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PROTAGONISMO FEMININO

NOS K-DRAMAS
 Docente: Teresa Kobayashi
 Discentes: Giselly Chistine Garcia de Souza
Michele Vitória Quaresma Maia
AFINAL, O QUE É DORAMA?
 O termo “ Dorama” é a forma que a fonética Japonesa encontrou para se referir aos
dramas norte-americanos. Posteriormente, outros países começaram a emular o
formato japonês, passando a existir ramificações, como é o caso dos K-dramas
( gênero de drama ou novela coreana).

Os dramas sul-coreanos são uma sensação global, assim como o K-pop; ambos frutos
do investimento do país na cultura popular como alavanca econômica em um momento
de crise ( Déc.1990).

No cenário ocidental, a cultura popular exportada da Coreia do Sul trouxe um


entretimento fresco, aparentemente despretensioso, em especial os dramas que se
popularizam por seus enredos focado na qualidade narrativa e ostentação positiva do
patriotismo deles.
De acordo com uma análise feita em meados de janeiro de 2014 e janeiro de 2020
para fins acadêmicos, com enfoque no público que acompanha doramas, foi apurado
que das quase 2 mil pessoas entrevistadas, cerca de 95% eram mulheres e
aproxidamente 65% estavam entre 16 e 25 anos.

É evidente a predominância do público feminino, e quando se é feita uma reflexão


sobre a faixa etária predominante; tem-se a constatação que ela se concentra no
momento do início do ensino médio, da faculdade ou no mercado de trabalho; cuja
fases são o momento em que a desigualdade de gênero fica mais evidente para a
mulher.

A diferença como os artistas do sexo masculino e feminino são tratados pela


indústria do entretenimento sul-coreano é resultado de uma cultura patriarcal, e isso
reflete nos fãs que acompanham essas produções.
O FEMINISMO E OS K-DRAMAS:
Ao contrário do que muitos pensam, o feminismo não é a oposição do machismo, mas um
movimento que busca a igualdade entre os gêneros , constituído por ondas em que pautas
especificas são levantadas para discussão.

Segundo o diretor-presidente da produtora de dramas Pan Entertainment, o sucesso das


narrativas sul-coreanas é resultado da preservação do espírito confucionista, não mais com
teor religioso , mas com posicionamento moral e tradicional, com forte enfoque ao respeito
aos mais velhos, à hierarquia e a importância da família.

Entretanto, apesar do confucionismo ainda exercer sua influência sobre os produtos culturais
sul-coreanos, é evidente que tal influência atualmente, acaba passando despercebidas pelo
público. Os K-dramas compõe um formato de mídia que permitem uma abordagem mais
profunda da figura da mulher no país, além da história da personagem feminina.
 A representação feminina em filmes e séries tem feito cada
vez mais jus a realidade, com personagens fortes e obstinadas
que despertam a admiração do público e, principalmente, a
inspiração de outras mulheres. Nos Doramas (K-dramas), a
busca por essa representação não poderia ser diferente.

A Coreia do Sul, embora ainda que seja arraigada às


tradições e bastante etnocêntrica, especialmente na cultura e
política, podemos dizer que atualmente é um dos países mais
ocidentalizados da Ásia. Daí entra em cena o feminismo
como um dos resultados dessa ocidentalização.

Ainda que um dos clichês favoritos do gênero seja a presença


de um protagonista masculino independente ,bem sucedido e
com um bom suporte físico; é cada vez mais comum Drama: Mulher forte do Bong- soon
encontramos essas qualidades em personagens femininas que (Strong Woman Do Bong-soon) 2017.
roubam a cena nas suas respectivas produções.
 Segundo uma pesquisa realizada para compreender mais sobre o público brasileiro que
consome os K-dramas e suas visões sobre o feminismo; 84,9% dos que participaram da
pesquisa, assistem doramas, sendo em sua maioria desse total , o público feminino.

 Quando questionados sobre situações e comportamentos machistas retratados nos K-


dramas, que tenham chamado sua atenção 71,7% responderam. De acordo com todas as
repostas da pesquisa, que foram validadas, 67,9% das pessoas se identificam com o
feminismo.

Ao contrário, dos que torcem o nariz pensam a respeito dos doramas, não dá para se
dizer que seja um entretenimento puramente disperso dos assuntos principais de seu
tempo, ou que os K-dramas sejam completamente isentos das questões sociais. Há sim,
intenções colocadas de maneira estratégicas, sobretudo no que diz respeito ao debate
sobre gênero.
A CORÉIA DO SUL É UM DOS PAÍSES MAIS
OCIDENTALIZADOS DA ÁSIA, ENTRETANTO, SER
FEMINISTA NO PAÍS REPRESENTA UM GRANDE
PERIGO PARA AS MULHERES. EM RELAÇÃO AO
BRASIL, COMO VOCÊ ACHA QUE O MOVIMENTO É
COMPREENDIDO PELA SOCIEDADE ?
Apesar de séculos de história e reivindicações, o feminismo na sociedade atual ainda
é uma luta mal compreendida; inclusive pelas próprias mulheres. Uma luta que não
busca a competição, como alguns sugerem, mas que visa a conquista de direitos na
sociedade..

Há quem ainda veja o feminismo como algo correspondente ao machismo. Isso não
faz sentido algum; pois se trata da busca de igualdade e a inclusão de várias lutas
dentro da luta geral, afinal há demandas específicas, considerando que as mulheres
são uma categoria enorme, com muita diferença entre si".

 De forma geral, o que une todas as mulheres feministas; independentemente das


demandas específicas de vários grupos, é a busca por uma representatividade
verdadeira e ampla dentro da sociedade. É preciso refletir os privilégios; pois há
muitas mulheres hoje resistentes ao feminino porque passaram muitas dificuldades
para chegar onde estão.
Vale ressaltar que ser feminista na Coreia do Sul, é um tanto quanto complexo e
perigoso, frente a alta e pública exclusão e rejeição que o feminismo sofre no país,
uma vez que seu atual presidente é assumidamente antifeminista, e teve como uma
das suas primeiras medidas a proposta de extinguir o Ministério da Igualdade de
Gênero e da Família.

 A Coreia do Sul pode ter se tornado uma potência cultural e tecnológica, mas em sua rápida
transformação em um dos países mais ricos do mundo, as mulheres ficaram para trás. Elas
recebem, em média, um terço a menos do que os homens, dando à Coreia do Sul a pior
disparidade salarial entre homens e mulheres de qualquer país rico do mundo. A isso se soma
uma cultura generalizada de assédio sexual.

 Diante disso, por lá, as táticas feministas têm trilhado um


caminho espontâneo e altamente eficiente, focado na
imagem muito mais do que na reverberação direta das
pautas, como se vê no Brasil, e consequentemente ao
redor do mundo.
 Os K-dramas estão nadando de braçada, com uma incursão silenciosa e eficiente que
vem dando uma verdadeira guinada na representação das mulheres nas TVs sul-
coreanas.

 De acordo com a KBS, principal emissora de televisão do país, em 2021, o


protagonismo dos principais doramas da programação eram mulheres, ou seja, mais
de 53% dos personagens femininos, um sensível aumento em relação à média de
2016 que era de 49,8%.

 O K-drama mais assistido na Coreia do Sul em 2022


foi "Uma advogada extraordinária", exibido pela
Netflix. O mesmo, conta a história de uma jovem
autista e os dilemas que enfrenta na vida adulta
enquanto brilha em um dos principais escritórios de
advocacia do país. Uma mulher que é destaque na
profissão e no coração das pessoas.
K-DRAMAS COM PERSONAGENS INSPIRADORAS:

Vicenzo (2021):

• Apesar do drama levar o nome do protagonista


irreverente, é a Hong Chayoung, personagem da
atriz Jeon Yeo Bin, quem se destaca. Na trama,
Chayoung é uma advogada de moral questionável
que se une ao mafioso Vicenzo Cassano para punir
criminosos poderosos, para os quais a Lei não é o
suficiente. A advogada mostra como a linha que
divide o "bom" e o "mau" pode ser tênue, e como
algumas virtudes, às vezes, precisam ser
dispensadas.
My Name (2021):

• Este drama chegou a ocupar o Top 4


mundial da Netflix; tem a atriz Han So
Hee no papel de Yoon Jiwoo, uma
protagonista controversa que busca, a todo
custo, vingança pela morte do pai. O
enredo marcado por ação e
questionamentos morais garantiu à So Hee
a melhor atuação da sua carreira, e também
mostrou a sua entrega nos bastidores, uma
vez que a mesma treinou de segunda a
sexta para se preparar fisicamente para o
drama.
Love To Hate you (2023):

• Narra a história da Mi-ran (Kim Ok-bin), uma advogada


que gosta de fazer justiça com, literalmente, as próprias
mãos. Amante de artes marciais, ela é uma mulher super
independente; odeia que os homens consigam ter maior
vantagem na sociedade por, simplesmente, serem homens; e
de Kang-ho (Yoo Teo), um ator muito famoso na Coréia do
Sul, que nunca se envolveu em uma polêmica.
• São várias as cenas que assistimos a Mi-ran sendo injustiçada
ou sofrendo qualquer tipo de preconceito e comentários
misóginos por ser mulher. O Drama apresenta Questões como
divórcio, o homem ter mais espaço no mercado de trabalho e
relacionamento, que são discutidos de forma talvez até que
imperceptível, mas que são a cereja do bolo para tornar o
drama algo especial.
Strong Girl Nam-soon (2023):

• Spin-off do queridinho da dramaland Strong


Woman Do Bong-soon; Nam-soon também têm
em comum o empoderamento através da super
força que faz parte da herança familiar.

• Strong Girl Nam-soon, tem uma pitada de


feminismo, humor e determinação digna de
histórias de quadrinhos de super-heróis.

• O romance é apenas um plus para a poderosa


família de mulheres super fortes, e nunca de fato
uma questão mega importante e essencial para o
desenvolvimento pessoal da personagem.
RECAPITULANDO O QUE APRENDEMOS HOJE:

Até aqui aprendemos o quão importante são as produções sul-coreanas, e como o


feminismo tem sido inserido nos K-dramas; bem como a relação de nós,
ocidentais, com o consumo dos doramas, entre outras coisas. Que tal testar seus
conhecimentos de forma divertida?

Formem duplas, para resolver ao Quiz, que está no link enviado no grupo do
WhatsApp.

A dupla que acertar todas as perguntas no menor tempo, será premiada


simbolicamente.
REFERÊNCIAS:
BERTH, Joice. As mulheres do K-drama e o feminismo sul-coreano. Terra,2023. Disponível em:
<https://www.terra.com.br/nos/opiniao/joice-berth/as-mulheres-do-k-drama-e-o-feminismo-sul-
coreano,ed1d7b38fee802f80a0f2b15b073a509uw43ikyr.html />. Acesso em: 29 de jan. de 2024.
MACKENZIE, Jean. “Meu chefe me mandou lavar toalhas dos meus colegas homens”: O machismo na
Coreia do Sul. BBC News/ Uol, 2022. Disponível em:
<https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2022/12/25/meu-chefe-me-mandou-lavar-toalhas-dos-
meus-colegas-homens-o-machismo-na-coreia-do-sul.htm />. Acesso em 29 de jan. de 2024.
CAROL, Ana. Love To Hate You trata de forma leve assuntos como misoginia e machismo na Coreia do
Sul. K4US,2023. Disponível em: <https://k4us.com.br/love-to-hate-you-trata-de-forma-leve-assuntos-
como-misoginia-e-machismo-na-coreia-do-sul/ />. Acesso em 29 de jan. de 2024.
NOBRE, Agnes. Quais são as diferenças entre “Strong Girl Nam-soon” e “Strong Woman Do Bong-
soon”?. Café com Kimchi, 2023. Disponível em:
<https://https://www.cafecomkimchi.com.br/post/diferencas-strong-girl-nam-soon-strong-woman-do-bong-
soon-spin-off/ />. Acesso em 29 de jan. de 2024.
K-Woman: webtoon interativa sobre a mulher na cultura coreana. TodoDesingSenac-ISSUU,2020.
Disponível em: <https://issuu.com/designsenac/docs/tcc_julianamachado / />. Acesso em 02 de fev. de
2024.

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