. 05\02\2019. Disponível em: https://oglobo.globo.com/brasil/educacao/
correcao-texto-escola-atribuido-paulo-freire-de-autor-desconhecido-3180500. Acesso
em maio de 2022.
PATTON, Michael Quinn, GUIMARÃES, Vilma. Pedagogia da Avaliação e Paulo Freire:
incluir para transformar. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 2018.
PPP da EMEF Profª Adolfina J. M. Diefenthäler. 2020
RESNICK, Mitchel. Jardim de Infância para a Vida Toda: Por Uma Aprendizagem
Criativa, Mão na Massa e Relevante. Porto Alegre: Artmed, 2020.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia – saberes necessários à prática educativa.
Coleção Leitura. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

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3. COPIAR OS ARQUIVOS MODELOS, COLOCAR DENTRO DA PASTA E


RENOMEAR ADEQUADAMENTE.
4. Iniciar a escrita da aula. Neste momento, todos os professores são convidados a
colocar conteúdo nos arquivos e sugerir ideias para a LIVE.
5. NO ROTEIRO DA AULA entendemos que os professores de fora do grupo sugerem
comentários ou no modo de edição.
6. NOS documentos para postar na sala, os professores acrescentam no corpo do
texto as sugestões da seguinte forma:
Cada retângulo é uma informação diferente. O objetivo é que o documento fique bom
de visualizar.

VÍDEO Clip musical infantil sobre o Coronavírus


LINK CORONAVÍRUS VS. CIA LÚDICA
https://www.youtube.com/watch?v=YB2DrUEQXik

Muitas coisas podemos aprender cantando.


CIA. LÚDICA TV
Companhia musical voltada para o público infantil sediada em Porto Alegre.
“A Cia. Lúdica apresenta em seu canal, histórias, brincadeiras e músicas infantis.
Um trabalho lúdico, criativo, de expressão e movimento, em que o sentimento de felicidade
e emoção invade cada um de nós que executa, participa, interage, assiste ou acompanha
nosso trabalho.”

São os professores, neste trabalho coletivo, é que irão definir que TIPO
de conteúdo seria interessante ser oferecido. Até agora temos apenas algumas
ideias porque esperamos sempre a CRIATIVIDADE de todos para poder crescer.
7. Os organizadores da AULA é que irão dar a palavra final, tanto na LIVE, quanto no
conteúdo sugerido pelos colegas.
8. O grupo de gestão define a data de apresentação de cada Live.

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Aulas públicas virtuais: Aprendendo em comunidade

ROTEIRO DA AULA PÚBLICA VIRTUAL


TÍTULO:
O que o grupo pretende atingir com a aula: (para facilitar o entendimento dos
outros que irão ajudar sobre o foco da aula. apenas algumas linhas. )
DATA PROGRAMADA DIA:
HORÁRIO: Definido pelo grupo gestor
ROTEIRISTAS
APRESENTADORES DA LIVE

ATENÇÃO: Cada pessoa não deve fazer uma fala de mais de 5 minutos. Ou um vídeo
com mais de 5 minutos, para que a live fique dinâmica. Pode falar dos materiais que
estarão na sala de aula.

QUEM FALA? AÇÃO REALIZADA

Vinheta de abertura - SEMPRE A MESMA

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