Você está na página 1de 32

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

Universidade Federal do Paraná


DEVELOPMENT OF A NOVEL ECO-EFFICIENT LC²
CONCEPTUAL CEMENT BASED ULTRA-HIGH PERFORMANCE
CONCRETE (UHPC) INCORPORATING LIMESTONE POWDER
AND CALCINED CLAY TAILINGS:
Design and Performances
DESENVOLVIMENTO DE UM NOVO CONCEITO DE CONCRETO DE ULTRA-
ALTO DESEMPENHO (UHPC) ECOEFICIENTE LC² À BASE DE CIMENTO
INCORPORANDO PÓ DE CALCÁRIO E REJEITOS DE ARGILA CALCINADA:
Projeto e Desempenho
Autores: Yu Sun, Rui Yu, Siyu Wang, Yuxin Zhou, Min Zeng, Fangjie Hu, Zhonghe
Shui, Biyun Rao, Shuai Yuan, Zelong Luo, Shuai Ma (2021)

Alunos: Miguel Batista de Oliveira e Luis Miguel Zanette de Oliveira


Disciplina: TECNOLOGIA DO CONCRETO ECOEFICIENTE - ECCI-7073 (2023/T3)
Docente responsável: HELOISA FUGANTI CAMPOS (heloisacampos@ufpr.br)
INTRODUÇÃO
O concreto gera emissões de CO² pelo alto uso de cimento.
Reduzir esse uso desenvolve concretos ecologicos.
O UHPC (CONCRETO DE ULTRA-ALTO DESEMPENHO) tem
alto teor de cimento, custos e emissões elevados. Diminuir
seu consumo por SCMs (materiais cimentícios
suplementares) mais baratos é essencial.
Este estudo emprega LC² (incorporação de pó de calcário e
rejeitos de argila calcinada) apara produzir UHPC ecológico e
analisar suas propriedades.
MATERIAIS E MÉTODOS
Materiais
Os materiais cimentícios utilizados neste estudo são compostos por:
• Cimento Portland Comum (OPC) CEM I 52,5 R;
• Pó de calcário (LP);
• Rejeitos de argila calcinada (CCT);
• Sílica ativa (SF) e;
• Gesso di-hidratado.
 Duas granulometrias de areia de rio são usadas como agregados miúdo
e graúdo do UHPC desenvolvido, 0-0,6 mm e 0,6-1,25 mm.
 Para garantir a boa trabalhabilidade do UHPC desenvolvido, um
superplastificante policarboxilato (Sp) é utilizado neste estudo para
atender à demanda do comportamento no estado fresco.
Amostras de rejeitos de argila calcinada (a) e pó de
calcário (b).

(a) Rejeitos de argila calcinada (b) pó de calcário


Traços UHPC ideais (kg/m3).
As receitas das amostras testadas são de acordo com a
proporção de mistura do grupo de referência R0, solução 1 e 4
(S1 e S4) mostradas na Tabela.

(CEM: cimento, CCT: rejeito de argila calcinada, LP: pó de calcário, Sp: superplastificante).
MATERIAIS E MÉTODOS
Metodologia experimental
ESQUELETO DE MISTURA UHPC
O projeto de UHPC baseia-se no modelo de empacotamento
compressivo para obter desempenho ótimo. O esqueleto denso de
partículas é projetado pela equação de distribuição do tamanho de
partículas. A adição de resíduos de argila calcinada e pó de calcário tem
pouco efeito nesse esqueleto compacto.
As receitas de UHPC LC² são desenvolvidas usando projeto de mistura
D-ótimo para otimizar a proporção de LC² e atingir o desempenho
desejado com menor pegada de carbono. Visando produzir UHPC
ecológico com propriedades melhoradas.
MATERIAIS E MÉTODOS
Metodologia experimental

Distribuição granulométrica dos ingredientes do UHPC.


MATERIAIS E MÉTODOS
Metodologia experimental
Modelo de projeto de Andersen e Andreasen modificado (Funk et al.,
1994; Yu et al., 2015)

Na equação, D é o tamanho da partícula (μm), P(D) representa a fração


total de partículas (%) menor que D, e Dmáx e Dmín são o tamanho
máximo e mínimo da partícula (μm), respectivamente; q é o módulo de
distribuição (fixado em 0,23). A receita ótima de UHPC é definida
quando o desvio entre a curva alvo e a mistura composta é mínimo.
MATERIAIS E MÉTODOS
Metodologia experimental
ABORDAGEM DE DESIGN MISTO

O método planejamento de experimentos DOE foi utilizado para


desenvolver e otimizar o UHPC sustentável. Através de modelos
matemáticos, o método D-ótimo determina a combinação ideal de
cimento, calcário e resíduos que resulta no desempenho desejado do
concreto. Dessa forma, foi possível projetar um UHPC ecológico, com
menos cimento e emissões de CO², sem comprometer seu
desempenho.
O estudo demonstrou o potencial de utilizar materiais alternativos
otimizados cientificamente.
MATERIAIS E MÉTODOS
Metodologia experimental
TESTE DE FLUIDEZ

Realizado de acordo com a norma EN 1015-3, o teste de fluidez do


UHPC é realizado imediatamente após a mistura da pasta (CEN EN
1015-3., 1999).
O resultado é o valor médio matemático de dois valores
perpendiculares, o qual é determinado como a fluidez do UHPC.
MATERIAIS E MÉTODOS
Metodologia experimental
TESTE DE PROPRIEDADES MECÂNICAS
• Os corpos de prova de UHPC foram moldados no molde triplo de 40
mm × 40 mm × 160 mm após o procedimento de mistura (EN-196-1).
O molde é colocado à temperatura ambiente de 20◦C e coberto com
um filme protetor na superfície.
• Após 24h, as amostras foram desmoldadas e então curadas em água a
20◦C até as diferentes idades de cura.
• As resistências à compressão dos corpos de prova de diferentes
receitas de UHPC foram testadas após 3d, 7d e 28d de acordo com a
norma EN 196-1 (2005).
MATERIAIS E MÉTODOS
Metodologia experimental
Outros métodos utilizados nas amostras
• Difração de raios X: é realizado para analisar a composição cristalina das
amostras de UHPC após 28 dias de cura.
• Teste de resistência ao cloreto: avaliar a resistência do Concreto de Ultra
Alto Desempenho (UHPC) à entrada de íons de cloreto, que podem causar
corrosão das armaduras.
• Teste gravimétrico térmico: é realizado para analisar o comportamento
térmico e as mudanças de massa da pasta de cimento do UHPC quando
submetida a altas temperaturas.
• Análise microestrutural: serve para caracterizar em detalhe a
microestrutura do concreto UHPC desenvolvido.
MATERIAIS E MÉTODOS
Metodologia experimental
AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

No estudo, a análise da pegada de carbono das matérias-primas do


concreto de Ultra Alto Desempenho (UHPC) inclui a avaliação do
impacto ambiental, indo além da produção de matérias-primas e
concreto. A intensidade de carbono (Ci) é calculada considerando as
emissões de CO² e a resistência à compressão do concreto. A equação
(1) é utilizada para avaliar a efetividade do uso de matérias-primas. O
cimento conceitual LC² UHPC é destacado como uma alternativa mais
sustentável, com menor consumo de clínquer e redução de emissões
de CO², visando o mesmo impacto ambiental.
MATERIAIS E MÉTODOS
Metodologia experimental
AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL
A intensidade de carbono serve para avaliar o impacto ecológico, conforme mostra a
literatura (Damineli et al., 2010)

(1)

Ci representa a intensidade de carbono (kg∙m− 3∙MPa− 1), c são as emissões de CO2 do


concreto (kg∙m− 3) e f28 é a resistência à compressão do concreto aos 28 dias de idade
(MPa).
Processo de avaliação ecológica do LC² UHPC.

otimizar os
impactos
ambientais

Produção de clinker Processo de produção do concreto Avaliação de desempenho


RESULTADOS E DISCUSSÕES
Avaliação de desempenho de misturas UHPC
MISTURA D-ÓTIMO (DMD)
Neste estudo, experimentos foram conduzidos utilizando um
planejamento de mistura D-ótimo (DMD) para avaliar as proporções ideais
de cimento, pó de calcário e rejeitos de argila calcinada. As variáveis ​do
modelo são estabelecidas da seguinte forma:
• Resistência à compressão
• X1: teor de cimento (22,2% ∼ 83,3%)
• X2: teor de calcário (0 ∼ 55,6%)
• X3: teor de rejeito de argila calcinada (0 ∼ 22,2%)
As variáveis ​reais no sistema de design são o peso de cada material, com o
peso total do ligante igual a 900 kg/m3. A receita do UHPC projetado é
mostrada na Tabela.
Dimensionamento da mistura UHPC desenvolvida
através de dimensionamento D-óptimo.

X1: teor de cimento; X2: teor de calcário; X3: teor de rejeito de argila calcinada.
Resultados de desvio de cada modelo da mistura de
referência (U-Pseudo Unidades).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Design ideal do LC² UHPC
FLUIDEZ DO UHPC PROJETADO

O gráfico ilustra a avaliação da fluidez do UHPC com rejeitos de argila


calcinada e pó de calcário. Os dados revelam uma relação direta entre a
quantidade total desses componentes e a fluidez do UHPC fresco.
Aumentar a quantidade de rejeitos de argila calcinada pode reduzir
significativamente a trabalhabilidade do UHPC, atribuída à sua
estrutura em camadas.
No entanto, a combinação com pó de calcário permite ajustar a fluidez
para um valor aceitável neste estudo.
Fluidez dos desenhos de grupos experimentais baseados
em DMD.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Avaliação de desempenho de misturas UHPC
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DE RECEITAS UHPC IDEAIS

A análise da resistência à variação de misturas de UHPC, destacando o


UHPC conceitual LC2, cuja resistência é superior ao UHPC sem resíduos
de argila calcinada. A compactação mais densa dos grupos S3 e S4,
devido ao tamanho da partícula menor dos resíduos de argila calcinada
em comparação com o pó de calcário, contribui para uma resistência
mais elevada. Esses resultados baseiam-se no modelo modificado da
Andersen & Andreasen, diminuindo a importância da estrutura de
compactação densa para propriedades avançadas da UHPC.
Resistência à compressão de receitas UHPC ideais.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Avaliação de desempenho de misturas UHPC
PENETRAÇÃO RÁPIDA DE CLORETO DO UHPC PROJETADO

Nos testes de detecção de cloreto em UHPC LC² e UHPC normal aos 7


dias mostrou que o UHPC LC² apresenta uma menor profundidade de
penetração e uma taxa de difusão de cloreto significativamente inferior
em comparação com o UHPC normal. Essa diferença é atribuída à
microestrutura mais densa do LC² devido ao tamanho fino das
partículas dos resíduos de argila calcinada, além da redução na relação
água/ligante devido ao efeito de adsorção desses resíduos, resultando
em maior hidratação dos materiais ligantes no LC².
Testes rápidos de penetração de íons cloreto de UHPC.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Avaliação de desempenho de misturas UHPC
ANÁLISE MICROESTRUTURAL DO UHPC PROJETADO

A análise da microestrutura do UHPC recém-projetado (LC²),


comparando-o com a amostra de referência (R0). As imagens revelam
que os grupos LC² possuem uma microestrutura mais densa, com uma
Zona de Transição Interfacial (ITZ) menos evidente e microfissuras
imperceptíveis. Conclui-se que o UHPC LC² apresenta uma ITZ mais
otimizada, indicando não apenas propriedades mecânicas avançadas,
mas também adequação para aplicações que exigem alta durabilidade.
Resultados SEM dos resultados UHPC projetados de R0
(grupo de referência) e S4 (solução 4).

Zona de transição interfacial (ITZ)


RESULTADOS E DISCUSSÕES
Avaliação de desempenho de misturas UHPC
AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO UHPC PROJETADO

A pesquisa avaliou a intensidade de carbono do UHPC conceitual LC²,


com menor teor de cimento, comparando-o com o UHPC normal. Os
resultados mostram uma redução significativa na emissão de CO² para
o LC², com consequências ambientais. Para obter a mesma resistência,
o LC² requer 37,1% menos intensidade de carbono em comparação
com o UHPC normal. Essa redução implica menor emissão de CO² na
produção, resultando em maior eficiência no uso de cimento. O estudo
sugere que o LC² é uma opção ecologicamente eficiente, utilizando
resíduos de argila calcinada de forma econômica e ambiental.
Ci de misturas UHPC.
Conclusões
Neste estudo, adotamos o método D-ótimo para projetar e
melhorar o concreto de ultra-alto desempenho (UHPC)
conceitual LC².
Os resultados mostraram que é possível obter uma mistura
com 6,8% de pó de calcário e resíduos de argila calcinada,
mantendo fluidez e propriedades mecânicas aceitáveis.
Embora o UHPC LC² tenha uma resistência à variação um
pouco menor, suas propriedades de resistência ao cloreto
são superiores em comparação com o UHPC convencional.
Conclusões
Além disso, a microestrutura mais densa do LC² contribui
para uma pegada de carbono 37,1% menor, tornando-o
mais ecologicamente eficiente.
Apesar das vantagens, a baixa trabalhabilidade do LC²
pode ser mitigada em termos de redução do teor de
cimento.
No geral, o UHPC LC² é apresentado como uma opção
sustentável e eficaz para aplicações futuras.
Limitação e escopo futuro do LC² UHPC
A UHPC LC² enfrenta desafios importantes na
moldagem devido à finura e à capacidade de absorção
de água dos resíduos de argila calcinada. A baixa
trabalhabilidade requer extensas pesquisas para
melhorar as misturas de acordo com os materiais
locais. É essencial avaliar o desempenho do UHPC LC²
ao longo do tempo para garantir sua adaptação
ambiental. Considere usar resíduos de argila calcinada
e calcário para melhorar a durabilidade, especialmente
em ambientes que exigem resistência a íons de cloreto.
Obrigado.

Você também pode gostar