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ERIC Tem uma hora lá em que você escreve que ficou feliz porque ganhou um caderno
de "kalella". O que é isso?
GABO Não, eu não escrevi isso.
ERIC Claro que escreveu, ache aí, na pág. tal...
GABO Peraí. Porra, acho que chamei assim porque achei bonito. Como você colocou em
português?
ERIC Coloquei "caderno de kalella".
GABO Não quer dizer nada em português?
ERIC Não.
GABO Então tudo bem, porque em castelhano também não quer dizer nada.
num contraste com a edição brasileira, e que achei muito interessante, a primeira
tradução maquiavelina lusitana traz como prefácio um artigo de mussolini* e o
tradutor era destacado defensor do regime de salazar. justiça lhe seja feita:
afirmam os comentadores que a integridade intelectual de francisco morais foi mais
do que suficiente para garantir que o viés do fascismo não interferisse no
trabalho de tradução.
* no brasil, até onde sei, a única edição que reproduz esse artigo (em posfácio) é
a da editora rio (1979), com tradução em nome de aurora pereira de carvalho.
assim, maquiavel leva uns 420 anos para aportar em solo luso ou brasileiro: entre
1935 e 1940. em ambos os casos, conhecemo-lo inicialmente em o príncipe. do lado
de lá do atlântico, sob a égide salazarista; do lado de cá, em lavra de eminente
figura de oposição à ditadura varguista. em ambos os casos, traduções respeitáveis
e respeitadas. a chamada "tradução fascista" jamais conheceu reedição, sendo
raridade bibliográfica, ao passo que a fortuna histórica da tradução de lívio
xavier ainda tem longa vida pela frente.
agir, ediouro, pocket ouro, prestígio e tecnoprint fazem parte do mesmo grupo, a
ediouro. a atena fechou. a abril cultural fechou. a nova cultural trocou a
tradução de lívio xavier por uma de olívia bauduh. (sobre olívias bauduhs e trocas
na nova cultural, já vimos o caso dos pensamentos de pascal - talvez seja algo na
mesma linha.) a escala até 2008 publicava a tradução de o príncipe em nome de ciro
mioranza. parece que em 2009 resolveu adotar a de lívio xavier.
é também a obra que introduziu maquiavel pela primeira vez no brasil. traz em
apêndice a famosa carta de maquiavel a vettori, e vem com prefácio e notas do
tradutor. ignoro o ano em que foi lançada pela atena editora. sei que a segunda
edição é de 1944. tenho a terceira edição, de 1948. então, aplicando ao reverso
esse intervalo de 4 anos, vou considerar 1940 como data hipotética da inaugural
arribada maquiavelina in terra brasilis.*
lívio xavier traduziu muito. seu nome faz parte do panteão dos tradutores que
colocaram as obras do pensamento universal ao alcance dos brasileiros. tinha
escrita fluente, elegante e mordaz. deixou sua marca entre a intelectualidade
brasileira. seu texto esboço de uma análise da situação econômica e social do
brasil (1930), em parceria com mário pedrosa, é tido como a primeira análise
marxista, séria e consistente, sobre o país. autor também de nosso patrimônio
cultural, tempestade sobre a ásia: a luta pela manchúria (com o pseudônimo de l.
mantsô), memórias de gandhi, infância na granja, o elmo de mambrino (que lhe valeu
o prêmio jabuti de 1976, na categoria de estudos literários). como poeta bissexto,
deixou uma coletânea de dez poemas de lívio xavier ilustrados por noêmia mourão.
seu acervo se encontra no cedem, centro de documentação e memória, da unesp.
imagem: http://cronologia.leonardo.it
e está rolando uma petição para o congresso avaliar o projeto com carinho:
http://www.petitiononline.com/mod_perl/petition-sign.cgi?rouanet
é impressionante como volta e meia a gente tropeça num príncipe, num contrato
social, num elogio da loucura, numa república. se quantidade de edições diferentes
significa avanço de qualidade, devemos ser uns especialistas na exegese
maquiavelina!
maquiavel, o príncipe:
tentei ler um deles, o estranho caso do doutor jekyll e do senhor hyde, de robert
louis stevenson (landmark, 2008) e, só por desencargo de consciência, consultei
várias outras edições. creio que nós leitores podemos respirar aliviados.
seguem abaixo alguns exemplos do original e do texto publicado pela landmark.
well, sir, the two ran into one another naturally enough at the corner; and then
came the horrible part of the thing: for the man trampled calmly over the child's
body and left her screaming on the ground. it sounds nothing to hear, but it was
hellish to see.
bem, meu caro, os dois se encontraram, um diante do outro, de modo absolutamente
natural, próximo à esquina. e, agora, vem a parte horrível da história, pois o
homem se atirou, calmamente, sobre o corpo da criança e lançou-a gritando ao chão.
não havia nada para ser ouvido, mas era terrível de se olhar.
if you choose to make capital out of this accident, said he, i am naturally
helpless. no gentleman but wishes to avoid a scene, says he. name your figure.
se desejarem aplicar a pena capital a este incidente, disse ele, naturalmente não
terei escapatória. não há ninguém que desejaria evitar tal cena, afirmou. digam os
seus nomes.
the person that drew the cheque is the very pink of the proprieties, celebrated
too, and (what makes it worse) one of your fellows who do what they call good.
a pessoa que sacou o cheque é uma pessoa de boa reputação, famosa, também, e (o
que torna pior) um dos seus companheiros que acreditaram que ele tivesse agido
bem.
i feel very strongly about putting questions; it partakes too much of the style of
the day of judgement.
sei muito bem como colocar algumas questões; partilho, perfeitamente, do estilo do
dia do juízo.
a face which had but to show itself to raise up, in the mind of the
unimpressionable enfield, a spirit of enduring hatred.
rosto que nada tinha para revelar, na mente de uma pessoa impressionável como
enfield, espírito de um ódio permanente.
essa eu vi com um mês de atraso, mas que legal: a folha online ensinando ao povo
que plágio é feio.
"Veja diferença entre plágio, paráfrase e paródia; leia trecho da nova Gramática
Houaiss
isso mesmo, dona folha, não deixe o povo cair de bobo na vigarice dos ilícitos!
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DENISE BOTTMANN
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O PADROEIRO
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1. bem, quando se soube na aldeia que janet m'clour estava empregada como criada
na casa paroquial, ficaram todos furiosos, seja contra ela, seja contra o pastor.
algumas mulheres nada acharam de melhor que ir-lhe diante da porta e acusá-la de
tudo quanto se sabia a respeito dela, desde o filho que tivera do soldado até as
duas vacas de john tamson. ela não era muito conversadora; geralmente deixavam-na
seguir o próprio caminho, enquanto ela os deixava ir pelo deles, sem dizer nem
bom-dia nem boa-tarde; mas quando lhe dava na telha, tinha língua de fazer
ensurdecer um moleiro. pulou para fora, e não houve velho mexerico em balweary que
não viesse à luz do dia, naquela ocasião, irritando a todos; ninguém podia dizer
uma palavra que ela não rebatesse duas, até que, ao fim, as comadres a agarraram,
tiraram-lhe as roupas do corpo e a arrastaram pela aldeia, até às águas do dule,
para verem se era verdadeiramente bruxa e se flutuava ou ia ao fundo. a velha
berrou tanto que se podia ouvi-la até no maciço cadente,* mas lutava por dez;
muitas comadres trouxeram, no dia seguinte, os sinais das unhas dela, e
conservaram-nos vários dias. felizmente, mesmo no ponto mais alto da luta eis que
chegou, para sua sorte, o novo pastor. (pp. 215-16)
2. bem, quando se soube na aldeia que janet m'clour estava empregada como criada
na casa paroquial, ficaram todos furiosos, tanto contra ela, tanto contra o
pastor. algumas mulheres nada acharam de melhor que ir-lhe diante da porta e
acusá-la de tudo quanto se sabia a respeito dela, desde o filho que tivera do
soldado até as duas vacas de john tamson. ela era de poucas palavras; geralmente
deixavam-na seguir [] caminho, enquanto ela os deixava ir pelo deles, sem dizer
nem bom-dia nem boa-tarde; mas quando lhe dava na telha, tinha língua de fazer
ensurdecer um moleiro. pois naquele dia pulou para fora, e não houve velho
mexerico em balweary que não viesse à luz do dia, naquela ocasião, irritando a
todos; ninguém podia dizer uma palavra que ela não devolvesse duas, até que, no
fim, as mulheres a agarraram, tiraram-lhe as roupas do corpo e a arrastaram pela
aldeia, até às águas do dule, para confirmarem se era verdadeiramente bruxa: se
flutuava ou ia ao fundo. a velha gritou tanto que se podia ouvi-la até no maciço
cadente, mas lutava por dez; muitas mulheres mostraram, no dia seguinte, os sinais
das unhas dela, e conservaram-nos por vários dias. felizmente, no ponto mais alto
da luta, eis que chegou, para sua sorte, o novo pastor. (pp. 107-8).
o volume das paulinas traz cinco contos: além de markheim e janet do pescoço
torcido, contém a história que dá nome à coletânea, o doutor jekyll e o monstro, e
ainda will do moinho e olallá. há uma introdução bem boazinha de eliseu sgarbossa,
do qual não tenho outras referências. além de apresentar um painel da vida e obra
de stevenson, a introdução comenta cada um dos cinco contos, aliás estendendo-se
razoavelmente sobre olallá.
imagem: www.amazon.com
1. jacy monteiro:
tinha o tempo grande quantidade de vozes no negócio, algumas majestosas e lentas
conforme lhes convinha à venerável idade; outras gárrulas e pressurosas. todas
marcavam os segundos em coro complicado de tique-taques. de repente os passos de
um menino que corria pesadamente sobre a calçada cobriram aqueles pequenos sons e
trouxeram markheim de sobressalto à consciência do lugar em que se achava. olhou
em roda espantado. a candeia estava colocada sobre o banco e a chama oscilava
solenemente à corrente de ar; e com aquele insignificante movimento a sala inteira
enchia-se de muda agitação fazendo-a ondear como o mar. as sombras longas anuíam;
as largas manchas de escuridão dilatavam-se e restringiam-se como a respiração, os
rostos dos retratos e os ídolos de porcelana mudavam e ondeavam como imagens sobre
a água. a porta interior estava meio aberta e mostrava-se apenas naquele exército
de sombras por longa estria de luz como dedo acusador. (p. 186)
2. pietro nassetti:
tinha o tempo grande quantidade de vozes na loja, algumas majestosas e lentas
conforme lhes convinha à venerável idade; outras, tagarelas e impacientes. todas
marcavam os segundos em coro complicado de tique-taques. repentinamente, os passos
de um menino que corria pesadamente sobre a calçada cobriram aqueles pequenos sons
e trouxeram markheim de sobressalto à consciência do lugar em que se achava.
espantado, olhou em redor. a candeia estava colocada sobre o banco e a chama
oscilava solenemente à corrente de ar; e com aquele insignificante movimento a
sala inteira enchia-se de muda agitação, fazendo-a ondear como o mar. as sombras
longas anuíam; as largas manchas de escuridão dilatavam-se e restringiam-se como a
respiração, os rostos dos retratos e as estátuas de porcelana mudavam e ondeavam
como imagens sobre a água. a porta interior estava meio aberta e mostrava-se
apenas naquele exército de sombras por longa aresta de luz tal qual dedo acusador.
(p. 92)
1. jacy monteiro:
mas já estava tão agitado por outros receios que, enquanto uma parte da mente
ainda estava vigilante e aguda, a outra tremia no limiar da loucura. apoderava-se
dele certa alucinação de maneira particular. o vizinho que, de rosto branco,
escutava perto da janela, o passante que parava na calçada preso de dúvida
terrível... podiam pelo menos suspeitar, mas não saber; através das paredes de
tijolo e das janelas fechadas, somente os sons podiam penetrar. (p. 189)
2. pietro nassetti:
entretanto já estava tão agitado por outros receios que, enquanto uma parte da
mente ainda estava vigilante e aguda, a outra tremia no limiar da loucura. certa
alucinação tomara conta dele de maneira particular. o vizinho que, de rosto
branco, escutava perto da janela, o passante que parava na calçada preso de dúvida
terrível... podiam pelo menos suspeitar, mas não saber; através das paredes de
tijolo e das janelas fechadas, somente os sons podiam penetrar. (p. 94)
1. jacy monteiro:
a luz débil e nublada do dia caía indistintamente sobre o soalho nu e sobre a
escada, sobre a armadura brilhante ereta com a alabarda na mão sobre o primeiro
patamar, e sobre os entalhes profundos e sobre os quadros emoldurados, pendentes
dos painéis amarelos da tapeçaria. o barulho da chuva por toda a casa era tão
forte que começou, aos ouvidos de markheim, a subdividir-se em muitos sons
diversos. rumor de pés e suspiros, passo cadenciado de regimentos que marchavam ao
longe, tilintar de moedas sobre o balcão, e o chiar de portas fechadas
furtivamente parecia misturarem-se com o bater das gotas sobre a cúpula e o
escorrer da água nos canos. (pp. 193-94)
2. pietro nassetti:
a luz fraca e nublada do dia caía indistintamente sobre o soalho nu e sobre a
escada, sobre a armadura brilhante ereta com a alabarda na mão sobre o primeiro
patamar, e sobre os entalhes profundos e sobre os quadros emoldurados, pendentes
dos painéis amarelos da tapeçaria. o barulho da chuva por toda a casa era tão
forte que começou, aos ouvidos de markheim, a subdividir-se em muitos sons
diversos. som de pés e suspiros, passo cadenciado de regimentos que marchavam ao
longe, tilintar de moedas sobre o balcão, e o chiar de portas fechadas
furtivamente parecia misturarem-se com o bater das gotas sobre a cúpula e o
escorrer da água nos canos. (p. 96)
imagem: www.ebooks.imgs.connect.com
pois não é que 23 de abril, além do dia do livro e do direito do autor, é também o
dia de são jorge, o santo guerreiro contra o dragão da maldade?
imagem: http://respectance.com
respondendo a consultas:
não, o plágio nunca prescreve.
é crime imprescritível.
imagem: http://cleacroche.blogspot.com
1. eis uma instituição dos antigos da qual não podemos formar idéia através do
direito de propriedade no mundo moderno. os antigos basearam o direito de
propriedade em princípios diferentes dos das gerações presentes; e daqui resulta
serem as leis que o garantiram sensivelmente diversas das nossas.
2. eis uma instituição dos antigos da qual não podemos formar idéia através do
direito de propriedade no mundo moderno. os antigos alicerçaram o direito de
propriedade em princípios diferentes dos das gerações presentes; e daqui resulta
serem as leis que o garantiram bem diversas das nossas.
On sait qu’il y a des races qui ne sont jamais arrivées à établir chez elles la
propriété privée ; d’autres n’y sont parvenues qu’à la longue et péniblement. Ce
n’est pas, en effet, un facile problème, à l’origine des sociétés, de savoir si
l’individu peut s’approprier le sol et établir un si fort lien entre son être et
une part de terre qu’il puisse dire : Cette terre est mienne, cette terre est
comme une partie de moi. Les Tartares conçoivent le droit de propriété quand il
s’agit des troupeaux, et ne le comprennent plus quand il s’agit du sol. Chez les
anciens Germains, suivant quelques auteurs, la terre n’appartenait à personne ;
chaque année la tribu assignait à chacun de ses membres un lot à cultiver, et on
changeait de lot l’année suivante. Le Germain était propriétaire de la moisson ;
il ne l’était pas de la terre. Il en est encore de même dans une partie de la race
sémitique et chez quelques peuples slaves.
Or, entre ces dieux et le sol, les hommes des anciens âges voyaient un rapport
mystérieux. Prenons d’abord le foyer : cet autel est le symbole de la vie
sédentaire ; son nom seul l’indique 1. Il doit être posé sur le sol ; une fois
posé, on ne doit plus le changer de place. Le dieu de la famille veut avoir une
demeure fixe ; matériellement, il est difficile de transporter la pierre sur
laquelle il brille ; religieusement, cela est plus difficile encore et n’est
permis à l’homme que si la dure nécessité le presse, si un ennemi le chasse ou si
la terre ne peut pas le nourrir. Quand on pose le foyer, c’est avec la pensée et
l’espérance qu’il restera toujours à cette même place. Le dieu s’installe là, non
pas pour un jour, non pas même pour une vie d’homme, mais pour tout le temps que
cette famille durera et qu’il restera quelqu’un pour entretenir sa flamme par le
sacrifice. Ainsi le foyer prend possession du sol; cette part de terre, il la fait
sienne ; elle est sa propriété.
Et la famille, qui par devoir et par religion reste toujours groupée autour de son
autel, se fixe au sol comme l’autel lui-même. L’idée de domicile vient
naturellement. La famille est attachée au foyer, le foyer l’est au sol ; une
relation étroite s’établit donc entre le sol et la famille. Là doit être sa
demeure permanente, qu’elle ne songera pas à quitter, à moins qu’une force
supérieure ne l’y contraigne. Comme le foyer, elle occupera toujours cette place.
Cette place lui appartient ; elle est sa propriété, propriété non d’un homme
seulement, mais d’une famille dont les différents membres doivent venir l’un après
l’autre naître et mourir là.
Suivons les idées des anciens. Deux foyers représentent des divinités distinctes,
qui ne s’unissent et qui ne se confondent jamais ; cela est si vrai que le mariage
même entre deux familles n’établit pas d’alliance entre leurs dieux. Le foyer doit
être isolé, c’est-à-dire séparé nettement de tout ce qui n’est pas lui [...] Cette
enceinte tracée par la religion et protégée par elle est l’emblème le plus
certain, la marque la plus irrécusable du droit de propriété.
Il est résulté de ces vieilles règles religieuses que la vie en communauté n’a
jamais pu s’établir chez les anciens. Le phalanstère n’y a jamais été connu.
Pythagore même n’a pas réussi à établir des institutions auxquelles la religion
intime des hommes résistait.
1. ao árabe convém a tenda, ao tártaro o carro, mas para estas famílias, tendo um
lar doméstico, é necessária a morada fixa. à cabana de terra, ou de madeira,
sucedeu, dentro em pouco, a casa de pedra. esta casa não se construiu somente para
a vida dum homem, mas para uma família cujas gerações deviam suceder-se na mesma
habitação.
2. ao árabe convém a tenda, ao tártaro o carro, mas para estas famílias, tendo um
lar doméstico, é necessária a residência fixa. à cabana de terra ou de madeira,
seguiu-se, dentro em pouco, a casa de pedra. esta casa não se construiu apenas
para a vida de um homem, mas para uma família cujas gerações deviam suceder-se na
mesma habitação.
[livro 4, cap. i]
Jusqu’ici nous n’avons pas parlé des classes inférieures et nous n’avions pas à en
parler. Car il s’agissait de décrire l’organisme primitif de la cité, et les
classes inférieures ne comptaient absolument pour rien dans cet organisme. La cité
s’était constituée comme si ces classes n’eussent pas existé. Nous pouvions donc
attendre pour les étudier que nous fussions arrivés à l’époque des révolutions.
1. até aqui não falamos das classes inferiores, e nem mesmo havia ocasião para nos
referirmos a estas. e isto porque a finalidade era traçar a estrutura primitiva da
cidade, e as classes inferiores não tiveram importância absolutamente nenhuma
nesta organização. a cidade achava-se constituída como se estas classes não
existissem. podíamos reservar, portanto, seu estudo para quando chegássemos ao
período das revoluções.
2. até aqui não falamos ainda das classes inferiores, e nem mesmo havia ocasião
para nos referirmos a ela [sic], porque nossa finalidade era descrever a estrutura
primitiva da cidade, e as classes inferiores não tiveram nenhuma importância nessa
organização. a cidade constituíra-se como se estas classes não existissem. poderia
reservar-se, pois, o seu estudo para quando atingíssemos esse período de
revoluções.
Puis cette famille a des serviteurs, qui ne la quittent pas, qui sont attachés
héréditairement à elle, et sur lesquels le pater ou patron exerce la triple
autorité de maître, de magistrat et de prêtre. On les appelle de noms qui varient
suivant les lieux ; celui de clients et celui de thètes sont les plus connus.
1. depois, esta família tem servos que não a abandonam, servos hereditariamente
ligados à família e sobre os quais o pater ou patrono usa da sua tríplice
autoridade de senhor, de magistrado e de sacerdote. davam-lhes nomes diferentes,
segundo os lugares, embora os mais comumente conhecidos sejam os de clientes e
tetas.
2. depois, essa família tem servos que não a abandonam, servos hereditariamente
vinculados à família e sobre os quais o pater ou patrono exerce sua tríplice
autoridade de mestre, de magistrado e de sacerdote. davam-lhes nomes diferentes,
segundo as regiões, embora os mais comumente conhecidos sejam os de clientes e
tetas.
Cette classe, qui devint plus nombreuse à Rome que dans aucune autre cité, y était
appelée la plèbe. Il faut voir l’origine et le caractère de cette classe pour
comprendre le rôle qu’elle a joué dans l’histoire de la cité et de la famille chez
les anciens.
Les plébéiens n’étaient pas les clients ; les historiens de l’antiquité ne
confondent pas ces deux classes entre elles.
1. esta classe, mais numerosa em roma que em qualquer outra cidade, tinha aí o
nome de plebe. precisamos examinar a origem e o caráter desta classe para melhor
entender o papel, entre os antigos, desempenhado pela plebe na história da cidade
e da família.
os plebeus não eram clientes; os historiadores da antiguidade nunca confundiram
estas duas classes uma com a outra.
2. essa classe, mais numerosa em roma que em nenhuma outra cidade, tinha aí o nome
de plebe. precisamos examinar a origem e o caráter dessa classe para melhor
compreendermos o papel desempenhado pela plebe na história da cidade e da família
entre os antigos.
os plebeus não eram clientes; os historiadores da antiguidade nunca confundiram
estas duas classes uma com a outra.
Eis uma instituição dos antigos sobre a qual não devemos formar idéia pelo que
vemos a nosso redor. Os antigos basearam o direito de propriedade sobre princípios
que não são mais os das gerações presentes, e daqui resultou que as leis pelas
quais o garantiram são sensivelmente diversas das nossas.
Ora, entre esses deuses e o solo, os homens das épocas mais antigas divisavam uma
relação misteriosa. Tomemos, em primeiro lugar, o lar; esse altar é o símbolo da
vida sedentária, como o nome bem o indica. Deve ser colocado sobre a terra, e, uma
vez construído, não o devem mudar mais de lugar. O deus da família deseja possuir
morada fixa; materialmente, é difícil transportar a terra sobre a qual ele brilha;
religiosamente, isso é mais difícil ainda, e não é permitido ao homem senão quando
é premido pela dura necessidade, expulso por um inimigo, ou se a terra não o puder
sustentar por ser estéril. Quando se constrói o lar, é com o pensamento e a
esperança de que continue sempre no mesmo lugar. O deus ali se instala, não por um
dia, nem pelo espaço de uma vida humana, mas por todo o tempo em que dure essa
família, e enquanto restar alguém que alimente a chama do sacrifício. Assim o lar
toma posse da terra; essa parte da terra torna-se sua, é sua propriedade.
E a família, que por dever e por religião fica sempre agrupada ao redor desse
altar, fixa-se ao solo como o próprio altar. A idéia de domicílio surge
naturalmente. A família está ligada ao altar, o altar ao solo; estabelece-se
estreita relação entre a terra e a família. Aí deve ter sua morada permanente, que
jamais abandonará, a não ser quando obrigada por força superior. Como o lar, a
família ocupará sempre esse lugar. Esse lugar lhe pertence, é sua propriedade; e
não de um homem somente, mas de toda uma família, cujos diferentes membros devem,
um após outro, nascer e morrer ali.
A tenda convém ao árabe, o carro ao tártaro, mas uma família que tem um altar
doméstico precisa de uma casa que dure. À cabana de terra ou de madeira seguiu-se
logo a casa de pedra. E esta não foi construída somente para a vida de um homem,
mas para a família, cujas gerações deviam suceder-se na mesma morada.
Até aqui ainda não falamos das classes inferiores, nem tínhamos o que falar,
porque se tratava de descrever o organismo primitivo da cidade, e as classes
inferiores não tinham importância nenhuma em sua estrutura, A cidade constituíra-
se como se essas classes não existissem. Podíamos, portanto, esperar para estudá-
las quando chegássemos à época das revoluções.
Depois, essa família tem criados, que não a deixam, e que a ela estão ligados por
hereditariedade, e sobre as quais o pater, ou patrono, exerce a tríplice
autoridade de mestre, de magistrado e de sacerdote. Seus nomes variam de acordo
com os lugares; os mais conhecidos são os de clientes e tetas.
Essa classe, que se torna mais numerosa em Roma que em nenhuma outra cidade,
chamava-se ali de plebe. É preciso que vejamos a origem e o caráter dessa classe,
para compreendermos o papel que desempenhou na história da cidade e da família
entre os antigos.
Os plebeus não eram clientes; os historiadores da antiguidade não confundem essas
duas classes entre si
* existem outras traduções de a cidade antiga: edson bini (edipro, 1998), nélia
pinheiro padilha (juruá, 2002), joão cretella jr. e agnes cretella (revista dos
tribunais, 2003), aurélio barroso rebello e laura alves (pela própria ediouro,
2004), heloísa da graça burati (rideel, 2005), cf. http://www.bn.br/.
se a coisa tivesse parado lá pelos anos 70, época da publicação da hemus, eu nem
mexeria nisso. o problema é que essa fraude está aí próspera e viçosa, ainda em
catálogo da hemus, licenciada para a ediouro (a qual declarou que vai tomar as
providências cabíveis), e replagiada pelo intrépido claret, na mais autêntica
ciranda com o joão-bobo do leitor no meio.
resta ver o que a ediouro fará. seria uma vergonha que o maior grupo editorial do
país continuasse a abrigar lixo tóxico em seu catálogo.
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