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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CAMPUS IX

COLEGIADO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

MANUAL DE CUNICULTURA

BARREIRAS-BA

Fevereiro / 2011
DANIEL MACEDO RIOS

LUIS EDUARDO BARBOSA

MARCUS VINICIUS B. NEVES

THIAGO NUNES BARREIROS

OLIVIO MACHADO

MANUAL DE CUNICULTURA

Trabalho apresentado à Universidade do


Estado da Bahia – UNEB, como requisito
parcial para obtenção de nota na disciplina
de Zootecnia Geral do curso de Engenharia
Agronômica, ao Prof. Danilo Quadros
Gusmão.

BARREIRAS-BA

Fevereiro / 2011
SUMÁRIO

1.0 – INTRODUÇÃO 03

2.0 – GENÉTICA 03

2.1 – PADRÕES RACIAIS 04

2.2 – RAÇAS 07

3.0 – ALIMENTAÇÃO/ALIMENTOS 10

3.1 – NUTRIENTES ESSENCIAIS E SUAS EXIGÊNCIAS 11

3.2 – ALIMENTAÇÃO DOS COELHOS 17

4.0 – INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS 21

5.0 – REPRODUÇÃO 26

6.0 – SANIDADE 38

6.1 – CONTROLE SANITÁRIO 38

6.2 – DOENÇAS 39

7.0 – COMERCIALIZAÇÃO 43

8.0 – REFERÊNCIA 45

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1.0 – INTRODUÇÃO

Os coelhos pertencem, ao reino Animalia, ao filo Chordata, ao sub-filo Vertebrata, à


classe Mamalia, à ordem Lagomorpha, à família Leporidae.

Coelhos e lebres são muito semelhantes e muitas vezes confundidos. Algumas vezes
são designados incorretamente. Em sua maioria, os coelhos são menores que as lebres e têm
orelhas mais curtas. Os animais podem ser reconhecidos por ocasião do nascimento. Um
coelho recém-nascido é cego, não tem pêlos e quase não pode mover-se. Uma lebre recém-
nascida enxerga, tem uma pelagem bonita e pode saltar algumas horas depois de nascida.
Além disso, os ossos do crânio do coelho têm tamanho e formas diferentes dos do crânio da
lebre.

Coelhos e lebres pertencem à mesma ordem, Lagomorfa (grupo principal) do reino


animal. O nome dessa ordem, Lagomorfa vem de duas palavras gregas que significam "forma
de lebre".

A Cunicultura é a parte da zootecnia que trata da criação de coelhos. Como atividade


pecuária é o conjunto de procedimentos técnicos e práticos necessários à produção de carne,
esterco, pele e pelos de coelhos ou criação do animal em condições especiais para uso como
cobaias de laboratório. A partir daí formam desenvolvidas criações em vários países da
Europa, sendo, depois, espalhadas por todo o mundo.

O Brasil compreende um rebanho de 236.186, onde tem como maior rebanho do país o
Rio Grande do Sul, com 91.936 animais (38,93% do rebanho nacional) e na Bahia com 9.303
(3,94% do rebanho nacional), sendo o 7º maior produtor de coelho do país (IBGE, censo
2009).

2.0 – GENÉTICA

É dotado de um aparelho bucal com 28 dentes, que se distribuem em: quatro incisivos
no maxilar superior e dois no maxilar inferior, seis pré-molares no maxilar superior e quatro
no inferior, e seis molares em cada um dos maxilares.

Nascem desprovidos de pêlos que começa a surgir a partir do quarto dia de vida, a
primeira pelagem é finíssima e sua cor não é definitiva. Entre a sexta e a oitava semana do

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nascimento, o coelho sofre a primeira muda, quando adquire pêlos com textura e coloração
próprias da raça, depois a cada ano o animal passa por uma nova muda.

Os olhos são bastante variados, podendo ser azuis, marrons, castanhos, pardos,
transparentes, etc. Em geral a cor da pigmentação do olho acompanha a cor da pigmentação
do pêlo.

O seu peso ao nascer é de 40 a 45g (pequeno); 60 a 64g (médio e 75 a 80g (gigante), e


em idade adulta a fêmea de porte médio e grande pesam até 500g, pesa mais que o macho.

As costas ou região dorsal devem ser bem largas, planas e compridas, características
próprias de animais com boa musculatura; os animais que se apresentam muito selado ou
convexo devem ser afastados do plantel. A garupa ou anca deve ser larga e de caimento
suave, bem arredondada, revelando um animal com alta concentração de músculo no seu
quarto posterior ou quarto traseiro. A cauda deve ser bem desenvolvida ereta e alinhada ao
corpo do animal, quando inclinada em direção anormal além da estética ruim, dificulta o
processo de acasalamento.

A vida útil (animais em produção) o reprodutor a partir de três a quatro anos perde o
desejo sexual e a qualidade do sêmem torna-se bem inferior, as fêmeas após 10 a 12 partos
passam a ter problemas com menor número de láparos (filhote).

2.1 – PADRÕES RAÇIAIS

Existem atualmente cerca de 38 raças e 89 variedades de coelhos reconhecidas por


associações de criadores no mundo todo. A raça gigante de Bouscat foi muito utilizada para
obtenção de novas raças através de cruzamentos assistidos. Todavia, nem sempre originou-se
raças com expressões econômicas de valor comercial, é o caso das raças denominadas anãs,
em que os animais tem valor apenas estético ou para prática de esportes de caça.

O maior número de variedades se explica pelo fato de algumas raças apresentarem


variação na cor da pelagem, como é o caso da raça Nova Zelândia com três variedades tendo
pelagem em cor branca, em cor vermelha e preta.

As raças de coelhos são classificadas segundo a cor da pelagem, comprimento do pêlo,


porte físico e função econômica conforme descrito a seguir:
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 Quanto ao porte físico:

o Gigante: > 5kg do peso vivo;

o Médio: 3 a 5kg;

o Anã: < 2,5kg.

 Quanto ao comprimento de pêlo:

o Pêlos extra curtos: < 1,3cm;

o Pêlos curtos: > 1,5cm < 2,5cm;

o Pêlos médios: 2,5cm;

o Pêlos semi-longos: 2,5 a 7,0cm;

o Pêlos longos: > 7,0cm.

 Quanto a cor da pelagem:

o Branca uniforme;

o Branca com manchas escuras dispersas (um círculo preto envolve os olhos, no
focinho uma mancha preta e orelhas negras);

o Branco com extremidades escuras;

o Negro uniforme;

o Negro mesclado;

o Negro com listra branca;

o Difusa (Chinchila);

o Negro com manchas brancas;


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o Prateado;

o Listrado e

o Cinza.

 Quanto à função econômica

o Raças produtoras de carne – Embora todas as raças de coelhos produzam


carne, só as de porte médio e grande preenchem os requisitos econômicos, por
alcançarem o peso comercial com idade de 60 a 70 dias. Do ponto de vista
econômico, é de importância fundamental para o criador atingir essa meta de
peso precoce, pois o abate dos animais tardiamente resulta em menor margem
de lucro devido ao aumento de gastos, pois a eficiência alimentar reduz, e há
ocupação das instalações por mais tempo

o Raças produtoras de pele - Embora todo coelho produza pele, as raças mais
indicadas são aquelas cujos animais sejam de porte médio a grande, já que,
por ocasião do abate apresentam peles de maior tamanho. Entretanto, algumas
raças ou variedades de pequeno porte, pela características de seus pêlos,
apresentam peles atraentes e valorizadas. As peles mais valorizadas são as de
maior tamanho, boa espessura, com pêlos sedosos e em grande concentração,
distribuídos de maneira uniforme.

o Raças produtoras de pêlos – Só existe uma raça produtoras de pêlos longos,


que é a Angorá, com suas variedades, com fios que atingem comprimento
acima de 7,0cm, podendo chegar até a 20cm, de acordo com o clima, as
condições nutricionais, etc.
 Quanto a cor da pelagem:

o Branca uniforme;

o Branca com manchas escuras dispersas (um círculo preto envolve os olhos, no
focinho uma mancha preta e orelhas negras);

o Branco com extremidades escuras;

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o Negro uniforme;

o Negro mesclado;

o Negro com listra branca;

o Difusa (Chinchila);

o Negro com manchas brancas;

o Prateado;

o Listrado e

o Cinza.

 Quanto à função econômica

o Raças produtoras de carne – Embora todas as raças de coelhos produzam


carne, só as de porte médio e grande preenchem os requisitos econômicos, por
alcançarem o peso comercial com idade de 60 a 70 dias. Do ponto de vista
econômico, é de importância fundamental para o criador atingir essa meta de
peso precoce, pois o abate dos animais tardiamente resulta em menor margem
de lucro devido ao aumento de gastos, pois a eficiência alimentar reduz, e há
ocupação das instalações por mais tempo

o Raças produtoras de pele - Embora todo coelho produza pele, as raças mais
indicadas são aquelas cujos animais sejam de porte médio a grande, já que,
por ocasião do abate apresentam peles de maior tamanho. Entretanto, algumas
raças ou variedades de pequeno porte, pelas características de seus pêlos,
apresentam peles atraentes e valorizadas. As peles mais valorizadas são as de
maior tamanho, boa espessura, com pêlos sedosos e em grande concentração,
distribuídos de maneira uniforme.

o Raças produtoras de pêlos – Só existe uma raça produtoras de pêlos longos,


que é a Angorá, com suas variedades, com fios que atingem comprimento
acima de 7,0cm, podendo chegar até a 20cm, de acordo com o clima, as
condições nutricionais, etc.

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2.2 – RAÇAS

NOVA ZELÂNDIA

Surgiu do cruzamento de diversas raças com coelhos brancos americanos,


apresentando três variedades de cor:branca,vermelha e preta.Como as variedades vermelha e
preta são pouco difundidas,só a branca merece maiores comentários,já que se trata da mais
criada do mundo inteiro.

A pelagem é de coloração uniforme, brilhante e muito densa. A orelha apresenta


tamanho mediano, em torno de 13 cm, com posição ereta em V e extremidades arredondada
(fechadas). A cabeça é arredondada, com os olhos transparentes se apresentando na cor rósea
a vermelha (reflexo da vascularização sanguínea).

O animal apresenta um corpo bem proporcionado, com garupa arredondada, região


lombar musculosa e costelas com boa cobertura muscular, propiciando carcaças de ótima
qualidade e rendimento. Trata-se da raça de porte médio, precoce e muito usada tanto em
cruzamentos como em criações de raça pura, devido a sua rusticidade e resistência as
enfermidades.

CALIFÓRNIA

A raça Califórnia foi obtida através do cruzamento entre as raças Nova Zelândia
branca,a raça Chinchila e a raça Himalaia.Apresenta as extremidades escuras (patas,orelhas e
extremidades do focinho).As orelhas são largas,pontiagudas e eretas,em forma de V,com suas
bases de implantação na cabeça bem distanciada uma da outra.

A cabeça é arredondada, os olhos se apresentando a cor (rósea e vermelho) e o


pescoço muito curto, motivo pelo qual alguns técnicos classificam essa raça como sem
pescoço. Apresentam pêlos finos e sedosos em cor branco-gelo.

Os coelhos apresentam uma boa estrutura para a produção de carne, com excelente
cobertura muscular e pouca gordura em suas carcaças.

Como no preparo das peles de todos os coelhos as extremidades não são utilizadas, a
pele dos animais dessa raça é considerada branco uniforme. Trata-se de uma raça de porte
médio bastante utilizada em programas de cruzamento, principalmente como linha materna.

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BORBOLETA

Também chamada de mariposa, existindo três variedades: francesa, inglesa e suíça.


Dessas três variedades, a francesa é a mais trabalhada e a que apresenta maior importância
econômica, por ser de maior porte físico, precoce e com carcaça de boa qualidade. As
denominações borboleta ou mariposa, empregadas para definir a raça, vêm do fato de animais
apresentarem, na extremidade do focinho, uma mancha escura (variando de preta a marrom –
clara) com formato semelhante a de uma borboleta com as asas abertas. A raça borboleta
apresenta cabeça afilada, pescoço grande, olhos castanhos escuros ou negros, orelhas grandes
eretas em V, com as bases e implantação levemente separadas. A pele por não ter cor
uniforme, não atinge boa cotação comercial. Trata-se de uma raça bastante rústica, precoce e
de carcaça de excelente qualidademo que faz destinada principalmente a produção de carne.
Serve também para programas de cruzamento com raças de porte médio com bom
desempenho principalmente quando atua com linha paterna.

RAÇA CHINCHILA

A pelagem da raça chinchila é classificada como fusionada, ou seja, apresentam pêlos


de três cores, sendo a base acinzentada a mesclada com pêlos cinza-azulados. Na região do
ventral, a pelagem é branca mesclada com pêlos cinza-azulados. O animal possui olhos cinza
e orelhas eretas em V, ligeiramente inclinadas para trás e com as bases se tocando. Trata-se de
uma raça de porte médio que, embora criada com o objetivo de produção de peles, apresenta
carcaça de boa qualidade. É extremamente rústica e muito prolifera e precoce.

RAÇA FULVO DE BORGONHA

A pelagem se apresenta com a coloração avermelhada em toda a superfície do corpo


do animal, á exceção da região ventral, e da parte inferior da cauda, que se apresenta na cor
branca,assim como ao redor dos olhos,que se apresenta na cor escura. A cabeça é
arredondada, de tamanho médio de 13 cm, eretas posicionadas em V, com base de
implantação se tocando uma na outra. Apresenta-se um corpo robusto e rico em massa
muscular, sendo indicada para a produção de carne. A raça de porte médio e rústica e com boa
resistência as doenças. É recomendada para cruzamentos.

RAÇA AZUL DE VIENA

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É uma das raças de porte gigante mais popular. A pelagem possui coloração azul
uniforme e é bastante valorizada comercialmente em razão dos seus pêlos serem brilhantes e
sedosos. A cabeça do animal é afilada, dotada de olhos de coloração azulada, com orelhas de
tamanho médio a grande, largas, eretas com implantação paralela (U). As tonalidades
marrom, preta e clara são indesejáveis, assim como a presença de pêlos brancos. É essa uma
das raças mais rústicas e fáceis de criar, prestando-se, portanto para produção de carne com
boa carcaça, como para produção de peles,que embora não imitem a de qualquer outro animal
prolifero,é muito bonita para a confecção de agasalhos.

ANGORÁ

Distingue-se das demais raças da espécie por ser a mais importante produtora de pêlos.
No entanto é considerada tríplice utilidade: lã, carne e pele.

Embora existam variedades da angorá de cores variadas a de cor branca tem maior
valor econômico. É a única raça de pelos longos que podem atingir até 20 cm de comprimento
de acordo com a região, nutrição, etc. Apresenta cabeça arredondada, orelhas curtas, eretas
em V e os olhos se apresentam em coloração rósea. O corpo é arredondado, devido ao volume
dos pêlos longos que o envolve.

GIGANTE DE FLANDRES

O nome gigante provém de sua extraordinária corpulência, que quando comparado ao


tamanho de coelhos de outras raças,chegando algumas fêmeas a pesar quase 10 kg.Quando
jovem ,dá carne e qualidade razoável e pele grande,apesar dos pêlos não serem tão densos
como outras raças.No Brasil é uma raça bem conhecida tanto pelos cunicultores amadores
como pelos profissionais.Peso quando adultos,de 6 a 8 kg.Os animais com menos de 5 kg com
um ano ou de pesos exagerados devem ser eliminados.Comprimento de 80 a 100cm, 90 em
média, tomando da ponta do focinho á ponta da cauda. A fêmea é maior. É considerada uma
das melhores raças de carne e uma das mais populares no Brasil. As coelhas são pouco
proliferas, dando de 04 a 07 láparos por parição. Os coelhos gigantes sofrem mais com o calor
excessivo que os das raças menores, de maneira que devem ser bem protegidos. É uma raça
indicada para criações em pequena escala, de amadores, e, na criação industrial, usada
somente nos cruzamentos de compensação.

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GIGANTE DE BOUSCAT

A coloração da pelagem é branca uniforme, e se distingue como única raça que se


apresentam pêlos com tamanhos semi-longos. Possui cabeça afilada e acarneirada (convexa),
os olhos se apresentando na cor rósea, orelhas grandes, largas, eretas, com implantação em V,
com base de implante separadas. Sua pele tem bom valor comercial, pois apresenta as
características de pêlos sedosos e brilhantes bastante atraentes. Além da pele essa raça produz
uma carcaça de apreciável qualidade. A exemplo, de todas as raças de porte grande é indicada
para cruzamento com os animais de porte médio ou mesmo comuns. Além de apresentar uma
performance reprodutiva próxima á das raças de porte médio.

3.0 – ALIMENTAÇÃO/ALIMENTOS

O processo digestivo tem inicio na boca com a apreensão dos alimentos pelos dentes
incisos, e a trituração e moagem dos mesmos através dos pré-molares, misturados mesmos á
saliva, iniciando-se assim a digestão do amido, pela ação de amilase salivar. Em seguida o
alimento, já mastigado é misturado á saliva através do esôfago, vai ao estomago iniciando-se
digestão das proteínas por ação a pepsina.

Graças aos movimentos peristalticos intestinais a digestão caminha ao longo do


intestino delgado até o intestino grosso, aonde a válvula ileo-cecal impede o seu retomo ao
mesmo.

A partir desse momento, inicia-se uma etapa particular e bastante complexa no


processo digestivo do coelho, que consiste na formação de dois produtos distintos, as fezes e
os cecotrofos, que são excretados distintamente.

Os cecotrofos, que são elaborados no ceco e têm consistência pastosa, são moldados
no cólon proximal em formas de bolinhas, e são revestidos com uma membrana de muco que
os tornam agregados (tipo de cacho), enquanto as fezes se apresentam com consistência firme
e em forma e bolinhas secas entre si. Ao chegar no intestino grosso, uma parte da digesta
segue para o ceco(cecotropismo), enquanto a outra prate segue para o cólon distal, devido a
contínuos movimentos de fluxo e refluxo, próprios desses dois segmentos o intestino grosso.

Outra particularidade no processo digestivo o coelho é a pratica da cecotrofagia, ou


seja, a ingestão dos cecotrofos (digesta elaborada no ceco), que é uma atividade vital para os
coelhos, fazendo parte da fisiologia digestiva dessa espécie. O animal pratica a cecotrofagia
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independente do tipo de piso da gaiola, pois os coelhos apreende os cecotrofos no nível do
ânus, por sucção oral.

Resumindo-se o processo digestivo do coelho, observa-se que o mesmo se efetua em


dois ciclos. O primeiro ciclo, denominado cecotropismo, caracteriza-se pela ingestão dos
alimentos, os quais passam obrigatoriamente pelo ceco, onde serão selecionados e submetidos
á digestão microbiana. O segundo ciclo, cecotrofagia, caracteriza-se pela ingestão dos
cecotrofos (digesta elaborada no ceco por digestão microbiana), que é feita em nivel de ânus,
por sucção oral. Na cecotrofagia, a ingestão dos cecotrofos propicia a segunda passagem da
digestão pelo trato digestivo, completando-se no estômago, a digestão microbiana, e no
intestino delgado, sofre a digestão enzimática, e absorção de seus nutrientes. Nessa segunda
passagem pelos intestinos, a digestão não passa necessariamente pelo ceco.

3.1 - NUTRIENTES ESSENCIAIS E SUAS EXIGÊNCIAS

ÁGUA

Em termos de sobrevivência a água é o principal componente do corpo animal


representando 70% aproximadamente do peso corporal. É tão importante que se o animal
perder em torno de 10% de água pode vir a morrer. Em razão disso a diarréia em coelhos
causa elevada taxa de mortalidade, principalmente nos jovens. A necessidade de água é de
125ml/kg de peso corporal por dia. Com relação ao estágio fisiológico, um animal doente,
com diarréia ou febre, tende a ingerir maior quantidade de água. Fêmeas em lactação exigem
mais água em relação as fêmeas não–lactantes, umas vez que esse liquido é o componente do
leite em maior quantidade e sua restrição para fêmeas lactantes pode reduzir ou até cessar a
produção de leite. No caso das gestantes pode vir a ocorrer abortamento. Por outro lado como
desempenha importante papel na manutenção da temperatura corporal, seu consumo aumenta
acentuadamente no verão. A condição ideal de temperatura da mesma situa-se na faixa de
10°C a15°C. O criador deve estar sempre atento á composição bacteriológica da água, a qual
deve ser potável, para não constituir fonte de contaminação do rebanho. O efeito no
desempenho reprodutivo ocorre por que a limitação no consumo de água desencadeia
abortamento nos animais gestantes, propicia o canibalismo praticado pelas matrizes após o
parto, que ingere suas crias, numa tentativa instintiva de suprir a falta de água, reduz ou
suspende a produção leiteira, pois o leite possui em media 70% de água, mostrando que com
pouca água não há como produzir leite.

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FIBRA

Diferente dos demais animais monogástricos, o coelho exige alto teor de fibra
(indigestivel) na ração. Esta cumpre funções físicas muito importantes, tais como: manter a
consistência e o volume da digesta, assegurar o trânsito digestivo normal, distender a mucosa
estimulando a motilidade intestinal, substrato para flora presente no ceco, etc. A fibra,
portanto, colabora no processo nutritivo, propiciando a produção e ácidos graxos voláteis,
vitaminas, minerais, etc. No ceco baixos niveis de fibra desestabilizam a flora microbiana
cecal, e também inibe os movimentos peristalticos dos intestinos, alterando o nivel de
fermentação, o que favorece a instalação de microorganismos maléficos que podem promover
disturbios digestivos, causando elevado índice de mortalidade em animais jovens. Quando o
fornecimento de fibra ocorre em niveis elevados pode reduzir a digestibilidade dos demais
nutrientes, piorando a conversão alimentar, reduzindo assim o desempenho dos animais e a
eficiencia da ração.

PROTEINA

A proteina é o principal componente do tecido muscular, dos hormonios, das enzimas,


dos anticorpos etc.

Como todos os animais monogastricos, o coelho necessita de determinados


aminoacidos e, entre eles destacam-se a lisina e a metionina, que mais frequentemente estão
em deficiencia. A principal fonte de proteina usada nas rações para coelhos éo farelo de soja,
embora também possa utilizar os farelos de algodão, girassol e outros.

A exigencia de proteina na ração de coelhos varia de 12% a 17%, de acordo com o


estágio fisiologico do animal, mas circunstâncias comerciais, e poucas pesquisas sugerem 16
a 17% de proteina bruta, com bom equilibrio de aminoacidos essenciais para atender ás
categorias mais exigentes (lactante e crescimento), e controla o seu consumo nas demais
categorias, que recebem forragens de boa qualidade como complemento.

ENERGIA

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A energia é importante para o desempenho das funções biológicas, como crescimento,
gestação, lactação, manutenção da temperatura corporal, etc. As fontes normais de energia são
os carboidratos e as gorduras. O amido, um carboidrato complexo, composto por moleculas
de glicose, é a principal fonte de energia.

As gorduras além de fornecerem energia, são fontes de ácidos graxos essenciais e


permitem o suprimento e a absorção das vitaminas lipossoluveis. O nivel de groduras das
rações deve estar na faixa de até 2 a 3%.

As exigencias energeticas de acordo com pesquisas estão na faixa de 2.500 a 3.200


Kcal/Kg de ração, de acordo com a categoria fisiológica do animal.

VITAMINAS

As vitaminas são nutrientes requeridos em quantidades pequenas na alimentação dos


coelhos, mas tem grande importância na vida dos animais em geral. Elas se dividem em dois
grupos: as lipossoluveis e as hidrossoluveis. As vitaminas A, D, E e K são lipossoluveis,
enquanto a vitamina C e as do complexo B são hidrossoluveis.

Viatamina A – É importante no crescimento e manutenção do tecido epitelial do aparelho


digestivo, aparelho reprodutor e da pele dos coelhos. A deficiencia da vitamina A provoca
crescimento reduzido, incoordenação motora e paralisia causada por danos ao sistema
nervoso, além de problemas reprodutivos, orelhas pendulares e hidrocefalia. A exigencia gira
em torno de 600 VI de vitamina A por quilo de ração, mas como o figado a armazena e ela é
abundante nos alimentos normalmente consumidos pelos coelhos, não há necessidade de
adicioná-las ás rações dos animais adultos.

Vitamina D – Sua principal função consiste em regular a absorção de cálcio pelo organismo,
mas no caso dos coelhos, seu papel é ainda obscuro. Sabe-se que a ação solar (luz utravioleta)
sobre a pele do animal produz essa vitamina em abundância. Em razão disso, torna-se
praticamente impossivel ocorrer a deficiencia nos animais, exceto se foram criados em
ambientes fechados, sem penetração de luz solar.

Vitamina E – Assim como o mineral selênio, a vitamina E tem a função antioxidante no


organismo animal, impedindo a formação de peróxidos, que causa a distrofia muscular do
animal. Tal anomalia se caracteriza por degenaração muscular, incluindo os musculos
cardiacos, paralisia e excesso e gorduras no figado.
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Vitamina K – Importante no processo de coagulação do sangue e, por isso é conhecida como
medicamento anti-hemorrágico. Sua deficiencia pode causar hemorragia placentaria e aborto.
O uso de alimentos deteriorados, por conterem micotoxinas e de medicamentos como
sulfaquinoxalina aumentam sua necessidade. Os microorganismos do intestino grosso (ceco)
produzem grandes quantidades dessa vitamina e, devido a cecotrofagia praticada pelo animal,
essa vitamina não precisa ser adicionada ás rações de coelhos.

Vitamina C – É produzida no organismo dos coelhos, não havendo, portanto problemas de


carência. Há estudos mostrando que animais, alimentados com ração isenta de vitamina C,
crescem normalmente e continuam a eliminar boa quantidade dela via urina.

Complexo B – As vitaminas que compõem esse complexo são: tiamina (B1), ácido
patotênico, riboflavina (B2), niacina, colina, biotina, pirodoxina (B6), ácido fólico e vitamina
B12. Desempenham uma ativa atuação no funcionamento das enzimas digestivas, como
coenzimas. Isso mostra que a importância que têm no metabolismo e na utilização dos
nutrientes. Apesar da grande importância das vitaminas do complexo B, não há preocupação
em adicioná-las na ração de coelhos, por que os alimentos destinados á alimentação dos
coelhos já são ricos nessas vitaminas e, além disso, os animais com idade acima de 70 dias, as
obtêm por sintese microbiana no ceco e as utilizam pela prática da cecotrofagia. Já para
animais de 20 a 70 dias, recomenda-se um suprimento vitaminico.

MINERAIS

São nutrientes com mútiplas funções no organismo do animal, entrando como


componentes estruturais do corpo, das proteinas, dos hormônios, dos aminoácidos e de
algumas vitaminas do complexo B. Além disso, têm funções ativadoras de enzimas e mantém
o equilibrio ácido-básico no sangue e nos fluidos corporais.

Cálcio – Principal componente dos ossos e tem importante papel metabólico na coagulação do
sangue, na excitabilidade neuromuscular normal, assim como no equilibrio ácido-base. Em
geral, a absorção desse mineral depende do seu nível na ração, da relação de
proporcionalidade entre ele o fósforo e a vitamina D. Mas, no coelho, essa dependência não se
apresenta tão importante quanto em outras espécies. As exigências em cálcio variam de 0,40 a
1,60% de acordo com a categoria e as condições dos animais. Rações em que se utiliza feno
de alfafa, de soja perene e demais leguminosas atendem ás exigências de fibra e cálcio.

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Deficiência de cálcio afeta a reprodução, a produção de leite, o crescimento, a calcificação
dos ossos, ocasionando a fragilidade destes, hemorragias, deficiência neuromuscular, etc.

Fósforo – Associado ao cálcio, é um importante constituinte dos ossos, tem grande


importância no metabolismo energético celular.

O coelho, embora seja um monogástrico, devido a digestão microbiana no ceco e as


cecotrofagia, utiliza perfeitamente o fósforo orgânico. Tente a recusar rações com níveis
elevados de fósforo, acima de (1 a 1,5%).

Sódio, Cloro e Potássio – Esses minerais estão envolvidos nos equilíbrios ácido-base e
orgânico de água. O coelho não consegue reter o sódio no seu organismo, o que faz com que
ele precise estar sempre ingerindo sódio, problema que se resolve adicionando sal nas rações,
na proporção de 0,5. Por outro lado, ao se incluir o sal, nessa proporção, são ao mesmo tempo
atendidas as exigências do animal em sódio e cloro.

Quanto ao potássio não é necessário adicioná-lo, pois se encontra, em abundância, nos


alimentos que compõem as rações para coelhos.

Magnésio – Além de ser um componente dos ossos, está envolvido na ativação de enzimas e
na transmissão de impulsos nervosos. Sua deficiência provoca hiper irritabilidade, convulsões,
crescimento reduzido, má qualidade de pêlos e até morte.

Como a exigência é de pequena quantidade, 0,03 a 0,04% na ração, não se precisa


adicioná-lo ás rações. Já que os alimentos utilizados são ricos em magnésio, fornecendo
sempre níveis mais que necessários para atender as exigências.

Manganês – Tem grande importância metabólica na formação da matriz óssea. Sua carência
causa desenvolvimento anormal dos ossos. Um dos sintomas observados nos coelhos,quando
ocorre deficiência de manganês, é a ocorrência de animais com pernas tortas. Como nos
alimentos utilizados nas rações de coelhos possuem manganês em quantidades satisfatórias,
não há razão para acrescentá-lo na ração.

Ferro – Esse mineral está ligado á síntese da hemoglobina, da qual é um componente


estrutural. A hemoglobina é responsável pelo transporte de oxigênio pelo sangue. A
deficiência de ferro diminui a formação de hemoglobina, causando anemia. Os coelhos,
quando nascem, têm uma grande reserva desse elemento. Por isso não são suscetíveis de
anemia durante o período de aleitamento. Como seu fígado tem boa capacidade de armazenar
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o mineral ferro, e os alimentos normalmente são ricos nesse elemento, não há necessidade de
fornecê-lo na ração.

Cobre – Esse mineral está intimamente ligado envolvido no metabolismo do ferro, na


formação da hemoglobina. Além dessa função, o cobre contribui na formação óssea, na
ativação de várias enzimas e na pigmentação de pêlos. Devido ás suas funções, sua carência
pode provocar anemia, anormalidade óssea, e descoloração de pêlos. O emprego de sulfato de
cobre, como aditivo, fornecendo de 125 a 250 mg/kg de ração, em alguns casos reduziu a
incidência de diarréias, melhorou o ganho de peso e a conversão alimentar.

Cobalto – Esse mineral é requerido para a síntese da vitamina B12 que ocorre no intestino
grosso (ceco) dos animais, graças á ação microbiana. Não precisa ser adicionado ás rações de
coelhos, pois sua flora microbiana é bastante ativa, produzindo quantidade satisfatória de
vitamina B12 mesmo em presença de pequenas quantidades de cobalto oriundo dos alimentos.

Selênio – Esse mineral não é recomendável, uma vez que sua função nos animais é de
antioxidante orgânico, e, no caso dos coelhos, ele não produz esse efeito, já mencionado nos
comentários sobre a vitamina E.

Iodo – Trata-se de um mineral muito importante no metabolismo basal dos animais. Sua
importância está no fato de ele fazer parte do hormônio tiroxina. A deficiência de iodo faz
com que a glândula tireóide aumente de tamanho, o que se revela pelo sintoma denominado
papo. Também afeta a reprodução, causando o nascimento de filhotes frágeis e elevada taxa
de natimortos. A maneira de se fornecer iodo nas rações é utilizar sal iodado.

Zinco – É um mineral participante na ativação de várias enzimas, além de estar presente no


metabolismo do DNA. A deficiência de zinco diminui a fertilidade, reduz o consumo de
alimentos, provoca perda de peso, descoloração de pêlos e dermatite. Como os sintomas de
deficiência de zinco só têm sido perceptíveis em condições de laboratório, não existe
recomendações de adição desse mineral ás rações para coelhos.

3.2 - ALIMENTAÇÃO DOS COELHOS

Embora seja herbívoro, o coelho também consome grãos de cereais como fonte de
nutrientes, o que toma necessária uma boa distribuição dos alimentos destinados á sua criação.
Os reprodutores e as matrizes podem receber, para alimentação, forragens (volumoso) á
vontade e ração de forma controlada de acordo com o seu estágio fisiológico, sem afetar o
18
desempenho reprodutivo dos mesmos. Já aos animais em crescimento, de 30 a 70 dias de
idade, deve-se fornecer apenas ração balanceada própria para essa categoria. Dessa maneira,
desenvolvem-se rapidamente, com bom estado sanitário, atingindo o peso comercial em idade
precoce, além de atingirem a maturidade sexual precoce.

RAÇÃO NA ALIMENTAÇÃO DOS COELHOS

Além de se preocupar com a proporção entre a forragem e a ração na alimentação dos


animais adultos, o criador precisa levar em conta a forma física da ração, a qual é encontrada
nas formas farelada e peletizada (granulada). A ração na forma farelada é menos
recomendável, pois o coelho é um animal herbívoro, dotado de aparelho bucal adequado ao
consumo de forragens, com dentes incisivos cortantes em forma de bisel adaptados ao corte
de ervas.

A ração na forma peletizada (granulada) constitui-se na melhor opção, é que já no seu


processamento ocorrem benefícios de natureza sanitária, dada a ação de alta pressão e
temperatura, que destrói possíveis microorganismos nocivos, presentes na matéria prima
utilizada na sua confecção. Outra grande vantagem é que durante o seu processamento ocorre
a gelatinização do amido e a proteína, melhorando a digestibilidade da ração como um todo.
Além dessas vantagens inerentes á própria ração, existe o fato de a mesma ser preferida pelos
coelhos, e desta ser ingerida de maneira balanceada e em curto espaço de tempo.

Estas vantagens apresentadas pela ração peletizada propiciam um melhor desempenho


digestivo, e conseqüentemente, uma conversão alimentar superior. Recomenda-se a
eliminação do pó da ração ao fornecê-la aos animais, pois existe até 5% deste nas embalagens.
Os comedouros dos animais em recria devem ser observados diariamente, para retirada do pó
de peletes que se esfarelam o que pode prejudicar os animais causando coriza, induzir os
animais a jogarem a ração fora, e que se acumulam no fundo dos comedouros, reduzindo o
espaço do mesmo, para receber a ração na condição ideal para consumo.

FORRAGENS NA ALIMENTAÇÃO PARA COELHOS

Embora a forragem seja fornecida para atender, fundamentalmente, ás necessidades de


fibras para os coelhos, uma boa forrageira deve ser escolhida em função de outros fatores, tais
como: teor de proteína, vitaminas, minerais, produção de matéria seca, ausência de princípios

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ou elementos tóxicos, boa palatibilidade (odor, sabor, textura), boa digestibilidade (menos a
fração fibra), rusticidade, resistência a pragas e doenças, etc.

Dentre as diversas forrageiras existentes, que são ou podem ser utilizadas na


alimentação de coelhos, as mais utilizadas são:

RAMI (Boehmeria nívea) – Planta arbustiva e perene, de porte médio, da família das
urticáceas, que apresenta, durante quase o ano inteiro, uma excelente produção de massa
verde, entre 70 e 120 t/ha. Essa produção só se reduz no período de frio intenso, associado a
seca. É uma cultura rústica e resistente a doenças e pragas.

SOJA PERENE (Glycine Wigtii) - É uma leguminosa perene que apresenta boa produção de
matéria verde no período de chuva e, inclusive, até atingir a maturação no outono. A partir
desse período, diminui sensivelmente a produção.

GUANDU (Cajanuscajan L.) – É uma leguminosa que apresenta boa composição em


nutrientes. Produz muita massa verde e é uma cultura sazonal.

ALFAFA (Medicago Sativa) – Trata-se também de uma leguminosa perene, com excelente
composição em nutrientes. É uma forrageira que apresenta excelente produção por área, e que
permite vários cortes no ano, mas que não se desenvolve bem em solos ácidos.

FORRAGEIRA DIVERSAS – Além das forrageiras já especificadas pode-se utilizar outras


fontes como as gramíneas (capim elefante e suas variedades, tifton, coastcross, aveia, etc.),
restos culturais como palha de feijão, arroz, etc., pequenas porções de verduras, confrei,
folhas de amoreira, etc.

As forragens podem ser fornecidas aos animais na forma natural ou fenada. Na forma
natural, deve-se ter o cuidado de fornecê-la com baixo nível de umidade, o que evita diarréias
e timpanismo nos animais e garante a ingestão de maior quantidade de matéria seca por todos
os animais. O ideal é o uso na forma e feno, pois mantém a qualidade e uniformidade do
alimento ao longo do ano, pois o material é colhido todo ao mesmo tempo, quando se
apresenta com ótimo equilibrio entre os nutrientes.

SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO DOS COELHOS

20
Os alimentos devem ser fornecidos aos animais, em horários fixos, como forma de
tronar rotina (hábito), o que melhora o desempenho digestivos dos mesmos, mas sempre
levando em consideração a categoria e o estado dos animais em suas categorias.

Assim os reprodutores devem ser alimentados com forragem á vontade, mas a ração é
controlada á base de 50 g por animal/dia. Não se deve manter o animal gordo, já que a
obesidade reduz a libido e a fertilidade dos mesmos.

As matrizes devem receber forragem á vontade, mas a quantidade de ração aser


fornecida para cada uma depende do estágio fisiológico em que as mesmas se encontram.
Assim as matrizes de reposição (70 a 120 ias de idade) recebem 80 g de ração/dia. As
matrizes até os 10 dias após a cobrição, quando são submetidas, ao diagnostico de gestação,
devem receber apenas 50 g de ração/dia. Efetuado o diagnostico, as fêmeas falhadas
continuarão recebendo 50g/dia, enquanto as gestantes passarão a receber 80g/dia, até o 30°
dia (época do parto).

As matrizes em lactação devem receber 250 g de ração/dia, até o 20° dia, e a partir dai,
até o 30° dia, passam a receber 450g de ração/dia, uma vez que os filhotes, dos 20 aos 30 dias
de idade, além do leite materno, também comem ração colocada para a matriz (as ninhadas
são padronizadas em oito filhotes cada, desde o nascimento). Com os filhotes, até
completarem 20 dias não há preocupação quanto a sua alimentação, pois se alimentam,
exclusivamente, com leite materno. Já os filhotes dos 20 aos 30 dias de idade, como já
mencionado, são induzidos ao consumo de ração, ingerindo parte da ração materna, para que
possam desenvolver os sistemas intestinais (enzimático/microbiano), ainda na fase de
amamentação. Com esse manejo pré-desmame, reduz-se o estresse dos filhotes ao desmame,
pois os animais desmamados aos trinta dias de idade já estarão perfeitamente adaptados á
ingestão de ração balanceada.

RECOMENDAÇÕES COMPLEMENTARES

No manejo pré desmame (21 a 31 ias de idade dos filhotes), quando o comedouro fica
com seu fundo de 4 a 6 cm acima do piso da gaiola, reduz-se esta altura para facilitar o acesso
dos filhotes á ração. Para isto, utilizam-se pranchetas com 30 cm e largura, 40cm e
comprimento e 04 cm de altura, que são colocadas debaixo dos comedouros e aí fixadas.
Retira-se a forragem para induzir os filhotes a ingerirem apenas a ração, e aumenta-se a
quantidade da mesma, que até então era de 250g para a matriz, passando para 450 g para a
21
matriz e os filhotes, a qual, nessa época, deve ser colocada diretamente na boca do comedouro
e não no deposito do mesmo. Não se aconselha a forragem para filhotes, pois seu sistema
digestivo ainda não está suficientemente desenvolvido, o que acarreta distúrbios digestivos,
tais como: diarréias, timpanismo, etc., proporcionando elevada mortalidade e refugos.

Para os animais em recria (31 a 70 dias de idade), a ração deve ser fornecida á vontade
todos os dias, deve-se recolher a sobra para eliminar o pó, o que estimula aos filhotes a um
maior consumo voluntário, além de ser evitar as desvantagens já mencionadas. Não é
aconselhável o uso de forragens para esta categoria, visto que a ração fornecida já é
balanceada para os mesmos, e a cecotrofagia, que permite o aproveitamento da forragem, não
atingiu sua plenitude, pois o trato digestivo ainda não atingiu sua maturidade. A utilização de
forragens só é benéfica quando já ocorreu o desenvolvimento máximo do trato digestivo e
estabilização da flora cecal, que ocorre, em média, em idade acima de 60 a70 dias.

Na recria em que os animais recebem ração á vontade, deve-se evitar encher os


comedouros em excesso, pois colocando-se ração em demasia nos comedouros, ocorre,
inevitavelmente, o envelhecimento da mesma, o que propicia o esfarelamento dos peletes,
acarretando a redução no consumo da mesma e todas as demais desvantagens da ração
farelada, e do acesso indevido do animal ao comedouro.

Ao usar forragem na alimentação dos coelhos, sugere-se a mistura de duas ou mais


variedades (coquetel), pois elas se complementam, nutricionalmente entre si, fornecendo uma
alimentação melhor balanceada, induz o desenvolvimento de uma flora intestinal diversificada
com melhor capacidade de digestão. Assim protege os animais de distúrbios digestivos e
melhora a palatabilidade da alimentação.

Sugere-se uma formulação de ração em função dos animais em recria (30 a 70 dias de
idade) que constituem o maior contingente do rebanho, e são mais exigentes, visto que estão
em desenvolvimento acentuado. Para as demais categorias, utiliza-se esta mesma ração
complementada com forragem de boa qualidade (Rami).

4.0 - INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS

Conjunto de elementos necessários a produção cunícola.

 A instalação dependente:
 Qualidade do rebanho;
22
 Capacidade econômica do criador;
 Objetivo da criação (produção de pele, carne, etc);
 Margem de lucro do investimento.
 Funções:
 Dar maior conforto ao animal; boa condição de vida;
 Favoreça o manejo da criação;
 Dar conforto ao funcionário para que ele tenha maior facilidade no manejo;
 Fatores:

Temperatura interna do galpão: 15-25°C.

A temperatura alta para o animal: reduz o consumo do alimento e afeta o desempenho


do animal (mortalidade alta).

A temperatura baixa para o animal: Aumenta o consumo para ter a mesma produção.
(comendo mais e ganhando a mesma coisa), dificuldade no acasalamento principalmente no
reprodutor.

A temperatura no interior do ninho – 32 - 35° C os coelhos nascem sem pelagem, o


mecanismo de proteção é deficiente.

 Umidade no interior do galpão: Ideal 65 a70%.

Umidade alta: doenças respiratórias, conjuntivite, pasteurolose.

Baixa umidade (ambiente seco): dificuldade na respiração; corrõe a mucosa nasal, facilitando
a entrada de microorganismos.

 Ventilação (arejamento do meio)

Deve ser bem arejada para enriquecer o meio com oxigênio, eliminando todo os gases
negativos; eliminar o calor corporal e o próprio calor externo; controle melhor de temperatura.

Evitar corrente de ar forte, pois desorganiza a temperatura e a umidade, favorece a


doenças respiratórias.

 Insolação no interior do galpão:

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Evitar a penetração do sol no interior do galpão (o sol é bom em certas horas e ruim
em outras horas)

A orientação da granja leste-oeste ideal levemente para o sul.

 Poluição sonora:

O coelho gosta de ambiente tranqüilo;

O barulho provoca: canibalismo pós-parto; abandono de ninhada; o reprodutor não


tem tranqüilidade para acasalar; gestantes tem problemas de aborto; secagem precoce do leite.

Condições locais:

 Local tranqüilo, isolados das demais espécies;


 Terreno permeável;
 Boa fonte de água em qualidade e quantidade;
 Fácil acesso;
 Mais próximo possível no mercado consumidor.

Tipos de instalações

 Em liberdade:

Não tem controle de reprodução, favorece a doenças e a qualidade da pelagem é horrível.

 Ao ar livre ou campo aberto-Só não tem o galpão; as gaiolas ficam soltas no campo;
 Galpão aberto (Tipo galpão de avicultura);
 Mureta de 30 a 50 cm (protege da ventilação, umidade) e tela até o teto;
 Cortina igual de aviário para controlar a ventilação;
 Telha de barro é a mais indicada;
 Extremidade do galpão totalmente fechada vai ajudar a canalizar a corrente de ar e
protege do sol;
 O piso do galpão o aconselhável, é que seja semi-pavimentado, corredores
pavimentados e nos locais das gaiolas valas (terra batida); a vala deve ser da largura
das gaiolas;
 Vantagens da vala: elimina praticamente toda umidade do meio (urina, fezes e restos
dos bebedouros), elimina totalmente o cheiro da amônia, reduz a mão de obra;
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 A altura da gaiola em relação ao piso é de 80 a 100 cm maior conforto para o
operador;a altura é importante para ter o arejamento adequado aos animais;isola o
animal do mau cheiro(fermentação,urina) calor da fermentação;não permite que os
ratos comam a ração dos coelhos e defeque na mesma;
 Corredores transversais no mínimo de 100 cm.

Instalações complementares:

 Pedilúvio;
 Fossa de putrefação;
 Quarentenário (Galpão isolado da produção)-para animais doentes; suspeitos,
adquiridos; animais que participam de exposições;
 Depósito de ração e volumoso (seco ventilado e livre de pó);
 Confecção de uma capineira.

EQUIPAMENT OS:

Dentre os diversos equipamentos utilizados na criação de coelhos, as gaiolas, os


ninhos, os comedouros, os bebedouros, as pranchetas de repouso e o tatuador são os mais
importantes, pela suas funções e características como comentadas a seguir.

Gaiolas – Tem funções muito importantes, tais como abrigar e proteger os animais, facilitar o
manejo, o controle sanitário e a alimentação racional dos animais. Favorece a alimentação dos
animais, pois estes recebem ração em quantidades diferenciadas, de acordo com seu estádio
fisiológico (recria, reposição, gestantes, lactantes, cria e reprodutores).

Favorece o controle sanitário do rebanho, pois mantém isolados os animais doentes,


não permitindo seu acesso junto aos demais, disseminando a enfermidade.

São encontradas em vários modelos e dimensões, são confeccionadas com bambu,


madeira, tela em arame galvanizado. Ao adquirir ou construir uma gaiola, o criador deve
considerar a área mínima de conforto por animal, de acordo com seu desenvolvimento ou
estádio fisiológico. Assim preconiza-se para filhotes dos 30 dias de idade, quando são
desmamados, até 70 dias de idade, uma área mínima de 0,08 m2 por animal, e uma lotação de
no máximo dez animais por gaiola. Animais de reposição dos 70 dias de vida, quando são
selecionados, até 120 dias de idade, quando se iniciam na reprodução, tanto fêmeas quanto
machos, uma área mínima de 0,33 m2 por animal, os quais são alojados individualmente.
25
Reprodutores e matrizes gestantes necessitam de uma área mínima de 0,33m2 e as lactantes o,
48m2, todos alojados individualmente.

Dentre os materiais mais indicados para confecção de gaiolas, é o arame galvanizado o


mais indicado, por durar mais, ser de fácil limpeza, não absorver dejetos e se manter sempre
seco. Para gaiolas que vão alojar animais de porte médio (3,0 a 5,0 kg pv), recomenda-se o
suporte do piso confeccionado com arame numero 10 e o piso propriamente dito com arame
numero 14. Na confecção dos pisos, os arames usados como suporte devem ficar distanciados,
uns dos outros, em 5,0cm e os do piso propriamente dito a intervalos de 1,5 cm. Assim os
pisos ficam planos com resistência adequada e com frestas de 5,0 x 1,5cm, proporcionando a
condição necessária de conforto aos animais. No caso das laterais da gaiola, até 15cm de
altura em relação ao piso da mesma, recomendam-se frestas de 3,0 x 3,0cm, daí até o teto de
3,0 x 6,0cm. O teto pode ser confeccionado com frestas de 6,0 x 6,0cm. A manjedoura deve
apresentar frestas de 3,0 x 5,0cm para reter adequadamente a forragem. A porta da gaiola
deve ter 35 x 35cm para favorecer o manuseio dos animais e o acesso do ninho ao interior das
gaiolas. Podem ser montadas no interior do galpão, sob coberturas ou sob árvores,
recomenda-se montar em apenas um pavimento, e em linha dupla (fundo com fundo) por
apresentar menor custo de instalação das mesmas e da rede hidráulica, além de facilitar a
limpeza, o arejamento local e facilitar a circulação entre elas.

Na estruturação interna dos galpões, recomenda-se 70 cm de largura para corredores


longitudinais e 1,0 m para corredores transversais, a cada 30 gaiolas, com saída para o
exterior, facilitando assim a circulação e a operacionalidade dentro dos mesmos.

NINHOS - São dispositivos básicos para sobrevivência e viabilidade dos filhotes, propiciando
ambiente adequado aos recém-nascidos até idade de 15 a 20 dias, quando já adquiriram a
pelagem infantil, a audição e visão, e também desenvolveram seu sistema imunológico e
termorregulador, desenvolveram habilidade de locomoção, e são capazes de induzir a matriz á
amamentação. Podem ser confeccionados com vários materiais, sendo que a chapa
galvanizada apresenta vantagens a serem consideradas, como maior durabilidade, mais
higiênica, leve e com pouca necessidade de manutenção

COMEDOURO - Para proporcionar uma boa alimentação aos animais, o mesmo deve
conservar o alimento livre de contaminação e poluição, mantendo sua qualidade e odor,
estimulando assim o seu consumo voluntário pelos animais. Existem vários modelos, tipo

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calha, vaso, cuia, etc. Entretanto, preconiza-se o semi-automático, que armazena e
disponibiliza o alimento por determinado tempo, sem problemas, e são abastecidos pelo lado
externo da gaiola com menor mão-de-obra. Nele a ração fica disponível ao animal por
gravidade, em quantidades suficientes.

BEBEDOURO - Deve fornecer a água em quantidades suficientes e manter a sua qualidade,


pois todo o processo, digestivo e reprodutivo, está na dependência dela que, além disso, é
importante no processo de manutenção e controle da temperatura corporal. Deve-se evitar
contaminação da água por poeira, pó de ração, urina, fezes, pêlos e algas verdes (lodo), além
de manter a água fresca. Existem vários modelos, tipo calha, vaso, cuia, etc., mas o mais
recomendado é o tipo automático, um niple afixado em tubulação de pvc, por ser mais prático
e funcional,permitindo o acesso á água em quantidades e qualidade adequadas,sem
desperdício. Sua altura, em relação ao piso, é em torno de 20 cm para todas as categorias.

TATUADOR - Usado para marcação ou identificação dos animais, o que é básico para o
manejo reprodutivo e o controle zootécnico do rebanho.

5.0 - REPRODUÇÃO

Entende-se por manejo o conjunto de atividades ou técnicas empregadas na criação


com objetivo de assegurar o máximo de rentabilidade e de reduzir ao mínimo os ricos. Assim,
manejo não designa apenas os cuidados com os animais, mas todas as tarefas envolvidas na
produção, como limpeza desinfecção de instalações, conte e fornecimento de volumosos,
controle zootécnico do rebanho, métodos de arraçoamento dos animais, seleção corretas de
reprodutores.

Sexo dos Animais

Pode ser reconhecido no dia do nascimento ou pouco tempo depois. O reconhecimento


e simples e é realizado mantendo-se o animal de cabeça para baixo.com os dedos polegares
faz-se uma pressão em torno da abertura sexual. Se por ventura ela apresente um ponto, o
láparo é macho; se for alongada, é fêmea. Com três meses de idade, a ponta do pênis já pode
ser visto, e o macho pode ser diferenciado da fêmea pela distancia entra o ânus e o órgão
sexual, que no macho é mais acentuada.

Escolha dos Reprodutores

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É de grande importância a seleção ou escolha dos reprodutores, tanto macho quanto
fêmeas, pois dela depende a qualidade ou valor dos reprodutor a serem obtidos, bem como a
melhoria da criação. O criador deve começar com bons reprodutores e verificar se são de boas
raças, se transmitem suas boas qualidades à descendência.

Para que seja feita uma escolha correta, é importante que os animais:

 Seja puros, raças aperfeiçoadas, ou tipo especiais para uma determinada produção;
 Sejam sadios, vivos, com pêlos brilhantes, em bom estado de nutrição e musculoso;
 Sejam bem conformados;
 Tenham órgãos sexuais externos perfeitos e funcionando normalmente;
 Sejam provenientes de ninhadas numerosas, ou seja, com mais de sete láparos.

ESCOLHA DOS MACHOS

Deve ser fortes, vigorosos, de constituição robusta, ágeis, impetuosos, não muito
gordo, mas bem musculoso tórax bem desenvolvido, cabeça grande e forte. Não podem
apresentar nenhum defeito externo.

ESCOLHA DAS FÊMEAS

Devem ter boa conformação, linhas finas, robustas, compridas, terço posterior mais
desenvolvido, serem mansas e calmas. Ainda é necessário que sejam fecundas boas criadoras
e muito prolíferas.

IDADE PARA A REPRODUÇÃO

Para que os coelhos entrem em reprodução, é preciso que atinjam a maturidade sexual,
que se dá quando o animal adquire 80% do peso adulto. Para ser mais exato, as fêmeas das
raças gigante alcançam a maturidade sexual aos nove meses de idade, enquanto os machos
chegam a esse estágio aos dez meses. Nas raças médias, a idade de reprodução é de cinco
meses para as fêmeas e de seis meses para os machos.

CICLO DE ESTRAL E CIO

O ciclo estral é caracterizado por mudanças periódicas que sofre o aparelho genital
feminino, isso depois da fase de puberdade. O cio aparecer e se faz notar pela exaltação dos
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instintos sexuais, acompanhado de alterações tanto psíquicas quanto físicos. As coelhas ficam
mais excitadas e com os órgãos sexuais muito congestionados e em atividade. O colo do útero
fica relaxado para facilitar a penetração dos espermatozóides. A duração é dois a três dias,
mas isso não significa que elas não estarão férteis nos outros dias. Quando as fêmeas entram
no cio, os órgãos genitais inchados, bem vermelhos e até arroxeadas e úmidos.

O ciclo envolve dezesseis dias, sendo que nos dois primeiros dias os óvulos ainda são
verdes, ficando maduros com decorrer dos dias. São doze dias férteis e concebidos pelas
coelhas; nos dois últimos dias, elas estão em condições de fecundação.

FEROMÔNIO

São glândulas produtoras de odores, situadas abaixo do queixo e do ânus. Esses odores
têm a função de delimitar o território do animal e também a de atrair animais do sexo oposto.
Os coelhos esfregam o queixo nos objetos, porque debaixo do queixo existem glândulas
subcutâneas produtoras de secreção que impregna o seu cheiro nos objetos. Quando a fêmea é
levada, como regra, à gaiola do macho, é porque o cheiro característico deste delimita seu
território, o que da mais segurança à cobertura. Também suas fezes “em cacho” servem par
demarcar seu território.

INTENSIDADE DE USO:

Embora o macho consiga fazer cobricões aos meses de idade, sua utilização como
reprodutor deve ser inicialmente moderada. Até os cinco meses, as cobrições precisam se
limitar a duas ou três por semana, com um mínimo de 24 horas (um dia) de descanso entre
elas. Dos cinco aos sete meses, recomenda-se uma cobrição por dia, durante uma semana,
seguindo-se um período de descanso equivalente. A partir dessa idade podem ser feitas duas a
três coberturas por dia, por período de três a quatro dias, seguindo-se um descanso de uma
semana.

ACASALAMENTO

Pode ser chamados de cobertura, cobrição, salto, monta, cópula ou coito. Nada mais é
que o ato sexual realizado por animais de sexos diferentes e tem como objetivo principal a
fecundação da fêmea para dar continuidade à produção. O ato sexual se divide em quatro
fases: excitação, ereção, ejaculação e orgasmo, sendo que o macho passa por todas elas, mas a
fêmea não, pois do macho parte toda a iniciativa e a atividade para se realizar o acasalamento.
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A cobrição da coelha é extremamente rápida: um macho demora, mais ou menos, de
dois a quatro segundos, podendo chegar até 8 segundo para executar a monta. Sabe-se se a
monta foi realizada pelo comportamento do macho, que após a ejacular, emite um
¨guinchado¨ característico e cai de costas ou de lado, geralmente com a boca cheia de pêlos
arrancados da costas da fêmea já coberta.

A fêmea, por ter sempre óvulos maduros e ovular mediante indução por estimulo
externo, pode ser coberta mesmo sem estar receptiva ao macho. A fecundação começa a se
desencadear com a cobrição da fêmea pelo macho que ao ejacular, deposita os
espermatozóides na vagina da fêmea e estimula a coelha sexualmente, provocando a
ovulação.

Os espermatozóides, através de movimentos próprios, da vagina e do útero, atingem o


oviduto num prazo de três a quatro horas; após quinze a vinte minutos da ejaculação,
entretanto, alguns espermatozóides já estão no oviduto.

Ainda ao serem ejaculados os espermatozóides já se encontram maduros, eles


necessitam sofrer o que se chama capacitação, para adquirir condições de penetrar nos óvulos
e fecundá-los. Essa capacitação começa com o lançamento dos espermatozóides na vagina e
termina no oviduto após um período de seis horas.

O estimulo sexual da fêmea irá induzir a ovulação, que se concretiza de dez a doze
horas após a cobrição. Os óvulos, após a sua liberação, mantêm-se férteis por um prazo de
seis horas, em media. Cerca de dez minutos após a ovulação, os óvulos atingem os ovidutos,
local onde se dá a fertilização inicia-se o período de gestação. Até o terceiro dia após a
cobrição, os embriões se mantêm no ovidutos; depois desse período, vão para os útero. Ali,
durante três dias, os embriões ficam nadando no leite uterino, que é fonte de sua nutrição.
Apesar de haver movimentação dos embriões, não ocorre migração uterina devido as duas
cérvix, que mantém cada embrião no seu útero.

Alguns cuidados para o sucesso do acasalamento

 A fêmea deverá ser levada a gaiola do macho, pois ele, quando está fora de sua gaiola,
fica assustado e não realizar a monta.
 A fêmea quando está na gaiola do macho, devido ao cheiro de suas glândulas de
feromônio, fica excitada e facilita o acasalamento.

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ACASALAMENTO FORÇADO

Esse método é utilizado quando as fêmeas não estão receptivas ao macho, mesmo que
ele tente varias vezes. Pode ser realizado na própria gaiola do macho. Com a mão esquerda
segurar o dorso da fêmea, a cabeça voltada para o operador, e com a direita colocar-la debaixo
do animal, próxima à cauda. Com a mão, levantar a cauda da coelha para desobstruir a vulva.
Ao suspender a cauda, a vulva fica na posição normal de cobertura. Com os polegares,
emperrar a vulva para trás, a fim de facilitar a penetração do pênis.

ACASALAMENTO EM SÉRIE

O acasalamento de muitas fêmeas no mesmo dia proporciona grandes vantagens.

 Quando nascem no mesmo dia ninhadas numerosas, pode ser feita a transferência de
láparos;
 A formação de lotes maiores e mais uniformes é facilitada;
 A desmama no mesmo dia facilita a separação de sexo, registro, marcação etc.

SINAIS DE FECUNDAÇÃO

Não existem métodos seguros que indiquem, imediatamente, se a coelha está


enxertada, sendo necessário alguns dias após o acasalamento para ter certeza da gestação. A
coelha, quando prenha, torna-se mais calma, com movimento lento, engorda, altera-se a forma
de seu corpo, principalmente no ventre. Existem métodos ou mesmo métodos que indicam a
gestação.

- Prova do acasalamento – quando o coelho é novamente levada ao macho e não o aceita,


fugindo e até emitindo sons, é possível que esteja prenhe. Porém, esse método não é seguro,
pois existem coelhas que aceitam o macho antes do parte.

- Prova das mamas – logo após a ovulação, as glândulas mamárias se desenvolvem, mais na
segunda semana de gestação. Para examinar, o criador deve segurar uma das tetas e, com o
dedo indicador e polegar, fazer um movimento de vaivém, se a pele estiver grossa, a coelha
está prenhe.

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- Palpação ventral – sem dúvida, é o método mais seguro para a verificação da gestação. A
palpação é efetuada quinze dias após o acasalamento. A coelho deve estar com a cabeça
virada para o operador, que com uma das mãos, a contém, segurando-a pelas orelhas e pela
pele do dorso. Com a outra mão, o operador faz uma leve pressão sobre a barriga da coelha e
depois, vai fechando, ao mesmo tempo, a mão e os dedos, com movimentos para frente e para
baixo. Quando a coelha está prenhe, o operador sente escorregar, entre os dedos, alguns
caroços arredondados e em cadeia.

GESTAÇÃO

É o resultado da fecundação do óvulo pelos espermatozóides, formando o ovo.

Começa logo no momento em que eles se fixam no útero. A partir daí, a coelha tem
em seu útero ovos em desenvolvimento, passando pela fase de embrião e transformando-se
em fetos. No sétimo dia de gestação, os embriões se distribuem uniformemente em cada útero,
fixando-se em suas paredes, quando se verifica o processo de implantação. Depois dessa fase
inicia-se a formação a formação da placenta.

A placenta tem função de proteger e alimentar os embriões, através do sistema


circulatório materno. O desenvolvimento dos embriões, ao longo da gestação, não é constante,
decorre muito lentamente no inicio e muito rápido no final da gestação. Estudos efetuados
com a raça nova Zelândia, variedade branca, mostram que, com dezesseis dias de idade, os
embriões apresentam peso médio, 0,5 a 1g, aos vinte dias têm cerca de 5g e, ao nascer,
atingem 60g. Como a duração media de gestação é de trinta dias, vê-se que o maior
desenvolvimento dos embriões ocorre no terço final do processo, ou seja, nos últimos dez
dias.

Durante a ultima semana da gestação, os níveis da progesterona diminuem


acentuadamente, modificando a relação progesterona/estrógeno, fenômeno que induz a um
comportamento diferente da fêmea, que começa, dois a três antes do parto, ao confeccionar o
ninho para a parição, usando os pêlos que arranca de sua barriga. Embora a gestação de
coelha tenha uma duração media de trinta dias, como já foi mencionada, a realização do

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processo pode variar de 29 a 35 dias. A raça, tamanho da ninhada, idade dos reprodutores e o
numero de fatores que afetam o período de gestação.

No período de gestação, as coelhas sofrem modificações na sua conformação ou


anatomia, principalmente no útero, que aumenta e volume, modificando sua forma, localizada
e consistência. Nesse período, as fêmeas tornam-se mais lentas em seus movimentos e se
defendem dos machos que tentam cobri-las. Procuram locais mais escuros e sossegados e suas
mamas aumentam de volume.

Com todas essas informações, ainda existem as ordem geral.

 Digestão mais ativa, por isso as gestantes têm muito apetite e engordam com
muita facilidade.
 Temperatura elevada
 Aumento da secreção urinária
 Aumento da secreção láctea
 Respiração mais acelerada
 Desaparecimento do ciclo
 Aumento do volume do ventre.

Durante a fase de geração na fase inicial ocorrem modificações devido a atuações


hormonais. Próximo ao parto de 2 a 3 dias fêmeas apresenta características particulares de
arrancar os pêlos para facilitar ao láparos a mamar, quando não arranca dificulta a
amamentação.

Ainda no período da gestação, a coelha deverá receber uma alimentação riquíssima,


composta de alimento nutritivo, protéicos, rico em vitaminas diversas. As forragens verdes
são muito importantes, pois, juntamente com a ração balanceada, contribuirão para a
alimentação mais completa da coelha e dos filhotes.

PARTO

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É expulsão do feto do útero, após completa o seu desenvolvimento na vida intra-
uterina. Ocorrem mudanças hormonais que se traduzem pelo desaparecimento progesterona
que inibem as contrações uterinas, e pela liberação da ociticina que as acelera. O parto ocorre
em geral durante madrugada e dura cerca de 30 minutos, sendo de 1 a 5 minutos intervalo
entre o nascimento de cada láparo. A placenta é expulsa logo após a saída do ultimo láparo.

O comportamento geral da fêmea é ficar de cócoras é à medida que os láparos vão


nascendo elas se encarregam de cortar o cordão umbilical, lambe os láparos limpando-os.
Após nascimento ela ingere todo o resto placentário, o natimorto é normal ela ingeri-lo, isso
por ser descendente de animais selvagem, para evitar a vinda de animais.

Quando o parto ocorre com distúrbios (barulho) e falta de água pode ocorrer
canibalismo ou ocorre o parto e ela abandona a cria.

Deve ser evitada visita e presença de qualquer animais que possa irritá-lá, ás, matrizes
ficam geralmente separadas.

Quando nasce láparos fracos vivo, mas depois morre temos que retira-los porque a
fêmea não come.

Fêmeas nervosas, ou que foram perturbadas durantes o parto, podem partir fora do
ninho ou comer suas crias.

Na verdade, é aconselhável manter a fêmea com oito láparos no máximo, para


conserva uniformemente a ninhada e evitar desgaste maior da fêmea.

Quanto aos excedentes, primeiramente, deve-se pensar em transferi-lo a outra fêmea


que tenha partido no mesmo dia, lembrando-se dos cuidados especiais dessa operação. Os
animais defeituosos devem ser eliminados, pois, uma vez raquíticos ou com problemas
quaisquer, nunca serão fortes, vigorosos e bem desenvolvidos.

LACTAÇÃO

O coelho, por ser um animal mamífero, alimenta- se até um certo tempo semente de
leito materno. Esse leito, dependendo da qualidade e da quantidade, será responsável pela
precocidade e pelo desenvolvimento dos láparos. O leite é secretado e excretados pelas
glândulas mamárias, que entram em atividade com o parto, para que as coelhas alimentem
suas crias já no dia seguintes ao nascimento.

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A coelha possui quatro ou cinco glândulas mamárias, distribuídas aos pares,
começando na região torácica e terminando na região inguinal. As abdominais são as mais
produtivas. O desenvolvimento das glândulas mamárias começa na fase embrionária da
coelha, embora seja mais acentuado após a fêmea atingir a puberdade.

Esse aumento ocorre graça a ação de hormônios estrógenos e da progesterona e por


isso, é mais intenso após a puberdade. Os estrógenos atuam no desenvolvimento dos ductos e
a progesterona dos alvéolos. O funcionamento das glândulas mamárias também é comandado
por hormônios. São a prolactina que atua nos alvéolos, induzindo a produção de leite, e a
ocitocina, que desencadeia contrações dos músculos ao redor dos alvéolos, fazendo com que o
leito seja drenado dos alvéolos para a cisterna da teta, de onde os láparos o sugam, para a sua
alimentação. O leito produzido nos dois ou três primeiros dias chame-se colostro; é mais rico
que o leite normal, tanto em gordura como em lactose. O leite da coelha tem elevado teor de
nutrientes, apresentando valores médios de 13% de proteína, 9% de gordura e 2,2% de
minerais.

A produção de leite aumenta até a terceira semana após o parto, começando a


decrescer daí para diante, de tal forma que da quinta semana já é inferior a da segunda, e a da
sexta menor que a da primeira. Alguns estudos comprovaram que a coelha, quando em
lactação e gestação simultânea, apresenta queda na produção de leite muito acentuado a partir
da terceira semana. Isso demonstra que não há razão técnica nem benefícios que justifiquem a
manutenção dos láparos com as fêmeas em lactação por período prolongado.

Principalmente quando a fêmea, além da lactação, está em gestação. Os láparos


mamam apenas uma vez por dia. Assim, para determinar a produção de leite de uma coelha,
basta pesá-la antes e depois da mamada diária. A diferença de peso revela a quantidade de
leite produzido.

Como a partir dos 30 dias a produção de leite diminui acentuadamente e por essa
época os láparos já estão ingerindo alimentos sólidos, principalmente, a ração servida a
matriz, deve-se proceder a desmama. Com os láparos já desmamados, a falta de seu contato
com as tetas da coelha interrompem o estímulo da produção da prolactina, cessando a
formação de leite. O que restou deste, armazenado nos alvelos será aos poucos reabsorvidos
pela corrente sanguínea.

CUIDADO COM OS LÁPAROS


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No dia seguinte ao parto, deve se examinar o ninho e, se necessário, fazer uma
limpeza, retirando os láparos mortos, raquíticos, deficientes e mesmo os excedentes.

Para realizar a verificação, aconselha-se retirar as fêmeas para que elas não assistam a
operação, que pode assustá-la e fazer com que abandone o ninho, deixando os láparos
morrerem de fome. Prosseguindo, antes de ter contato com o ninho, é preciso excluir qualquer
cheiro forte das mãos. Esfregar-se ervas aromáticas nas mãos e também nas paredes do ninho,
para que o cheiro no ninho fique homogêneo. Logo em seguida, servir uma boa quantidade
das mesmas ervas usadas, pois, quando a coelha voltar, a primeira coisa que fará será cheirar
todo o ninho.

No mais, deve-se ter os cuidados com os láparos que saem do ninho ou são
machucados pelas fêmeas e também com a temperatura e a umidade do ninho e etc.

TRANSFERÊNCIA DE RECÉM-NASCIDOS

De preferência, deve-se realizar no dia seguinte ao parto, na parte da manhã e para as


coelhas que pariram no mesmo dia.

 Retire a fêmea da gaiola, para que não assista a operação de retirada ou colocação dos
láparos;
 O operador deve esfregar, tanto nas mãos como no ninho, uma erva aromática (capim,
limão, erva cidreira) para não deixar no ninho cheiro estranho, que farão a coelha
abandonar os láparos;
 Procurar transferir os láparos para uma fêmea que possua láparos de cor diferente,
para manter o controle sobre os coelhos naturais e transferir;
 Deixar somente 08 láparos por coelha, para obter um maio desenvolvimento, e não
desgastar a fêmea;
 Na transferência, quando o objetivo é obter animais indicados a reprodução,
aconselha-se deixar 04 láparos por fêmea, pois certamente serão mais vigorosos e
desenvolvidos.

MANEJO NA CRIAÇÃO

DESMAMA

Podemos classificar desmama em:

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 Normal: Feita quando os láparos atingem 30 dias, sendo indicada para animais
reprodutores, pois os láparos já estão bem desenvolvidos e alimentados como adultos e
não necessitam mais de leite materno;
 Precoce: Os láparos atingem de 15 a 28 dias de idade. Com 15 dias, no sistema
intensivo, e até 28 dias no sistema semi-intensivo. A desmama precoce ocasiona
problemas digestivos e metabólicos. Nesse tipo de desmama a alimentação deverá ser
completa e forte, ou seja, ração balanceada de boa qualidade de forrageiras e adição de
leite em pó. A desmama precoce poderá ser um sucesso, dependendo somente do
manejo. Nessa desmama, as diarréias são comuns e mais freqüentes.

FORMAÇÃO DE LOTES

Logo após a desmama o criador já deve pensar na comercialização dos animais. Para
que isso se realize com ordem, o melhor método a ser seguido é a formação de lotes que segue
esse espaço.

 Examinar os láparos um por um, verificando suas características individuais para


selecioná-los;
 Se a desmama for gradativa (não é indicada), separar os animais mais vigorosos e
desenvolvidos, formando lotes gradativos;
 Separando-os em lotes, esse deve ser o mais uniforme possível, de acordo com a
seguinte ordem: Sexo, tamanho, raça, peso, cor;
 Na formação de lotes, efetuar separação do sexo, pois as fêmeas, já aos 3,5 meses de
idade, entram no primeiro cio, o que pode ocasionar combinação indesejada e
acidentes sérios, inclusive castração;
 Na separação de sexo, as fêmeas permanecem juntas até a reprodução para evitar a
pseudogestação, acontecendo o mesmo com os machos que devem ser separados para
evitar brigas causando ferimentos graves;
 Para melhor produção, obedecer a uma tabela de produção na qual consiste a época
exata das coberturas que coincidam com exposições, falta de animais no mercado, o
que permite a elaboração de regimes de exploração que funciona juntamente com as

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fases de reprodução e recria (cio, gestação, desmama, etc.) garantindo animais o ano
todo;
 Pesos para o abate: 60 dias – 2,0 Kg; 75 dias 2,5 Kg; 90 dias 2,8 Kg.

ALOJAMENTO PÓS-SELEÇÃO

Machos alojados individualmente. Primeiro para adquirir comportamento solitário


(característica machista); tomar conta do ambiente; agrupado junto com a fêmea quando
atinge a puberdade acasala quando a fêmea não está preparada; brigam, chegam a castrar o
outro.

As fêmeas ficam agrupadas até 20 dias antes da primeira cobrição, para evitar falsa
gestação.

CASTRAÇÃO

Esta não é muito justificada na criação comercial, pois o intervalo entre o desmame,
engorda e abate não chega a ser suficiente para um ganho significativo de peso, mas isso não
quer dizer que a castração não apresenta vantagem.

A castração produz a neutralização sexual, tanto em machos como em fêmeas, provoca


modificações gerais do organismo. Só indicado para produção de pelo e pêlo, pois para
produção de pele, o animal é abatido com 05 a 06 meses.

O objetivo da castração é eliminar a atividade sexual e, eliminar a libido, tornando o


animal dócil e social.

Apresenta as seguintes vantagens, nos machos:

 Impedem a reprodução de animais doentes e defeituosos;


 Elimina o instinto sexual;
 Paralisa o desenvolvimento dos caracteres sexuais;
 Provoca atrofia dos órgãos de correlação hormonal com as glândulas sexuais;
 Melhora a qualidade da pele, o pêlo fica mais liso e brilhante;
 Tornam-se mais calmos, permanecendo em lotes a vida inteira;

MÉTODOS DE MARCAÇÃO
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A mais usada é a tatuagem por não admitir fraudes e o único admitido para registro
genealógico.

A importância da marcação: Seleção, controle zootécnico da granja, para registro


genealógico.

Codificação das orelhas:

 Orelha direita (OD): SB018;


o S – Sigla do criador;
o B – Sigla do estado (local da granja);
o 01 – Mês de nascimento;
o 08 – Ano.

 Orelha esquerda (OE): S418


o S – Sigla do criador;
o 418 – Série do animal.

6.0 - SANIDADE

6.1 - CONTROLE SANITÁRIO

Entende-se por controle sanitário a adoção de uma série de medidas, visando a


prevenção e cura das principais enfermidades que acometem os coelhos. Algumas dessas
medidas são de natureza genérica, e, outras, específicas para determinada enfermidades.
Dentre as medidas a serem adotadas, destacam-se as seguintes:

 Aquisição de reprodutores saudáveis, com boa aparência, bem nutridos e provenientes


de granjas idôneas e isentas de problemas de natureza sanitária;
 Oferta de alimentos adequados em quantidade e qualidade suficientes, e em horários
rotineiros;
 Quanto aos medicamentos, seguir rigorosamente as indicações e cuidados prescritos
na bula, pois o uso incorreto de medicamento, pode causar distúrbios, ou propiciar o
desenvolvimento de resistência por parte dos germes e parasitas que atacam os
animais;

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 Adotar a quarentena para os animais recém-adquiridos como também para os que
retomam as exposições, etc.;
 Isolar os animais suspeitos de alguma enfermidade, como também isolar e tratar os
enfermos;
 Evitar a presença de animais estranhos, pois podem desde estressá-los, até mesmo
transmitir doenças;
 Espalhar cal sobre os dejetos na vala coletora, para evitar a proliferação das moscas e
de outros vetores de doenças;
 Após avaliar as causas de morte dos animais, esses devem ser cremados ou eliminados
em fossa de putrefação;
 Evitar umidade excessiva no interior e nas proximidades das instalações, pois favorece
as doenças de vias respiratórias e ocular e reduz também a disponibilidade do
oxigênio;
 Em relação a higienização: lavar e desinfetar os ninhos após sua utilização, nunca
aproveitar o material de cama para outra matriz; Lavar e desinfetar os comedouros
periodicamente e mantê-los secos; Lavar e desinfetar os bebedouros, periodicamente,
exceto quando estes forem automáticos (niple), e, nestas condições, deve-se fazer a
desinfecção na caixa d’água; Lavar o piso das gaiolas, periodicamente; e pulverizar as
instalações com solução germicida que controla os parasitas e a ploriferação de
moscas no ambiente.

Observação: Não se recomenda a utilização de fogo na higienização das gaiolas de


arame galvanizado, pois este destrói a galvanização dos mesmos, favorecendo sua
deteriorização, devido a corrosão. Recomenda-se o uso de fogo, apenas nas paredes (alvenaria
e, ou, tela) e a parte superior do galpão (cobertura).

6.2 - DOENÇAS

DIARRÉIAS

São distúrbios digestivos, que podem provocar alto índice de mortalidade no rebanho.
Embora atinjam animais de todas as idades, ocorrem com maior freqüência nos animais
jovens (31 a 70 dias de idade).

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As causas de diarréias são muitas são muito variadas, destacando-se, qualidade de
fibra (digestibilidade, capacidade de hidratação, poder tampão, etc.), grau de moagem da
fibra, baixo nível de fibra na ração, excesso de proteína na ração, desbalanceamento entre
fibra e proteína, ingestão de alimentos ricos em umidade, ou deteriorados ou em estado de
fermentação. Estas falhas na alimentação desencadeiam a ploriferação de microrganismos
intestinais patogênicos, o estresse acentuado, mudança brusca na alimentação, ingestão
excessiva de leite, dentre outros como infecções.

Estes deverão receber uma alimentação rica em elementos nutritivos, podendo se dar,
também folhas de bananeira ou goiabeira, que dão bom resultado.

CORIZA

Caracteriza-se pelo corrimento nasal, podendo os animais apresentar febre, perda de


apetite e tosse. A ventilação excessiva, umidade acentuada nas instalações, queda brusca de
temperatura, pó oriundo da ração, etc., são os principais fatores que propiciam sua
manifestação.

Para curar os animais, deve-se utilizar antibióticos e, simultaneamente, eliminar as


causas predisponentes. Quando for observada no início, basta a correção das causas para que
o animal se recupere.

SARNA

É uma enfermidade parasitária causada por ácaros. Apresenta os seguintes sintomas:


escamação da pele, formação de crostas cutâneas, coceira e, em alguns casos, inchação lateral
da cabeça. Existem várias espécies de ácaros que parasitam os coelhos, provocando sarna.
Mas o Sarcoptes scabiei cunícule e o Psoroptes cunícule são os mais freqüentes nas criações.

O S. scabiei, parasita as extremidades do corpo do animal, regiões ricas em vasos


sanguineos (patas, cauda, orla das orelhas, pestanas e focinho), denominando-se sarna
sarcóptica a enfermidade causada por ele. O P. cunicule, parasita o interior do pavilhão das

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orelhas, causando a sarna psorótica. Nos locais parasitados ocorre inicialmente um prurido
com exudação cutânea, que dá origem a uma crosta de cor amarelada a marrom, de acordo
com o grau de infestação. Deve isolar o animal e pulverizar as instalações com sarnicida, para
que não transmita a sarna aos outros animais. Não difere a forma de tratamento das duas
sarnas. Inicialmente, faz-se uma limpeza dos locais parasitados, retirando-se a crostas
formadas, para facilitar a limpeza utiliza-se um líquido permissível, sendo o querosene o mais
utilizado. Após a limpeza, aplicar o medicamento, que é um sarnicida, podendo ser líquido ou
pastoso. Esse tratamento deve ser realizado duas vezes, com intervalo de 10 a 15 dias.

COCCIDOSE

É uma enfermidade causada por protozoário do gênero eiméria. Existem dois tipos de
coccidose: a coccidose hepática e a coccidose intestinal.

A coccidose hepática é causa pela Eimeria steidae, é caracterizada pela presença de


pontos amarelos no fígado, e desenvolvimento retardado, podendo ocorrer morte. Já a
coccidose intestinal que é causada Eimeria magna, E. perforans, E. média, ocorre a diarréia
com traços sanguíneos nas feses, perda de peso, pêlos arrepiados e uma profunda desidratação
e prostração, que, sem tratamento imediato, pode causar morte.

A E. é um hospedeiro natural do coelho, que, em condições normais, não prejudica o


mesmo, mas, quando se altera o meio ambiente intestinal (maior acidez), ocorre uma
proliferação exagerada do protozoário, causando a doença. A transmissão de um animal para
o outro, se realiza através dos dejetos, evitando através de higienização das gaiolas e controle
das moscas.

No tratamento, utilizam-se produtos à base de sulfas, que são ministrados na água de


bebida. Observa-se que suprindo o nível de fibra na ração, há a cura do animal, bastando
então a alimentação e a higienização adequada.

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MIXOMATOSE

É uma enfermidade virótica, altamente contagiosa, com elevado índice de mortalidade,


seus sintomas são: febre, perda de apetite, dificuldade respiratória, tumores sub-cutâneos nas
regiões do pescoço, glândulas mamárias e órgãos sexuais, inchação e formação de crostas nas
pálpebras, no focinho, na boca, etc.

Não há tratamento eficiente para essa enfermidade, e como seu principal vetor é o
mosquito, o controle de insetos constitui-se numa boa medida profilática. A vacinação
também se mostra eficiente, mas só convém adotá-la em regiões onde se registrou sua
ocorrência.

PASTEURELOSIS

É uma doença do sistema respiratório de coelhos e aparece como um frio intenso com
espirros e descarga nasal constante. A respiração torna-se forçada, o animal pára de comer e
morre muito enfraquecido. No comércio, existem vacinas preventivas respiratórias
(complexos).

TOXOPLASMOSE

É também uma enfermidade de rápido curso, 8 a 10 dias, cuja transmissão é


ocasionada pelas pulgas e piolhos. Os animais doentes apresentam febre, falta de apetite,
grande abatimento, muita sede, abdome aumentado de tamanho, emagrecimento, anemia,
diarréia fétida de cor esverdeada ou sanguinolenta e convulsões. Muitas vezes chega a ter
paralisia da região posterior. Os animais doentes deverão ser isolados. As rações deverão ser
ricas em elementos nutritivos, à base de alfafa e aveia.

TORCICOLO OU PESCOÇO TORTO

Se os coelhos nestas condições não se acham atacado pela sarna auricular, essa torção
da cabeça é de origem alimentar, ocasionada pela deficiência da Vitamina B, na ração. O
coelho, nestas condições, torce a cabeça para um lado, dando a impressão que os músculos
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estão continuamente em contração; o animal anda com grande dificuldade, girando
freqüentemente sobre um mesmo lado.

CONJUNTIVITE

É uma infecção do olho com inflamação da mucosa ocular, causando lacrimejamento


constante. Pode se instalar a partir de irritação causada por poeira, níveis excessivos de
amônia no ambiente, proveniente da urina, umidade excessiva, ventilação incorreta e variação
brusca de temperatura. O tratamento consiste no uso de colírios com simultâneo controle
ambiental.

OTITES

São inflamações do ouvido, com grande formação de cerume amarelo, perda ou


diminuição do apetite e emagrecimento. Os coelhos doentes inclinam a cabeça e o pescoço
para o lado afetado. Sua capacidade de equilíbrio diminui, sofrem quedas, andam em voltas,
mantêm posturas anormais e podem ter crises epileptiformes. Para o seu tratamento, usar
remédios de uso humano ou veterinário, para ouvido.

CALOSIDADE

Não é uma enfermidade, mas sim um ferimento na região inferior das patas do animal,
que pode infeccionar. Esse ferimento ocorre, inicialmente, pela perda dos pêlos do local,
seguido de lesão na pele. Pode ocorrer devido a excesso de umidade no piso da gaiola
associado à sujeira, irregularidades no piso ligadas a sua estruturação, qualidade, estado de
conservação e distâncias das peças ou tamanho dos vãos no piso. Corrigindo o fator causa,
cicatriza o local rapidamente, se descoberto tardio, será necessária a utilização de produto
cicatrizante.

7.0 - COMERCIALIZAÇÃO

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O coelho por ter em sua maior característica a prolificidade, dá retorno rápido aos
cunicultores, como também, por aproveitar todos os seus sub-produtos no mercado. Como já é
conhecido, a produção de carne e sua qualidade em níveis nutricionais e atender exigências
em teor de gordura, cresce a procura pelo seu consumo. O coelho pode ser abatido entre 90 e
120 dias, pesando em média 3kg de peso vivo, com rendimento de carcaça podendo chegar a
65%. O couro quando sem pêlos, pode ser curtido em napa, pergaminho, camurça, etc. Seu
preço de mercado varia de acordo com a qualidade do curtimento, entre os maiores
importadores desse produto está a Coréia do Sul e Japão, já a pele é muito procurada, devido
sua beleza e boa qualidade, sendo utilizada na confecção de agasalhos, casacos, colchas,
dentre outros. São mais valorizadas as maiores, de boa qualidade e quando comercializadas
em grandes lotes, o que só é conseguido com a criação de raças puras, selecionadas. O preço
médio pago é de R$1,00 por unidade.

Entre os outros produtos que trazem renda na cunicultura são:

• Reprodutores- é a atividade que proporciona maiores lucros na cunicultura, mas que


também exige grande prática, maiores conhecimentos, maior trabalho e técnicas mais
apuradas de reprodução, manejo, alimentação, seleção, etc;

• Pêlo ;

Urina- Grifes internacionais de perfumes — como Paco Rabane, Kenzo e Christian Dior —
utilizam a urina do animal na fixação dos perfumes (O material também tem aplicações
exploradas por fabricantes de outros tipos de cosméticos)

• Cérebro- substância chamada tromboplastina, é aproveitado pela medicina;

– Os laboratórios utilizam a tromboplastina para fazer o teste de coagulação


sangüínea, pedido antes de cirurgias

• Esterco- há mercado para qualquer quantidade;

– 100 coelhos, em 1 ano, produzem de 5 a 6 toneladas de esterco

Sub-produtos do abate (vísceras, sangue,etc.)- fabricação de farinha.

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Os preços praticados nas negociações são variados e determinados pela região e setor, as
avícolas são as que pagam mais pelo quilo vivo do coelho, cerca de R$4,00. Já os frigoríficos
pagam R$3,00 por quilo. Hoje, o quilo custa cerca de R$15,00 a R$25,00 para o comprador
final e pode ser encontrado em grandes redes de supermercados, instalados principalmente nas
capitais e estados do Sul e Sudeste. Atualmente, são produzidas aproximadamente 40
toneladas da carne congelada no país a cada ano. No país, a atividade já dispõe de seis
frigoríficos especializados no abate desse tipo de animal. Anteriormente, o processo era feito
por abatedouros de aves e nas avícolas.

8.0 – REFERÊNCIA

CUNICULTURA- A ARTE DE CRIAR COELHOS, Jean G. Medina; Edição revisada e

ampliada, Editora Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, Campinas, São Paulo, 1988.

Disponível em: http://coelhosdoisirmaos.com.br/?Area=Enfermidades. Acessado 10/01/2011.

Disponível em: http://www.coelhos.com.br/. Acessado 10/01/2011.

Disponível em: http://www.suapesquisa.com/mundoanimal/animal_coelho.htm. Acessado

10/01/2011.

Disponível em: http://www.zootecniabrasil.com.br/sistema/modules/smartsection/item.php?

itemid=22. Acessado 10/01/2011.

Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/. Acessado 10/01/2011.

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