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Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns - Prof.

Hubertus Colpaert
Resumo - Capitulo IV

Tratamentos Térmicos dos Aços Comuns


1. Noções Preliminares

Antes abordar o tema tratamentos térmicos temos que falar de dois fenômenos que
ocorrem à temperaturas elevadas: o crescimentos dos grãos e a recristalização dos grãos
deformados por um trabalho mecânico.

Crescimento dos grãos

Quando o aço é aquecido à temperatura acima de 723º C, toda a perlita presente se


transforma em pequenos grãos de austenita, no caso dos hipoeutetóides, enquanto a
temperatura sobe a ferrita circunvizinha vai se transformando em austenita, no caso dos
hipereutetóides a austenita presente vai absorver toda a cementita. Os grãos de austenita
crescem as custas dos grãos mais estáveis. Quanto maior a temperatura ou mais longo o
tempo de aquecimento, maior o tamanho dos grãos de austenita, as dimensões e disposições
dos aços depois de resfriado dependem em parte do tamanho dos grãos de austenita que lhe
deram origem. A granulação grosseira torna o material quebradiço, por ter uma maior
concentração de impurezas em seus contornos, devido à diminuição de sua área total. As
fissuras se propagam melhor entre os grãos maiores por terem planos de clivagem mais
extensos.

Superaquecimento

Os aços que receberam temperaturas excessivamente altas ou demoradas são


chamados de “Superaquecidos”. Um aço que contém uma granulação grosseira torna-se
menos dúctil, isso pode ser corrigido com um tratamento térmico adequado.

Queima

Às vezes quando o material é superaquecido, a temperaturas vizinhas a linha


sólidos, o aço que está quebradiço, apresenta oxidação nos contornos dos grãos, chama-se o
isso de “queimado”, e nesse caso sua regeneração não é mais possível.

Recristalização dos grãos deformados a quente

O trabalho a quente é executado acima da zona crítica, nessa temperatura o aço é


mais mole do que a temperatura ambiente, por isso exige um menor esforço para ser
deformado. Conforme o aço é deformado, ele vai se recristalizando de forma que os grãos
não se deformam, formando novos pequenos grãos. Com isso o material pode ser
deformado sem perder suas propriedades plásticas. O aço deformado acima da zona crítica
recristaliza-se rapidamente, mas à temperatura ambiente não.

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Deformação a frio. Encruamento Recristalização da ferrita.

O trabalho a frio é executado abaixo da temperatura da zona crítica, os grãos de


metal formados nessas condições, permanecem deformados e diz-se que o material está
encruado. Quando essa deformação é superior à 15 ou 20%, deixa no interior do material
vestígios típicos visíveis ao microscópio, porque os grão ficam alongados paralelamente ao
esforço de tração ou perpendicularmente ao de compressão. O encruamento altera
profundamente quase todas as características do material: aumenta a resistência à tração, o
limite de escoamento, a dureza, a fragilidade, resistência elétrica, etc., e diminui o
alongamento, a estricção, a permeabilidade magnética, a resistência à corrosão, a
densidade, etc.
Há casos que se encruam o material propositalmente para se tirar proveito de certas
qualidades que s adquire.

Transformações estruturais na recristalização e no crescimento grãos.

Analisando os fenômenos recristalização e de crescimento de grãos, do ponto de


vista estrutural, veremos que se trata de duas etapas de um mesmo fenômeno, que é o da
transformação de cristais deformados e relativamente instáveis em cristais mais perfeitos e
relativamente mais estáveis.
O processo de recristalização exige o aparecimento de núcleos, ou pequenos
agrupamentos atômicos mais estáveis, que cresça recebendo átomos dos cristais mais
deformados de sua vizinhança, até se transformarem em grãos microscopicamente visíveis.
No processo de crescimento dos grãos não há necessidade do aparecimento de
núcleos, pois os grãos cristalinamente mais perfeitos atuam como núcleos para a
recristalização dos grãos vizinhos menos estáveis.
O aparecimento espontâneo de núcleos de recristalização ocorre nas regiões mais
instáveis da estrutura cristalina, por esse motivo quanto maior for o encruamento do
material, tanto maior será sua tendência a recristalizar.

Pormenores sobre a zona crítica

As linhas que delimitam a zona critica dos aços, recebem na técnica metalográfica, as
seguintes denominações, A1, a horizontal de 723º C; A3, a linha GE’ e Acm, a linha E’S.

2. Noções Elementares Sobre Tratamentos Térmicos

Os tratamentos térmicos consistem, essencialmente em aquecer o material a uma


certa temperatura e esfriá-lo em determinadas condições.
Esses tratamentos podem ser: recozimento tempera e revenido.
O tratamento consiste no aquecimento do aço até acima da zona critica, seguido de
um esfriamento lento (dentro do forno, por exemplo). Habitualmente se visa com esse
tratamento restituir ao material suas propriedades normais que foram alteradas por um
tratamento mecânico ou térmico anterior, ou ainda refinar texturas brutas de fusão. De
submetido a um campo magnético. Por isso são de aço temperado os ímans permanentes,
como os dos magnetos. as agulhas das bússolas etc.
O revenido consiste em reaquecer a peça temperada até uma temperatura
conveniente, abaixo da zona critica, e esfria-la praticado com o intuito de corrigir certos
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efeitos da tempera, q manifesta uma dureza, ou fragilidade, excessivas ou quando t tensões


internas perigosas. Com o revenido diminue-se progressivamente a dureza, o limite de
resistência o limite de escoamento, mas aumentam o alongamento, a estricção e a
resistência ao choque as figs. 372 ilustram bem as definições dadas.

3. RECOZIMENTO

O recozimento apaga, por assim dizer, as texturas tratamento térmicos ou mecânicos


anteriormente sofridos pelo material porque, ao passar pela zona crítica, este se recristaliza
sempre sob a forma de grãos normais de austenita, qualquer que seja a textura que
apresente antes de atingir a referida zona, no aquecimento (fig. 374). Portanto, com esse
tratamento, os aços readquirem suas propriedades e texturas normais, tais como foram
estudadas no capítulo anterior.
Para o recozimento ser bem feito torna-se necessário levar em conta os fatores seguintes:
a) Aquecimento. E° preciso que as peças sejam aquecidas quanto possíveis,
uniformemente e que, acima da zona critica não fiquem partes da peça a temperaturas
muito mais altas que outras. O aquecimento ou esfriamento desigual pode entortar as peças.
b) Temperatura de recozimento. Para cada teor de carbono existe uma temperatura
mais adequada (veja a fig. 375), que é da ordem de 50°C acima do limite superior da zona
crítica.
c) Tempo de permanência a essa temperatura. Convém esperar pelo menos alguns
minutos no caso de peças pequenas ou delgadas até que sua textura tenha passado
integralmente a uma solução sólida homogênea. Nas peças maiores, mais grossas. Deve-se
esperar ainda que a parte central atinja a temperatura desejada. Recomenda-se, para isso. 20
minutos de permanência à temperatura para cada centímetro de espessura da peça.
d) Atmosfera do forno. Se a atmosfera for oxidante, isto tendência para formar
muita casca de oxido nas peças cura-se diminuir o acesso de ar. A mesma providência « põe
no caso de peças grandes que precisam permanece tempo no forno, ou de peças cuja
descarbonetação superficial possa ser um inconveniente. A descarbonetação prejudica
seriamente nos casos de arestas de corte, de estampes, molas, engrenagens, pois as partes
que i menor teor de carbono endurecem menos pela tempera.
e) Esfriamento lento. Este se consegue deixando as peças peque nas esfriar no forno.
As peças grandes podem ser i na cal em pó, areia bem seca, cinza, ou qualquer meio
assegure um esfriamento lento, desde o momento em que saem do forno. Esse esfriamento
deve ser tanto mais lento quanto maior for o teor de carbono. Os aços de baixo teor até
cerca de 0,3% podem ser esfriados ao ar tranqüilo; os de teares mais elevados devem ser
esfriados no forno, especialmente se forem peças pequenas. Peças volumosas e compactas,
embora com teor alto em carbono, podem muitas vezes ficar expostas ao ar tranqüilo sem
inconvenientes, em virtude da lentidão com que sua temperatura cai.

Normalização
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O recozimento com esfriamento ao ar denomina-se normalização e os aços assim


tratados dizem-se normalizados. Com a normalização obtém-se comumente uma
granulação mais fina do que com o esfriamento no forno.
No estado normalizado, a dureza, bem como os limites de escoamento e resistência
são um pouco mais elevados do que no estado plenamente recozido, ao passo que o
alongamento e a estricçâo sofrem ligeira diminuição.
A causa dessas alterações reside no fato de não se processar completamente a
separação da ferrita. que deveria separar-se na zona crítica. A austenita transforma-se,
então, em uma perlita lamelar muito fina, que contém mais ferrita do que a proporção
normal.
A avaliação do teor de carbono pelo aspecto micrográfico torna-se neste caso
impraticável, porque a textura se assemelha à de um aço com teor muito mais elevado A fig.
439 mostra a textura de um aço normalizado (trilho Iam nado. esfriado ao ar) com 0,45% de
carbono, que aparente ser de teor de carbono mais alto. Embora a percentagem de
manganês 10.77% tenha também contribuído para essa textura, esta decorreu mais da
circunstância do aço ter sido esfriado ao ar.
Da mesma forma, certas propriedades mecânicas do aço citado, como por a
resistência à tração (82 kg mm3), o alongamento em 10 diâmetros (13), a dureza Brinell
(225) diferem dos valores habitualmente encontrados nos ensaios dos aços recozidos, com
igual teor de carbono (fig. 345).
O efeito da normalização ê tanto mais intenso, quanto maior o teor de carbono e o
de manganês e quanto menor a espessura da peça.
Os aços laminados, com tendência para formar "Ghost-Lines", apresentam apenas
um esboço desta textura, quando normalizados como se vê nas figs. 376 a 378.
Convém chamar a atenção para certa semelhança dessas texturas com as de aços-
liga no estado recozido, contendo cromo, níquel e possivelmente outros elementos (fig.
379). Em ambos os casos nota-se menor atacabilidade pelo reativo, segundo certas estrias.
No primeiro caso é o fósforo e, no segundo, são os elementos de liga que não se difundem
uniformemente, que aumentam a resistência ao ataque micrográfico.
Na fig. 375 a faixa correspondente à normalização está acima da faixa adequada ao
recozimento ou à tempera, porque com aquele tratamento se busca maior homogeneização
da austenita, para que a nova granulação seja mais uniforme.
O afastamento progressivo entro as duas faixas, para os aços hiper-eutetóides, se
explica pelo fato de o recozimento, que visa amolecer o aço tornando lamelar a perlita. já
alcançar seu desideratum ao atingir 750°. Um aquecimento a temperaturas mais elevadas,
promoveria a difusão da cementita na austenita e, durante o esfriamento lento, essa
cementita se precipitaria de novo, não se alterando substancialmente o resultado final. O
mesmo se pode dizer com relação a tempera cujo escopo é endurecer o aço. A tempera
realizada de pouco acima de 750°C produz uma dureza tão alta quanto a resultante de
temperas de temperaturas maiores, sem criar tensões internas intensas, devido ao excesso
de carbono.
No caso, porém, da normalização, se busca, em geral, obter uma granulação mais
fina. Então, é preciso ultrapassar a zona a que seja absorvida completamente a rede de
cementita sub-seqüente esfriamento ao ar, se forme, se possível, não uma r nova, mas uma
disperção fina de carbonetos, o que usualmente consegue uma simples normalização.
Normalmente faz-se em seguida um recozimento a 700° para esferoidizar a cementita.

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Por isso, quando se procura fazer com que esses aços adquiram textura mais fina, no
estado recozido ou temperado, precede-se os tratamentos respectivos, de uma
normalização. Convém frisar que hipertetóides só podem ser utilizados recozidos ou
temperados, quando sua cementita está esferoidizada (fig. 472) e não nos contornos dos
grãos (fig. 289).

Alguns dos inúmeros casos em que o recozimento se impõe

Uma peça de aço fundido, tal como se solidificou, apresenta, em geral, uma
granulação grosseira e uma distribuição heterogênea seus elementos constitutivos. Diz-se,
então, que o aço ainda ata estado bruto de fusão, figs. 313, 380, 382 e 384. Nessas
condições. » aço não resiste bem ao choque e às vezes não pode ser vergado.
Para modificar a textura do aço recorre-se ao recozimento. Esse tratamento
proporcionará pela recristalização uma granulação homogênea e mais fina, fig. 383, o que
traz sensível melhoria às propriedades da peça. As figs, 381 a 383 ilustram
claramente essas asserções.
No caso de laminação a frio ou de estiramento o metal deve passar numerosas vezes
pelos laminadores ou pelas B é necessário, após um certo número de passagens, submeter o
m*to ao recozimento antes de prosseguir no trabalho. E' que após uma • de deformações a
frio, o material fica de tal modo duro e quebradiço, que novas deformações poderiam
provocar a sua ruptura.
Contudo, os aços extra-doces (que são constituídos que exclusivamente de ferrita),
quando encruados, já são suscetíveis de m recristalizarem logo acima de 550"C, não sendo,
neste caso particular, necessário ultrapassar a zona crítica para que readquiram as
propriedades que perderam em conseqüência do encruamento causado por um trabalho a
frio.

Imperfeições e descuidos

a) O aquecimento ou esfriamento desigual das peças pode entortá-las ou trincá-


las.
b) Aquecimentos com a intenção de recozer o aço serão ineficientes se a
temperatura não atingir a faixa recomendada no gráfico da fig. 375, exceto no caso
particular do aço encruado, cuja ductilidade pode ser restaurada com um aquecimento a
600°C.

c) Aquecimentos até dentro da zona crítica conduzem a texturas em que a perlita


toma um aspecto característico com aparência de esboroamento, figs. 385 a 389.
d) Temperaturas excessivas ou longa permanência a altas temperaturas produzem
granulação grosseira (superquecimento) cujos inconvenientes já foram apontados. O aço
superaquecimento pode ser corrigido por meio de um ou mais recozimentos
cuidadosamente feitos. Já o mesmo não se pode realizar quanto a temperatura atingiu as
proximidades do início de fusão meio oxidante. O superaquecimento é então acompanhado
fenômeno conhecido por queima e o aço não é mais regenerável.

e) Aquecimento em meio oxidante promove a descarbonetação superficial


principalmente acima de 700°. O fenômeno pronunciado nos aços ricos em carbono. Há

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casos em que a descarbonetação superficial não tem importância, quer porque a diminuição
da dureza na superfície não afeta-o porque a peça ainda vai sofrer desbaste de sua super
caso contrário, a descarbonetação deve ser cuidados evitada por meio de um revestimento
(pintura com apropriada) ou então pela caiação de uma atmosfera, se não levemente
redutora, no interior do forno de atmosfera controlada), ou ainda fazendo o aquecimento
pela imersão da peça em banho de sais fundidos, já à ruptura desejada, que têm a vantagem
de aquecê-la n fortemente e fora do contacto do ar.
As propriedades mecânicas dos aços recozidos são as que no gráfico da fig. 345 do
capitulo "Micrografia", e os aspecto gráficos, entre outros, os das figs. 280 a 293 daquele
mesmo capitulo.

4. TEMPERA

Até aqui consideramos o esfriamento através da zona critica dando-se lentamente.


Nestas condições os fenômenos que aí ocorrem ti tempo suficiente para se realizarem e,
como já foi explicado:
1.° — Separação da ferrita, ou da cementita, durante a traves
da zona crítica.
2.° — Transformação da austenita remanescente, com Oj8% de
carbono, em perlita lamelar, ao ser atingida a Unha inímo:
da zona critica.
Essa transformação em perlita é conseqüência da ocorrência simultânea do
fenômeno de separação de ferrita, numa austenita com 0,8', de carbono, com o de
precipitação de cementita, na mesma austenita, devido à supersaturação em carbono. Se
apressar o resfriamento verificar-se-á:
a) que a quantidade de ferrita, ou de cementita, separada inicialmente, diminui
com o aumento da velocidade de esfriamento, até que, acima de um certo limite, se anula,
de modo que o aço atinge a linha inferior da zona crítica (Ar,), ainda inteiramente
austenítico.
b) que a austenita abaixo de Ar, se transforma em perlita de lamelas cada vez mais
finas e mais próximas, quanto mais rápido for o resfriamento, chegando a ponto das lamelas
se tornarem indiscerníveis ao microscópio comum.
c) que para velocidades de esfriamento ainda maiores, não ocorre transformação
em perlita e em temperaturas mais baixas se forma um constituinte denominado
"martensita" (fig. 422), que pode ser considerado como uma solução sólida supersaturada a
metaestável de carbono em ferro alfa, que, devido a essa supersaturação. se apresenta com
uma estrutura tetragonal de corpo centrado'" e não cúbica de corpo centrado, como rimos na
página 122.
Observa-se ainda que a transformação da austenita em martensita é brusca e ocorre
por escorregamentos localizados, sem extensa migração de átomos, como nas
transformações que dependem de difusão, com mudanças locais de composição química.
Esse tipo de transformação no estado sólido recebe o nome de reação de cisalhamento, ou
reação martensítica difusão, a composição da martensita é idêntica à da austenita que lhe
deu origem.
A martensita tem propriedades inteiramente diferentes das dos constituintes já
estudados e seu aspecto e características serão discutidos mais adiante.

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Pelo que foi exposto, vê-se que a austenita ao se transformar abaixo da zona critica poderá
dar diferentes microestruturas, dependendo das temperaturas em que essas transformações
ocorrerem.
Varemos a seguir como tais transformações se processam.

Diagramas de transformação isotérmica

Tomando-se um aço eutetóide aquecido acima de 750°, de modo a se ter somente


austenita. podemos observar que se esse material for resfriado bruscamente até uma
temperatura inferior a 723°. Suponhamos 600°C, ele levará um certo tempo para iniciar a
sua transformação em perlita e depois de iniciada, ela só se completará após um certo
intervalo de tempo.
A verificação desse fenômeno pode ser feita por método dilatométrico, ou por um
processo metalográfico. Este consistiria em resfriar rapidamente, para 600°, vários corpos
de prova do mesmo material, partindo-se da mesma temperatura de austenitização, e em
seguida, após intervalos de tempo determinados, temperar um por um os corpos de prova,
o intervalo de tempo no qual o corpo de prova foi mantida. a 600° não foi suficiente para o
inicio da transformação da martensita em perlita, aquela se transformará totalmente em
martensita. no segundo resfriamento brusco. No caso contrário o material apresentara uma
certa área transformada isotèrmicamente em perlita e o restante dará martensita no
resfriamento subseqüente.
Pelo exame dessa série de corpos de prova pode-se aço evolução da transformação,
o que permitirá traçar um gráfico dando a porcentagem de produtos de transformação
isoterma o tempo de permanência na temperatura escolhida, como figura 390.
Afim de tornar possível o registro simultâneo de tempo da ordem de segundos e de
dias, sempre se emprega para o do tempo uma escala logarítmica.
Esse gráfico nos fornece o tempo para o inicio e o do fim da transformação (pontos "i" e
"f") da austenita na temperatura escolhida.
Repetindo-se a mesma experiência com o mesmo material, austenitizado na mesma
temperatura, mas para diferentes temperaturas de transformação, obter-se-á resultados
semelhantes, que poderão ser registrados num gráfico temperatura vs. tempo, resultando o
diagrama da fig. 391.
Esse diagrama de transformação isotérmica recebe a denominação de diagrama IT
(isothermal transformation), ou diagrama TTT (transformação tempo-temperatura), ou
curvas em C, ou em S.
O exame metalográfico dos produtos obtidos nessas transformações isotérmicas
mostra tratar-se de produtos resultantes de transformações por nucleação e crescimento,
portanto dependentes da difusão de átomos, principalmente dos de carbono, que, devido às
suas dimensões, são os de maior mobilidade.
Os produtos que se formam em temperaturas superiores à do cotovelo da curva em
C são produtos lamelares e que já conhecemos pela denominação de perlita, e os que se
formam abaixo desse cotovelo são produtos de aspecto áticular e são denominados bainitas.
Tanto a perlita como as bainitas são agregadas de ferrita e cementita e por isso, nos
diagramas TTT, a região situada à direita das curvas é identificada por F+ C (ferríta +
carboneto).
A linha Ae,, assintótica à curva de início de transformação, delimita os campos de
austenita estável (superior) e austenita instável (inferior não coincide com as linhas Ac, ou

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Ar,, de transformação em aquecimento, ou resfriamento, porque representa ama


temperatura na qual nunca se transforma.
A região compreendida entre as curva de inicio e de fim de transformação indica a
zona onde se processam isotérmicamente as transformações.
A fig. 392 mostra os níveis de temperatura em que os diferentes microconstituintes
se formam no aço eutetóide.
Vê-se nessa figura que é possível correlacionar-se a dureza com a temperatura de
transformação, desde que se fixe a composição do material e a temperatura de
austenitização.

Formação da martensita

Na determinação dos diagramas TTT observa-se que abaixo de uma certa


temperatura começam a aparecer agulhas de martensita nos grãos de austenita, logo que se
atinge a temperatura de transformação e em quantidade que depende somente da
temperatura atingida e não do tempo.
Pode-se portanto determinar para cada aço a temperatura do inicio da formação da
martensita e as correspondentes às diversas porcentagens desse microconstitulnte, como se
vê no diagrama da fig. 394.
Nos atlas de curvas TTT a temperatura do início em martensita é designada por Ms
e a do fim de transformação por 1B.
Como já vimos, a formação da martensita não produz moldem locais de composição
e se processa por um mecanismo de cisalhamento com escorregamentos de planos
cristalinos. Essa transf oi macio «e propaga através do grão de austenita com uma
velocidade da ordem * 1000 m/s, isto é, cerca de 1/3 da velocidade de propagação de uma
elástica no material. Não há portanto um fenômeno crescimento envolvendo uma extensa
migração de átomos.
O processo parece decorrer da energia elástica resultante saturação provocada pelo
resfriamento, que se dissipa localmente Deves cisalhamentos, com uma estabilização do
resto da austenita do frio Somente um novo abaixamento de temperatura é que ativará o pi
de formação de novas agulhas de martensita nas áreas contorno dos grãos.
Vê-se pelo diagrama da fig. 394 que a reação no Inicio, acelera a transformação em
bainita.

Diagramas de transformação em esfriamento contínuo

Os tratamentos térmicos comuns não são tratamentos isotermieae. pois envolvem


um esfriamento continuo, com maior ou menor velocidade, desde a temperatura de
austenitização, até à temperatura ambiente. Por esse motivo os constituintes resultantes de
transformações que requeiram tempo, isto é, difusão, serão formados em faixas de
temperaturas, e portanto, serão misturas de constituintes formados em diferentes
temperaturas. Só nos casos extremos de velocidades de esfriamento muito altas, ou
relativamente baixas, é que se obtém constituintes bem definidos, como a martensita, ou a
perlita grosseira, porque as curvas de esfriamento atravessarão somente as zonas de
formação desses constituintes no diagrama TTT.
Técnicas semelhantes às utilizadas nos diagramas de transformação isotérmica
poderão ser empregadas para determinação de diagramas de transformação em esfriamento
contínuo.
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No caso do emprego do método metalográfico, séries de corpos de prova são


resfriados com velocidade controlada e ao se atingir determinadas temperaturas, amostras
são temperadas para bloquear o processo de transformação.
A natureza e a quantidade dos constituintes formados até se atingir a temperatura de
tempera e a quantidade de martensita decorrente da austenita não transformada, permitirá,
para diversas curvas de resfriamento, traçar diagramas do tipo do apresentado pela fig. 395.
Esse diagrama mostra que certas velocidades de esfriamento delimitam campos de
ocorrência simultânea de vários microconstituintes e também, que tais curvas de
velocidades de esfriamento constantes, podem ser associadas aos valores da dureza dos
produtos obtidos.
Comparando-se o diagrama de transformação em esfriamento continuo com o dia-
grama TTT. do mesmo material (fig. 396), vê-se que as curvas de início de transformação
do primeiro se localizam em temperaturas mais baixas e à direita das curvas em C, de modo
que, exceto para os tratamentos térmicos feitos com velocidades de esfriamento
intermediárias, as curvas em C, apesar de serem curvas de transformação isotérmica, nos
permitem predizer o comportamento relativo dos diferentes aços em face dos tratamentos
térmicos a que venham a ser submetidos.
Por exemplo, num diagrama TTT, o afastamento entre as linas Ae, e Ae,, no caso de
um aço hipoeutetóide. é proporcional à tendência para a formação de ferrita livre numa
tempera branda. O afastamento do cotovelo da curva de início de transformação ao eixo das
ordenadas, é proporcional à temperabilidãde do material, isto é, quanto maior for esse
afastamento menor será a velocidade de esfriamento necessária para a formação de
martensita. A largura do campo de separação de ferrita proeutetóide é proporcional à
tendência de separação dessa fase nos resfriamentos feitos com velocidade moderada.
visando obter perlitas finas. A posição da curva de inicio de í da bainita (fig. 400 e 393)
mostra a possibilidade ou não da desse constituinte em resfriamento contínuo.
As curvas de transformação isotérmica descrevem como a antenita se transforma em
diferentes níveis de temperatura, dando produtos homogêneos, de constituição e
propriedades bem definidas.
Sua determinação é feita de modo a eliminar a variável de esfriamento" que é
função do meio de resfriamento c das soes e formas das peças. Por esse motivo elas
descrevem caracterábeas de transformação intrínsecas ao material e não as determinada»
por uma peça desse material.
Nas aplicações práticas esse pormenor não dificulta o pró visto que, os tratamentos
térmicos nunca objetivam a produzir misturas de microconstituintes com características
muito Por exemplo, ou se trata um aço para se obter uma textura, ou perlita, mas nunca para
se obter uma textura como a fig. 425, com ferrita, perlita, bainita e martensita, pois s
impossível predizer qual seria o comportamento mecânico d terial desse tipo.

Influencia do tamanho de grão austenítico nas curvas TTT

Como já vimos, todos os produtos de transformações isotérmicas (ferrita, perlita,


bainita) são produtos de reações de nucle&çãi cimento. Por outro lado sabemos que o
aparecimento de novas fases ocorre preferencialmente nos contornos dos grãos, tanto, como
a diminuição do tamanho de grão aumenta a área total dos contornos, o material com
granulação fina terá tendência a apresentar maior velocidade de nucleação. Se
considerarmos dois aços de idêntica composição, mas que defiram no tamanho dos grãos,
veremos que a velocidade da transformação isotérmica será maior no de granulação fina do
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que no de granulação grosseira, pelo fato do primeiro possuir maior número de pontos de
transformação. Portanto, o de granulação grosseira terá maior temperabilidade do que o de
granulação fina. Isso se reflete no diagrama TTT como mostra a fig. 397.
Exemplificando: Peças iguais fabricadas em série, com aço de composição idêntica,
e que devam ser temperadas do mesmo modo, só apresentarão propriedades semelhantes,
como dureza, resistência ao choque, etc., se o tamanho de grão austenítico for sempre o
mesmo, no momento que saem do forno para serem temperadas. Por esse motivo, para
produções seriadas, que exijam controle rigoroso de propriedades mecânicas, as peças que
devam ser temperadas são primeiramente normalizadas para assegurar um refino e uma
uniformidade na granulação. Esse tratamento provocando uma reação por nucleação e
crescimento com velocidade de nucleação elevada, devido ao esfriamento relativamente
rápido, produz uma decomposição dos grãos de austenita num maior número de colônias de
grãos de perlita. A tempera sendo uma reação de cisalhamento não tem efeito semelhante
embora um grão de austenita se transforme em várias agulhas de martensita, porque, a
reação de transformação se dá somente no interior do grão, sem se estender aos vizinhos,
como no caso da perlita que forma colônias de grãos (fig. 284, 348. 354. 356|).
Num processo de ruptura por sobrecarga de um material martensítico sempre se
observa que a fissura se desenvolve nos contornos dos grãos da austenita original (fig. 262),
o mesmo não ocorrendo com os aços perliticos onde a fratura além de intergranular é
também trans-granular.

Influencio do falto de homogeneidade do austenita

A falta de homogeneidade da austenita pode decorrer da presença de impurezas não


solúveis (inclusões), ou da presença de partículas de carboneto não dissolvidas, ou mesmo
de áreas de ferrita, como no caso dos aços hipoeutetò dês temperados de dentro da zona
crítica.
A presença ama» fases favorecem as reações isotérmicas por constituírem núcleos
para as transformações, de modo que diminuem a
temperabilidade (fig. 398).

Influencio do composição química

A presença de átomos de . elementos de liga num cristal de austenita provoca


alterações locais que afetam não só a mobilidade do carbono, mas principalmente a
velocidade de nucleação de novas fases. Os elementos de liga, com exceção do níquel e do
cobalto, aumentam a velocidade de difusão do carbono na austenita, porém todos eles,
exceto o cobalto, aumentam a temperabilidade, isto é, dificultam as transformações por
nucleação e crescimento. Isso mostra que seu efeito no mecanismo de íormaçâ novas fases
que exijam alterações locais de composição é retardador.

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Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns - Prof. Hubertus Colpaert
Resumo - Capitulo IV

5. DEFINIÇÃO DOS TRATAMENTOS TÉRMICOS QUE


ENVOLVEM CONTROLE DE ESFRIAMENTO

Baseando-nos no que acaba de ser exposto, podemos então os tratamentos térmicos


do seguinte modo:
Recozimento é o tratamento por resfriamento continuo que provoca a transformação
da austenita num produto constituído por perlita, associada, no caso dos aços
hipoeutetóides, à ferrita e no CMO dos hipereutetóides, partículas de cementita. A fig. 401
mostra a curva d esfriamento contínuo que dá origem a esses constituintes.
Como as curvas do diagrama de esfriamento contínuo e ac do de transformação
isotérmica estão muito próximas nessa região há inconveniente em se definir o tratamento
de recozimento por ama curva de esfriamento lento, num diagrama TTT.
(Normalização é o tratamento) por resfriamento continuo, que provoca a transformação da
produto constituído por perlita fina, associada, ou não, a grãos pequenos de ferrita, ou a
partículas finas de cementita. E' portanto, uma transformação resultante da esfriamento
contínuo, com velocidade moderadamente alta, de modo a interceptar as regiões de
formação de ferrita e de perlita. do lado esquerdo, não atingindo porém as faixas de
formação de bainita. ou de martensita. (Fig. 402).
Recozimento isotérmico é o tratamento que produz uma transformação isotérmica
da austenita em temperatura superior à do cotovelo da curva em C, de modo a dar uma
textura perlítica. Geralmente por razões de ordem econômica, a escolha da temperatura é
feita de modo a interceptar as curvas em C num ponto onde a transformação seja mais
rápida (Fig. 403).
Austempera é o tratamento que provoca uma transformação isotérmica da austenita
em temperatura inferior à do
cotovelo da curva em C. de rondo a dar como produto uma textura bainítica <Fig 404).
Tempera é o tratamento por esfriamento continuo que promove a transformação da
austenita em martensita. em temperaturas abaixo da temperatura M..
Se a temperatura final do tratamento for superior à temperatura M. do fim da reação
martensítica, parte da austenita permanecerá associada a martensita, recebendo a
denominação de "austenita retida".
Como nos resfriamentos rápidos necessários para a tempera, a velocidade de
esfriamento da superfície é sempre maior que a do núcleo da peça. aquela se transforma
primeiro em martensita e por ocasião da transformação do núcleo aparecerão tensões
residuais de tração na superfície, que poderão dar origem a fissuras. A fig. 405 indica o
processo de esfriamento para tempera.
A diferença entre a temperatura da superfície e a do núcleo, no momento de entrada
no campo de formação de martensita, pode ser eliminada interrompendo-se o esfriamento
por alguns segundos, acima da temperatura M.. Esse tratamento se denomina martempera
(fig. 406), e o produto final é também martensita, porém, com menor concentração de
tensões residuais.
O efeito desses tratamentos nas propriedades mecânicas dos aços fica
implicitamente definido pelas propriedades dos constituintes que neles se formam. Já vimos
que a ferrita é um constituinte
mole, dúctil e de baixa resistência mecânica. As perlitas são mais dons. mais resistentes,
porém, menos dúcteis. As perlitas finas são mais resistentes, tenazes e possuem apreciável

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Resumo - Capitulo IV

ductilidade. As martensitas são constituintes duros, altamente resistentes, resilientes e


martensitas, em geral, são os mais duros, porém, frágeis.

Se definirmos os tratamentos térmicos somente em função das condições de


resfriamento do campo austenítico e das propriedades do produto obtido, teríamos que
definir a tempera como um processo de resfriamento rápido que provoque o endurecimento
do aço. Essa definição não é satisfatória porque aços altamente ligados temperam sem que
seja necessário um esfriamento rápido. Aços que têm a temperatura M. abaixo da
temperatura ambiente não endurecem por tempera, por mais rápido que seja o resfriamento.
Aços de baixo teor de carbono, embora dêem uma textura martensítica na tempera,
amolecem com esse tratamento, com relação ao material que apresente cementita
finalmente dispersa.

6. PROFUNDIDADE DE ENDURECIMENTO PELA TEMPERA

Quando peças de diferentes, mas de forma e tamanho idênticos, são aquecidas à


mesma temperatura e depois resfriadas por imersão num liquido, todos os pontos
correspondentes nessas peças.
esfriam praticamente com a mesma velocidade craficamente pode-se representar as
condições de esfriamento de uma peça por um feixe de curvas de esfriamento, delimitado
por uma curva de velocidade máxima, que corresponderá a velocidade de esfriamento da
superfície e por uma curva de velocidade mínima, correspondente ao centro da secção mais
espessa, como mostra a fig. 408.
O endurecimento que essas velocidades de esfriamento poderão produzir nas citadas
peças, dependerá das características de temperabilidade do aço de que cada uma é feita, isto
é, dependerá da sua composição química, tamanho de grão, quantidade e distribuição de
inclusões, etc. Essas características são expressas pela forma e posição das curvas doe
diagramas TTT, ou de esfriamento contínuo, especificas a esse* aço*.
Na prática o problema não pode ser solucionado de um modo rigoroso, porque cada
aço tem características de temperabilidade* próprias e exigiria a determinação de um
diagrama de transformação achate para ele. Traçam-se então diagramas de aços com
composição definida. que se enquadram nos limites de composição dos aços de uma, e
categoria, e esses diagramas são utilizados para representar aproximadamente o
comportamento dos aços dessa categoria..
Por outro lado não é possível na prática se controlar com as condições de
esfriamento de uma peça de forma complexa, de modo que, a execução prática de um
tratamento térmico não permite controle absoluto das transformações que possam ocorrer.
Quando o feixe de curvas de esfriamento intercepta o diagrama de transformação
teremos a formação de constituintes mas note, como as perlitas, o que torna necessário
convencionar entre um material completamente endurecido por tempera e que não tenha
sofrido endurecimento.
Nos tratamentos com resfriamento continuo observa-se uma transirão gradual de
dureza entre as partes endurecidas e as não esxterecidas. Pode-se então adotar o meio dessa
faixa de transição cano limite da zona endurecida (fig. 409).
O exame metalográfico revela que a faixa endurecida possue mais de 50'! de
produtos aciculares (martensita e bainita) e a não endurecida mais de 50% de produtos
lamelares, como mostra a fig. 410.

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Resumo - Capitulo IV

Nestas bases uma peça representada pelas curvas da fig. 411 seria considerada
totalmente endurecida pela tempera e a fig. 412, não endurecida. Um caso de
endurecimento parcial como o da fig. 409 corresponderia às condições descritas pela fig.
413.
A espessura da parte endurecida recebe o nome de profundidade de endurecimento e
se fixamos as condições de esfriamento (dimensões e forma da peça e meio de tempera) ela
pode ser utilizada como uma indicação da temperabilidade do material.
A mudança do meio de tempera (água, óleo, etc.) modificar» as velocidades de esfriamento
de uma mesma peça.
Antes de passarmos aos dados numéricos fornecidos pelos de temperabilidade,
convém que se faça menção à classificação adotada pela SAE (Society of Automotive
Engineers) para os diferentes tipos de aço. Nessa classificação os dois primeiros algarismos
definem o tipo do aço e os dois últimos (xx) o teor de carbono em centésimos de l%.

Ensaios de temperabilidade

Encontram-se freqüentemente publicados os resultados de experiências realizadas


com barras de vários diâmetros, feitas com diversos e temperadas em água e em óleo. Essas
amostras foram depois seccionadas transversalmente, a uma certa distância das
extremidades, e sujeitas a ensaios de dureza ao longo de um diâmetro.
Os valores encontrados foram consignados em gráficos, como indica a fig. 414, nos
quais se pode acompanhar a variação da dureza desde a superfície até o centro.
Da semelhança dessas curvas com a letra "U", veio a designação de "curvas em U".
Esses gráficos podem ser sobrepostos e servem de referência para os valores
aproximados, que podem ser esperados quando se tempera em água ou em óleo uma barra
de certo diâmetro feita de um determinado aço.
A título de exemplo damos na fig. 416 valores para tempera em água e em óleo de 5
tipos de aços, cada qual ensaiado com amostras de diversos diâmetros, variando de 1/2" a
5".
Para ressaltar melhor a influência que podem exercer certos elementos de liga como
o cromo e o níquel, juntos, no aumento da capacidade do aço endurecer pela tempera,
apresentamos lado a lado, na fig. 415, os casos extremos da fig. 416.
A fig. 415 evidencia como, no caso do aço comum com 0,4Sc de carbono, a
profundidade de tempera diminui à medida que diâmetro da peça aumenta e como cai a
valores baixos, quando a tempera se processa em óleo. E' flagrante o contraste do seu
comportamento com o do aço níquel cromo SAE 3340, com o mesmo teor de carbono. Este
aço endurece ao máximo, de fora a fora, mesmo no caso de peças de 5'.' de diâmetro. Além
disso, atinge-se o mesmo resultado quando se tempera esse aço em óleo.
São conclusões extremamente interessantes para os casos em que se busca obter uma
dureza nu em peças de formas complexas, que não suportam variações BÜ bruscas de
temperatura, como as que ocorrem na tempera em óleo.
Não obstante a grande quantidade de experiências já quando há necessidade de se
conhecer a profundidade do endoreomento, no caso de peças de certa responsabilidade,
fazem-se ensaios com o aço com o qual serão feitas.
Um dos ensaios mais usados para esse fim é conhecido por enchas Jominy, que
consiste em temperar, em dispositivo especial, um de prova cilíndrico com determinadas
dimensões. A tempera é '. um jato de água contra a base inferior do cilindro (fig. 4171
Impressões de dureza Rockwell-C feitas ao longo de uma geratriz desse, a começar da base
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Resumo - Capitulo IV

temperada, permite traçar a curva indicativa 4a maneira com que a dureza diminui, à
medida que os pontos examinados se distanciam da base que recebeu o jato dágua. Uma
diminuição dos valores da dureza até regiões afastadas da base, revela tratar-* um aço
capaz de endurecer pela tempera até apreciável (deep hardening), curva l da fig. 418, ao
passo que uma queda l nesses valores, logo nas primeiras determinações, isto é naquelas
feitas junto à base temperada, significa que esse aço tende a tornar tempera somente
próximo da superfície (shallow-hardening), curva 2 da fifc. citada.
Como o ensaio Jominy não dá resultados significativos para os aços de baixa
temperabilidade, é preferível empregar-se para esses aços as curvas em "U", que podem ser
expressas por três números, que recebem a denominação SAC. O primeiro é a dureza da e
em unidades Rockwell C, o segundo é a área delimitada pela curva e a ordenada zero
Rockwell C, e calculada por:
1" 1
S Dureza média R x ---- pol.
o 16

e o último número é a dureza do centro do corpo de prova também em unidades Rockwell


C.
A tempera é feita em água, em dispositivo especial para garantir a máxima
velocidade de esfriamento e o corpo de prova é um cilindro de l x 4 polegadas.

Cuidados a observar na tempera Aquecimento

As precauções a tomar no aquecimento são as mesmas do rã mento: aquecer


uniformemente e prevenir a descarbonetaçi cão e a deformação das peças.
As peças a serem temperadas podem ser aquecidas cm mufla. que é o processo mais
usado, ou em banhos de chumbo, sais. O chumbo permite aquecimento até 870°C e as
peças aproximadamente quatro vezes mais depressa . Os vapores dos banhos de chumbo
são, porém, saúde. Com os sais podem-se fazer aquecimentos até 1300 C Empreça se
cloreto de sódio, carbonato de sódio, cloreto de báric de outros sais, se desejar baixar seu
ponto de fusão ou f carbonetação. Estes banhos deixam uma película de sal sobre a da peça,
que as protege no momento da transferência par» : de resfriamento.
De um modo geral, os banhos têm a vantagem de aquecer i fortemente as peças e
protegê-las contra a oxidação pelo ar.
A temperatura adequada a ser atingida pela peça e o temp manência a essa
temperatura são os mesmos já citados no rã (ver fig. 375). Convém repetir que esse gráfico
só é válido para c ao carbono. Não é aplicável aos aços que contém certos como níquel,
cromo, vanádio, tungstênio, manganês, silício, de. de determinados teores, porque nesses
casos são considerados i e sua zona critica difere da dos aços carbono.
Quando se temperam aços, principalmente os de mais de 0,9% de carbono, de
temperaturas demasiado elevadas, o material torna-se excessivamente duro e também
quebradiço devido ao excesso de carbono que entra em solução na austenita. Esses
tratamentos dão martensitas grosseiras como a da fig. 419.

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Resumo - Capitulo IV

Esfriamento (Tempero).

Á escolha do banho depende da tempera que se quer dar e da qualidade do aço a ser
tratado, porque certos aços trincam e empenam quando temperados era água e só suportam
tempera branda.
Com exceção de alguns aços-liga que endurecem pelo simples esfriamento ao ar
(tempera ao ar), o esfriamento praticado na tempera comum é habitualmente rap.do. Para
esse fim, as peças, depois de devidamente aquecidas e homogeneizadas na temperatura de
austenitização. são em seguida mergulhadas em líquidos.
Como a absorção de calor por um liquido depende principalmente de soa natureza, e
de sua temperatura, são vários os líquidos usados, conforme a velocidade de esfriamento
desejada.
a) Água e soluções aquosas de: sais, ácidos ou glicerina
b) óleos: minerais, vegetais ou animais,
c) Chumbo fundido, ou sais fundidos.

Considerando a rapidez de esfriamento produzida, esses líquidos poderiam ser


citados, na seguinte ordem, na qual a água, à temperatura ambiente e sem agitação. é
tomada como unidade.
A água é um meio de tempera bastante eficiente e econômico. À medida, porém,
que ela aquece, sua capacidade de tempera diminui a ponto de, perto da temperatura de
ebulição, ser apenas de um décimo.
As soluções de cloreto de sódio acima de 10'v não são recomendadas. As peças
devem ser muito bem enxaguadas depois da tempera, porque o sal acelera a corrosão.
As soluções de soda são igualmente usadas em concentrações baixas. Dão às peças
uma cor clara e não as enferrujam. Estas soluções devem ser manipuladas com cuidado
porque são cáusticas.
As soluções aquosas de glicerina fornecem banhos de tempera intermediários entre
a água simples e o óleo.
Os óleos são meios de tempera em geral brandos, empregados quando há perigo de
empenamentos, trincas, tensões n ternas excessivas Dos óleos, os minerais são preferidos
por serem menos sujeitos a se deteriorarem com o uso. Os óleos vegetais e animais têm
ainda a desvantagem de desprender odores desagradáveis.
Na escolha de um óleo para tempera deve-se levar em consideração sua capacidade
de tempera, sua estabilidade, facilidade de baixo custo, sua passividade química em face do
metal quente e não ser muito inflamável.
Os banhos de tempera se tornam mais brandos à que se aquecem. No caso de óleos
grossos a diminuição de sua visco o aquecimento pode sobrepujar, pelo menos entre certas
temperatura o efeito abrandados que o aquecimento exerce sobre a capacidade de tempera
de banho. Isso pode conduzir a resultados inesperados na tempera.
Banhos de sal fundido são usados entre 160 e 450*C chumbo, acima de 327°C.
Empregam-se nos tratamentos como a austempera e a mar tempera, que são temperas em
banhos nos quais as peças permanecem algum tempo antes de prosseguir no seu
esfriamento.
Na austempera ficam no banho até a austenita se transformar no constituinte
acicular, bainita. Na martémpera, as peças ficam no banho aquecido a cerca de 200°C,
apenas até igualar a periferia e o centro da peça, enquanto o aço ainda está austenítico;
depois o esfriamento pode prosseguir, obtendo-se martensita com menor perigo de trincas
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Resumo - Capitulo IV

ou empenamentos. Á martémpera avio dispensa o revenido quando é preciso atenuar a


fragilidade dai peças ou, alcançar boas propriedades elásticas.
É preciso que o volume do banho esteja em proporção com o tamanho da peça que
se quer temperar, porque, como já foi dito. a capacidade de um liquido absorver calor
diminui com a elevação de soa temperatura; portanto, se o líquido for insuficiente, ou se
temperam várias peças com pequeno intervalo de tempo, no mesmo banho, o aquecimento
excessivo pode produzir uma tempera branda, quando se desejaria fosse violenta.
É importante também agitar a peça no banho durante a tempera para assegurar um
esfriamento mais rápido e uniforme. Se não se agitar, a pressão do vapor que se desenvolve
junto à peça, impede a aproximação de novas camadas líquidas e o esfriamento se torna
"mm* lento, prejudicando os resultados da tempera. Quando a peça é muito grande, agita-
se o líquido do banho.
Com banhos inflamáveis é preciso tomar cuidados especiais, abafando as labaredas
por meio de uma cobertura qualquer que dificulte o acesso ou renovação do ar à sua
superfície.

7. CONSTITUINTES DOS AÇOS TEMPERADOS

Para clareza convém recapitular os seguintes fatos que com a austenita quando o
esfriamento é lento:
1.° — Há separação de ferrita, ou de cementita. na critica, conforme se trate de aço
hipoeutetóide ou hipereutetã
2.° — Todo o ferro gama se transforma em ferro alfa ao linha inferior da zona
crítica, porque nessa a quantidade de carbono na austenita atinge a linha a precipitação da
cementita baixa localmente carbono da austenita, favorecendo a nucleação de
3.° — Pelo mesmo mecanismo, o crescimento da ferrita uma elevação no teor de
carbono da austenita adj favorecendo a nucleação de cementita.
Esse processo de nucleações e crescimentos alternados de e de cementita, dá origem à
perlita.
Quando o esfriamento é muito rápido, os fenômenos atada se dão, porque: a) a
migração dos elementos exige tempo, mormente a do 1.° item; b) essa migração é
extremamente ! abaixo de certas temperaturas.
Em conseqüência, os esfriamentos bruscos transformam a numa solução sólida
supersaturada de carbono no ferro alfa. EMa textura toma o no de martensita e se revela ao
microscópica característico. Depois de um ataque mais demorado, vém-se finas es retas, às
vezes pouco pronunciadas e difíceis de serem postas entrecortando-se segundo três
direções, como triângulos (figs 4t 424). Essas três direções são vestígios dos traços dos
planos da austenita, que sofreram os escorregamentos na martensítica.
No sistema cristalino do ferro gama os átomos de acomodam perfeitamente e não
estorvam os deslizamentos quando o aço é deformado. Por isso, a austenita é relativamente
Mas, na martensita, o ferro está numa forma alfa modificada pé excesso de carbono, cuja
presença estorva as deformações plásticas a tal ponto, que elas se tornam praticamente
impossíveis. Dai a grã dureza da martensita.
Quando o esfriamento é menos brusco, já se torna posshrei um começo de
transformação da austenita a temperaturas superiores.
Consiste essa transformação, como já foi dito, na separação do ferro alfa e do
carboneto sob a forma de uma textura lamelar ultraíma. que toma o nome de troostita. As
áreas onde essa transformação Já se deu são fortemente escurecidas pelos reativos
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Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns - Prof. Hubertus Colpaert
Resumo - Capitulo IV

micrográficos (fig A textura lamelar da troostita só pode, porém, ser verificada pelo
microscópio eletrônico, com ampliação superior a 3.000 x, fig 426.
As áreas de austenita, que não se transformarem em troostita vão se transformar em
martensita a temperaturas mais baixas.
Isto posto, pode-se dizer que, à medida que os esfriamentos forem praticados de
modo menos brusco, observar-se-ão quantidades de troostita cada vez maiores - desde
O',, quando a curva de resfriamento toca a extremidade esquerda do diagrama da
transformação em resfriamento contínuo. Em temperatura mais baixa poderá ser
interceptada a zona da formação de bainita. A textura de todos os aços com mais de 0,3'é de
carbono, cujo esfriamento atravessa essas regiões será, pois, troostita, bainita e martensita
(figs. 229 a 233). Dos aços com menos de 0,3'< de carbono falar-se-á mais adiante.
A dureza do aço cai rapidamente à medida que a percentagem de martensita diminui
e a de troostita aumenta. Quando a troostita se apresenta em rede contínua, como na fig.
432, a dureza do aço é mais baixa do que se tivesse a mesma percentagem de troostita.
porém, esparsa a esmo, pois a dureza tende para aquela do constituinte continuo.
Para esfriamentos à direita dos d agramas de resfriamento continuo já começa em diversos
pontos a ter havido tempo suficiente para que as texturas lamelares formadas, embora ainda
finíssimas, já sejam discerníveis ao microscópio comum, com luz perpendicular à
superfície e 1000 aumentos. Às texturas mistas, nas quais há regiões com texturas lamelares
discerníveis e outras indiscerníveis ao microscópio comum, chamamos de troosto-perlita
' (figs. 43õ a 439).
Com velocidades de esfriamento da ordem que estamos considerando agora, já se
pode notar também, nos aços comuns com menos de 0.6'; de carbono, os primeiros indícios
da formação de uma rede de ferrita. É que os fenômenos citados no item 1.°, da página 253
que ficaram suprimidos nos esfriamentos mais rápidos, começam agora a se manifestar com
intensidade cada vez maior, à medida que nos aproximamos dos esfriamentos lentos,
francamente à direita dos diagramas de transformação. As figs. 410 e 440 sintetizam
gràficamente o que acaba de ser dito.
Os aços doce e extra-doce, não endurecem apreciavelmente pela tempera e os
valores obtidos são também muito variáveis.
A faixa de temperaturas na qual se dá a separação da (zona crítica) nesses aços, é muito
ampla, de modo que o tempo necessário à sua transposição, mesmo que o esfriamento possa
ser rápido, é, em geral, ainda suficiente para que precipite uma carta quantidade de ferrita.
antes de terem início as outras transformações. Por isso, encontram-se nesses aços, quando
temperados, os grãos de martensita ou de martensita e troostita, contornados por uma rede
de ferrita (fig. 445). Essa rede apresenta-se freqüentemente com saliências em forma de
espinha de peixe. Quando se encontram simultaneamente martensita, ferrita e troostita, esta
última se localiza quais sempre entre a ferrita e a martensita.
Nas figs. 441 a 444 é apresentado um exemplo prático do que acaba de ser exposto:
o tratamento térmico das enxadas calçadas. A lâmina aquecida até cerca de 800°C é
parcialmente mergulhada em água, como se vê na fig. 441. Com esse tratamento a faixa
temperada endurece apenas na camada constituída por aço com teor de carbono mais alto. A
parte de aço doce praticamente não endurece, por serem insuficientes não só o teor de
carbono (0,1 a 0,2'l), como também a temperatura de tempera para esse aço. A lâmina é em
seguida submetida a um revenido para atenuar a fragilidade da região temperada.
As bainitas (fig. 420 e 421), como vimos, são produtos de transformação isotérmica,
que ocorrem abaixo do cotovelo das curvas TTT (fig. 392). Somente em certos aços e ferros
fundidos com elementos de liga é que se pode obter bainitas em esfriamento continuo.
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Examinadas ao microscópio ótico as bainitas superiores têm o aspecto de penas de


aves, quando isoladas em áreas martensitas. e as inferiores têm o aspecto de agulhas de
martensita. escuras. Coni o auxílio do microscópio eletrônico pode-se ver que as bainitas
superiores são áreas alongadas de ferrita, formadas sobre a ferrita proeutetóide dos
contornos dos grãos, e com uma precipitação de partículas e cordões de cementita paralela
á direção maior da área
As bainitas inferiores são agulhas longas e estreitas de ferrita, com plaquetas finas
de cementita precipitadas paralelamente a uma direção que forma com o eixo da agulha um
ângulo de !
A transição entre todos os constituintes formados isoténnicamente é gradativa e se
manifesta em faixas de temperaturas e não em temperaturas fixas, de modo que, a
diferenciação micrográfico entre esses constituintes semelhantes, formados num
esfriamento continuo, é difícil.
As bainitas têm dureza e resistência equivalentes à dos mesmos aços temperados e
revenidos na temperatura de formação da bainita. porém, estas têm ductilidade muito
superior à dos produtos obtidos por tempera e revenido.
Em peças que sofram solicitações por flexão, ou por torção, como a quais totalidade das
molas, essa microestrutura proporciona maior elasticidade ao material.
Para exemplificar, um arame de aço de 5 mm de secção, com 0,85'. de carbono, dá
as seguintes propriedades mecânicas, quando sua dureza de 50 R, foi obtida por tempera e
revenido, ou por austempera.
O tratamento de austempera tem limitações de ordem técnica e de ordem
econômica.
Como o meio de resfriamento está em temperatura superior a 200°. a velocidade de
esfriamento tende a diminuir e as curvas de esfriamento poderão tocar as zonas de
transformação em alta temperatura, dando perlita. Por essa razão o cotovelo das curvas em
C não deve estar muito próximo do eixo das ordenadas e portanto, só devemos utilizar no
caso de aços comuns os que tenham mais de 0.5' mesmo porque esse tratamento só
apresenta vantagens para durezas superiores a 40 R .
O emprego de aço liga. se por um lado soluciona o problema da posição do cotovelo
da curva TTT, por outro, torna o processo antieconômico para transformações em
temperaturas mais baixas porque a faixa de formação de bainita poderá se estender de horas
a dias
Por esses motivos o tratamento de austempera só é recomendado para pecas de aço
carbono, ou de baixa liga e de pequena espessura (até 10 mm).

8. TEMPERA DE DENTRO DA ZONA CRITICA

Dentro da zona critica, quer no aquecimento quer no esfriamento, há sempre a


presença de austenita e um outro constituinte que é ferríta, ou cementita, conforme o teor de
carbono do aço. Se a tempera se der nessa ocasião, encontrar-se-ão na peça temperada,
além dos constituintes comuns da tempera (martensita, ou martensita e troostita), áreas de
ferrita ou de cementita, as quais praticamente não se alteram pelo esfriamento brusco.
A questão do deslocamento da zona crítica para cima, no aquecimento, e para baixo,
no esfriamento, assunto já abordado na fig. 369, tem aqui uma importância capital.
A fig. 446 mostra um exemplo baseado em resultados experimentais de um estudo
feito com aço comum de cerca de 0.5'; de carbono. As duas temperas A e B, feitas

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Resumo - Capitulo IV

respectivamente das temperaturas de 700° e 735°C, deram origem às texturas representadas


nas figs. 447 a 450.
Nas duas primeiras vê-se a rede de ferrita. que estava formada em torno da austenita
no momento da tempera, ao passo que nas duas seguintes, nota-se, pelos contornos
côncavos da ferrita. que esta estava sendo absorvida pela austenita.
Se a tempera A tivesse sido feita de 735°C. a textura seria totalmente martensítica, porque a
essa temperatura o aço ainda estaria acima da zona crítica e, portanto, austenítico.
Por outro lado, se a tempera B tivesse sido feita de 700°, a textura do aço
continuaria inalterada, isto é, constituída de ferrita e perlita. A dureza Brinell no primeiro
caso seria da ordem de 660 e no segundo, aproximadamente 200.
Apenas com caráter didático e informativo, são reproduzidos, nas figuras adiante
citadas, alguns aspectos da textura de pequenos corpos de prova de aço doce temperados
em diversas condições: I) drasticamente (em água fria), fig. 454; II) brandamente (em água
fervendo), fig. 445; III) drasticamente (de dentro da zona crítica) — a) na descida, ao
atingir 750°C, fig 455; b) na descida, após permanecer 10 minutos a 750°C, fig. 456; c) na
subida, após permanecer alguns momentos a 780°C, fig. 457.
Os aços temperados de dentro da zona crítica não apresentam grande interesse
prático, porque a dureza atingida é menor e em geral irregular. O motivo que nos leva a
abordar o assunto com certa minúcia, é a necessidade de chamar a atenção não só para a
influência de pequenas variações de temperatura na região da zona crítica, como também a
importância do sentido em que a temperatura está variando. Quer dizer: quando a
temperatura de tempera possa estar entre os limites em que pode variar a zona crítica, é
preciso saber se essa temperatura foi atingida por aquecimento, ou por esfriamento de
temperaturas acima da «ma critica. Além disso, o autor deseja apontar também o auxilio
que a micrografia pode prestar para encontrar a origem de certos insucessos na tempera,
principalmente casos de dureza baixa em aços aparentemente bem temperados.
Deseranjos romeiros, falta de homogeneidade na temperatura do forno ciência de
permanência à temperatura adequada, demora entre o momento de tirar a peça do forno e
sua tempera, erro na apreciação do teor de carbono, presença de certos elementos de liga
que exijam tempo superior ao normal para se processar a austenitização, etc., são causas
que passam as vezes, ou cuja importância é substimada e que são entretanto as responsáveis
pelas anomalias.
A presença de pequenas áreas esferoidais de cementita no aço comum rico em
carbono e temperado, significa que, antes do tratamento térmico, os carbonetos estavam
provavelmente coalescidos e no momento da tempera a sua absorção pela austenita não se
tinha ainda operado por completo. Isto pode acontecer não só quando a tempera é feita de
dentro da zona critica, como quando a permanência a temperaturas acima da referida zona é
demasiado curta, pois a dissolução da cementita é um pouco demorada, principalmente se
se achar sob a forma globular.
Note-se que as observações acima referem-se aos aços comuns não hipereutetóides.
Em alguns aços-liga com alto carbono, contendo, por exemplo, tungstênio. cromo,
manganês, etc., acima de certos teores, formam-se carbonetos duplos, ou complexos, que às
vezes subsistem na textura do aço, qualquer que seja o tratamento térmico que ele tenha
sofrido (figs. 458 a 459).
A tempera, ou melhor, o esfriamento brusco feito de qualquer temperatura .abaixo
da zona critica, normalmente nenhuma influência exerce nas propriedades mecânicas e na
textura dos aços comuns.

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Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns - Prof. Hubertus Colpaert
Resumo - Capitulo IV

9. REVENIDO

A tempera modifica profundamente as propriedades dos aços algumas delas tomam


valores altos: a dureza, a resistência à tração, etc., mas. outras, como a resistência ao
choque, o alongamento, a estricção, caem a valores muito baixos. Além disso, o material
fica com tensões internas apreciáveis.
O revenido é o tratamento que vem corrigir esses inconvenientes, restituindo ao aço
grande parte das propriedades perdidas, sem afetar muito aquelas visadas pela tempera.
A resiliéncia à flexão ou à torção e a resistência ao choque são elevadas
notavelmente pelo revenido. Por esta razão costumam ser temperados e revenidos quais
todos os tipos de molas. Assim podem suportar cargas e deformações maiores do que com
qualquer outro tratamento, sem se romper e. retirada a carga, voltar praticamente à forma
primitiva. A fig. 460 ilustra essas asserções
O conjunto A representa 3 molas, de forma idêntica, feitas do mesmo aço, sendo a
primeira temperada (T), a segunda, temperada e revenida (TRv) e a terceira, recozida (Re).
Antes da experiência elas são exatamente do mesmo comprimento.
Submetidas a uma pequena carga, as três se alongam igualmente (conjunto B) e,
descarregadas, voltam ao tamanho inicial.
Aplicando-lhes uma carga maior, da ordem do escoamento da mola recozida, esta se
alongara muito mais do que as duas primeiras, cujas distensões serão iguais. Retiradas as
cargas, verificar-se-á (conjunto C), que as duas primeiras voltaram ao seu comprimento
inicial, enquanto a mola, no estado recozido, apresenta uma deformação permanente
bastante pronunciada, o que desaconselha o seu uso para esse fim.
O conjunto D mostra o que sucede com as duas primeiras, quando sujeitas a cargas
ainda mais elevadas: a mola temperada e revenida começa a distender-se um pouco mais do
que a temperada, em virtude de um pequeno escoamento das fibras externas, ao passo que,
a mola simplesmente temperada, rompe-se bruscamente.
Do conjunto D deprende-se também que, para cargas dessa ordem, a mola
temperada exige um esforço maior do que a revenida para alongar-se, igualmente.
Removida a carga da mola revenida, notar-se-á um pequeno alongamento
permanente que, na maioria dos casos, não chega a para seu uso. A deformação permanente
que -ala agora apresenta, não aumentará, se ela for submetida a cargas inferiores àquela que
a causou.
A quebra prematura da mola temperada provém do seu baixo alongamento, que não
permite escoamentos locais para redistribuição de tensões, de modo que os pontos mais
solicitados na superfície rompem, produzindo zonas com concentrações de tensões ainda
maiores, devido à redução de secção junto às fissuras. Isto ocorre particularmente nos casos
de flexão e de torsão. nos quais as tensões máximas se localizam nas fibras externas da
peça. Defeitos, como pequenas trincas, escorvam a fratura que, uma vez iniciada, se
propaga instantaneamente a toda a secção.
O aço revenido, além de apresentar tensões residuais consideravelmente menores,
possue certa capacidade de alongar-se e assim, antes da fibra mais solicitada romper-se, ela
se alonga, descarregando parte das tensões às fibras vizinhas, menos solicitadas.
Com efeito, observando-se o conjunto E, ver;fica-se que a mola revenida suporta
cargas maiores ainda, com grande distensão. e, novamente descarregada, apresenta uma
deformação permanente relativamente pequena em comparação com aquela suportada sob
carga. Tão boa flexibilidade se consegue com um revenido a temperatura adequada. Com
um revenido a temperaturas mais baixas, a deformação permanente seria menor, porém, o
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Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns - Prof. Hubertus Colpaert
Resumo - Capitulo IV

perigo de uma ruptura aumentaria. Com um revenido a temperaturas mais altas, as


deformações permanentes, seriam maiores e ocorreriam sucessivamente a cargas mais
baixas, até confundir-se com as da mola recozida.
Quando essa demonstração é feita com auxilio de um dispositivo apropriado, que
permita medir a carga e o alongamento, pode-se traçar o gráfico da fig. 461.
Em ensaio de tração normal, isto é, com corpo de prova reto, os esforços se repartem
melhor por toda a secção e verifica-se então que o aço temperado resiste mais do que o
revenido1", fig. 462.
Devido ao fato da solicitação nas molas helicoidais ser esforço de torção, a
resiliéncia da mola temperada e revenida, depois de um pequeno escoamento das fibras
superficiais, é maior do que a da mola simplesmente temperada, visto que ela é definida
pela área delimitada pela curva carga--deformação e o eixo das deformações.
No caso da solicitação por tração a resiliéncia do aço temperado é maior que a do
temperado e revenido, visto que o módulo de elasticidade de ambos é o mesmo e o limite
de escoamento do material temperado é mais elevado do que o do temperado e revenido. O
efeito do revenido é tanto mais intenso quanto mais elevada for a temperatura a que se
chegar e quanto mais tempo durar esse tratamento.
A figura 463 mostra a variação das propriedades mecânicas de um aço SAE 1050,
com o revenido.
Cores de revenido

Aquecendo-se em presença do ar, uma peça de aço lixada, polida, ou simplesmente


esmerilhada, forma-se na sua superfície uma película de oxido, que no início é muito fina e
decompõe a luz de modo a dar uma certa coloração à peça. Esta coloração, que ocorre entre
mais ou menos 220 e 320°C, para os aços carbono, depende da espessura da película, a
qual, por sua vez, é função de temperatura da peça.
Pode-se assim avaliar aproximadamente a temperatura a que está atingindo o aço ou
a que ele atingiu, pois a coloração correspondente a temperatura máxima permanece depois
de esfriado :

A tabela ao lado dá uma relação aproximada entre a temperatura e a coloração


correspondente1".
São as chamadas cores de revenido às vezes empregadas nas oficinas onde se
procede a têmperas seguidas de um revenido à baixa temperatura.
Certas ferramentas, como os ponteiros com que são desbastados os blocos de
granito, os operários aquecem numa forja e temperam somente a ponta em água fria. Logo
que a ponta se esfriou, passam uma parte desta rapidamente no esmeril para obter uma
superfície do metal isenta de oxido. O calor armazenado no corpo da ferramenta vai pouco
a pouco se propagando até a ponta temperada, que sofre com isso um revenido, cuja
temperatura pode ser acompanhada pelas cores, que sucessivamente, apresenta a parte
recém-esmerilhada. Atingida a temperatura desejada, mergulham a peça toda em água,
esfriando-a depressa para que o revenido não prossiga. Esta operação não tempera o corpo
da peça porque nesse momento já está abaixo da zona crítica
O tratamento que acaba de ser descrito, é às vezes impropriamente chamado dupla
tempera.

10.CONSTITUINTES DOS ACOS TEMPERADOS E REVENIDOS

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Resumo - Capitulo IV

O revenido começa a atuar de maneira perceptível somente acima de 150°. Abaixo


deva temperatura, o carbono disperso no ferro alfa forma uma solução sólida metaestável, a
martensita, que assim permanece indefinidamente, porque à temperatura ambiente ele não
tem mobilidade suficiente para se separar.
À medida que a temperatura se eleva acima de 150°, vai crescendo a mobilidade do
carbono e a separação se realiza de modo cada vez mais pronunciado, até que. a 600°, a
separação atinge um grau tal, que o aço, antes martensítico, apresenta-se agora com uma
textura característica, denominada sorbita, constituída de pequeninas partículas de
cementita. geralmente tendendo para a forma esferoidal, sobre um fundo de ferro alfa. isto
é, de ferrita (figs. 464 e 465) '-'.
Às texturas que ocorrem a temperatura mais baixas, quer dizer, àquelas em que a
separação ainda não está terminada, como por exemplo, a de um revenido a uns 450°, pode-
se dar o nome de texturas sorbiticas "'. Esta conservam, em geral, ainda bem visível e até
mais contrastado, o aspecto típico da martensita, porque um começo de separação do
carboneto torna o material mais atacável pelo reativo (figs. 466 e 467). Por outro lado se a
temperatura de revenido se leva até penetrar na zona crítica, o aspecto da textura passa a ser
o de um recozimento parcial (fig. 468). A fig. 469 dá uma apresentação do conjunto das
considerações que acabam de ser feitas.

11.TRANSFORMAÇÕES ESTRUTURAIS NO REVENIDO

A martensita. como vimos, é uma solução sólida, supersaturada e metaestável. de


carbono num reticulado de ferro tetragonal. com composição idêntica à da austenita que lhe
deu origem.
Sendo uma solução supersaturada, ela tem tendência a precipitar o excesso de
carbono e se transformar em ferro alfa. Essa separação do carbono, que se dá na forma de
carboneto, ocorre em vários estágios.
O primeiro estágio tem início acima de 150°, com a precipitação de carboneto t
(Fe,C hexagonal) e transformação da martensita numa martensita de baixo teor de carbono
(0.25'. C).
Esse estágio embora não provoque acentuada queda de dureza, ele proporciona um
apreciável alívio de tensões residuais.
A presença de um segundo constituinte, apesar de invisível ao microscópio, faz com
que a martensita ta revenida escureça mais rapidamente num ataque micrográfico.
O segundo estágio ocorre entre 250 e 400°. com o aparecimento de ferrita nos
limites entre a martensita de baixo carbono e o carboneto e com uma progressiva
transformação do carboneto c em cementita (Fe.C ortorrômbico). Neste estágio a
microestrutura ainda mantém o seu aspecto acicular
O terceiro estágio ocorre acima de 400° com urna separação completa da ferrita e da
cementita. Com a elevação da temperatura até 700°, há tendência para o crescimento dos
grãos de ferrita e esferoidização das partículas de cementita, dando a textura denominada
sorbita.
Se existirem elementos de liga do tipo substitucional, que formem carbonetos
estáveis, é neste último estágio que eles poderão se movimentar, com maior velocidade, e
substituir átomos de ferro da cementita. Vê-se portanto, que o revenido em alta
temperatura, não somente provoca a separação da cementita, mas também afeta a partição
dos elementos de liga entre a ferrita e a cementita. Assim sendo, para cada composição de
aço, podemos através da escolha da temperatura de revenido, obter qualquer limite de
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Resumo - Capitulo IV

resistência, ou de escoamento, entre o do material simplesmente temperado e o do


completamente recozido.
Em igualdade de resistência, ou de dureza, os aços temperados e revenidos têm
geralmente maior ductilidade. devido à maior uniformidade na distribuição da cementita.
As curvas da fig. 470 exemplificam o exposto no caso da dureza Brinell.
Os valores ai representados devem ser interpretados da seguinte maneira:
A curva dos aços temperados, que é a mesma da fig. 395, representa a dureza
máxima, que se pode obter com cada aço. Tratando-se de aço carbono, esses valores são
alcançados somente pela tempera de peças pequenas em água. Para certos tipos de aço-liga
esses valores podem ser obtidos em peças maiores, como se verifica na fig. 416.
A curva dos aços recozidos é válida para os aços comuns em peças de qualquer
tamanho porque sempre é possível esfriar lentamente, tanto uma peça grande como uma
peça pequena. Representa um valor aproximado, porque só estão ai considerados os teores
de carbono. Os teores de manganês, silício e fósforo e o tamanho dos grãos introduzem
pequenas alterações nesses valores.
A curva das durezas mínimas se refere ao estado completamente coalescidos. Esta
curva se afasta mais dos valores dos aços recozidos para teores mais elevados de carbono.
Para os aços carbono, os valores entre as duas primeiras curvas podem provir dos
seguintes tratamentos: tempera branda (martensita e troostita), tempera de dentro da zona
crítica (martensita e ferrita), tempera com tempo insuficiente de aquecimento (martensita e
ferrita), tempera e revenido (sorbita), normalização (troosto-perlita), encruamento (grãos
deformados) ou combinações desses tratamentos. Excluída a presença de elementos de liga,
cuja interferência às vezes complica a investigação da causa da dureza, as demais causas
apontadas, inclusive possível heterogeneidade proveniente de concentrações locais, são, em
geral, detectáveis pelo exame metalográfico.
Valores entre as curvas dos aços recozidos e dos coalescidos. podem provir de
coalescimentos parciais, afastada a hipótese de uma descarbonetação local. Também estes
casos são verificáveis micrograficamente.

12.COALESCIMENTO

Quando a temperatura do revenido se aproxima muito da zona critica e permanece


muitas horas na sua vizinhança, as pequenas partículas de cementita agrupam-se em
partículas maiores, formando glóbulos de cementita facilmente visíveis ao microscópio.
Diz-se então, que a cementita está coalescida ou esferoidizada, (figs. 471 e 472).
Este fenômeno pode ser acelerado fazendo a temperatura oscilar em torno de 723°
porque as partículas finas se dissolvem em menos tempo do que as grossas e no esfriamento
subseqüente a cementita vai se depositar sobre os restos das partículas mais grossas. Esta
oscilação aplicada aos aços recozidos também conduz ao mesmo resultado.
O coalescimentos chega a reduzir a dureza do aço às vezes a quais metade da que
possue no estado recozido (fig. 470). Isto permite uma economia apreciável na usinagem de
aços de elevado teor de carbono (principalmente os extra-duros, hipereutetóides), pois o
esforço exigido para essas operações se torna muito menor, podendo além disso, ser
executadas, freqüentemente com ferramentas comuns, em máquinas mais leves.
Os aços coalescidos, quando reaquecidos para serem recozidos, normalizados ou
temperados, precisam permanecer acima da zona critica mais tempo do que o normalmente
exigido, por ser a dissolução dos carbonetos no estado globular. mais demorada, fig. 473 e
474.
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Resumo - Capitulo IV

13.AÇOS RÁPIDOS

Quando discorremos sobre o revenido dos aços comuns, tivemos ocasião de mostrar
como a dureza, que o aço adquirira pela tempera, diminuía com a temperatura do
aquecimento (fig. 463).
Esta é a deficiência mais séria que apresentam as ferramentas
feitas de aço comum, cujo corte, durante o trabalho, está sujeito a aquecimentos de algumas
centenas de graus, como, por exemplo, ferramentas de torno, de plainas, dentes de serras,
brocas, etc.
Como o trabalho muito intenso aquece o corte da ferramenta, é necessário executar
o trabalho mais lentamente para dar tempo à dissipação do calor, ou então prover uma
refrigeração com água, ou óleo solúvel, etc., para evitar o aquecimento acima de 100°C.
A ferramenta que perdeu o corte por desgaste em trabalho normal pode ser reafiada
e com isso readquirir sua eficiência primitiva. Se, porém, a ferramenta perdeu o corte
porque aqueceu demais, então não adianta reafiá-la, pois o aço perdeu sua dureza e nesse
caso é preciso primeiro temperar de novo a ferramenta.
O desenvolvimento de aços-liga, especialmente os com cromo e tungstênio, trouxe
uma contribuição muito valiosa para o aperfeiçoamento de ferramentas. Esses aços têm a
propriedade de só perderem a dureza que adquiriram pela tempera, quando atingem
temperaturas da ordem de 650°. Por isso, as ferramentas feitas desses aços permitem um
trabalho mais intenso e mais rápido, porque o aquecimento não os afeta tanto. Daí o nome
de aços de corte rápido ou simplesmente aços rápidos com que são conhecidos. Um aço
rápido de emprego muito generalizado é o denominado aço 18-4-1, em cuja composição
entram 18r; de tungstênio, 4% de cromo e 1% de vanádio. Há ainda vários outros tipos de
aços nos quais intervém também o molibdênio e o cobalto como elementos de liga «". A
fig. 475 faz a comparação aproximada entre um aço carbono para ferramenta e um aço
rápido.
Convém não confundir esses aços com os metais duros como
o "Widia", "Carboloy", "Mitia", etc., que não são aços, mas pó de carboneto de tungstênio
duríssimo aglomerado por meio de cobalto por sinterização (processo especial empregado
na "metalurgia de pó"). fig. 476.

14.TRATAMENTOS PARA ENDURECIMENTO SUPERFICIAL

Na construção de máquinas, é freqüente precisar-se de peças dotadas


simultaneamente de uma boa resistência ao choque e uma dureza muito elevada para
resistir bem ao desgaste, como por exemplo, os dentes de engrenagens, certas matrizes para
estampagem, pinos móveis, eixos, articulações esféricas, etc.
O aço acima da zona critica, além de dissolver no estado sólido mais carbono, têm
também a propriedade de absorver este último, quando em contacto com substâncias
capazes de cedê-lo (cementos).
Esta propriedade, utilizada com certas precauções em peças feitas de aço doce,
permite elevar o teor de carbono junto à sua superfície, e, assim.aumentar a dureza da
camada periférica, conservando, entretanto, ductil o interior da peça, cuja composição não
se altera. O teor mais conveniente a atingir junto à superfície é o eutetóide (0,8';).

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Resumo - Capitulo IV

Na cementação pelo carbono empregam-se em geral comentos sólidos, mas quando


se visa introduzir no aço também o nitrogênio, ou somente este, empregam-se cementos
líquidos (cianetos fundidos), gases carbonetantes, ou nitretantes.
Os cementos sólidos são constituídos geralmente de carvão de madeira moído, não
muito fino, misturado com certos carbonatos. Estes têm ação meramente catalítica na
cementação. aumentando a proporção de CO em relação ao CO..
Um cemento simples, citado na literatura técnica e freqüentemente tomado para
termo de comparação, é o conhecido por cemento de Caron e cuja composição é de 40'. de
carbonato de bário e 60'í de carvão vegetal.
Como a cementação pelo carbono é uma operação demorada, exigindo em geral
algumas horas, a permanência acima da zona critica (900° a 1000°C) durante esse tempo
produz no material uma granulação grosseira (superaquecimento) '", fig. 477. E' pois
necessário regenerar a textura da peça cementada, isto é, tornar sua granulação mais miúda,
por meio da uma normalização.
A camada periférica é agora mais dura e está em condições de ser endurecida ainda
mais, se for submetida a uma tempera. Para isso, reaquece-se a peça a cerca de 770"C e
tempera-se, fig. 478.
Como se vê na fig. 479, esta temperatura é suficiente para temperar a parte
periférica de elevado teor de carbono, mas não altera muito as propriedades do núcleo da
peça, que conserva assim a sua ductilidade.
Poder-se-ia também, em lugar de recozi-la, temperá-la de mais ou menos 900° e depois
reaquecé-la até uma temperatura mais baixa (770°, por exemplo) e temperá-la de novo. Este
processo, também freqüentemente usado, é conhecido por dupla tempera e permite ao
núcleo tomar uma estrutura fina e tenaz, e, à periferia, uma alta dureza. Em seguida faz-se
sempre um revenido a 180° para o alivio de tensões. Esse tratamento diminuirá muito
pouco a dureza da camada cementada.
A penetração do carbono é habitualmente de cerca de mm e convém que a passagem
da camada cementada para a parte seja o quanto possível gradativa. Uma transição brusca
pode acarretar o destacamento da camada cementada, principalmente quando a peça tiver
de suportar choques na superfície. A espessura da camada cementada pode ser observada na
fratura da peça e também micrograficamente, depois de um ataque com reativo de iodo, por
exemplo, fig. 480. Ao microscópio pode-se apreciar com mais detalhe e observar melhor a
transição entre a parte cementada e o núcleo (fig. 481).
Como a penetração do carbono é influenciada pela composição química do aço. é
necessário que este esteja entre determinados limites para que se obtenha uma cementação
satisfatória. Tem influência importante o próprio carbono já existente no aço e o manganês,
cujos teores devem ser baixos. Certo teor de níquel é muitas vezes desejado, porque este
elemento atenua o crescimento exagerado dos grãos pela longa permanência acima da zona
crítica, além de aumentar a tenacidade do material
Quando, no esfriamento de um aço hipereutetóide (camada cementada, por
exemplo), se forma uma orla de ferrita entre os grãos de perlita e a rede de cementita que os
envolve, o aço é considerado anormal
Peças com essa textura tendem a apresentar "pontos moles" depois
de temperadas e a camada cementada é frágil.
A origem dessa textura ainda não foi satisfatoriamente explicada, admitindo-se,
entretanto, que o oxigênio presente no aço, influa na sua formação.
Além da cementação pelo carbono pode-se promover o endurecimento superficial por
nitretação. ou por cianetação.
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Resumo - Capitulo IV

A nitretação consiste em aquecer as peças de aço em forno adequado, no qual é


injetado amônia (gás). A temperatura conveniente à nitretação é de 500 a 550°C e sua
duração e da ordem de dias (40 a 90 horas). A essa temperatura, a amônia (NH:t) ê
decomposta e o nitrogênio penetra na camada periférica da peça, onde forma nitretos de
alta dureza. Os aços que melhor se prestam para esse tratamento são conhecidos por
"Nitralloy Steels" e contêm cromo, molibdèno, alumínio e um pouco de níquel. Antes da
nitretação, as peças são em geral temperadas e revenidas, para assegurar um núcleo tenaz e
tornar a textura da superfície mais propicia à nitretação, e, a seguir, são retificadas.
As peças depois de nitretadas não precisam ser temperadas de novo e atingem, na sua
superfície, dureza e resistência ao desgaste muito mais elevadas do que o máximo que se
poderia obter pela tempera.
Como não precisam ser esfriadas rapidamente, não ficam com tensões internas
apreciáveis e estão menos sujeitas a empenar, o que dispensa, em muitos casos, uma
retificação posterior. Peças nitretadas conservam sua alta dureza mesmo depois de terem
sofrido aquecimentos da ordem de 500°C, mas perdem-na a temperaturas mais elevadas. Só
uma nova nitretação lhes restitue a dureza perdida.
A nitretação tem o inconveniente de formar uma camada muito delgada (apenas
cerca de 0,5 mm para um tratamento de 40 horas) e de transição brusca para o material
subjacente. Na cementação pelo carbono, essa transição é mais gradativa.
A cianetação é praticada mergulhando as peças em sais fundidos contendo cianetos,
como por exemplo, o de sódio, a temperaturas entre 850 e 900°C. Por este processo as
partes superficiais das peças absorvem, além do nitrogênio, também o carbono. As peças
cianetadas são depois temperadas a partir do próprio banho, figs. 483 a 486. Quando há
necessidade de temperar de novo uma peça cianetada, seu aquecimento deve ser feito num
banho semelhante ao que serviu para a sua cianetação.
Os cianetos são sais extremamente tóxicos e seu manuseio exige certos cuidados.
Há ainda outros processos para o endurecimento periférico, tais como recobrir a
superfície com uma camada de solda de aço duro, ou então produzir um aquecimento
apenas superficial nas partes a endurecer e temperar imediatamente a região aquecida figs.
487 e 488. São processos relativamente modernos denominados pelos americanos "hard
sürfacing" e "surface hardening". respectivamente, ao passo que a cementação, tal como foi
descrita na página 289, eles denominam "case hardening".
O aquecimento superficial pode ser produzido por meio de maçaricos ou por meie
de indução de uma corrente elétrica de alta freqüência.

15.REVESTIMENTOS SUPERFICIAIS. SOLDAS. CALDEAMENTOS

Quando a superfície da peça é recoberta com uma camada de outro metal depositado
por meio de jacto (metalização), seu aspecto é facilmente reconhecível ao.microscópio (fig.
489).
Depósitos eletrolíticos são em geral mais finos do que os obtidos por imersão e
formam um película que acompanha todas as enfractuosidades da superfície da peça com
espessura mais uniforme (figs. 490 e 491).

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Resumo - Capitulo IV

O ferro eletrolítica. tal como é depositado, tem o aspecto da fig. 493; submetido a um
recozimento. sua textura torna-se semelhante à do ferro puro obtido per fusão comum (fig.
494).
Depósitos de aço extra-doce ou de aço duro feitos por solda elétrica, tanto para
restauração como para união, apresentam texturas características (figs. 495 e 496).
Nas figs. 497 a 501 pode-se observar a zona de transição entre material depositado por
solda e o material base, sem e com recozimento posterior. A fig. 503 mostra uma trinca com
penetração de cobre, fato constatado debaixo da solda de um cabo de cobre a do s trilhos
para uni-los elètricamente.
A seguir são apresentados vários exemplos de uniões por caldeamento: Exemplos de
caldeamento bons, figs. 504 e também 505 (em ferro de pacote); fig. 506 (caldeamento de
uma ferramenta) e fig. 507, outra ferramenta, depois de temperada; exemplos de
caldeamento imperfeito apresentando óxidos na linha de união, fig. 508 e outro onde
tratamento periférico (químico ou térmico) que lhe tenha alterado a textura nessa região.
O exame micrográfico de materiais assim tratados é habitualmente feito em secção
normal à superfície da peça.

16.PIROMETRIA

Á medida das temperaturas altas empregadas na metalurgia e em outras atividades, é


feita por meio de aparelhos chamados pirômetros. Estes aparelhos podem classificar-se em
dois grandes grupos: os que precisam ficar com uma de suas partes no ambiente cuja
temperatura se deseja conhecer que fazem essa medição à distância.
No primeiro grupe se sobressaem os pirômetros termoelétricos e o segundo abrange
os diversos tipos de pirômetros óticos e de radiação.
a) Os pirômetros termoelétricos baseiam-se no seguinte:
Quando dois fios de metais ou ligas diferentes estão soldados um ao outro por uma
de suas pontas, aparecerá uma diferença de potencial entre as extremidades livres, se estas
estiverem a temperatura diferente da soldada
Boa diferença de potencial resulta de uma força eletromotriz que cresce com a
diferença das temperaturas citadas e pode ser medida por meto de um potenciômetro. ou de
um milivoltímetro (fig. 511).
Os fios assim soldados tomam o nome de par termo-elétrico
A força eletromotriz é função da composição química do par e da temperatura e
assim sendo, escolher-se-á fios de metais ou ligas que possam dar um valor grande a essa
diferença, para facilidade de sua medida.
Como um par termo-elétrico precisa satisfazer certas condições ditadas pela prática,
tais como facilidade de reprodução, boa resistência ao calor e à oxidação. constância do
potencial termo-elétrico a cada temperatura e variação contínua com esta, inalterabilidade
dessas características com o uso. o número de pares, que satisfazem simultaneamente a
todas essas condições, é reduzido. Aqui serão citados apenas os mais usuais, com suas
limitações. A fig. 512 representa gràficamente a força eletromotriz de diversos pares em
função da temperatura. Para encontrar a força eletromotriz dos pares, basta subtrair
algèbricamente os respectivos valores com relação à platina, tomada como referência, e
representada pela linha horizontal.
A seguir é apresentada a composição química aproximada dos elementos desses
pares.

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Resumo - Capitulo IV

O par permitindo medir temperaturas até 1100°C, satisfaz a grande maioria dos
tratamentos térmicos. Sua diferença de potencial relativamente grande possibilita o
emprego de instrumentos de construção bastante robusta para as condições de trabalhos das
usinas.
Infelizmente o par, que é utilizável até temperaturas de 1500°C, é muito dispendioso e
requer manipulação mais cuidadosa. Além disso, sua pequena diferença de potencial exige
um milivoltímetro muito mais sensível do que os outros pares e, portanto, de construção
mais delicada, razão pela qual é mais empregado em trabalhos de laboratório. Para
temperaturas dessa ordem e mais altas, recorre-se aos pirômetros óticos.
b) O segundo grupo engloba os pirômetros óticos e os de radiação.
Entre os óticos distinguem-se os de desaparecimento do filamento e os de desaparecimento
de um ponto. Os primeiros baseiam-se na comparação do brilho do filamento incandescente
de uma lâmpada, com o emitido pelo objeto, ou interior do forno, quando aquecido acima
de 700°C. Como a incandescência do filamento da lâmpada é suscetível de ser intensificada
ou atenuada por meio de um reostato, é possível
fazer coincidir o brilho do filamento com o do ponto visado e, quando Isso se dá, não se vê
mais o trecho do filamento que serve de referência. Um filtro monocromático vermelho de
comprimento de onda de 0.65j., elimina a eventual diferença de cor entre as duas imagens
que se procura comparar, sem acentuada redução na intensidade da radiação.
A fig. 513 mostra esquemàticamente no que consiste um pirômetro desse tipo. Para
usá-lo, procura-se primeiramente ajustar a ocular pondo em foco o filamento da lâmpada,
e, em seguida, focaliza-se aquilo cuja temperatura se deseja determinar, ajustando a
objetiva. Com auxilio do reostato, faz-se a coincidência do brilho do filamento com o do
objeto visado e lê-se no miliamperimetro a corrente que para isso é necessária. Como estes
aparelhos são também graduados em graus, tem-se diretamente a temperatura.
Os pirômetros óticos servem para medidas de temperaturas de 700 a 2000°C. Para
poupar a lâmpada e tornar mais precisas as comparações, o miliamperimetro dispõe, em
geral, de duas escalas: uma de 700°C a 1400°C e outra de 1200°C a 2000°C. A segunda é
utilizada com a interposição do filtro II.
Certos pirômetros óticos em lugar de medirem a intensidade da corrente com um
miliamperimetro, o fazem com um dispositivo poten-ciométrico com escala em graus.
No pirômetro ótico de desaparecimento de ponto, utiliza-se apenas um ponto do
filamento cujo brilho é mantido constante. Um filtro giratório e de intensidade crescente
permite atenuar a intensidade da imagem visada até esta chegar a ter o mesmo brilho do
ponto, momento em que a visibilidade deste desaparece. Para essa posição do filtro. faz-se
a leitura da temperatura diretamente sobre a escala graduada em graus, solidária com ele.
Os pirômetros baseados na comparação de brilhos' só podem ser utilizados para
temperaturas acima de 700°C. porque para temperaturas mais baixas, a visibilidade da luz
emitida não é suficiente. Os pirômetros de radiação são aparelhos destinados a medir a
temperatura de um corpo, através da intensidade, em todos os comprimentos de onda. da
radiação emitida por ele. Diferem dos pirômetros óticos, porque utilizam tanto a energia
radiante visível, como as radiações não visíveis (dai o nome de pirômetros de radiação
total).
São constituídos por um pequeno par termoelétrico colocado no foco de uma lente
de quartzo, ou de um espelho parabólico. O par está ligado a um pequeno milivoltímetro,
no interior do aparelho, já calibrado para indicar em graus a temperatura do campo visado.
Os pirômetros portáteis dispõem, em geral um visor para orientar convenientemente
o aparelho para o campo cuja temperatura se quer determinar, fig. 514.
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Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns - Prof. Hubertus Colpaert
Resumo - Capitulo IV

Algumas causas de erro que independem dos aparelhos.


É importante notar que tanto os pirômetros óticos como os de radiação total só dão
indicações exatas para radiações emitidas por um corpo negro, isto é, um corpo que seja
capaz de absorver todas as radiações que sobre ele incidam.
Somente para um corpo negro se pode estabelecer uma relação entre a intensidade de sua
radiação e a sua temperatura.
Essa condição de corpo negro se verifica para os corpos reais, quando estes se
acham em equilíbrio de temperatura no interior de um forno, pois nestas condições a parte
da radiação que refletirem será idêntica à que deixam de emitir, caso contrário sua
temperatura tornar-se-ia diferente da do meio.
Para medidas fora destas condições temos que levar em conta os coeficientes de
emissividade determinados para cada caso. As indicações dos pirômetros óticos são
razoavelmente exatas, somente quando aquilo, cuja temperatura se quer determinar, se acha
em situação adequada, como, por exemplo, no interior de um forno e, assim mesmo, ao
abrigo de fumaça e do reflexo de chamas.
Todas as medidas tomadas fora do forno, ainda que dentro de uma usina pouco
iluminada, estão sujeitas a muitas causas de erro, entre as quais estão a luz do ambiente, a
casca de oxido que se forma sobre o material, ou a escória no caso do material estar líquido,
que afetam o complexo fator emissividade.
Os pirômetros de radiação também estão sujeitos a erros devidos às mesmas causas
que afetam os pirômetros óticos e mais algumas, como a distância do aparelho ao objeto,
insuficiência do tamanho do campo sobre o qual se vai proceder a medida, etc. Entretanto,
em muitas atividades industriais não é sempre necessário saber-se a temperatura verdadeira
para o produto em fabricação resultar bom Freqüentemente, basta que a temperatura
aparente acusada pelo pirômetro (sempre o mesmo e usado da mesma forma) se conserve
entre determinados limites fixados pela prática.

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