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O corpo

diante da
medicina
PROFª AMANDA CLAUDINO
 O século XIX havia
reconhecido o direito à
doença, assegurado pelo
Estado providência.
 O século XX saudou um
novo direito do homem: o
direito à saúde,
compreendida como a plena
realização da pessoa, direito
de fato compreendido,
sobretudo, como direito à
assistência médica
O corpo no século XX:
nem doente, nem são
Avanços na medicina mudam a experiência do adoecimento
“Não se sabe mais estar doente” – Jean-Claude Beaune
A medicalização da vida justificada pela necessidade de
retorno ao trabalho
OMS aponta saúde como um direito, mas passa a ser vista
como obrigação
O exibicionismo da doença não é mais admissível, reduzido
pelo ideal de decência
O corpo é o lugar onde a pessoa deve esforçar-se para
parecer que vai bem de saúde
“O desenvolvimento da medicina preventiva causou um curto circuito na experiência
da doença, [...]. A medicina procura, agora, não apenas enunciar um prognóstico
para os próximos dias, mas dizer o futuro. Será necessário limitar o recurso aos
antibióticos, aceitar a introdução de organismos geneticamente modificados na
alimentação, acelerar a circulação de substâncias biológicas, tecidos, diminuir ainda
o peso dos prematuros reanimados, admitir ainda a fabricação de embriões como
reserva de órgãos (clonagem terapêutica), proibir o álcool e o fumo? A multiplicação
das opções torna ao mesmo tempo urgente e incerta a definição de uma política
que, passando sem transição da prevenção à predição e a à precaução, [...]
termina por suspender a distinção entre saudável e enfermo.” (p. 21)
O cidadão de bem deve reformar seu comportamento em função dos decretos da
ciência?
A modernidade se caracteriza pela solidão dos indivíduos, forçados a enfrentar
aquilo que não sabem mais nomear, a doença e a potencialidade de morte que
encerra.
A contabilidade dos corpos
Recuo das epidemias do passado, devido a antissepsia, assepsia em medias
cirúrgicas, e medidas gerais como distribuição de água potável, melhoria da
coleta de lixo e do sistema de esgoto
Salto demográfico impulsionado por redução em
◦ Taxa de mortalidade global
◦ Aumento da esperança de vida ao nascer e
◦ Redução na taxa de mortalidade infantil
Será que esta revolução secular pode ser globalmente considerada como a
vitória da medicina?
A percepção do corpo no século XX e as desigualdades de gênero e social
A volta das doenças
infecciosas?
A OMS e o sonho da erradicação de doenças
Paludismo/malária, AIDS, ebola, peste,
tuberculose... Remissão e retorno
Discussões sobre condições demográficas e
desigualdades sociais
Debates sobre a obrigatoriedade das vacinas:
como os corpo adquire resistências específicas? A
que remetem as diferenças individuais
Diversidade de destinos biológicos e dificuldades
de uma política geral de saúde pública
A invenção das doenças crônicas
Passa a ser notada pelo advento da diminuição das doenças infecciosas, chamando a
atenção de epidemiologistas
A doença crônica significa a longa convivência do paciente com a deficiência orgânica
Em doenças tão diferentes, o ponto comum é a sujeição a procedimentos de
sobrevivência
A experiência de uma espécie de exceção vem acompanhada de um desejo de ser
como todo mundo
O corpo se torna objeto de incessantes negociações com as normas proclamadas
pelo poder médico
Medicalização Vs reivindicação de autonomia do sujeito adoecido
O corpo e a máquina
◦ Contribuições da engenharia ao prolongamento da vida/ combate à morte

O corpo humano como objeto de experimentação


◦ Os limites da medicina, a necessidade de intervenções jurídicas e o surgimento da
ética em experimentos com humanos
O corpo solitário – o indivíduo e a dor
A singularidade do corpo reconhecida pela ciência
◦ Edmund Husserl preconizava uma racionalidade que apreendesse a unidade do corpo
e do pensamento e a explorasse em suas operações concretas
◦ Cor da pele como manifestação da variedade de corpos, não de raças
◦ Singularidade do corpo biológico
◦ Corpo reconhecido como sujeito de direitos e deveres (incluindo o direito de
reformular o próprio corpo)
Reflexões iniciais:
As transformações do advindas do século
XX inauguram possibilidades de
compreensão do corpo humano, mas é
importante lembrar que tais
transformações foram impulsionadas por
avanços na ciência/medicina, mas também
por avanços tecnológicos que permitiram
tais avanços e que permitiram a ampliação
de estudos que anteriormente não eram
possíveis de serem realizados.
Além destes fatores, a aceitação social
também se mostra como fator que
possibilita ou impede avanços na medicina.
Referência
CORBIN, Alain COURTINE, Jean-Jacques VIGARELLO, Georges. (org.). História do Corpo: as
mutações do olhar. Século XX. V. 3.Petrópolis: Vozes, 2008. Capítulo 1.

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