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MÓDULO 4 TEMA

A CULTURA DA CATEDRAL A REVOLUÇÃO DA ARTE DE CONSTRUIR AULA 56 1

A ARQUITETURA GÓTICA: A REVOLUÇÃO DA ARTE DE CONSTRUIR


A arquitetura gótica difundiu-se por toda a
Europa graças à mobilidade das Guildas de
artesãos que, viajando de cidade em cidade,
trocavam ideias sobre o novo sistema estrutural.
Assim se explica a uniformidade formal e
estética do Gótico, o primeiro estilo da
arquitetura ocidental a surgir sem influências
orientais (bizantinas) nem clássicas (greco-
romanas).
As novas possibilidades estáticas possibilitadas
pelos arcos ogivais, pelas abóbadas de cruzaria
de ogivas, pelos arcobotantes e pelos
contrafortes fizeram desaparecer os maciços
muros românicos.
Também a rivalidade existente entre cidades
motivou os arquitetos a elevar cada vez mais as
naves e as torres das suas catedrais, tentando
superar tudo o que havia sido feito até então.
O que distingue a catedral gótica é a sua
elevação no espaço, desafiando as leis da
gravidade.
Paulo Simões Nunes
História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
© Raiz Editora, 2021. Todos os direitos reservados.
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A conceção do edifício era da responsabilidade


da autoridade eclesiástica, o bispo ou o cardeal.

A planificação e a direção da obra competia aos


mestres-pedreiros com experiência nos
estaleiros de obra.

De entre as tarefas do mestre-pedreiro,


distinguimos:
• planificação da obra;
• coordenação do estaleiro;
• supervisão da obra;
• resolução de problemas técnicos;
• contratação de pessoal para as diversas
especialidades;
• distribuição de tarefas e orientação dos
trabalhos;
Manuscrito de Girart • aquisição de materiais.
de Roussillon, Viena,
Áustria, c. 1448. Paulo Simões Nunes
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A planificação da planta e dos alçados exigia


conhecimentos de geometria e de matemática,
para que todos as partes do edifício se
COBERTURA equivalessem em proporção e harmonia.
ABÓBADA DE
CRUZARIA DE OGIVAS A construção do edifício começava pelos alicerces,
as fundações onde assentavam os pilares, e a
PINÁCULO
construção da cripta – os subterrâneos onde eram
ARCOBOTANTE
guardados as relíquias e os restos mortais de
CLERESTÓRIO personalidades relevantes da Igreja.
TRIFÓRIO CONTRAFORTE
A dimensão vertical é acentuada pelas torres
ARCO OGIVAL sineiras, que enquadram o portal principal, e as
torres que se erguem nos portais do transepto,
ARCADA PILAR FASCICULADO
rematadas por pináculos.
NAVE NAVE LATERAL
CENTRAL
O alçado interior desenvolve-se na arcada, no
CRIPTA
trifório e no clerestório cujas paredes se rasgam
em amplos vitrais polícromos que banham o
espaço de uma «luz radiante e divina».

Paulo Simões Nunes


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A catedral gótica baseia o seu plano na
tradicional planta de cruz latina, mas com o
cruzeiro e o transepto deslocados para o meio do
edifício.
O transepto é menos saliente e apresenta dois
Catedral de Reims, portais, a norte e a sul, alternativos ao portal
França, 1211-1299.
CRUZEIRO
ocidental, recebendo importantes grupos
NAVE NAVE PORTAL CAPELAS escultóricos.
NARTEX LATERAL CENTRAL NORTE CORO RADIANTES

A cabeceira ganha maior expressão,


prolongando-se até ao transepto e integrando o
coro, o altar-mor e o deambulatório com capelas
radiantes.
A fachada apresenta três portais profundos, com
uma profusa decoração esculpida e significativos
grupos escultóricos.

DEAMBULATÓRIO
PORTAL TRANSEPTO PORTAL Paulo Simões Nunes
OCIDENTAL SUL ALTAR-MOR História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
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TORRE NORTE TORRE SUL

Por Peter Haas, CC BY-SA 3.0


NÍVEL SUPERIOR
GALERIA DAS

INTERMÉDIO
GÁRGULAS

NÍVEL
Por Jean Lemoine from Béthisy-Saint-Martin, France -

ROSÁCEA

GALERIA
DOS REIS
INFERIOR
NÍVEL

PORTAL DO
JUÍZO FINAL
PORTAL DE
PORTAL DA SANTA ANA
VIRGEM
CC BY-SA 2.0
Flickr.com,

Catedral de Notre-Dame, Paris, 1163-1250.


Paulo Simões Nunes
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O VITRAL GÓTICO: A MATERIALIZAÇÃO


DA TRANSCENDÊNCIA
CLERESTÓRIO

TRIFÓRIO
O vitral é uma manifestação genuína da arte
gótica.

ARCO OGIVAL A forte utilização do vitral neste período é uma


consequência direta da técnica de construção
TRAMO gótica e da abóbada de cruzaria de ogivas.

Ao basear o seu sistema estrutural em pilares,


arcos ogivais, arcobotantes e contrafortes, o
sistema de construção gótico libertou as
Catedral de Notre-Dame de Amiens, paredes da sua função estrutural.
França, 1220-1280.
Assim, puderam rasgar-se grandes vãos
ABÓBADA DE verticais nas paredes com altas janelas e
CRUZARIA DE
OGIVAS grandes rosáceas, preenchidas com painéis de
vidros coloridos e imagens fortemente
ROSÁCEA
CLERESTÓRIO simbólicas.
Como se fossem grandes tapeçarias de luz, os
TRIFÓRIO
vitrais constituíram um dos elementos mais
importantes do programa estético do abade
TRAMO Suger: «Deus é luz.»
Paulo Simões Nunes
Basílica de Saint-Denis, Île-de-France, século XIII. História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
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O VITRAL GÓTICO: A MATERIALIZAÇÃO


DA TRANSCENDÊNCIA
O vitral é composto por pequenos pedaços de
vidro coloridos, unidos por um perfil de chumbo
com a forma de um duplo U.
Inundando os interiores das catedrais com
translúcidos padrões de luz e cor, os vitrais
recebem as mesmas narrativas religiosas que
antes tinham ocupado as paredes, os tímpanos e
os capitéis.
Ao desenvolver um programa iconográfico
fortemente simbólico, o artista podia facultar
múltiplas leituras visuais, em conformidade com a
retórica da exaltação mística do espaço gótico.
É através do vitral gótico que se materializa a
Para MOSSOT — CC BY-SA 3.0

transcendência da realidade física sensorial,


deste modo fundamentando o programa estético
do abade Suger.

Vitral «História de Carlos Magno»,


Catedral de Notre-Dame de
Chartres, França, 1205-1240. Paulo Simões Nunes
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