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INSTITUTO SUPERIOR POLITECNICO ME

TECNOLOGIA E CIÊNCIA.

CONTABILIDADE GERAL

SANDRA DA COSTA 1
CAPÍTULO I

EMPRESA

SANDRA DA COSTA 2
Documentação
Os documentos relativos aos contratos de compra e
vendas desempenham duas funções fundamentais:
Constituem meio de prova;
Constituem suporte do registo contabilistico.
Eis os documentos de contrato de compra e venda:
Nota de encomenda – é um documento utilizado,
geralmente, no comercio a grosso, para proceder à
encomenda da mercadoria.
Requisição – é um documento idêntico a nota de
encomenda e normalmente utilizado no comércio a
retalho e serve para o comprador levantar artigos, de
imediato, do estabelecimento do vendedor.
Requisição Interna - este documento é utilizado apenas
internamente nas empresas.

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Nota de Entrega ou guia de Remessa – é um documento
emitido pelo vendedor e destina-se a acompanhar a
mercadoria até ao armazém ou estabelecimento do
comprador.
Factura – é um documento que representa venda a crédito
(prazo).
Recibo – é um documento que comprova o pagamento por
parte do comprador.
Factura-recibo – estes documentos são utilizados na
venda efectuada a pronto.
Nota de venda à dinheiro ao balcão – é utilizado pelas
unidades ou empresas retalhistas nas operações de
compra e venda a pronto pagamento.
Ex: As boutiques e as lojas
Nota de débito – é um documento emitido pelo
fornecedor para retificação por acréscimo, do valor de
uma factura já emitida.
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Nota de crédito – dá-se o mesmo movimento que se
verificou na nota de debito, mais a retificação aqui da
factura original é reduzir o seu valor e não aumentar como
na nota de debito.

Nota de Lançamento - É um documento elaborado pelo


sector de contabilidade e que só é usado na empresa, a
nota de lançamento possibilita assim o registro de factos
patrimoniais que por causa do mercado informal não são
comprovados por documentos
Ex: O motorista da empresa mandou recauchutar um
pneu mais a oficina não passa recibo.

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Introdução a Ciência da Contabilidade.

A contabilidade geral ou financeira, torna-se cada vez


mais importante na vida económica. A necessidade de
possuir algumas noções de contabilidade é indispensável.
Dentro da empresa a contabilidade tem numerosas
funções. Além da dimensão jurídica e fiscal que faz da
contabilidade um sistema obrigatório e normalizado, ela
é igualmente um meio de informação e de protecção de
terceiros, um meio de previsão e um instrumento de
gestão (MELYON, Gérard; NOGUERA, Remédios, 2004,
Página 54).

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Conceitos Fundamentais
A contabilidade é a ciência do património.
A contabilidade é um método de investigação da
actividade económica.
A Contabilidade é um conjunto de técnicas, relativas ao
registo de todos os factos que alterem, ou possam vir a
alterar, o valor ou a composição do património de uma
qualquer pessoa individual ou colectiva.

Campo de Aplicação
As entidades económicas - administrativas, sejam de fins
lucrativos ou não.

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Campo de Aplicação
As entidades económicas - administrativas, sejam de fins
lucrativos ou não.

Objecto de Estudo da Contabilidade


O património das entidades.

Finalidades da Contabilidade
Assegurar o controlo do património administrado e
fornecer informações sobre a composição e as variações
patrimoniais, bem como o resultado das actividades
económicas desenvolvidas pela entidade para alcançar os
seus fins, que podem ser lucrativos ou meramente ideais.

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Usuários (Utentes) da Contabilidade
São usuarios da contabilidade os Sócios, accionistas,
proprietários, directores, administradores, executivos,
instituições financeiras, empregados, sindicatos e
associações, institutos de pesquisas, fornecedores,
clientes, Órgãos Governamentais e o fisco.
Ramos ou Tipos de Contabilidade
São vários os ramos da contabilidade. Para além da
contabilidade geral (financeira), podemos citar a
contabilidade analitica, contabilidade das sociedades,
contabilidade de seguros, contabilidade bancária,
contabilidade aduaneira, contabilidade pública, etc.
A contabilidade geral ou externa, regista as operações com
terceiros e apura o lucro da empresa. Fornece elementos
(dados) sobre a situação economica e financeira da
empresa perante terceiros.
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A contabilidade analitica ou interna, procede ao registro
dos factos internos da empresa, apura os resultados não
globais por produto, por departamento, por função, faz o
apuramento dos custos unitários de produção em
qualquer fase de produção.

Princípios Contabilísticos Geralmente Aceitos


São vários os princípios que servem de base à
contabilidade. Vamos citar apenas alguns:

O Principio da Continuidade – presume-se que a empresa


continua as suas actividades, não tendo intenção nem
necessidade de entrar em liquidação ou de reduzir
significativamente a sua actividade.

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O Principio da Consistência – as regras e procedimentos
contabilísticos não são alteradas ao longo dos vários
exercícios de onde resulta a possibilidade de se efectuarem
comparações.

O Principio do Acréscimo (Competência do Exercício) – os


proveitos e custos devem ser imputados ao respectivo
período, independentemente de recebimento e
pagamento.
O Principio da Prudência - considera que, sendo
numerosas operações rodeadas de incerteza, a
contabilidade deve registar todas as perdas de valor e não
atender aos ganhos potenciais. De notar que não é
aceitável toda e qualquer excessiva prudência que conduza
à existência de reservas ocultas.

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O Principio da Substância Sobre a Forma - determina que
aquando do registo ou mensuração de qualquer operação
ou acontecimento a sua substância e realidade económico-
financeira deve prevalecer em relação à sua forma legal.
O Principio da Materialidade – as demonstrações
financeiras devem evidenciar todos os elementos que
sejam relevantes e que possam afectar as avaliações ou
decisões de terceiros.
O Principio do Balanceamento - determina que os
proveitos e os ganhos devem ser balanceados com os
custos e as perdas de forma a se determinar o resultado
líquido de cada exercício.
O Princípio da Competência do Balanço – os saldos de
abertura do balanço de um exercício devem ser iguais aos
saldos de encerramento constantes do balanço do
exercício precedente.
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ESTRUTURAÇÃO DO
PROCESSO CONTABILÍSTICO

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Património
Considerações Gerais
Etimologicamente património, é de origem latina
“patrimonium”, cujo significado é herança familiar ou do
pai (pater), que no império romano, detinha todo o poder.
Toda a unidade económica para exercer a sua actividade,
necessita de um certo conjunto de valores, ou seja, de
máquinas, edifícios, mercadorias, dinheiro, ferramentas e
outros. Digamos que ao exercício de qualquer actividade
estão sempre alienados valores que são pertença de
alguém.
Do ponto de vista jurídico, os valores utilizados por cada
unidade económica são de sua pertença ainda que,
normalmente, os seus direitos não incidam sobre a
globalidade desses valores.

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Do ponto de vista económico, Património, é o conjunto de
bens e meios económicos que permitem satisfazer, quer
directa ou indirectamente as necessidades.
Elementos que Compõem o Patrimônio
Bens - é tudo o que possa satisfazer a alguma necessidade
da empresa, que esteja sujeito a avaliação econômica (ou
seja, ao qual se possa atribuir um valor expresso em
moeda) e sobre o qual a empresa possua a posse (isto é,
esteja em seu poder) e o domínio (quer dizer, seja o seu
dono). Ex: Edifícios, máquinas, viaturas, mercadorias, etc.
Direitos – são bens que pertencem a empresa mas, que
estão em poder de terceiros.
Ex: São os créditos da empresa ou dívidas a receber
Obrigações - são bens que não pertencem à empresa mas
que estão temporariamente em seu poder.
EX: São os débitos da empresa ou dívidas a pagar.
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Logo, pode-se definir o património como sendo “Um
conjunto de bens, direitos e obrigações sujeitas a uma
gestão.
Podem-se distinguir três tipos de patrimônio com
diferentes características, a saber:
Patrimônio Individual ou Particular - é o conjunto de
bens, direitos e obrigações, meramente pessoal em
determinado momento.
Patrimônio Comercial - é o conjunto de bens, direitos e
obrigações de uma sociedade, directamente relacionados
com a actividade do comércio para atingir determinados
objectivos.
Patrimônio Púbico - pertencente ao Estado Angolano.
Factos Patrimoniais
podem ser:
Modificativos e Permutativos.
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Modificativos – quando alteram não só a composição do
patrimônio, mas também o seu valor.
Exemplos: a venda de mercadoria em preço de venda é
maior que o preço de compra – margem.
Permutativos – quando existe uma mera alteração do valor
dos elementos patrimoniais.
Exemplo: o pagamento de uma dívida a um fornecedor.

As Massas Patrimoniais
Há três massas patrimoniais:
Activo - são recursos (bens e direitos) controlados por uma
entidade, como resultado de acontecimentos passados e
dos quais se espera que flutuam para a entidade benefícios
económicos futuros. Estes recursos podem dividir-se em
duas categorias principais:

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 Activos não correntes, que se espera que permaneçam na
posse da entidade por um período superior a um ano;
 Activos correntes, que se espera que permaneçam na
posse da entidade por um período até um ano.

Passivo - são obrigações presentes da entidade,


provenientes de acontecimentos passados, do pagamento,
dos quais se espera que resultem fluxos de recursos da
empresa, incorporando benefícios económicos. Estas
obrigações podem dividir-se em duas categorias principais:
 Passivos não correntes, que se espera que venham a ser
pagos pela entidade num período superior a um ano
 Passivos correntes, que se espera que venham a ser
liquidados num período até um ano.
Capital próprio - é o remanescente do activo sobre o
passivo
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Representação Algébrica do Património
Equação Fundamental do Património
Sendo o património o conjunto de bens, direitos e
obrigações com terceiros, a equação fundamental do
património é assim definida:
PATRIMÓNIO LÍQUIDO = BENS + DIREITOS – OBRIGAÇÕES
Substituindo os termos bens e direitos por activo,
obrigações com terceiros por passivo, e capital próprio por
património líquido, podermos afirmar que:
PL = A – P
Supondo que a entidade venda todos os seus bens, receba
todos os seus direitos e pague todas as suas obrigações
com terceiros, a sobra ou situação líquida é o capital
próprio, que é denominado pela Contabilidade de
património líquido.
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Variações do Património Líquido
A partir da equação fundamental do património, pode-se
deduzir que em dado momento, o património assume,
invariavelmente, um dos cinco estados a saber:
 Quando o activo é maior que o passivo, teremos
património líquido maior que zero, o que revela a
existência de riqueza patrimonial.
A = P + PL
 Quando o activo é maior que o passivo e o passivo é igual
a zero, teremos património líquido maior que zero,
revelando inexistência de dívidas.
A = PL
 Quando o activo é igual ao passivo, teremos património
líquido igual a zero, revelando inexistência de riqueza
própria.
A=P
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 Quando o passivo é maior do que o activo, teremos
património líquido menor que zero, revelando má situação
financeira e existência de passivo a descoberto.
A + PL = P
A expressão numérica do valor do património dá-se o nome
de:
 Situação Liquida
 Capital Próprio
 Património Liquido
OBS: O nome de património liquido nos dá a conhecer a
posição patrimonial em que a empresa ficará se neste
momento, tivesse de saldar todas as suas dívidas.

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Classes Patrimoniais
Se pegarmos nas massas patrimoniais e subdividirmos em
conjuntos mas pequenos, temos as classes patrimoniais,
que no PGC são as seguintes:
CLASSE DESIGNAÇÕES APLICAÇÃO
0 Contas de Ordem Facultativa
1 Meios Fixos e Investimentos Obrigatória
2 Existências Obrigatória
3 Terceiros Obrigatória
4 Meios Monetários Obrigatória
5 Capital e Reservas Obrigatória
6 Proveitos e Ganhos Por Natureza Obrigatória
7 Custos e Perdas Por Natureza Obrigatória
8 Resultados Obrigatória
9 Contabilidade Analítica Facultativa

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Divisão do Activo nas Diferentes Classes Patrimoniais
ACTIVO

ACTIVO CIRCULANTE ACTIVO IMOBILIZADO

ACTIVO ACTIVO
DISPONÍVEL REALIZÁVEL
Activo

DINHEIRO EM CAIXA MERCADORIAS


DEPÓSITOS EM MATÉRIAS - PRIMAS
BANCOS

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Divisão do Passivo nas Diferentes Classes Patrimoniais

PASSIVO

CORRENTE NÃO CORRENTE

Dívidas de curto prazo (30


ou 90 dias, e até 1 ano), Obtenção de recursos
com fornecedores financeiros, a médio e
correntes e de outros longo prazo (Empréstimos
serviços, Estado e outras bancários), provisões, etc
entidades.

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Conceitos
A contabilidade utiliza processo que lhe permite com
facilidade registar todas as variações patrimoniais: A conta.
A história da contabilidade mostra-nos ao longo do tempo,
várias definições de conta, que a seguir indicamos:
Conta – Conjunto ou classe de elementos patrimoniais com
características comuns, expressos em unidades de valor.
As contas têm uma representação gráfica própria: Por
tradição e convenção, a conta apresenta-se com um traçado
em forma de “T “

Este Traçado permite a divisão do espaço aos registos com


duas colunas:
 A da esquerda destinada aos débitos (Débito);
 A da direita aos créditos (Crédito)

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Assim, quando a conta recebe um valor do lado esquerdo,
dizemos que a conta é debitada. Quando a conta recebe um
valor do lado direito, dizemos que a conta é creditada.
Elementos da Conta
 Título – É o nome da conta;
 Data – marcação do tempo em que ocorreu o facto (dia
mês e ano);
 Histórico – É a narração do facto ocorrido;
 Débito – É o estado de divida da conta e é representada
pela abreviatura “D”
 Créditos - É o estado haver da conta e é representada pela
abreviatura “C”
 Saldo – É a diferença entre débito e crédito.
Natureza do Saldo de Uma Conta
O saldo de uma conta pode ser:
 Devedor – quando o débito é superior ao crédito
SANDRA DA COSTA 26
 Credor –Quando o crédito é superior ao débito
 Nulo – Quando o débito é igual ao crédito
Termos Técnicos da Conta
São diversos, os termos técnicos utilizados no uso das
contas, entre os quais escolhemos os mais usuais, que
passamos a citar:
 Abrir uma conta – significa iniciar a sua escrita;
 Saldar uma conta - significa adicionar a diferença na
coluna com menor valor;
 Debitar uma conta - significa registar o seu valor a débito
 Creditar uma conta – significa registar o seu valor a
crédito
 Conferir ou verificar uma conta – significa examinar a sua
exactidão;
 Fechar uma conta – significa soma os valores acumulados
a débito e a crédito, depois de saldar a conta.
SANDRA DA COSTA 27
Regras de Movimentação da Conta

Contas do Activo
 Debitam-se pelos Saldos Iniciais e aumentos
 Creditam-se pelas diminuições
Contas do Passivo
 Debitam-se pelas diminuições
 Creditam-se pelos Saldos Iniciais e aumentos
Capital Próprio
 Debitam-se pelas diminuições
 Creditam-se pelos aumentos
Contas de Resultado
Se forem Proveitos ou Ganhos
 Debitam-se pelas transferências
 Creditam-se pelos aumentos

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Contas de Resultado
Se forem Custos ou Perdas
 Debitam-se pelos aumentos
 Creditam-se pelas transferências

Método das Partidas Dobradas

O método das partidas dobradas ou digráfico consiste no


seguinte princípio:
“ Para todo débito em uma conta há, simultaneamente,
crédito em outra conta em mesmo valor”(Frei Lucas Pecíoli
– 1494).

Em resumo, débito e crédito servem para indicar se uma


operação aumenta ou diminui os componentes básicos do
património da empresa (Activo, passivo e Capital Próprio).

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LANÇAMENTOS

Lançamento é um registo de qualquer facto patrimonial,


nos livros ou suportes contabilísticos. Sendo representado
pelas partidas dobradas. A partida devedora representa a
Aplicação de Recursos e a credora a Origem de Recursos.

Elementos Essenciais do Lançamento

Em todo lançamento existe cinco elementos essenciais:


 Conta debitada;
 Conta creditada;
 Histórico da operação;
 Valor da operação;
 Local e data.

SANDRA DA COSTA 30
Tipos de Lançamentos
 Lançamentos de abertura – referem-se à situação
patrimonial de uma empresa no inicio da sua actividade.
 Lançamento de estorno - destinam-se anular ou rectificar
lançamentos incorrectos.
 Lançamentos de regularização - visa rectificar os saldos
das contas que não correspondem à realidade.
Normalmente são feitos no final do exercício antes do
apuramento de resultado.
 Lançamentos de Apuramento de resultados – são
lançamentos feitos para transferir os saldos das contas de
custos (classe 7) e de proveitos (classe 6) para as contas de
resultados.
 Lançamentos de encerramento – são efectuados após o
apuramento de resultados e a elaboração do balanço.
Consiste em fechar as contas que apresentem saldos
devedores ou credores.
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Estudo das Contas (Plano Geral de Contabilidade)

QUADRO DE CONTAS
GRUPOS HOMOGÊNIOS CLASSES NOME DAS CLASSES
1 MEIOS FIXOS E INVESTIMENTOS

CONTAS DE BALANÇO 2 EXISTÊNCIAS


3 TERCEIROS
4 MEIOS MONETÁRIOS
5 CAPITAL, RESERVAS E RESULTADOS
6 PROVEITOS E GANHOS
CONTAS DE RESULTADOS
7 CUSTOS E PERDAS
8 RESULTADOS

OUTRAS CONTAS 9 CONTABILIDADE ANALÍTICA


0

SANDRA DA COSTA 32
ESTUDO DE ALGUMAS CONTAS

CLASSE 1 – Meios Fixos e Investimentos


Nesta classe são registadas os bens adquiridos com
objectivo de permanecerem na empresa e que não se
destinem a transformação ou venda.

112 – Edifício e Outras Construções


Há casos específicos nesta conta, como por exemplo, na
aquisição de uma casa, onde é necessário recorrer ao nº 4
do artigo 31º do Código do Imposto Industrial, para subtrair
25% do valor de aquisição para terreno.

18 – Amortizações Acumuladas
Entende-se por amortizações a depreciação (desgaste e
desvalorização) progressiva a que se encontram sujeitas os
imobilizados, em função do uso e do tempo.
SANDRA DA COSTA 33
Cálculo das Amortizações

Tem sido adoptado vários métodos de base teórica para esse


efeito, todavia, vamos citar dois métodos principais, a saber:

 O método da quota degressiva – neste método as quotas de


amortizações são fixadas no final de cada exercício e não
constantes de exercício a exercício.
 O método da quota constante – neste método as quotas de
amortização são fixadas no momento de aquisição e são
constantes de exercício a exercício. Este método consiste em
repartir equitativamente o valor de aquisição (custo de
aquisição) do imobilizado de exercício a exercício, durante o
seu período de vida útil.

SANDRA DA COSTA 34
Para calcular as amortizações é necessário conhecer os
seguintes termos:
 Quota de amortização anual (Qi) – é a parcela que
representa a depreciação sofrida pelo imobilizado, em
determinado exercício, expressa em valor. É obtida através
da repartição do valor de aquisição do bem, durante o
número de anos que se espera usá-lo (Qi = V0/n ou Qi = V0 x Tx).
 Valor de aquisição (V0) – é o valor da compra, de fabrico ou
de construção, acrescido de todas as despesas necessárias
para colocar os elementos patrimoniais em condições de
utilização.
 Taxa de amortização (Tx) – corresponde ao valor da quota
de amortização expresso em percentagem.

SANDRA DA COSTA 35
 Vida útil de um bem (n) – é o período durante o qual se
espera que um bem venha a ser usado. Para efeitos fiscais, o
período de vida útil de um bem é o período que se deduz da
respectiva taxa de amortização aplicável ao bem, isto é, (n =
100%/tx ).
Contabilização
Esta conta é movimentada a crédito por contrapartida de
custos na conta 73 – amortizações do exercício pelo valor
máximo, segundo as percentagens da tabela das taxas
anuais de amortizações, publicadas na portaria nº 755/72. E
é debitada pela anulação das amortizações devido à perda,
à venda ou ao abate.
CLASSE 2 – Existências
Na classe 2 estão incluídas as existências, ou seja, os
elementos patrimoniais activos adquiridos ou produzidos
que se destinam a venda ou a incorporação na produção.
SANDRA DA COSTA 36
Sistemas de Inventários
As empresas podem optar pela contabilização das
existências pelo sistema de:
 Inventario Permanente;
 Inventario Intermitente.
O Inventário Permanente, permite saber, em qualquer
momento, as quantidades e valores das existências em
armazém e os resultados obtidos.
O Inventário Intermitente, apenas, dá a conhecer os
montantes das existências, depois de uma contagem física,
e assim apura r os resultados.
Assim, os métodos de gestão de stock são:
FIFO (primeiras mercadorias a entrar no armazém são as
primeiras a sair);
LIFO (as últimas mercadorias a entrar no armazém são as
primeiras a sair);
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CUMP (Custo Unitário Médio Ponderado).

Nota
 As mercadorias e/ou matérias-primas saem de armazém
pelo custo de compra.
 O custo de compra de mercadorias é igual ao preço de
compra mais outros encargos (frete, alfandega, transporte,
etc.).
 SI + C = SF + Ĉ
Onde:
SI – Stock Inicial
C – Compras
SF – Stock Final
Ĉ – Consumo

SANDRA DA COSTA 38
PROCESSO CONTABILÍSTICO

MÁDIA PEDRO Centro de Formação São Domingos 39


Considerações Gerais
No decorrer da actividade de uma empresa surgem factos
patrimoniais. Estes têm de ser registados em livros
próprios, sempre com base em documentos justificativos.
Assim, podemos dizer que o suporte de todo processo
contabilístico são as operações (sustentadas em
documentos ou outros factos verificados) realizadas pelas
empresas.
Etapas de um Processo Contabilístico
São as seguintes etapas (livros obrigatórios):
 Operações (Sustentadas em documentos ou outros
factos verificados);
 Registo no diário (por ordem de datas) e na razão (por
ordem de contas);
 Balancetes
 Inventários, o livro de actas (socied. Comerciais);
 Demonstração de Resultados e Balanço .
MÁDIA PEDRO 40
Diário
Servirá para os comerciantes registarem, dia a dia, por
ordem cronológica, em lançamento separado, cada um dos
seus actos que modifiquem ou possam vir a modificar o
seu património.
Razão
È um livro apresentado em forma de “T” que servirá para
registar o movimento de todas as operações do diário,
ordenadas por débito e crédito, em relação a cada uma das
respectivas contas.
Balancete
Servirá para inscrever todas as contas da razão, com os
totais de débito e de crédito acumulados e os respectivos
saldos, referidos a uma certa data.
São elaborados balancetes periodicamente, de uma forma
geral, todos os meses, com a finalidade de:
SANDRA DA COSTA 41
 Conferir a passagem do diário para a razão;
 Verificar a situação da empresa.
A comparação entre o total do balancete e o diário permite
verificar se os lançamentos foram correctos e
completamente passados na razão.

O Inventário
O inventário é uma lista dos elementos patrimoniais
concretos com a indicação das suas quantidades e valores.
Os valores concretos são os do activo e passivo. Os valores
da situação líquida e resultados são abstractos, logo, não
entram no inventário. Não encontramo-lo aí mas sim no
valor do activo.
Qual é a diferença entre o Património e o Inventário?
O Património é um conjunto de elementos, enquanto o
Inventário é a relação desses elementos.
SANDRA DA COSTA 42
Fases da Elaboração de Inventários
Temos 3 fases que são:

 Identificação - Consiste em identificar os elementos


existentes (objecto do Inventário).
 Descrição e Classificação - Consiste em agrupar os
elementos patrimoniais nas respectivas contas e classes.
 Valorização - Consiste na atribuição de valores aos
elementos patrimoniais.

Classificação dos Inventários


Classificam – se tendo em conta os seguintes critérios:
1º A extensão - Gerais e Parciais.
2º A ordenação – Simples e Classificados.
3º A disposição – Vertical e Horizontal.

SANDRA DA COSTA 43
A Periodicidade dos Inventários
Podemos distinguir os Inventários como:
1º Ordinários – Os elaborados periodicamente.
2º Extraordinários – Os elaborados em consequência de
condições excepcionais como mudanças de instalações,
catástrofes, etc.
3º Iniciais – Elaborados no início do exercício económico.
4º Finais - Elaborados no fim do exercício económico.
Balanço
De harmonia com artigo 62.º do código comercial, todas as
empresas são obrigadas a dar balanço anual ao seu activo e
passivo nos três primeiros meses do ano imediato.
O balanço é uma peça fundamental que deve ser
cuidadosamente elaborada, de forma a mostrar a situação
real da empresa no final do exercício ou período
económico.
SANDRA DA COSTA 44
O balanço difere do inventário por comparar (balancear) o
activo com o passivo, dando assim a conhecer a natureza da
situação liquida.
Constituição do Balanço
É constituído de dois membros que são:
a) O Activo (bens e direitos), registam-se do lado direito do
balanço.
b) O Passivo (obrigações), registam-se do lado esquerdo do
balanço.
c) O Patrimônio Líquido – que pode ser proveniente das
seguintes fontes:
 Investimentos efetuados pelos proprietários;
 Lucros acumulados.
Do ponto de vista financeiro o Activo representa as
Aplicações de Fundo ou de investimento e o Passivo
representa as Origens ou Financiamentos.
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Para manter – se o princípio do equilíbrio em todo o
momento o total das aplicações de fundos deve ser igual ao
total das origens de fundos. Os fundos vêem sempre do
Passivo e da SL e são aplicados ou investidos no Activo.
Conceituação do Termo Capital
 Capital Nominal – é o investimento feito pelos donos da
empresa e é registado na contabilidade, numa conta
Capital, correspondendo ao patrimônio líquido inicial.
Este capital só é alterado quando os donos realizam
investimentos adicionais (aumento de capitais) ou
desinvestimento (diminuição do capital).
 Capital Próprio – Abrange o capital líquido e as suas
variações (Capital Inicial + Lucros – Prejuízos)
 Capital de Terceiros – Corresponde aos investimentos
feitos na empresa com recursos provenientes de terceiros
(o passivo).
SANDRA DA COSTA 46
Classificação do Balanço
1º Quanto a apresentação:
 Horizontal
 Vertical
2º Quanto ao grau de análise:
 Analítico
 Sintético
O Balanço analítico é detalhado com discriminação dos
valores activo, passivo e do capital próprio.
O Balanço sintético é o que dá – nos apenas os valores
totais do activo, passivo e do capital próprio.
3º Quanto a competência dos exercícios:
Balanço Inicial – Elaborado no início do exercício
económico.
Balanço Final – Elaborado no fim do exercício económico
(31 de Dezembro).

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Balanço Intermédio - Elaborado no decorrer do exercício
económico.

4º Quanto a finalidade:
Balanço de Constituição ou de Fundação – É o primeiro
Balanço elaborado a quando da fundação da empresa.
Balanço de Funcionamento ou de Gestão – Elaborado uma
vez no fim do exercício económico e visa o apuramento de
resultados.
Balanço de Liquidação, etc.

Equação Fundamental do Balanço e da Contabilidade

A = CP + P

SANDRA DA COSTA 48
Demonstração de Resultados
A demonstração dos resultados reflecte os proveitos e
custos ocorridos ao longo de um determinado período de
tempo – trimestre, semestre ou ano. A diferença dos
proveitos e custos constitui o lucro da empresa durante o
período considerado. A estrutura da demonstração
compõe-se de quatro conceitos fundamentais:
 Resultados Operacionais - resultados gerados pela
actividade normal da empresa.
 Resultado Financeiro - resulta da diferença entre
proveitos e custos financeiros (juros recebidos, encargos de
participação de capital etc.)
 Resultado Extraordinário - abrange os custos e proveitos
com um carácter inesperado (sinistros, multas, dívidas
incobráveis ou recuperadas)
 Resultado líquido (RL) - resulta da soma algébrica das
três componentes anteriores, deduzida do imposto s/lucro.
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O resultado líquido é o elo de ligação entre a demonstração
de resultados e o balanço, porque aparece no balanço.
Apuramento do Resultado Liquido
O resultado liquido apurado pela empresa no final do
exercício económico, resulta da diferença entre a soma dos
proveitos obtidos e a soma dos custos por ela suportados.
Contas de Resultados
A empresa incorre em custo com o objectivo de obter
proveitos. Portanto, custos e proveitos concorrem para
formação de resultados.
As contas de Resultados são constituídas pelas contas da
classe 6 – Custos e Perdas, classe 7 – Proveitos e Ganhos e
classe 8 – Resultados.
Um resultado contabilístico é a diferença entre o Proveito
ou Ganho e um Custo ou Perda:
Resultado = Proveito ou Ganho – Custo ou Perda
SANDRA DA COSTA 50
Os Custos ou Perdas e os Proveitos ou Ganhos

Os Custos ou Perdas e os Proveitos ou Ganhos são contas


onde, de uma maneira geral, se registam os encargos com a
produção e os rendimentos por ela gerados, ao longo da
actividade da empresa. Estas contas são transitórias, ou
seja, os seus saldos, apurados no fim de cada exercício
económico, são transferidos para conta resultados do
exercício.

SANDRA DA COSTA 51
ANEXOS

SANDRA DA COSTA 52
ANEXO I – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO DIÁRIO
Movimento a Débito Movimento a Crédito
Data Nº de Registo Descrição
Conta Valor Conta Valor

TOTAL X X
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ANEXO II – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO BALANCETE DE VERIFICAÇÃO

Movimento à Saldos
C/C Descrição
Débito Crédito Devedor Credor

TOTAL Y Y Z Z

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ANEXO III – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO INVENTÁRIO
Nº de Ordem Descrição Quantidade Preço Unitário Valor

TOTAL Y

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ANEXO IV – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE DEMONSTRAÇÃO DE
RESULTADOS
Exercício s
Nota
N N-1

VENDAS
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
OUTROS PROVEITOS OPERACIONAIS
(A)
CMVMC
CUSTOS COM O PESSOAL
AMORTIZAÇÕES DO EXERCÍCIO
OUTROS CUSTOS E PERDAS OPERACIONAIS
(B)
RESULTADOS OPERACIONAIS (C) = A + B

RESULTADOS FINANCEIROS (D)


RESULTADOS EXTRAORDINÁRIOS (E)
RESULTADOS NÃO OPERACIONAIS (F)

RESULT. ANTES IMPOSTO (G) = C + D + E + F


IMPOSTO SOBRE OS LUCROS (H) = G x 35%

RESULTADO LÍQUID. EXERCÍCIO (I) = G - H

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ANEXO V – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO BALANÇO
EXERCÍCIOS
DESCRIÇÃO NOTAS
N N-1

Activo
Activo não Corrente
Imobilizações Corpóreas
Imobilizações Incorpóreas
Investimento em Subsidiária e Associada
Outros activos financeiros
Outros activos não correntes

Activos Corrente
Existências
Contas a receber
Disponibilidades
Outros Activos Correntes

Total do Activo...............................
Capital Próprio
Capital
Reservas
Resultados Transitados
Resultados do Exercício

Passivo não Corrente


Empréstimo de M L/.Prazo
Imposto diferido
Provisões para pensões
Provisões para outros riscos e encargos
Outros passivos não correntes

Passivo Corrente
Contas a pagar
Empréstimos de curto prazo
Parte cor. Dos empr. Médio e longo prazo
Outros passivos Correntes
Total do Capital Próprio e Passivo

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BIBLIOGRAFIA
 BORGES, António et ali. Elementos de Contabilidade
Geral, 23ª Edição, Lisboa, Áreas Editora, 2006.
 GONÇALVES, Fernando e MANUEL, Neves, Práticas
Contabilísticas, 1ª Edição, Luanda, Textos Editores, 2009.

 VIGÁRIO, Álvaro, Consultoria Contabilística – Aspectos


Contabilísticos e Fiscais das Imobilizações, 1ª Edição,
Luanda, Textos Editores, 2007.

 GONÇALVES, Fernando, Fiscalidade para Contabilistas, 1ª


Edição, Luanda, Textos Editores, 2009.

 TAMO, Kiamvu, Introdução à Gestão das Organizações –


Conceitos e Estudos de Casos, 2ª Edição, Luanda, Capatê –
Publicações, 2006.
SANDRA DA COSTA 58
EXERCÍCIOS
PROPOSTOS

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1. Compra, a crédito do Fornecedor, de uma máquina
industrial, pelo valor de 100.000,00 kz. A máquina foi
vendida a crédito, passados alguns meses por
90.000,00 kz.
2. Emissão de cheque sobre o banco BFA, no valor de
3000.000,00 kz, para aquisição de uma viatura ligeira de
passageiros para a gerência. A viatura foi furtada
passado algum tempo.
3. Pagamento, em numerário, das despesas com escritura,
publicação no diário da república e registo comercial,
no valor de 40.000,00.

4. Foi constituído um depósito a prazo de 1000.000,00 kz,


pelo período de 2 anos, a taxa de juro de 5% a.a.

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5. Nosso adiantamento de 20.000,00 kz à NCR para
aquisição de um programa de contabilidade, no valor
de 100.000,00 kz.
6. Factura nº 120 do Fornecedor M, relativo ao
fornecimento de mercadorias, no valor de 100.000,00
kz.
7. Devolução ao Fornecedor M, de 1000,00 kz de
mercadorias por defeito de fabrico, conforme a n/nota
de débito nº 121.

8. Nota de crédito do Fornecedor M, referente a um


desconto de natureza comercial, no valor de 9000,00 kz.

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9. N/factura nº 112 ao cliente A, no valor de 1000.000,00 kz.
10. N/nota de crédito referente a um desconto comercial de
2%, concedido ao cliente A.
11. Nota de débito do cliente A referente a devolução de
mercadorias, no valor de 30.000,00.
12. O cliente A pagou a totalidade da sua dívida.
13. Contabiliza e paga o imposto de selo devido ao Estado.
14. Venda de mercadorias, a 30 dias, ao cliente D, no valor
de 1000.000,00 kz.
15. Passado um ano sobre o vencimento, o cliente continua
sem pagar a dívida.
16. O tribunal declarou falência do cliente D.

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17. Factura nº 123 do Fornecedor F referente a aquisição de
mercadorias no valor de 2000.000,00 kz.
18. Pagamento de 50% do valor da factura nº 123.
19. A empresa arrendou uma loja e pagou 700.000,00 kz por
6 meses, referente ao período de 01/10/2011 a 31/03/2012.
20. Uma empresa contratou os serviços do Centro S.
Domingos para ministrar formação em fiscalidade para os
seus quadros. O valor do contrato é 1000.000,00 kz.
21. A empresa contratou a Soares da Costa, SA, para a
construção de um escritório em Talatona, no valor de
100.000.000,00 kz.
22. Contabiliza e paga os seguintes salários: 50.000,00 kz;
70.000,00 kz; 90.000,00 kz; 120.000,00 kz; 150.000,00 kz,
respectivamente.

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SANDRA DA COSTA
23. Foi constituído um deposito a prazo de 1000.000,00 kz, pelo periodo de 6
meses , à taxa anual de 6% a.a.
24. A construção de um armazém custou 2000.000,00 kz em tijolos,
1000.000,00 kz em cimento e 3000.000,00 kz em mão-de-obra, com
financiamento bancário.
25. A construção do armazém já foi concluída e já está em funcionamento.
26. Em 1 de Janeiro foi adiantado à Toyota um cheque no valor de 1000.000,00
kz, dado como sinal para aquisição de uma viatura ligeira de passageiros, no
valor de 3000.000,00 kz. Em Fevereiro foi entregue a viatura. Em Março foi
pago o restante valor da dívida.
27. Compra de um edifício em Talatona para a instalação de novos serviços, no
valor de 500.000,00 kz.
28. Contabilize o desgaste o edifício adquirido em Talatona.
29. A empresa encontrou no armazém, mercadorias que tinham sido dadas
como perdidas no exercício anterior no valor de 80.000,00 kz.
30. A empresa vendeu a crédito uma secretária por 90.000,00 kz que tinha sido
adquirido há 5 anos por 120.000,00 kz. O período de vida útil era de 10 anos.

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