O documento discute a vigilância sobre os corpos ao longo da história, comparando a renúncia de prazeres pelos monges na Idade Média com as pressões atuais para se manter um corpo saudável e gozante na sociedade pós-moderna, onde as pessoas se sentem obrigadas a seguir tendências corporais para provar seu valor, apesar da aparência de liberdade.
O documento discute a vigilância sobre os corpos ao longo da história, comparando a renúncia de prazeres pelos monges na Idade Média com as pressões atuais para se manter um corpo saudável e gozante na sociedade pós-moderna, onde as pessoas se sentem obrigadas a seguir tendências corporais para provar seu valor, apesar da aparência de liberdade.
O documento discute a vigilância sobre os corpos ao longo da história, comparando a renúncia de prazeres pelos monges na Idade Média com as pressões atuais para se manter um corpo saudável e gozante na sociedade pós-moderna, onde as pessoas se sentem obrigadas a seguir tendências corporais para provar seu valor, apesar da aparência de liberdade.
Palavras-chaves 1 Idade Mdia, acedia, prazeres, iconografia. 2 renncia, sacrifcio, disciplina. 3 princpio do prazer, recusa, vida. 4 sacrifcios, monges, liberdade, condenao, entrega. 5 tentao, ps-moderno, corpos, sensaes, tendncias. 6 prazeres, desmancha-prazeres, obrigao, imperfeio. 7 prazer, contemplao, tiranias, imperativo. 8 modernidade, disciplina, socializao, impulsos, controle. 9 gozo, body-building, controle, olhar crtico. 10 eu, narcisismo, body-building. 11 beleza, visibilidade, imagem. 12 standarts, destaque, imagens. 13 natural, tribos, tecnologia, marketing, ps-feminismo. 14 desejo, erotismo, escravos da imagem. 15 sacrifcios, tdio, exigncia superegica. Resumo Kehl inicia o texto falando a respeito do conceito de acedia, que ela define como a prostrao da vontade que acomete monges na Idade Mdia. Estes monges sacrificavam seus prazeres para servir a Deus de forma melhor. Para ela, a represso impostademanada bastante esforo da conscincia e muita disciplina do corpo. A renncia to forte que o penitente se sente obrigado a faz-la. A autora tambm resgata as ideias de Freud a respeito do princpio do prazer ser o sentido da vida. Dessa forma, recusar-se completamente a esses prazeres acaba com o sentido de passarmos pelo mundo.
Anglica Nascimento de Oliveira
A seguir, Kehl faz uma comparao entre os sacrifcios auto-impostos pelos
antigos monges e entrega sem reservas a todos os desejos e tentaes que se vive hoje em dia. Enquanto algumas tentaes, como a gula, a preguia, e a indolncia sendo malvistas desde a Idade Mdia at os dias atuais, as pessoas na ps-modernidade tem que provar o tempo inteiro que so saudveis e gozantes. Hoje as pessoas esto liberadas para viverem as sensaes corporais, contudo elas so escravas ao se sentirem obrigadas a seguirem essas tendncias do corpo. Para Kehl embora as pessoas sejam livres para viverem todos os prazeres sexuais, isso no passa de uma iluso, pois estas pessoas tem de constantemente provar para o mundo suas capacidades de gozo. Kehl comenta sobre as ideias de Aristteles a respeito do prazer. Para ele, o prazer no algo condenvel. Aristteles defende que os prazeres corporais sejam algo inferior e que o prazer superior o da contemplao (estado de desligamento e da conscincia auto-vigilante). Kehl diz que desde cedo aprendemos como comer, como nos comportarmos, etc. Para ela, a vida moderno exige um auto-policiamento. Alm disso, Kehl cita Foucault ao comentar que a auto-disciplina afetiva e corporal uma condio do engajamento dos sujeitos na ordem social. Ela destaca a mudana no controle que acompanha a mudana no capitalismo (da fase produtiva fase consumista). Enquanto no passado uma economia psquica de adiamento do prazer para outro; hoje h o imperativo do gozo. A moral do body-building exige muito controle e muita represso. Da mesma forma que a funo sexual s se d quando o corpo est da vigia do eu, que ela define como autoconsciente da imagem que pretende apresentar ao pblico. Para ela, amor prprio no se trata somente da beleza, mas, hoje em dia, o corpo deve ter uma maior visibilidade (silicone, trceps maiores, cabelos longos). Contudo, alteraes no corpo existem at mesmo em tribos mais primitivas, que se distinguem pelas alteraes nos corpos de seus membros. O problema hoje que a tecnologia e o marketing tornam as alteraes no corpo quase imprescindveis. Em seguida, Kehl questiona-se a respeito sobre a possiblidade de ser , ao mesmo tempo, escravos da imagem e mestres da libertinagem. Por fim, ela afirma que tantas so as renncias que os jovens do sculo XXI tem de fazer que eles nem sabem mais a quem oferecem seus sacrifcios.