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D. João V
§ Amante dos prazeres humanos, a figura real é construída através do olhar crítico do
narrador, de forma multifacetada:
é o devoto fanático que submete um país inteiro ao cumprimento de uma promessa
pessoal (a construção do convento, de modo a garantir a sucessão) e que assiste aos
autos-de-fé;
é o marido que não evidencia qualquer sentimento amoroso pela rainha,
apresentando nesta relação uma faceta quase animalesca, enfatizada pela utilização
de vocábulos que remetem para esta ideia (como a forma verbal" emprenhou" e o
adjectivo "cobridor");
é o megalómano que desvia as riquezas nacionais para manter uma corte dominada
pelo luxo, pela corrupção e pelo excesso;
é o rei vaidoso que se equipara o Deus nas suas relações com as religiosas;
é o curioso que se interessa pelas invenções do padre Bartolomeu de Gusmão;
é o esteta que convida Domenico Scarlatti a permanecer em Portugal;
é o homem que teme a morte e que antecipa a sua imortalidade, através da sagração
do convento no dia do seu quadragésimo primeiro aniversário.
Baltasar Sete-Sóis
Blimunda Sete-Luas
Domenico Scarlatti
§ Scarlatti representa a arte que, aliada ao sonho, permite a cura de Blimunda e possibilita a
conclusão e o voo da passarola.
O Povo
Em suma
Considerando que a estrutura narrativa do romance está assente no conflito motivado pela
construção do Convento de Mafra, verificam-se os seguintes papéis:
A imagem da vida real é dada em permanente contraste com a vida dos verdadeiros heróis
do romance: o par real reflecte a visão histórica da época que se caracterizava pelo excesso, a
riqueza, a corrupção, a sexualidade reprimida e subordinada ao falso código cerimonioso e
moral religioso, perdendo, assim, a sua “grandeza real”.
Simbologia de Memorial do Convento
Dimensão Simbólica
PASSAROLA Traduz a harmonia entre o sonho e a sua realização. Graças ao sonho, foi
pecado e o amor.
Como o Sol, que todos os dias tem de vencer os guardiães da noite (mitologia
embora este esteja condicionado (só vê o interior das pessoas em jejum e quando
não há quarto de lua).
http://esjapportugues.blogs.sapo.pt/7166.html