1) O documento resume trechos do livro "De Pernas Pro Ar - A Escola do Mundo ao Avesso", do escritor uruguaio Eduardo Galeano, que critica a exploração da América Latina pelo capitalismo mundial.
2) Galeano descreve como o sistema econômico atual exige mercados em expansão para vender mais, mas paga cada vez menos aos trabalhadores.
3) O autor também cita frases encontradas em muros que criticam a pobreza, a desigualdade e o sistema político.
Descrição original:
Título original
Eduardo Galeano de Pernas Pro Ar a Escola Do Mundo Ao Avesso
1) O documento resume trechos do livro "De Pernas Pro Ar - A Escola do Mundo ao Avesso", do escritor uruguaio Eduardo Galeano, que critica a exploração da América Latina pelo capitalismo mundial.
2) Galeano descreve como o sistema econômico atual exige mercados em expansão para vender mais, mas paga cada vez menos aos trabalhadores.
3) O autor também cita frases encontradas em muros que criticam a pobreza, a desigualdade e o sistema político.
1) O documento resume trechos do livro "De Pernas Pro Ar - A Escola do Mundo ao Avesso", do escritor uruguaio Eduardo Galeano, que critica a exploração da América Latina pelo capitalismo mundial.
2) Galeano descreve como o sistema econômico atual exige mercados em expansão para vender mais, mas paga cada vez menos aos trabalhadores.
3) O autor também cita frases encontradas em muros que criticam a pobreza, a desigualdade e o sistema político.
Eduardo Galeano - De Pernas Pro Ar - A Escola do Mundo ao Avesso - Simplicssimo
Escrito por Rafael Reinehr
Seg, 21 de Maio de 2007 22:00 - ltima atualizao Seg, 21 de Maio de 2007 20:17
Idolatrar pessoas geralmente caracterstica do esprito jovem, adolescente. Depois que crescemos, costumamos incorporar algumas caractersticas daqueles nos quais espelhamos em nossa personalidade, mas no temos o hbito de seguir identificando-nos com dolos. Se me perguntassem, entretanto, o que gostaria de ser quando crescer, no teria dvidas em dizer: Eduardo Galeano!
claro, tambm gostaria de ser um pouco Bakunin, um pouco Capra, um pouco Morin e, se sobrasse espao, muito de mim mesmo...
Me foi emprestado pelo grande amigo Eduardo Sabbi o livro De Pernas Pro Ar A Escola do Mundo ao Avesso. Quando me emprestou, disse: Esse livro uma patada em cima da outra. E estava certo: em De Pernas Pro Ar, Galeano exerce todo seu conhecimento da cultura e poltica da Amrica Latina sob o olhar atento de algum que, desde 1971, com As veias abertas da Amrica Latina vem criticando a explorao de nossa sociedade pelo assim por Deleuze chamado de Capitalismo Mundial Institudo.
1 / 6 Eduardo Galeano - De Pernas Pro Ar - A Escola do Mundo ao Avesso - Simplicssimo Escrito por Rafael Reinehr Seg, 21 de Maio de 2007 22:00 - ltima atualizao Seg, 21 de Maio de 2007 20:17 Publicado em 1999, esta obra do escritor uruguaio possui tantas prolas que necessitam ser registradas l dentro de nosso ser que precisarei rel-la novamente e, desta vez, no sem fazer anotaes detalhadas de todos trechos impressionantes que ela contm em quase todas as mais de 350 pginas.
At l, selecionei alguns trechos representativos de parte do pensamento de Eduardo Galeano. Acompanhe:
Caminhar um perigo e respirar uma faanha nas grandes cidades do mundo ao avesso. Quem no prisioneiro da necessidade prisioneiro do medo: uns no dormem por causa da nsia de ter o que no tm, outros no dormem por causa do pnico de perder o que tm. O mundo ao avesso nos adestra para ver o prximo como uma ameaa e no como uma promessa, nos reduz solido e nos consola com drogas qumicas e amigos cibernticos. Estamos condenados a morrer de fome, morrer de medo ou a morrer de tdio, isso se uma bala perdida no vier abreviar nossa existncia.
O mundo ao avesso nos ensina a padecer a realidade ao invs de transform-la, a esquecer o passado ao invs de escut-lo e a aceitar o futuro ao invs de imagin-lo: assim pratica o crime, assim o recomenda. Em sua escola, escola do crime, so obrigatrias as aulas de impotncia, amnsia e resignao. Mas est visto que no h desgraa sem graa, nem cara que no tenha sua coroa, nem desalento que no busque seu alento. Nem tampouco h escola que no encontre sua contra-escola.
2 / 6 Eduardo Galeano - De Pernas Pro Ar - A Escola do Mundo ao Avesso - Simplicssimo Escrito por Rafael Reinehr Seg, 21 de Maio de 2007 22:00 - ltima atualizao Seg, 21 de Maio de 2007 20:17
A publicidade manda consumir e a economia probe. As ordens de consumo, iguais para todos, mas impossveis para a maioria, so convites ao delito.
A igualao, que nos uniformiza e nos apalerma, no pode ser medida. No h computador capaz de registrar os crimes cotidianos que a indstria da cultura de massas comete contra o arco-ris humano e o humano direito identidade. O tempo vai-se esvaziando de histria e o espao j no reconhece a assombrosa diversidade de suas partes. Atravs dos meios massivos de comunicao, os donos do mundo nos comunicam a obrigao que temos todos de nos contemplar num nico espelho, que reflete os valores da cultura de consumo. A televiso (...) no s ensina a confundir qualidade de vida com quantidade de coisas...
O PROBLEMA: A economia mundial exige mercados de consumo em constante expanso para dar sada sua produo crescente e para que no despenquem suas taxas de lucro, mas, ao mesmo tempo, exige braos e matria-prima a preos irrisrios para baratear os custos da produo. O mesmo sistema que precisa vender cada vez mais, precisa tambm pagar cada vez menos. E como quem recebe menos pode comprar mais?
Segundo Galeano, o valor dos produtos para animais de estimao que, a cada ano, so vendidos nos Estados Unidos, quatro vezes maior do que toda a produo da Etipia. As vendas da General Motors e da Ford superam largamente a produo de toda a frica negra. Segundo o Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento, dez pessoas, os dez mais ricos do planeta, tm uma riqueza equivalente ao valor da produo total de cinqenta pases, e quatrocentos e quarenta e sete milionrios somam uma fortuna maior do que ganha anualmente a metade da humanidade 3 / 6 Eduardo Galeano - De Pernas Pro Ar - A Escola do Mundo ao Avesso - Simplicssimo Escrito por Rafael Reinehr Seg, 21 de Maio de 2007 22:00 - ltima atualizao Seg, 21 de Maio de 2007 20:17
Num mundo que prefere a segurana justia, h cada vez mais gente que aplaude o sacrifcio da justia no altar da segurana. Nas ruas das cidades so celebradas as cerimnias. Cada vez que um delinqente cai varado de balas, a sociedade sente um alvio na doena que a atormenta. A morte de cada malvivente surte efeitos farmacuticos sobre os bem-viventes. A palavra farmcia vem de phrmakos, o nome que os gregos davam s vtimas humanas nos sacrifcios oferecidos aos deuses nos tempos de crise.
Uma dos achados fantsticos deste livro foi a citao de uma srie de frases encontradas em muros e cidades do mundo. Eis algumas delas:
Combata a fome e a pobreza! Coma um pobre! (de um muro em Buenos Aires)
Bem-vinda classe mdia! (dizer na entrada de um dos bairros mais miserveis de Buenos Aires)
4 / 6 Eduardo Galeano - De Pernas Pro Ar - A Escola do Mundo ao Avesso - Simplicssimo Escrito por Rafael Reinehr Seg, 21 de Maio de 2007 22:00 - ltima atualizao Seg, 21 de Maio de 2007 20:17
Deixemos o pessimismo para tempos melhores(de um muro em Bogot)
Basta de fatos! Queremos promessas!
Existe um pas diferente, em algum lugar
Quando tnhamos todas as respostas, mudaram as perguntas (de um muro em Quito)
Estas citaes me deram a idia de criar uma seo no meu site pessoal para receber fotos de frases de cunho poltico ou de humor encontradas nos muros e locais pblicos pelo mundo. Como no tenho viajado muito nem tenho muitos contatos, no sei se a idia vai vingar, mas um dia comeo a p-la em prtica.
5 / 6 Eduardo Galeano - De Pernas Pro Ar - A Escola do Mundo ao Avesso - Simplicssimo Escrito por Rafael Reinehr Seg, 21 de Maio de 2007 22:00 - ltima atualizao Seg, 21 de Maio de 2007 20:17 Antes do captulo final, O direito ao deliro, Galeano filosofa e filosofa bem: A natureza se realiza em movimento e tambm ns, seus filhos, que somos o que somos e ao mesmo tempo somos o que fazemos para mudar o que somos. Como dizia Paulo Freire, o educador que morreu aprendendo: Somos andando. A verdade est na viagem, no no porto. No h mais verdade do que a busca da verdade. Estamos condenados ao crime? Bem sabemos que os bichos humanos andamos muito dedicados a devorar o prximo e a devastar o planeta, mas tambm sabemos que no estaramos aqui se nossos remotos avs do paleoltico no tivessem sabido adaptar-se natureza, da qual faziam parte, e no tivessem sido capazes de compartilhar o que colhiam e caavam. Viva onde viva, viva como viva, viva quando viva, cada pessoa contm muitas pessoas possveis e o sistema de poder, que nada tem de eterno, que a cada dia convida para entrar em cena nossos habitantes mais safados, enquanto impede que os outros cresam e os probe de aparecer. Embora estejamos malfeitos, ainda no estamos terminados; e a aventura de mudar e de mudarmos que faz com que valha a pena esta piscadela que somos na histria do universo, este fugaz calorzinho entre dois gelos.
De Pernas Pro Ar A Escola do Mundo ao Avesso leitura obrigatria para quem quer se localizar no mundo e perceber a importncia de ter um lugar e, principalmente, ensinar isso ao seu vizinho.