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TENSÃO

Disciplina: Resistência dos Materiais I


Professora: Natália Salamoni
TENSÃO ADMISSÍVEL

O projeto de um elemento para resistência é baseado na seleção de


uma tensão admissível que o capacitará suportar com segurança a
carga pretendida.

Há muitos fatores desconhecidos capazes de infl uenciar a tensão real


aplicada a um elemento.

Portanto, dependendo da uti lização pretendida do elemento, aplica-se


um fator de segurança para se obter a carga admissível que o elemento
pode suportar.

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TENSÃO ADMISSÍVEL
O fator de segurança (FS) é a razão entre a carga de ruptura ( F r u p ) e a carga admissível
(F a d m ). Neste contexto, a carga de ruptura é determinada por ensaios experimentais do
material, e o fator de segurança é selecionado com base na experiência.

𝐹 𝑟𝑢𝑝
𝐹𝑆=
𝐹 𝑎𝑑𝑚

Em geral, os fatores de segurança dos materiais podem ser encontrados em normas de


projetos e manuais de engenharia.
Ainda, eles pretendem manter um equilíbrio entre garanti r a segurança pública e
ambiental e oferecer soluções de projeto econômicas e razoáveis.
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TENSÃO NORMAL
É a intensidade de força que age de forma perpendicular a área em que é aplicada.
É o valor limite da força por unidade de área quando a área tende a zero.

∆ 𝐹𝑧
𝜎 𝑧 = lim
∆ 𝐴→ 0 ∆ 𝐴

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TENSÃO NORMAL
Se tracionar o elemento, é uma tensão de tração (+);
se comprimir o elemento é uma tensão de compressão(-);

A tensão normal é calculada pela seguinte equação:

A
𝜎 𝜎=
𝐹
F 𝐴 No sistema internacional:
Tensão () = N/m² ou Pa
Força (F) = N
Área (A) = m²
5
TENSÃO NORMAL
Na prática, assumimos que a distribuição das tensões é uniforme em uma barra carregada
axialmente, com exceção das seções onde se aplicam as cargas.

𝐹
𝜎=
𝐴
Isso é possível pois admitimos que a carga resultante é aplicada no centroide da seção
transversal de uma barra de material homogêneo e isotrópico (mesmas propriedades físicas e
mecânicas em todas as direções).

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TENSÃO NORMAL
Seja a barra AB sujeita a uma força de Se cortarmos a barra AB, em um ponto
tração de 60kN qualquer C, obteremos duas partes

A
A 60 kN
60 kN C
C 60 kN
60 kN
B
60 kN
B
60 kN 7
A
TENSÃO NORMAL
60 kN
Apenas a barra e a força aplicada (interna e
externa) não permitem afi rmar que os esforços
B serão suportados com segurança.

60 kN
O fato da barra AB suportar os esforços ou não,
não depende apenas da força, mas depende
A também da área da seção transversal da barra e
F do material da barra.

𝐹 𝐴𝐵 A força 𝑭 𝑨 𝑩 , representa apenas a força que atua


𝜎= em toda área da seção transversal da barra AB.
𝐴 8
A
TENSÃO NORMAL
60 kN

B 𝑭 𝑨 𝑩 = 60 kN = 60 * 10³ N = 60.000 N
60 kN
Adotando barra circular com Ø = 20 mm:

A A = r² = * (20/2)² = * (10*10 - ³ m)² = 314*10 - 6 m²


F
= F/A = 60.000/(314*10 - 6 )= 191,08*10 6 Pa = 191,08 MPa
𝐹 𝐴𝐵
𝜎=
𝐴 9
A
TENSÃO NORMAL
60 kN
Para determinar se a barra irá suportar o esforço,
devemos comparar a tensão calculada () com a tensão
B admissível do material ( 𝒂 𝒅 𝒎 ) ;

60 kN
barra = 191,08 MPa
A
F Considerando que o material da barra é o aço, cuja
𝒂 𝒅 𝒎 = 165 MPa, portanto a barra não suportará o
carregamento imposto.
𝐹 𝐴𝐵
𝜎=
𝐴 10
A
TENSÃO NORMAL
60 kN

Se uti lizássemos alumínio, cuja 𝒂 𝒅 𝒎 = 100 MPa, qual deve


ser o diâmetro da barra?
B
60 kN = F/A => A = F/ = 60.000/(100*10 6 ) = 600*10 - 6 m²
𝒂𝒅𝒎

A A = r² => r = = = 13,82*10 - 3 m
F r = 13,82 mm
d = 2r = 27,64 mm (mínimo)
𝐹 𝐴𝐵
𝜎=
𝐴 11
TENSÃO TANGENCIAL OU DE
CISALHAMENTO
É a intensidade de força, que age de forma tangente a área em que é aplicada.
A tensão tangencial é calculada pelas seguintes equações.

∆ 𝐹𝑥
𝜏 𝑧 𝑥 = lim
∆ 𝐴 →0 ∆ 𝐴

∆ 𝐹𝑦
𝜏 𝑧𝑦 = lim
∆ 𝐴→0 ∆ 𝐴

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TENSÃO TANGENCIAL OU DE
CISALHAMENTO
Quando duas forças P e P’ são aplicadas a uma barra, na direção transversal à barra AB,
ocorre um ti po diferente de tensão:

Se passarmos pelo ponto C uma seção transversal, podemos


desenhar a parte AC e concluir que existe uma força interna
na seção, e que seu valor deve ser igual a P, que é chamada
de Esforço Cortante ou Força Cortante (V).

Dividindo P pela área da seção transversal, obtemos a tensão média de cisalhamento na seção ( 𝝉):
𝑉
𝜏 𝑚 é 𝑑=
𝐴 13
TENSÃO TANGENCIAL OU DE
CISALHAMENTO
Enquanto que a tensão normal pode ser assumida com distribuída uniformemente na
seção, com a tensão tangencial isso não é possível.
O valor real da tensão de cisalhamento varia da superfí cie para o interior da peça, onde
pode ati ngir valores superiores a 𝝉 𝒎 é 𝒅 .
As tensões de cisalhamento ocorrem normalmente em parafusos, rebites, pregos e
pinos.

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TENSÃO TANGENCIAL OU DE
CISALHAMENTO
SIMPLES
Juntas sobrepostas

𝑉 𝐹
𝜏 𝑚 é 𝑑= → 𝜏 𝑚 é 𝑑 =
𝐴 𝐴

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TENSÃO TANGENCIAL OU DE
CISALHAMENTO
DUPLO
Juntas de dupla sobreposição

𝑉 𝐹
𝜏 𝑚 é 𝑑= → 𝜏 𝑚 é 𝑑 =
𝐴 2∙ 𝐴

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TENSÃO DE ESMAGAMENTO
É a intensidade de força que age de forma perpendicular a superfí cie cilíndrica, na
chapa em que existe um pino.

𝐹
𝜎 𝑒=
𝐴
𝐹
𝜎 𝑒=
𝑑 ∙𝑡

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APLICAÇÃO NA ANÁLISE DE
ESTRUTURAS SIMPLES
C
Seja a treliça ABC:
1,5 m

1. Determinar os esforços nas barras da treliça;


2. Determinar as tensões nos diferentes pontos
de interesse na estrutura.
B
A 2,0 m
30 kN

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APLICAÇÃO NA ANÁLISE DE
ESTRUTURAS SIMPLES
C
1. Determinar os esforços nas barras da treliça
1,5 m

Equações de equilíbrio
Σ Fx = 0
B Σ Fy = 0
A 2,0 m Σ Mo = 0
30 kN

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APLICAÇÃO NA ANÁLISE DE
ESTRUTURAS SIMPLES C

B
Barra BC
A

Barra AB
Nó B

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APLICAÇÃO NA ANÁLISE DE
ESTRUTURAS SIMPLES
C 2. Determinar as tensões nos diferentes pontos
de interesse na estrutura

Quais são os pontos de interesse?


1,5 m

B
A 2,0 m
30 kN

21
APLICAÇÃO NA ANÁLISE DE
ESTRUTURAS SIMPLES C
• Barra BC circular com diâmetro de 20mm e extremidades achatadas com
seção transversal 20x40 mm; B

S1 S2 A

B C

S1 S2

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APLICAÇÃO NA ANÁLISE DE
ESTRUTURAS SIMPLES C
• Barra AB seção transversal retangular constante, 30x50mm e na ponta B
se divide em duas partes, encaixando a barra BC; B

S1 A

A B

S1

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APLICAÇÃO NA ANÁLISE DE
ESTRUTURAS SIMPLES C
• No ponto A um pino liga a barra AB ao apoio que é um encaixe de duas
barras. O pino tem diâmetro de 25mm. B

S1 A

S1
Apoio A 12,5
Esmagamento do
25 E s m a g a m eA
n tpoo idoa Ab a r r a
12,5 AB

20
30
20
24
APLICAÇÃO NA ANÁLISE DE
ESTRUTURAS SIMPLES C
• No ponto C um pino liga a barra BC ao apoio que é apenas uma chapa.
O pino tem diâmetro de 25mm. B

A
S1
S1
Apoio C 7,5
25 Esmagamento da barra
7,5
BC
Esmagamento do
Apoio C
20
20
25
APLICAÇÃO NA ANÁLISE DE
ESTRUTURAS SIMPLES C
• Barras AB e BC se ligam por intermédio de um pino, onde fi ca suspensa
a carga de 30kN. O pino tem diâmetro de 25mm. B

Barra BC A

Barra AB
Nó B

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APLICAÇÃO NA ANÁLISE DE
ESTRUTURAS SIMPLES
Ponto de interesse Tensão calculada
C Centro da barra BC 159,15 MPa
Extremidade da barra BC 166,67 MPa
Centro da barra AB -26,67 MPa
Apoio A – cisalhamento do pino -40,74 MPa
1,5 m

Apoio A – esmagamento da barra AB -53,33 MPa


Apoio A – esmagamento do apoio A -40,00 MPa
B
Apoio C – cisalhamento do pino 101,86 MPa
A 2,0 m Apoio C – esmagamento da barra BC 100,00 MPa
30 kN Apoio C – esmagamento do apoio C 100,00 MPa
Nó B – cisalhamento do pino 50,93 MPa
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TENSÕES EM UM PLANO
OBLÍQUO AO EIXO
Considerando a barra a seguir, cortada por um plano inclinado:

𝐴0
𝐴𝜃

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TENSÕES EM UM PLANO
OBLÍQUO AO EIXO
Tem-se que:

𝐴𝜃 = 𝐴0 / 𝑐𝑜𝑠 𝜃 𝐴0 𝐴𝜃

𝐹 =𝑃 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜃 𝜃
𝑉 =𝑃 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜃
𝐹
𝜎=
𝐴𝜃
𝑉
𝜏=
𝐴𝜃
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TENSÕES EM UM PLANO
OBLÍQUO AO EIXO
Por substi tuição, tem-se:

𝐴𝜃 = 𝐴0 / 𝑐𝑜𝑠 𝜃 𝑃
→𝜎= ∙𝑐𝑜𝑠 ² 𝜃
𝐹 =𝑃 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜃 𝐴0
𝑉 =𝑃 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜃
𝐹
𝜎= 𝑃
𝐴𝜃 → 𝜏= ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜃 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜃
𝐴0
𝑉
𝜏=
𝐴𝜃
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TENSÕES EM UM PLANO
OBLÍQUO AO EIXO
𝑃
𝜎= ∙ 𝑐𝑜𝑠 ² 𝜃 A tensão normal () será máxima para = 0° e
𝐴0 tende a zero quando se aproxima de 90°.

𝑃 2 𝑃
𝜎 𝑚 á 𝑥= ∙𝑐𝑜 𝑠 0 °=
𝐴0 𝐴0 cos 0°=1
cos 90°=0
𝑃 2
𝜎 𝑚 í 𝑛= ∙ 𝑐𝑜 𝑠 90 °=0
𝐴0
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TENSÕES EM UM PLANO
OBLÍQUO AO EIXO
𝑃 A tensão de cisalhamento () será máxima para = 45° e
𝜏= ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜃∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜃
𝐴0 tende a zero quando se aproxima de 0 ° e 90°.

cos 0°=1 sen 0°=0


cos 45 °= √ 2 /2 sen 45 °= √ 2/ 2
𝑃
𝜏 𝑚í 𝑛 = ∙ 𝑠𝑒𝑛 0 ° ∙ 𝑐𝑜𝑠 90 °=0 cos 90°=0 sen 90°=1
𝐴0
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TENSÕES EM UM PLANO
OBLÍQUO AO EIXO
Dessa forma, dependendo da orientação da seção estudada , comprova-se que um mesmo
carregamento pode produzir:

𝑃 ′ 𝑃
𝜎 𝑚 á 𝑥= 𝑒 𝜏 𝑚 𝑖𝑛 =0 𝜎 =𝜏 𝑚=
𝐴0 2 ∙ 𝐴0
ou
Tensão normal máxima Tensão normal igual à tensão de
Tensão de cisalhamento mínima cisalhamento máxima
= 0° = 45°

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TENSÕES EM UM PLANO
OBLÍQUO AO EIXO
Seja a barra mostrada abaixo, que tem seção transversal quadrada 40mm x 40mm,
submeti da a uma força axial de 800 N, determine a tensão normal média e a tensão
de cisalhamento média que atuam nas seções:
• aa, perpendicular ao eixo da barra;
• bb, que forma um ângulo de 60 ° com o eixo da barra.

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TENSÕES EM UM PLANO
OBLÍQUO AO EIXO
Seção aa:

= 40 . 40 mm = 1600 mm² = 1,6 . 10 - 3 m²

P = 800N F
° = 0,5 MPa
= 0°

V = 0 MPa

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TENSÕES EM UM PLANO
OBLÍQUO AO EIXO
Seção bb:

V = 40 . 40 mm = 1600 mm² = 1,6 . 10 - 3 m²

°
P = 800N ° = 0,375 MPa
= 30°

F = 0,217 MPa

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Corte ABC
EXERCÍCIO 1

Pede-se:
a) tensão cisalhante no pino A;
Corte ABC
b) tensão cisalhante no pino C;
c) maior tensão normal na haste ABC;
d) tensão média de cisalhamento na região B;
e) tensão de esmagamento na haste em C.

Dado: FAC = 3.256 N


φA = 9 mm
φC = 6 mm 37
EXERCÍCIO 1
a) tensão cisalhante no pino A;
A = 63,62 mm²; FAC = 3256 N ; = 51,18 MPa (simples)
b) tensão cisalhante no pino C;
A = 28,27 mm²; FAC = 3256 N ; = 57,58 MPa (duplo)
c) maior tensão normal na haste ABC;
MAIOR tensão -> MENOR área
A = 207,0 mm²; FAC = 3256 N ; = 15,73 MPa
d) tensão média de cisalhamento na região B;
A = 1440,0 mm²; FAC = 3256 N ; = 1,13 MPa (duplo)
e) tensão de esmagamento na haste em C.
A = 72,0 mm²; FAC = 3256 N ; = 45,22 MPa
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EXERCÍCIO 2
Seja um pilar com carga centrada de 2.000 kN e seção transversal de 40 x 40 cm, determine a
tensão normal atuante neste pilar.

EXERCÍCIO 3
Qual a área da sapata necessária para que o pilar do exercício anterior transmita uma tensão
máxima de 0,50 MPa para o solo?

EXERCÍCIO 4
Seja um cabo de cobre com 2,0 cm de diâmetro, que suporta uma tensão de 345 MPa, qual é a
maior força de tração que ele suporta?

EXERCÍCIO 5
Duas chapas metálicas unidas por rebites e tracionadas por uma força de 1,30 kN, determine o
número de rebites necessários, sabendo que cada rebite suporta uma tensão cisalhante de 5,0
MPa e a chapa suporta uma tensão de esmagamento de 4,5 MPa e que a chapa tem espessura 39
de
2,0 cm e o rebite um diâmetro de 1,5 cm.
EXERCÍCIO 2
= 12,5 MPa

EXERCÍCIO 3
A = 4,00 m²

EXERCÍCIO 4
F = 108,38 kN

EXERCÍCIO 5
Para cisalhamento n = 1,47 rebites, para esmagamento n = 0,96 rebite. Desta forma, para que
sejam suportadas ambas as tensões de cisalhamento e esmagamento, são necessários 2 rebites.
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