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A DOCUMENTAÇÃO DA AQUITETURA MODERNA DE PRÉDIOS

INSTITUCIONAIS EM TERESINA - PI

FEITOSA, Ana R. S. Negreiros

Estudante de Graduação Arquitetura e Urbanismo do Centro de Tecnologia da UFPI


Endereço para correspondência: Rua Oeiras. 1809.Vermelha .Teresina.Piauí.
e-mail: ananegreiros@gmail.com

RESUMO
Com a pesquisa científica realizada sobre a arquitetura moderna de prédios institucionais em Teresina-PI foi
possivel se deparar com um acervo arquitetônico rico de grande qualidade trazendo de maneira geral, valor à
documentação. A metodologia utilizada é coerente à orientação e ao método empregado no grupo de pesquisa
“Modernidade Arquitetônica” da Universidade Federal do Piauí, cadastrado no CNPq e orientado pela arquiteta,
professora doutora em projetos arquitetônicos pela ETSAB/ UPC, Alcilia Afonso de Albuquerque Costa,
seguindo os métodos do departamento de projetos arquitetônicos da Escola Técnica Superior de Arquitetura de
Barcelona, ETSAB/ UPC da linha “la forma moderna”.
Este trabalho pretende apresentar a importância e necessidade dos arquivos de arquitetura, para uma
preservação e documentação da produção arquitetônica realizada em Teresina-PI, com intuito de difundi-la ao
panorama regional e nacional.Sendo possivel criar um efeito comparativo, demostrando que o Movimento
Moderno ainda dá as bases para uma produção contemporânea, justificando os conceitos projetuais. E que
apenas através da pesquisa de documentação pode-se realizar estas tarefas, de ter a compreensão de toda
evolução e absorver a formação da arquitetura no estado.
Palavras-chave: arquitetura moderna , documentação , arquitetura em Teresina -PI.

1. INTRODUÇÃO
A intenção deste trabalho é de documentar e resgatar o patrimônio arquitetônico da cidade
de Teresina, aprofundando a investigação de um acervo moderno teresinense, que se
mostra bastante relevante na história local, mas que por muitas vezes, por falta de
conhecimento a respeito da sua importância, por parte das instituições e da comunidade, é
destruído e descaracterizado.
O objetivo geral a respeito da produção arquitetônica moderna teresinense é observar a
linguagem arquitetônica e projetual criada para a adaptação de uma linguagem universal em
uma realidade sócio cultural, geográfica e econômica local. Por isso a necessidade da
realização dos levantamentos arquitetônicos das obras exemplos , para que se possam ser
devidamente analisados através de um levantamento composto por material fotográfico,
projetos, desenhos originais, textos, entrevistas, que são coletados em arquivos pessoais e
institucionais. E, por fim, a possibilidade de divulgação dos mesmos.
No estudo foram ressaltados os valores arquitetônicos de cada obra, análises projetuais,
construtivas, técnicas, bem como soluções climáticas típicas da arquitetura moderna
construída no nordeste brasileiro, mostrando que o conhecimento, estudo e a pesquisa
podem contribuir na produção contemporânea. As obras escolhidas foram as primeiras de
uma lista crescente de prédios ainda a serem analisadas, e tratam de obras institucionais
como o Fórum Judiciário de Teresina projeto por Acácio Gil Borsoi, DER –Departamento de
Estradas e Rodagens do Piauí projetado por Maurício Sued, Centro Administrativo do Piauí
pelos arquitetos mineiros Marcus Vinícius Rios Meyer, Márcio Pintos de Barros e Raul de
Largos Cirne e arquiteto piauiense Raimundo Dias e o Instituto de Educação Antonino Freire,
realizado pelo arquiteto Antonio Luiz Dutra.

2. HISTÓRICO DA CIDADE DE TERESINA-PI


A cidade de Teresina é a segunda capital do Estado do Piauí, a primeira capital foi a cidade
de Oeiras. Em 16 de agosto de 1852 o Presidente da Província do Piauí, Conselheiro
Antonio José Saraiva, transfere a capital para Teresina, com as justificativas de um local
abundante em água, marcado pela presença dos rios Poti e Parnaíba, terras férteis, e com
uma facilidade da comunicação com toda a Província.
“Reconheço que a mudança da capital fere interesses (...) . Vos decidireis se esses
interesses são legítimos e se o futuro do Piauí deve ser prejudicado só porque haveis
despendido nesta cidade em ponte, em calçadas, em um hospital e uma casa de
Liceu algumas quantias. Vós decidireis se, por amor dessas quantias, deixarão o Piauí
de conquistar pelo comércio,pela agricultura,pela industria,somas maiores que
poderão em pouco tempo dar-lhe uma capital mais rica, mais cômoda, mais civilizada
e mais convenientes a direção dos negócios públicos.” ( SARAIVA, Antonio
1850,apud BONIFÁCIO,2002)

Antonio Saraiva, advogado e político brasileiro foi importante personalidade do Segundo


Império, ocupando cargos de relevância na vida publica do país, além de ter enfrentado
todos as tribulações da transferência da capital, realizou o plano urbanístico, tornando
Teresina a primeira capital brasileira planejada, baseando o projeto em um traçado regular
com suas ruas lineares e quadras regulares; o que permitiu futuramente o crescimento mais
ordenado da cidade.
A cidade considerada jovem com seus 155 anos, possui sua área urbana concentrada entre
os Rios Parnaíba e Poti, atualmente com uma população de quase 800 mil habitantes, tendo
suas áreas urbanas além do Rio Poti e conurba-se com a cidade vizinha Timon -MA,
separados pelo Rio Parnaíba.
Figura 1 - Mapa de crescimento da cidade. Fonte: Prefeitura. Edição de imagem de Ana
Negreiros e Valério Araújo.

Seguindo a linha histórica, a transferência da capital teve como um dos maiores desafios da
construção da nova cidade a falta de recursos econômicos para a construção dos edifícios
públicos e privados. Nos primeiros anos da cidade os órgãos públicos como o Palácio
Governamental funcionaram em casas alugadas. O hospital da Caridade, uma importante
instituição pública, funcionava no Quartel da polícia, e obras como o Mercado Público e o
Cemitério só tiveram suas obras finalizadas aproximadamente no ano de 1862.
A cidade de Teresina quando comparada às demais capitais brasileiras de origem colonial
teve seu crescimento intensificado apenas no período de 1900 a 1940, quando o
desenvolvimento econômico permitiu as melhorias urbanas, trazidas com a modernização
estatal.
A produção arquitetônica observada nas primeiras construções prédios de grande parte é a
adoção pelo gosto da arquitetura eclética, a cidade tornava-se cheia de palacetes, com
residências e prédios públicos trabalhados, “com intenções decorativas sem rigor e com
maior liberdade plástico formal” (AFONSO 2002 ,p. 41)
Antes do período do Estado Novo (1937 a 1945), novas estruturas, principalmente
institucionais, mostravam uma arquitetura destoante com a predominante, em que linhas
mais retas contrastavam com o convencional, estas de modo discreto retiram os exageros
nas decorações; um bom exemplo foi a obra do Hospital Getúlio Vargas, localizado
atualmente na Avenida Frei Serafim, principal eixo de ligação da área central a zona leste,
que iniciou o processo e tornou esta área da cidade referência e mais tarde, pólo de saúde
da região, foi construído em um estilo mais uniforme do modo sóbrio sem ornatos em suas
fachadas.
A partir de 1970 a arquitetura moderna em Teresina começa a ganhar novas produções, os
prédios modernos que caracterizam uma nova visão do desenvolvimento, marcos das
modificações das ideologias em que as transformações ocorriam em todo o país.
3. ARQUITETURA MODERNA BRASILEIRA E AS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS
“Algumas enormes diferenças assinalam, (...) o nosso modernismo: a boa condição
econômica do Brasil, o desejo de o governo buscar uma nova fase para a capital
federal e uma brilhante geração de intelectuais e arquitetos, com penetração nas
brechas do aparelho cultural do estado, que transformaram o estilo em uma nova
linguagem, inconfundivelmente brasileira e universal.” (CALVALCANTI,2001,p.12)
A modernidade espelhada nas vanguardas européias, no âmbito da arquitetura, está quase
sempre vinculada a uma variação do ecletismo e do neocolonial; mas a produção moderna
brasileira apesar de passar por todos os contratempos apresenta-se como produção forte e
marcante chegando a refluir a hemisfério norte como analisado por Cavalcanti (2001).
Os discursos com sentidos revolucionários dos governos brasileiros após a década de 1930,
principalmente durante o governo do presidente Getulio Vargas, mostram o país com idéias
inovadoras, com modificações em todo o sistema político–administrativo. A busca de uma
maior agilidade nas produções e o crescimento acelerado em alguns setores movimenta em
conseqüência o setor da construção civil. Os interesses não eram apenas na construção de
novos prédios para realização de suas atividades, mas de estruturas que representassem
também esteticamente as novas concepções dos ideais do progresso.
As instituições e obras públicas foram as primeiras a serem construídas com características
marcantes desse novo modo de pensar, claro que ocorreram grandes divergências entre os
valores antigos, antes defendidos que o estilo clássico deveria ser seguido. Mas conforme
escreveu Segawa (2002,p.66) “Nos anos de 1930, conceitos de funcionalidade, eficiência e
economia na arquitetura – termos próprios de equações racionalistas- tiveram firmes
aplicação em obras públicas” .
E foi exatamente esta proposta do novo e da racionalização, trazidos com a vanguarda
moderna, que se encaixaram nos interesses políticos vigentes. A arquitetura monumental
também foi produzida com grande valor plástico pelos modernos, e transformando os
cenários que seguiam as ideologias dos governos tanto autoritários ou democratas,
acrescentando que não apenas no setor político, mas as grandes empresas particulares
construíam prédios que ostentavam seu fortalecimento geralmente, estas vinculadas ao
crescimento econômico por qual o país passa nas décadas seguintes.
“As grandes cidades brasileiras na virada da década de 1930 para 1940 tiveram sua
fisionomia alterada, sobretudo com o adensamento de seus núcleos antigos ou áreas
lindeiras. Essa ocupação se processou, sobretudo com a verticalização, com a
construção de grandiosos volumes em concreto armado - no imaginário da época
signos de progresso e modernização- inseridos em lotes definidos por padrões de
divisões fundiárias do período colonial e do Império.” (SEGAWA, 2002,p.75)
Nas décadas seguintes de 1950 a 1980, o país apresentava-se grande e moderno, com a
uma população de 93 milhões de habitantes e 56% desta viviam nas cidades (em 1970),
apresentando já uma elevada densidade urbana, este período correspondente após a
segunda guerra, que também causou transformações de certo modo positivas,
principalmente crescimento econômico e cultural no Brasil.
Durante o governo do presidente Juscelino Kubitschek, com o seu plano de metas, houve o
reordenamento do sistema de energia e transporte, implantação de estruturas industriais,
além da construção de Brasília, cujo preceitos modernos e universais de Le Corbusier foram
utilizados na arquitetura institucional e no seu plano urbanístico. No período de 1964, com o
golpe militar ocorreu uma intensa centralização administrativa e econômica, onde pequenos
grupos foram aglomerados para serem fortalecidos e desenvolvem-se as áreas no setor
energético, serviços bancários, transporte e comércio, além de reestruturação na área
educacional; o que demonstra modificações e o desenvolvimento contínuos.
“... intensificação do processo de diferenciação no setor da construção civil, baseado
fundamentalmente nas áreas de infra estrutura, transporte, comunicação, estradas e
outros, num projeto político econômico de integração nacional, constituído um ramo
dinâmico e concentrado no setor e solidário aos setores mais dinâmicos da economia”
(OSEKI 1982,p120, apud SEGAWA, 2002, p.160)
O crescimento e direcionamento político brasileiro levam como conseqüência as guias do
desenvolvimento da construção civil, a necessidade de planejamento e da produção de
novos projetos em tantos âmbitos tende a diversificar a produção, aumentando o número de
construtoras e a integração de novos profissionais. Os centros voltados aos vetores de
necessidades das metas políticas vinculavam a produção arquitetônica para a produção
habitacional, centros educacionais, e os políticos administrativos sejam municipais estaduais
ou federais, eram estes da ordem de primeiras necessidades. Tendo como justificativas do
movimento moderno a eliminação de ornatos, a estrutura aparente, a planta “livre”, a idéia de
protótipos e a possibilidade de reprodução industrial, atraem o contratante, o Estado, em
busca da rápida produção.
Já no caso da produção de prédios políticos administrativos utilizando-se os fundamentos
modernos nestas obras para passar a simbologia do poder político sobre a sociedade, tendo
como Brasília o maior marco dessa representatividade, e em todas as capitais do país se
baseiam de algum modo suas ambições ou demonstrações do poder.
Interessante notar que os centros políticos administrativos geralmente foram construídos em
núcleos um tanto mais afastados dos centros urbanos, em grandes vazios e em alguns casos
obedecendo planos diretores ou seguindo os padrões de ocupação, tendo sempre Brasília
seguida como modelo, criando-se na maioria das vezes vetores de crescimentos urbanos,
possuindo como conseqüência a integração destes centros na área urbana. No caso de
Teresina os pólos da organização administrativa e política, estava de certa forma afastada do
centro urbano inicial da cidade, mas logo integraram- se de maneira completa a malha
urbana.

4. EDIFICIOS INSTITUCIONAIS MODERNOS TERESINA-PI


É necessário primeiramente compreender a metodologia que norteia a pesquisa sobre os
prédios modernos em Teresina, e que esta possui duas áreas focais. Inicialmente um estudo
de cunho teórico, na qual os conceitos sobre a modernidade arquitetônica internacional,
nacional e regional foram analisados e as questões históricas observadas, com a utilização
de fontes primárias e secundárias, que tratem sobre o tema.
O segundo cunho trata-se da realização prático projetual, na qual se desenvolveram as
análises das obras através dos levantamentos do acervo arquitetônico teresinense, em
arquivos municipais e privados selecionando os principais exemplares. A fotografia, o
redesenho e digitalização das obras modernas foram os métodos selecionados para a
análise dos critérios projetuais relacionadas à estrutura, planta, coberta, volumetria, soluções
de esquadrias e revestimentos.
É seguido então o método de investigação do grupo de pesquisa “La forma moderna” do
departamento de projetos arquitetônicos da Escola Técnica Superior de Arquitetura de
Barcelona, ETSAB/ UPC, tendo como coordenadora a Prof. Dra. Alcília Afonso.
Cavalcanti ressalta que “A arquitetura, tendo como matéria formas duráveis,apresenta de
modo concreto em nossas cidades a produção estética dominante, ou aquela por ela
selecionada.” (2000, p.9). E tirando o partido de que as obras arquitetônicas são em si as
maiores documentações por serem “de modo concreto’’ a realização literal de todo o
processo do pensamento, aliado as variações culturais sociais da época que foram
produzidas; e seguimos a metodologia explanada, apresentamos alguns prédios de
importância do patrimônio moderno de Teresina.

4.1. DER- PI . Departamento de Estradas e Rodagens do Piauí

Ed. Chagas Rodrigues


Inicialmente o edifício do DER (1958), locado próximo ao cruzamento das Avenidas Frei
Serafim e Miguel Rosa, é historicamente importante por ter sido uma das primeiras
edificações institucionais de características modernistas de Teresina. A avenida Frei Serafim
anteriormente nomeada Av. Getulio Vargas, é uma das principais vias de acesso na área
central da cidade, onde também localiza-se uma grande quantidade de prédios históricos.
Projetado por Maurício Sued, possui semelhanças arquitetônicas com os edifícios das super
quadras de Brasília. A sua geometria prismática e sua configuração de um bloco retangular,
de fachadas longitudinais sentido leste-oeste encontra-se atualmente inserido da malha
urbana, bem ao centro da cidade. Com a estrutura suportante realizada em concreto armado,
como o pavimento térreo aberto, marcado pela seqüência de pilotis, permitindo também uma
estrutura livre, demonstrando um programa contido em que os pavimentos atendem de modo
sustentável as variações das administrações públicas.
A fachada oeste é formada por elementos vazados, e a fachada leste protegidas por brises, e
fechamentos em vidros e alumínio. Como características de prédios modernos a entrada
principal marcada por marquise, o acesso aos pavimentos por uma escada helicoidal, e um
belo painel do artista plástico Genes retrata o típico vaqueiro piauiense na mata e
Carnaubais. A coberta integrada e laje recoberta por telhas de fibrocimento.
Quanto a pesquisa de dados originais do prédio, no arquivo público da cidade foram
encontradas apenas fotografias e datas mencionando sua inauguração. Plantas em papel
vegetal e nanquim são guardadas no setor de engenharia do prédio, podendo ser
disponibilizadas, mas nestas não constam todas as datas, ou informações sobre o projeto,
pois os carimbos estão incompletos. È perceptível a modificação do projeto em relação ao
auditório, Auditório e Sala de Debates Prof. Herbert Parentes Fortes, com obra finalizada em
24 de março de 1973. Em arquivos de outro arquiteto Antonio Luiz Dutra, existe projeto de
reforma em relação ao auditório, mas que não chegaram a serem realizadas.
Figura 2 – Fachada Norte. Fonte: DER . Edição de imagem Ana Negreiros.
Figura 3 - Desenhos projetos inicial do DER. Fonte: DER . Edição de imagem Ana Negreiros

Figura 4 - Localização. Fonte: imagem Prodater, 2005 . Edição de imagem Ana Negreiros.
Figura 5- Fachadas . Fonte: redesenho Ana Negreiros.

Figura 6- Plantas. Fonte: redesenho Ana Negreiros.

Figura 7- Fachada e Detalhe da Fachada Oeste. Fonte: fotografia Ana Negreiros.

4.2. Fórum Judiciário de Teresina


“A criação de um objeto solto, como volume integral, de personalidade, trás o sentido
de monumentalidade; pedidos por ocasião do contrato e pelas referências de uma
instituição pública necessária e de poder vigente no estado. O que se contrapõem ou
que o engrandecia o objeto era a antiga paisagem do entorno, uma paisagem aberta
circundada pela vegetação local. É notável que mesmo com a nova configuração do
entorno, a estrutura com seu complexo jogo de composição, ainda trás emoção.”
(FEITOSA,2008)
Projeto de 1972, realizado por Acácio Gil Borsoi, esta inserido no Centro Cívico, Praça Des.
Edgar Nogueira, Bairro Cabral próximo ao centro, e respondeu as necessidades e valores
representativos da instituição pública. Com uma estrutura em concreto independente
possibilitando uma planta livre, este obedece às funcionalidades da relação de um programa
contido que atende as variações administrativas durantes todos os anos de seu
funcionamento. Esta estrutura permitiu liberdade nas fachadas que foram trabalhadas dando
o sentido monumental ao mesmo tempo respeitando as necessidades bioclimáticas locais.
As fachadas são marcadas por grandes brises de concreto disposto de modo aparentemente
irregular, esta estrutura em concreto armado aparente exibe com clareza sentido do corte e
encaixes da madeira das formas que foram confeccionadas para sua construção, estas
imensas lâminas trazem uma ilusão de maior verticalização a estrutura; e criam ao mesmo
tempo uma proteção a circulações horizontais aonde foram criadas varandas; neste local
observa-se as transparências, o jogo de luz e sombra e sente-se a canalização os ventos
dominantes. O objeto ‘brises’ se tornou uma das principais concepções do projeto.
O prédio possui uma planta quadrangular, a disposição interna de pilares delgados com
distanciamento de 6 em 6 metros, os 4 pavimentos da obras são interligados pela bateria
sanitária, dutos de ventilação e circulação vertical, o principal acesso vertical marcado pela
grande escadaria helicoidal em estrutura metálica pressa pelo teto e solta no vazio.
Os sistemas construtivos foram de uma grande economia, baseava-se em matérias locais,
de fácil obtenção, como o concreto, pedra, tijolo e madeira. A estrutura coroada com uma
coberta delgada, aparentemente solta.

Figura 8- Localização.Fonte: imagem Prodater, 2005 . Edição de imagem Ana Negreiros.


Figura 9- Detalhes da estrutura do Fórum Judiciário. Fonte: fotografia Ana Negreiros.

Figura 10 - Planta Baixa tipo do Fórum Judiciário. Fonte: redesenho Ana Negreiros.
Figura 11- Fachada e Corte esquemático do Fórum Judiciário. Fonte: redesenho Ana
Negreiros.

4.3. Instituto de Educação Antonino Freire


Projeto de 1973, realizado pelo arquiteto Antonio Luiz Dutra, por meio de concurso público.
Das edificações apresentadas nesse artigo é o prédio que mais possui detalhes históricos e
construtivos arquivados e documentados de qualidade, pela preservação de cópias das
pranchas originais e pela documentação escrita pelo próprio arquiteto projetista.
Prédio localizado na Praça Firmina Sobreira, Bairro Matinha, na região Norte da cidade em
uma área ainda próxima ao centro, possui configuração retangular formado por 4 blocos
paralelos e um bloco perpendicular como entrada principal, de geometria prismática e volume
puro.
Possui características de um programa especialmente pensado para suas funções
acadêmicas, os quatro blocos paralelos e ocupados pelas salas de aula, baterias sanitárias e
uma pequena biblioteca, e sua área administrativa no prédio frontal a praça. A fachada
principal a leste, marcada pela proteção de brises, possui ainda uma entrada bastante
marcada pela escadaria externa, pela marquise e por uma entrada grandiosa marcada com
escadaria interna que como todo o ambiente é revestida em mármore.
A estrutura suportante em concreto armado de modo sistemático torna as plantas livres. Os
fechamentos formados por paredes externas e internas em alvenaria e grandes janelas em
madeira foram detalhadas nas pranchas originas por escala de 1:1 para que os marceneiros
seguissem sem erros os desenhos do arquiteto projetista. Antonio Luiz possui uma
característica do extremo cuidado no detalhamento nos seus projetos, segundo o arquiteto
por meio dos concursos em que a construção seria realizada por outras empresas,
detalhamento é fundamental para a correta construção das idéias originais do arquiteto.
Para finalizar a coberta escondida por platibandas, o arremate visual e a proteção climática
também fatores observados pelo arquiteto.

Figura 12 - Localização.Fonte: imagem Prodater, 2005. Edição de imagem Ana Negreiros.


Figura 13 - Planta. Fonte: redesenho Ana Negreiros.

Figura 14- Fachada Principal. Fonte: redesenho Ana Negreiros.


Figura 15- Fachada e Detalhe da fachada. Fonte: fotografia Ana Negreiros.

4.4. Centro Administrativo do Piauí


Projetado pelos arquitetos mineiros Marcus Vinícius Rios Meyer, Márcio Pintos de Barros e
Raul de Largos Cirne e o arquiteto piauiense Raimundo Dias. O prédio possui características
brutalistas, com a configuração de blocos retangulares, fachadas longitudinais sentido norte-
sul, projeto realizado no ano de 1979.
Em relação a sua configuração o prédio possui grandes brises verticais que são dispostos de
modo regular, que tornam a estrutura com certos vazios, finalizada com uma coberta
delgada. Apresenta-se com uma caixa de vidro dentro de uma estrutura em concreto
sustentadas por grandes pilares em “V”, com o pavimento térreo marcado por ritmo regular
destes pilares, formando um espaço agradável de convivência. Os fechamentos externos em
esquadrias de vidro e alumínio e internos em divisórias diversificadas estruturas como em
compensados, vidros ou gesso. Com possui uma estrutura independente, a relação ao
programa contido, planta livre, permiti-se a liberdade de modificações no layout interno.
Os elementos documentais (plantas baixas, locação e estruturais) do prédios estão
acessíveis no departamento de Obras e Infra-Estrutura do Estado, sendo que em cada bloco
do conjunto funciona uma da secretaria independente, algumas com equipe técnica formada
por engenheiros e arquitetos que possuem plantas, com levantamentos gerais da estrutura,
estes foram realizados mais recentemente para reformas principalmente nas áreas internas.

O importante centro organizacional do Estado está localizado ás margens do rio Parnaíba,


cercado por outras edificações institucionais, mas também por uma grande área residencial.
Atualmente o conjunto arquitetônico apresenta-se descaracterizado pelas constantes
intervenções em que prédios de funções também administrativas são inseridos no espaço
demarcado de sua locação. Sendo estes novos prédios de uma arquitetura de características
pós-modernas e alguns considerados contemporâneos de grande aspecto visual
contrastante, que desrespeitam e ‘sufocam’ a estrutura do projeto inicial dos arquitetos.

Figura 16 -Localização.Fonte: imagem Prodater. 2005 . Edição de imagem Ana Negreiros


Figura 17- Plantas. Fonte: redesenho Ana Negreiros.

Figura 18- Fachada. Fonte: redesenho Ana Negreiros.


Figura 19 - Fachada e Detalhe. Fonte: fotografia Ana Negreiros.

5. CONCLUSÃO
A Pesquisa sobre produção arquitetônica moderna mostra produção relevante. Desenvolvida
através dos levantamentos técnicos de plantas arquitetônicos, trabalhos fotográficos,
realizações de painéis expositivos, cartões para distribuição e exposições realizadas na UFPI
e no centro da cidade, além de documentos escritos apresentados e publicados em anais de
congresso nacional. Esta continua a desenvolver-se com uma quantidade crescente de
prédios a serem catalogados e estudados. Os prédios aqui apresentados foram dados
fornecidos por materiais de modos diferenciados, alguns com maiores dificuldades outros
com material documental de maior preservação.
Além de todos os aspectos arquitetônicos e construtivos, a pesquisa ainda em
desenvolvimento observa a maior importância do estudo, a configuração de uma estrutura
social, econômica e histórica representativa que estas obras mostram e marcam a cidade,
definindo-se assim a questão patrimonial deve ser protegida e continuamente documentada.
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