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Projecto Final Iolanda Almeida
Projecto Final Iolanda Almeida
DEDICATÓRIA
RESUMO
A cultura da mandioca desempenha uma elevada importância social como principal fonte
de carbohidratos para mais de 700 milhões de pessoas, essencialmente nos países em vias
de desenvolvimento. Em Moçambique, o listrado castanho da mandioca (CBSD) é
considerado o factor limitante mais importante da produção de mandioca, principalmente
na região costeira norte e, nos últimos anos foram realizados estudos sobre a incidência e
severidade desta doença. O presente estudo tem por objectivo avaliar o impacto da
podridão castanha da mandioca (listrado castanho da mandioca) na Província de Cabo
Delgado e o seu efeito nos sistemas de produção dos camponeses.
Os resultados mostraram que mandioca é a cultura mais importante nestes distritos tanto
como alimento básico bem como fonte de rendimento para as famílias rurais. A doença do
listrado castanho da mandioca tem um impacto negativo nos dois distritos, afectando deste
modo os sistemas de produção dos AFs, uma vez que os mesmos dependem desta cultura
tanto para o seu sustento como para sua alimentação. Os AFs plantam estacas provenientes
das suas machambas o que não garante que este mesmo material esteja isento da doença;
ou seja, dado que a mandioca se propaga vegetativamente, a doença é facilmente
introduzida e disseminada para novas áreas através deste material.
AGRADECIMENTOS
Recebi contribuições e apoio em todos sentidos, por isso quero aqui manifestar e
endereçar os meus agradecimentos a todos, especialmente:
A Profa. Doutora Luísa Santos pela atenção, preocupação e carinho demonstrados ao longo
do curso e ao dr. Paulo Jorge Sithoe pela elaboração dos mapas; o meu muito obrigado.
Ao Prof. Doutor Lourenço Rosário, ao Dr. José Jeje, à Dr.ª Carmeliza Rosário, ao Eng°
Edmundo Caetano e ao Eng° Cremildo Fulane pelo apoio na análise dos dados, nas
questões gramaticais e metodológicas.
Aos meus pais, irmãos, cunhados, tios, familiares, amigos e colegas do curso pela
confiança que depositaram em mim e pelo apoio moral. Muito obrigada a todos!
ÍNDICE
DEDICATÓRIA.................................................................................................................... i
RESUMO ............................................................................................................................. ii
AGRADECIMENTOS ........................................................................................................ iii
LISTA DE TABELAS ........................................................................................................ vi
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................ vii
ANEXOS ........................................................................................................................... viii
LISTA DE ABREVIATURAS............................................................................................ ix
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................1
1.1. Importância da Cultura da Mandioca .....................................................................2
1.2. Usos da mandioca...................................................................................................2
1.3. Produção da Mandioca ...........................................................................................3
1.4. Factores que afectam a produção da mandioca em Moçambique ..........................6
2. PROBLEMA DE ESTUDO E JUSTIFICAÇÃO .................................................8
3. OBJECTIVOS .........................................................................................................9
3.1. Objectivo geral .......................................................................................................9
3.2. Objectivos específicos ............................................................................................9
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA... ..........................................................................10
4.1. Descrição da Cultura da Mandioca.......................................................................10
4.1.1. Origem e Zonas de Aptidão.............................................................................. 10
4.1.2. Teor de ácido cianídrico (HCN) ....................................................................... 10
4.1.3. Clima ................................................................................................................ 11
4.1.4. Precipitação ...................................................................................................... 12
4.1.5. Fotoperíodo....................................................................................................... 12
4.1.6. Solos ................................................................................................................. 12
4.1.7. Adubação e pH do Solo .................................................................................... 13
4.1.8. Preparo do Solo ................................................................................................ 13
4.1.9. Qualidade e armazenamento do material de propagação ................................. 13
4.1.10. Plantação......................................................................................................... 14
4.1.11. Tratos Culturais .............................................................................................. 15
4.1.12. Colheita........................................................................................................... 15
4.2. Descrição da Doença do Listrado Castanho da Mandioca ...................................16
4.2.1. Distribuição ...................................................................................................... 16
4.2.2. Agente causador ............................................................................................... 17
4.2.3. Sintomas ........................................................................................................... 19
4.2.4. Transmissão e propagação................................................................................ 21
4.2.5. Maneio .............................................................................................................. 22
4.3. Descrição da Área de Estudo................................................................................22
4.3.1. Características gerais da província de Cabo Delgado ...................................... 22
4.3.2. Características gerais dos distritos de Palma e Mocímboa da Praia................. 24
5. METODOLOGIA..................................................................................................28
5.1. Selecção da área de estudo e amostragem ............................................................28
5.2. Recolha e análise estatística de dados ..................................................................29
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..........................................................................31
6.1. Dados Gerais ........................................................................................................31
6.1.1. Características e actividades económicas das Famílias...................................31
6.1.2. Impacto de Pragas e Doenças sobre a Produção da Mandioca........................43
7. CONCLUSÃO........................................................................................................46
8. RECOMENDAÇÕES............................................................................................47
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................48
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Países maiores produtores de mandioca no Mundo.............................................. 4
Tabela 2. Produção de mandioca em Moçambique por regiões ........................................... 4
Tabela 3. Produção nacional de mandioca de 1996 a 2001.................................................. 5
Tabela 4. Evolução da produção e da área cultivada de mandioca em Cabo Delgado ........ 5
Tabela 5. Situação geral dos distritos ................................................................................. 25
Tabela 6. Preços de venda dos principais produtos básicos em Palma e Mocímboa da Praia
nos últimos dois anos...........................................................................................................26
Tabela 7. Calendário de actividades agrícolas das principais culturas nos distritos de Palma
e Mocímboa da Praia .......................................................................................................... 27
Tabela 8. Número de entrevistados por aldeia por distrito................................................. 29
Tabela 9. Número de pessoas que compõem o AF por distrito.......................................... 32
Tabela 10. Machambas cultivadas pelo AF........................................................................ 33
Tabela 11. Conhecimento sobre a doença do listrado castanho da mandioca por AF ....... 43
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. A mosca branca .................................................................................................. 18
Figura 2. Ninfa de mosca branca ....................................................................................... 18
Figura 3. Sintomas do CBSD nas folhas ........................................................................... 19
Figura 4. Sintomas do CBSD no caule .............................................................................. 20
Figura 5. Sintomas do CBSD nas raízes ............................................................................ 21
Figura 6. Localização e Divisão administrativa dos distritos de Palma e Mocímboa da
Praia.................................................................................................................................... 23
Figura 7. Número de entrevistados por sexo.......................................................................31
Figura 8. Número de representantes do AF por idade........................................................ 31
Figura 9. Nível de escolaridade do chefe do AF. ............................................................... 32
Figura 10. Numero de anos de cultivo sem pousio dos AFs por machamba em Mocimboa
da Praia ............................................................................................................................... 33
Figura 11. Numero de anos de cultivo sem pousio dos AFs por machamba em Palma..... 34
Figura 12. Culturas praticadas na campanha 2003/2004 por machamba dos AFs em
Mocimboa da Praia............................................................................................................. 34
Figura 13. Culturas praticadas na campanha 2003/2004 por machamba dos AFs em Palma
............................................................................................................................................ 35
Figura 14.a) Características das variedades de mandioca quanto ao Sabor- Palma ........... 35
Figura 14.b) Características das variedades de mandioca quanto a Consistência- Palma.. 36
Figura 14.c) Características das variedades de mandioca quanto ao Ciclo- Palma............ 36
Figura 15.a) Características das variedades de mandioca quanto ao Sabor- Mocímboa da
Praia .................................................................................................................................... 36
Figura 15.b) Características das variedades de mandioca quanto a Consistência-
Mocímboa da Praia............................................................................................................. 37
Figura 15.c) Características das variedades de mandioca quanto ao Ciclo- Mocímboa da
Praia.................................................................................................................................... 37
Figura 16. Conhecimento dos entrevistados sobre as variedades resistentes ou tolerantes a
doença................................................................................................................................. 38
Figura 17. Produção animal em Palma e Mocímboa da Praia............................................ 40
Figura 18. Venda dos produtos da machamba ................................................................... 40
Figura 19. Emprego na machamba de outros......................................................................41
Figura 20. Venda da criação animal....................................................................................41
Figura 21. Venda de bebidas...............................................................................................42
Figura 22. Proporção da quantidade vendida da mandioca produzida................................42
Figura 23. Principais pragas, doenças e outros factores naturais que afectam a produção de
mandioca em Palma.............................................................................................................43
Figura 24. Principais pragas, doenças e outros factores naturais que afectam a produção de
mandioca em Mocímboa da Praia ...................................................................................... 44
ANEXOS
Figura 1.2. Electro- micrografia de “Sweet potato mild mottle virus” (vírus do
mosqueado da batata doce).
LISTA DE ABREVIATURAS
1. INTRODUÇÃO
Desde 1994 que Moçambique, através do aumento da produção agrícola, vem registando
progressos consideráveis na redução da dependência de importação de alimentos básicos.
Apesar do seu potencial agro-ecológico para produzir alimentos em quantidades suficientes
para a sua população e para exportação, o país apresenta ainda carências alimentares
sazonais, e subnutrição crónica em algumas áreas. Estas disparidades são devidas à
irregularidade e à má distribuição das chuvas, aos baixos níveis de produtividade, à pouca
transformação ou tecnologias pós-colheita dos produtos agrícolas e à fraca rede de mercado
e infra-estruturas agrícolas principalmente as vias de acesso ou estradas rurais. Deste modo,
perde-se a oportunidade de acrescentar valor à produção (CGIAR NEWS, 2003).
Os resultados do Censo Agro Pecuário (CAP, 2001) indicam que a actividade agrícola em
Moçambique é praticada na sua grande maioria por produtores do sector familiar, onde
mais de 80% possui áreas não superiores a 2 ha, e cultivam apenas cerca de 58% do total da
área. Da área arável, correspondente a 36 milhões de hectares, apenas são cultivadas 11%
do total. As pequenas explorações ocupam cerca de 97% do total da área cultivada,
enquanto que as grandes e médias explorações ocupam os restantes 3%.
As culturas alimentares básicas ocupam 85% da área total cultivada. Este grupo de culturas
compreende: os cereais (o milho, o arroz, a mapira e a mexoeira); as leguminosas (que
incluem os distintos tipos de feijões) ; raízes e tubérculos (mandioca e batata-doce); e as
hortícolas (couve, alface, repolho, tomate, entre outras). Das culturas alimentares, o milho
é o principal cereal, que é cultivado em 74% da área dos cereais, ocupando 35% da área
total cultivada e cultivado em 80% das explorações. A mandioca é a segunda cultura
alimentar básica cultivada no país, depois do milho com cerca de 16,7% da área cultivada
e, 16% da produção agrícola nacional (CAP, 2001).
A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é uma fonte alimentar básica para milhares de
pessoas na África Sub-sahariana. É cultivada em todo o pais devido a sua flexibilidade nos
sistemas de produção, ao seu crescimento vigoroso, à resistência a seca, ao bom
rendimento, ao limitado e fácil trabalho que requer bem como à facilidade de conservação
no solo, que aliada a uma época de colheita prolongada, permite colher as raízes consoante
as necessidades (Da Costa e Ferrinho, 1964).
Esta cultura tem características que a tornam especialmente apropriada para fazer face a
factores que conduzem à crise alimentar tais como, pouca mão-de-obra necessária para o
controle de ervas daninhas, grande capacidade de fornecer quantidades de alimento
satisfatórias e adaptada às diversas zonas agro-ecológicas (CGIAR NEWS, 2003). É o
maior produtor de hidratos de carbono e de acordo com a FAO (1998), a mandioca, nos
países em vias de desenvolvimento, é a quarta cultura mais importante logo a seguir ao
arroz, milho e trigo.
Tradicionalmente, a mandioca tem um papel importante tanto como fonte de energia para
alimentação humana e animal, como para gerar renda. A planta também pode ser utilizada
na indústria, para extracção e produção de vários produtos (Cardoso e Souza, 2000).
a) Cultivares doces são usados na forma fresca para a confecção de várias receitas
culinárias ou usada para fins comerciais em mercados próximos da zona de produção.
Na província de Cabo Delgado, usa-se a mandioca tanto fresca como seca para fazer:
• “Lumino” que é um prato típico das zonas costeiras de origem árabe, feito com leite
de coco e peixe ou frango frito, a mandioca cozida, alguns temperos e manga seca
(azedo);
• Doce, cozida com leite de coco ou só consumida cozida ou assada;
• Bolo ou pão (“Ncate”).
A partir das folhas de mandioca, são elaborados diversos pratos culinários como a mathapa.
Segundo Da Costa e Ferrinho (1964), o corte das extremidades dos ramos novos é
prejudicial ao rendimento mas, é muito praticado pelas comunidades rurais que consomem
as folhas como hortaliça. Os europeus empregam-nas como sucedâneo do espinafre.
A cultura é produzida em quase todo o país, sendo mais predominante na zona norte
(Tabela 2). Na zona norte do país destacam-se, Cabo Delgado e Nampula e, no centro a
província da Zambézia. Estas três províncias são responsáveis por cerca de 87% da
produção (Tabela 3).
A província de Cabo Delgado contribui com cerca de 14,6 % da sua produção e desde
campanha de 2001/2002 até a campanha de 2003/2004, mostrou uma evolução (Tabela 4)
tanto na área cultivada da cultura de mandioca em 23 127 ha, como na sua produção em 30
717 Ton. Contudo, a maioria da população rural continua pobre, dependendo
principalmente da agricultura de subsistência. Muitos distritos são afectados pela seca,
pelas cheias, pragas e doenças em diferentes períodos, e como consequência há escassez de
alimentos conduzindo assim à insegurança alimentar (MADER et al, 2001; SPA, 2003).
afectar severamente a segurança alimentar dos agregados familiares destas zonas, uma vez
que a mandioca é a principal base de alimentação nestes solos pobres costeiros (INIA-
IITA/SARRNET, 2003).
Contudo, é importante realçar que o tipo e quantidade de perdas causadas por doenças,
variam com a planta, o patógeno, o ambiente, o local, os métodos de controlo e a
combinação de todos estes factores, ou seja, o controlo integrado (Agrios, 1998).
As variedades de ciclo curto são colhidas a partir dos 6 meses e as de ciclo longo a partir
dos 10 aos 12 meses. O sabor é determinado pela concentração de cianeto, sendo maior nas
amargas e baixa nas doces. De um modo geral a concentração dos glicosidos é maior na
casca e no córtex do que na polpa. Nas variedades doces o teor de glicosidos na polpa é tão
baixo que a mandioca pode ser consumida no estado fresco (Freire, 2003). Segundo Da
Costa e Ferrinho (1964), investigadores do Congo e da Nigéria verificaram que as
variedades doces resistentes são em maior quantidade que as amargas.
Nos distritos acima referidos, existem variedades de mandioca que são tolerantes ou
resistentes a doença CBSD e variedades com grande susceptibilidade a doença. Observa-se
que nos campos cultivados (machambas), os camponeses possuem uma diversidade de
variedades que apresentam os problemas já apontados.
Hipóteses:
Os camponeses,
1. Cultivam em maior percentagem as variedades susceptíveis do que as tolerantes;
3. OBJECTIVOS
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O clima e o solo exercem acção sobre este teor, independentemente da variedade, situações
de seca prolongada elevam, geralmente o teor de glucosido. As mandiocas doces e amargas
não têm características morfológicas de modo a considerar duas espécies distintas, opinião
esta não partilhada por todos os botânicos (Da Costa e Ferrinho, 1964).
Uma das formas práticas de se distinguir as variedades tóxicas é a seguinte: embebe-se uma
tira de papel de filtro em ácido pícrico a 1% ; seca-se e embebe-se novamente em solução
de carbonato de soda a 10%, toma-se uma colher de sopa bem cheia de raspas de mandioca
e deita-se num frasco. Seguidamente deita-se água até tapar a mandioca, rolha-se o frasco
deixando a tira de papel pendente. Se depois de 24 horas a cor do papel passar de amarelo
para encarnado é porque se trata de uma variedade tóxica. Quanto mais carregada for a
coloração encarnada, mais tóxica é a planta (Da Costa e Ferrinho, 1964).
4.1.3. Clima
É uma planta que exige clima húmido, quente e insolação abundante. Não suporta ventos
fortes devido à sua fragilidade e raízes superficiais. Nas zonas tropicais leva 18 a 24 meses
a se desenvolver (Da Costa e Ferrinho, 1964).
Com a altitude, o seu desenvolvimento torna-se mais lento e os rendimentos cada vez mais
baixos, acima de 1500 a 1800m, o seu cultivo não é recomendável (Da Costa e Ferrinho,
1964). Suporta altitudes que variam desde o nível do mar até cerca de 2.300 m, admitindo-
se que as regiões baixas ou com altitude de até 600 a 800 m são as mais favoráveis (Mattos
e Cardoso 2003).
4.1.4. Precipitação
A faixa mais adequada de chuva está compreendida entre 1000 a 1500 mm/ano, bem
distribuídas. Em regiões tropicais, a mandioca produz em locais com índices
pluviométricos de até 4000 mm/ano, sem estação seca em nenhum período do ano; nesse
caso, é importante que os solos sejam bem drenados, pois o alagamento favorece a
podridão de raízes. É também muito cultivada em regiões semi-áridas, com 500 a 700 mm
de chuva por ano ou menos; nessas condições, é importante adequar a época de plantio,
para que não ocorra deficiência de água nos primeiros cinco meses de cultivo (período de
estabelecimento da cultura), o que prejudica a produção (Mattos e Cardoso 2003).
4.1.5. Fotoperíodo
O período de luz ideal para a mandioca está em torno de 12 horas/dia. Dias com períodos
de luz mais longos favorecem o crescimento de parte aérea e reduzem o desenvolvimento
das raízes tuberosas, enquanto que os períodos diários de luz mais curtos promovem o
crescimento das raízes tuberosas e reduzem o desenvolvimento dos ramos (Mattos e
Cardoso 2003).
4.1.6. Solos
Como o principal produto da mandioca são as raízes, ela necessita de solos profundos,
friáveis (soltos) e permeáveis, sendo ideais os solos arenosos ou de textura média, por
possibilitarem um fácil crescimento das raízes, pela boa drenagem e pela facilidade de
colheita (Mattos e Cardoso 2003).
Além do controle de plantas daninhas, o preparo do solo visa melhorar as suas condições
físicas para o brotamento das estacas, crescimento das raízes e das partes vegetativas, pelo
aumento da aeração e infiltração de água e redução da resistência do solo ao crescimento
radicular. O preparo do solo adequado permite o uso mais eficiente da calagem, adubação e de
outras práticas agronómicas (Mattos e Cardoso 2003).
O material usado para a propagação da mandioca são as estacas e, segundo (Freire, 2003)
devem ter as seguintes características:
• Idade: devem ser usadas estacas com idade compreendida entre 8 e 10 meses;
• Sanidade das estacas: usar estacas livres de pragas e doenças. Não usar estacas que
tenham sido atacadas por ácaro verde e/ou por viroses.
O local de armazenamento das estacas deve estar protegido de sol e do vento, a uma
temperatura de aproximadamente 20º C e humidade relativa cerca de 80%. Deve-se
armazenar estacas compridas antes de cortar para diminuir a desidratação O período
máximo de armazenamento em condições adequadas é de aproximadamente 8 semanas
(Freire, 2003).
4.1.10. Plantação
O plantio deve ser feito no início das chuvas. As estacas devem ser retiradas de plantas sãs
e apenas da base do caule principal, os ramos e as partes terminais do caule dão origem a
plantas pouco produtivas. Como o corte de ramos prejudica a produção, as estacas devem
ser retiradas de plantações a serem colhidas brevemente (Da Costa e Ferrinho, 1964).
Segundo Freire (2003), as estacas podem ser plantadas nas posições vertical, inclinada ou
horizontal. Na posição inclinada, as raízes tendem a se desenvolver inclinadas, desta
maneira a operação da colheita é facilitada porque quase todas as raízes se situam a 10-20
cm abaixo do solo. Na posição vertical, as raízes desenvolvem-se verticalmente o que
dificulta a colheita, principalmente nos solos pesados. E na posição horizontal a colheita
torna-se mais fácil ainda que na posição vertical. No acto da plantação, os gomos devem
estar voltados para cima.
Quando a planta tiver cerca de 40 a 50 cm deve-se proceder à amontoa, é nesta ocasião que
se aproveita para se fazer a sacha. Em virtude de expor a terra à erosão e de só se colher
durante o 2° ano, é por vezes útil se fazer consociação com outras culturas para proteger o
solo e melhorar o rendimento unitário (Da Costa e Ferrinho, 1964).
As plantas mais usadas em consociação são milho, feijão, batata doce, bananeira e outras
culturas que cobrem o solo para ajudar a reduzir a infestação e o número de sachas. No
caso da consociação não se faz a amontoa. Uma maneira de diminuir as sachas, é usar
variedades de rápido crescimento inicial, abundante ramificação e cobertura de folhas (Da
Costa e Ferrinho, 1964; Freire, 2003).
Devido ao seu grande esgotamento dos solos, a mandioca deve ocupar o último lugar no
ciclo de rotação antes do pousio. No seu sistema de rotação devem-se incluir cereais,
leguminosas e hortícolas (Freire, 2003).Segundo Da Costa e Ferrinho (1964), podem-se
usar várias culturas em rotação; dentre as quais se podem citar:
4.1.12. Colheita
Por tradição, nos diferentes países tropicais, a mandioca tem sido deixada no solo e, só é
colhida quando necessário. A colheita não é fixada por uma época de maturação, visto que
a raízes engrossam e aumentam a percentagem de amido durante muitos meses; no entanto,
a colheita deve se fazer antes delas atingirem o seu peso máximo pois nessa altura são
muito duras, ou seja, secas e fibrosas. Depois de colhida, logo é processada (limpa-se bem,
descasca-se e põe-se a secar) com um longo período de conservação (Da Costa e Ferrinho,
1964; COPR, 1982).
Este método é vantajoso quando não se conhece ao certo o período de maturação mas pode
trazer problemas em regiões onde há uma considerável disputa do uso da terra, uma
crescente susceptibilidade a perdas causadas por patógenos, assim como um decréscimo da
palatabilidade e da quantidade extraída (COPR, 1982).
Em virtude da sua fácil deterioração, a colheita diária deve ser igual a quantidade a
consumir ou a tratar nesse mesmo dia. A produção varia consoante os solos, clima e
altitude, ataque de viroses entre outros; 100 kg de mandioca fresca dão cerca de 85 kg de
mandioca descascada e 23 kg de mandioca seca (Da Costa e Ferrinho, 1964).
4.2.1. Distribuição
Segundo Hillocks e Thresh (2000), a doença do Listrado Castanho da Mandioca foi
primeiro descrita por Storey em 1936 nos montes Usumbara, Tanganyika (hoje Tanzânia).
Foi primeiramente observada em 1930, no distrito de Amani (Tanzânia) e, a partir de 1935
é que se reconheceu que era transmissível e cujo sintoma é associado à necrose da raiz e em
casos mais severos à podridão da raiz. Nichos, (1950) citado por Hillocks e Thresh (2000),
mais tarde reportou que esta doença era endémica em todas as zonas do litoral de África do
Este, que cultiva mandioca, ao Nordeste da fronteira do Quénia a Moçambique e espalhou-
se a baixas altitudes em Malawi.
Supõe-se que a manifestação da doença somente ocorre entre 0 a 1000 m de altitude e são
acentuados mais na estação fresca que na quente e, as temperaturas baixas poderiam ser
responsáveis pelo desaparecimento das variedades mais sensíveis (Silvestre e Arraudeau,
1983). No Sul de Tanzânia, CBSD é comum a altitudes abaixo de 300 m e raro a altitudes
acima dos 500 m, onde a distribuição natural parece não ocorrer (Hillocks e Thresh, 2000).
Os resultados da avaliação feita entre 1999 e 2001 nos distritos das províncias de Nampula
e Zambézia, enfatizam a prevalência da doença (INIA,2004 citando Thresh e Hillocks,
2002). Segundo o INIA (2004), estudos feitos desde 2001 a 2003 em Cabo Delgado,
mostraram que esta foi a província que teve menor prevalência da doença. Pouco se sabe
sobre esta doença em Moçambique e noutros locais.
Na mandioca, a mosca branca pode ocasionar dois tipos de danos: directo, pela sucção de
seiva e acção toxicogênica, além da liberação de secreções açucaradas, favorecendo o
desenvolvimento de um fungo chamado fumagina reduzindo a área foliar e a taxa
fotossintética, e portanto a produção; e indirecto, pela transmissão do vírus (Farias, 2000).
4.2.3. Sintomas
Todas as partes da planta da mandioca podem mostrar sintomas de infecção de CBSV , mas
quanto aos aspectos e níveis do sintoma manifestados depende das condições ambientais,
estágio de crescimento da planta relativa ao período de infecção e à sensibilidade da
cultivar (Hillocks e Thresh, 2000). A acção dos vírus, de uma forma geral, apresenta como
sintomas característicos o amarelecimento total da planta, nanismo acentuado e
enrugamento severo das folhas terminais da planta (Farias, 2000).
Sintomas do caule – não estão associados duma forma consistente à doença, excepto em
variedades altamente sensíveis e podem variar dependendo da cultivar. Em tecidos verdes e
jovens do caule lesões de cor púrpura/castanha podem ser observadas na superfície exterior
onde podem ser vistos como tendo penetrado no córtex ou expondo-se no exterior da casca
(Hillocks e Thresh, 2000).
Depois da queda das folhas, aparecem lesões necróticas nas cicatrizes da folha devido a
senescência normal. Em infecções severas estas lesões desenvolvem-se ao ponto de matar
os gomos axilares que se encontram na fase dormente (Figura 4). Uma vez os gomos
axilares mortos, ocorre o “die back” ou seja, verifica-se um encolhimento geral dos nós e
segue-se a morte do tecido do entrenós de modo que o ramo morre a partir da ponta em
direcção a parte baixa (Hillocks e Thresh, 2000).
saudáveis por fora sem evidências de contracções ou redução de tamanho mas quando se
faz um corte tornam-se necróticas (Hillocks e Thresh, 2000).
Entretanto Hillocks e Thresh (2000), citando outros pesquisadores (Storey 1939; Lennon et
al 1986; Bock 1994), afirmam que os mesmos acreditavam que doença era causada pelo
vírus transmitido pelo insecto e o vector provável era mosca branca (Bemisia sp). Mas com
ensaios de campo, observaram que não eram capazes de transmitir CBSD com a mosca
Branca, Bemisia tabaci (conhecida como sendo transmissora do Mosaico Africano da
Mandioca), ou através de espécies de afídeos como era o caso de Myzus persicae Sulz.
Bock (1994) citado por Hillocks e Thresh (2000), sugeriu que Bemisia afer, uma segunda
espécie da mosca branca, é o mais provável candidato e recentes progressos na
classificação do agente causador como um Ipomovirus, uma vez mais aponta em direcção
da mosca branca como vector.
Thompson (2001), nas suas experiências com Bemisia tabaci como um possível vector do
vírus da doença do listrado castanho da mandioca, não conseguiu transmitir o vírus e
concluiu que este insecto não é o vector do CBSV. Sendo assim, o agente transmissor do
CBSV continua a ser um mistério por desvendar. Ensaios sobre a transmissão do vírus do
listrado castanho da mandioca, continuam a ser realizados na Tanzânia e no Reino Unido.
4.2.5. Maneio
O método básico para o controle do CBSD é a selecção de material de plantação através
das plantas mães sem sintomas. A saúde do material em stock precisa de ser mantida
através de contínua selecção e supressão de material infectado que aparece na fase de
novos rebentos. Para que este processo seja bem sucedido, é necessário que se saiba a
quantidade de doenças que afectam a mandioca existente à volta do grau de infestação
(Hillocks e Thresh, 2000).
Contudo, isto pode ser vantajoso para as áreas de baixa infestação. Para as áreas de alta
infestação na zona costeira, a libertação de material de plantação isento de vírus precisa de
ser combinada com o uso efectivo de cultivares que manifestam certo grau de resistência.
Cultivares locais tais como Nanchinyaya e Chigoma Mafia que parecem ser tolerantes a
infecções e que parecem retardar o desenvolvimento de necroses das raízes poderiam ser
usadas (Hillocks e Thresh, 2000).
Deve-se eliminar restos culturais logo de imediato após a colheita e plantas invasoras das
proximidades da área de preferência, antes do plantio (Berling e Lebiush-mordechi,1995).
Evitar plantio tardio, ou seja plantar no início da época chuvosa e fazer rotação de culturas
(Msikita et al, 2000).
40° 35’ 50” a extremo oeste 35° 58’ 00”, com uma superfície total de 82 625 km2. Faz
limite a norte com Tanzânia, a sul com a província de Nampula, a leste com Oceano Índico
e a oeste com a província do Niassa. Na região norte predominam solos argilosos de
fertilidade média. (DCM, 2005).
Na zona 10, destacam-se os distritos de Palma e Mocímboa da Praia como sendo os centros
de produção de mandioca e contraditoriamente, é nestes distritos onde há maior incidência
da doença do listrado castanho da mandioca (Anexo I, figura 1.1). Apesar da elevada
incidência da doença, os camponeses continuam a utilizar e a distribuírem o material local
para plantio, para as diferentes zonas da província e do país.
MOCÍMBOA DA PRAIA
Figura 6. Localização e Divisão administrativa dos distritos de Palma e Mocímboa da Praia (produzido
por P.Sithoe, 2004)
PALMA
(*) HR – hospital rural, CS – centro de saúde, PS – posto de saúde, EP1 e EP2 – escolas primárias do
1° e do 2° grau respectivamente.
O acesso à água potável é uma necessidade fundamental tanto para o distrito de Palma
como para o distrito de Mocímboa da Praia e, as comunidades rurais não tendo acesso a
este recurso em condições adequadas (poços), abastecem-se com a água dos rios
(DCM, 2005).
Nos dois distritos, foi feita a recolha de dados ao nível da Direcção Distrital e
Provincial de Agricultura, ONGs e Serviços de Extensão para se obter dados sobre: os
preços de venda dos principais produtos alimentares básicos nos últimos dois anos
(Tabela 6), a problemática do CBSD, a variação do acesso aos produtos básicos e aos
insumos agrícolas, o cronograma das principais actividades agrícolas das principais
culturas e a rede de comercialização e vias de acesso.
Tabela 6. Preços de venda dos principais produtos básicos em Palma e Mocímboa da Praia
Produtos Preços (MZM/Kg)
Mandioca 500 a 1 000
Milho 1 500 a 3 000
Mapira 1 000 a 2 000
Feijões 3 000 a 5 000
Amendoim 5 000 a 7 000
Arroz (casca) 2 000 a 3 500
Gergelim 4 000 a 7 000
Fonte: Andique (2005), DDA de Palma
A subida de preços dos principais produtos básicos dificulta o acesso por parte das
famílias rurais aos mesmos. A falta de insumos agrícolas, de fornecedores ou
intervenientes comerciais, a falta de associações e as vias de acesso dificultadas,
prejudicam a produção e comercialização agrícola.
5. METODOLOGIA
Para a selecção das áreas de estudo (distritos) teve-se em conta, o nível de incidência da
doença, através dos levantamentos anteriores (2001 a 2003) realizados pelo INIA nos
distritos de Palma e Mocímboa da Praia, a sua localização geográfica (litoral), e
facilidade de acesso.
Não foi possível se fazer o levantamento do CBSD em 2004 nos distritos nortenhos da
província de Cabo Delgado, como estava previsto ser feito pelo INIA e parceiros
(Cooperação Espanhola e DPADR), por isso teve-se como base os levantamentos
anteriores.
Este trabalho é uma pesquisa exploratória que visa fornecer ao pesquisador um maior
conhecimento sobre o assunto. A colecta de dados relativos a alguns elementos da
população (Agregados Familiares), foi realizada por meio de uma amostra não
probabilística por julgamento, do tipo “bola de neve” (snow ball).
Segundo Bogdan e Biklen (1994), a técnica de "bola de neve" consiste em : uma pessoa
ir indicando outra, assim, sucessivamente até termos a sensação de que conhecemos
todo o grupo pois os fios-condutores das histórias de vida se repetem e é a repetição
Escolheu-se este tipo de amostragem devido a sua facilidade operacional e aos baixos
custos comparando com a amostragem probabilística que seria inadequada, apesar de
esta ser mais precisa.
Foram considerados 4 locais (aldeias) por distrito como partes da amostra, onde a
selecção dos participantes envolveu um grupo restrito de indivíduos, isto é 52
agregados familiares (52 AFs) que foram entrevistados, para minimizar, tanto quanto
possível, a discrepância entre os resultados obtidos, tendo em conta as limitações
financeiras. Entrevistou-se 26 representantes dos AFs produtores de mandioca em cada
distrito.
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1. Dados Gerais
Sexo e idade dos representantes dos AFs por distrito: Dos 52 entrevistados, 43 eram do
sexo masculino e 9 do sexo feminino e, maior parte dos representantes do AF tinha
idade superior a 40 anos (Figuras 7 e 8, Anexo IV- tabelas 4.1 e 4.2).
30
20
10
Numero de AFs
Sexo do entrevistado
masculino
0 feminino
Palma Mocimboa da Praia
Distritos
20
10
Idade do chefe do AF
Numero de AFs
18 anos
19-40 anos
0 >40 anos
Palma Mocimboa da Praia
Distritos
20
10
Numero de AFs
Distritos
Palma
0 Mocimboa da Praia
An
1a
5a
N
ao
-
-
al
4a
9a
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cl
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as
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t.
se
se
a
co
co
es
m
co
pl
pl
la
t.
t.
Do total das machambas por distrito, em Palma 38 das 69 machambas são de solos
arenosos, 14 de solos mistos e 17 de solos pesados (nas zonas baixas, perto dos rios).
Em Mocímboa da Praia, 48 das 63 machambas dos AFs são de solos arenosos, 9 mistos
e 6 pesados (Anexo IV- tabela 4.3).
De uma maneira geral, estas machambas são cultivadas sem pousio durante 1 a 6 anos
nos distritos, como ilustram as figuras 10 e 11 e, quem toma conta das mesmas quase
sempre é o marido (Anexo IV- tabela 4.4).
≥30 anos 2
24 a 29 anos 0
18 a 23 anos 1
Tempo
Machambas por AF
13 a 17 anos 1
7 a 12 anos 7
1 a 6 anos 52
0 10 20 30 40 50 60
Numero de Machambas
Figura 10. Número de anos de cultivo sem pousio dos AFs por machamba em Mocímboa da Praia
≥10 anos 0
7 a 9 anos 6
Tempo
Machambas por AF
4 a 6 anos 14
1 a 3 anos 49
0 10 20 30 40 50 60
Numero de Machambas
Figura 11. Número de anos de cultivo sem pousio dos AFs por machamba em Palma
As culturas mais praticadas pelos AFs nas suas machambas no distrito de Mocímboa da
Praia são, em ordem de importância, a mandioca, o milho, o feijão nhemba e a mapira
(Figura 12). No distrito de Palma as culturas mais praticadas são: mandioca, milho,
mapira e arroz; em ordem de importância (Figura 13). Estas culturas são também
importantes tanto para venda como para consumo dos AFs (Anexo IV- tabelas 4.15 e
4.16).
1
0 11
Mandioca
1
Milho
9
38 Batata doce
Feijao Nhemba
4
Outros feijoes
3
Mapira
Amendoim
Arroz
16 Cucurbitaceas
Gergelim
Ananas
3
Banana
24
Outros(Inhame,Cana doce, Caju)
17
1
Figura 12. Culturas praticadas na campanha 2003/2004 por machamba dos AFs em Mocimboa da Praia
2
0
Mandioca
1
Milho
5 Batata doce
8
32 Feijao Nhemba
Outros feijoes
17 Mapira
Amendoim
Arroz
5 Cucurbitaceas
Gergelim
25 Ananas
Banana
22
Outros(Inhame,Cana doce, Caju)
2 4
14
Figura 13. Culturas praticadas na campanha 2003/2004 por machamba dos AFs em Palma
25
20
Numero de AFs
15 Doce
Intermedio
10 Amargo
0
e
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ia
du
a
i
a
de
no
e
an
o
ay
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c
M
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Li
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m
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tin
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Na
Ch
Bi
i
Ch
Variedades
30
25
Numero de AFs
20
Dura
15 Intermedia
Aguada
10
0 e
ue
ia
du
a
i
a
de
no
e
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M
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Na
Ch
Bi
i
Ch
Variedades
30
25
Numero de AFs
20
Curto
15 Intermedio
Longo
10
0
e
ue
ia
du
a
i
a
de
no
e
an
o
ay
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Na
Ch
Bi
i
Ch
Variedades
20
18
16
14
Numero de AFs
12 Doce
10 Intermedio
8 Amargo
6
4
2
0
oe
je
ao
ia
ba
e
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a
ba
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Ca
Variedades
Figura 15.a) Características das variedades de mandioca quanto ao Sabor- Mocímboa da Praia
25
Numero de AFs 20
15 Dura
Intermedia
10 Aguada
0
oe
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Ch
Ca
Variedades
Figura 15.b) Características das variedades de mandioca quanto a Consistência- Mocímboa da Praia
20
18
16
14
Numero de AFs
12 Curto
10 Intermedio
8 Longo
6
4
2
0
oe
je
ao
ia
ba
e
a
a
ba
ua
i
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Ca
Variedades
Figura 15.c) Características das variedades de mandioca quanto ao Ciclo- Mocímboa da Praia
Nos dois distritos, os AFs cultivavam estas variedades (locais) porque diziam que não
apodreciam, eram doces, duras e de ciclo curto (menos que 9 meses). As variedades
amargas cultivadas eram para afugentar os animais que destruíam as suas machambas.
Segundo dados obtidos pelo INIA (2004) na província de Cabo Delgado, existe numa
È possível que para além de afugentar os animais das suas machambas, os Afs plantam
inconscientemente variedades amargas, para evitar maiores perdas causadas pela
podridão. Segundo os entrevistados, uma mesma variedade comporta-se de diferentes
maneiras, quanto ao sabor, consistência e ciclo, nos diferentes locais de plantio, daí a
preferência de uns por certas variedades e o diferente comportamento das mesmas nos
dois distritos como mostram as figuras anteriores 14 e 16.
18
16
14
12
Numero de AFs
Distrito
10
Palma
8 Mocimboa da Praia
Sim Nao
Figura 16. Conhecimento dos entrevistados sobre as variedades resistentes ou tolerantes a doença
Da mandioca produzida, os AFs preparam seus alimentos tanto para consumo como
para venda. Os Principais produtos obtidos do processamento da mandioca, seja para
venda ou consumo, nos distritos de Palma e Mocímboa da Praia, são os seguintes:
No distrito de Palma:
• Matchoba- lumino de magaga ou doce de magaga cozida com côco;
• Mandjundjo, Ncate e papas;
• Magungo- espécie de Limbumbunda, só que este é cozido em banho-maria;
• Macopa- magaga deixada de molho durante um dia com sal ou açúcar para
depois se cozer e consumir.
Produção animal: Dos 52 entrevistados, 61,5% (32 AFs) possuíam criação de animais
e 38,5% (20 AFs) não possuíam criação de animais (Figura 17, Anexo IV- tabela 4.5).
Nos dois distritos os AFs tinham como produção animal somente galinhas, patos e
cabritos. A maior parte dos AFs que tinha produção animal, criava galinhas (29 AFs)
para além do restantes animais e, possuíam geralmente 1 a 8 animais por AF (Anexo
IV- Figuras 4.3 e 4.4).
35
32
30
25
Numero de Afs
20
20 18
Possui criacao de animais
10 8
0
Palma Mocimboa da Praia Total
Distritos
Fontes de rendimento do AF: As principais fontes de rendimento dos AFs eram a venda
dos produtos da machamba, emprego na machamba dos outros, venda da criação
animal e venda de bebidas (Figuras 18 a 21). Outras fontes de rendimento incluíam:
pesca, reparação de bicicletas, reformas (antigos combatentes) e fabrico de enxadas,
facas e machados. Os vários produtos que serviam para comercialização eram: peneiras,
esteiras, panelas de barro, troncos para construção e camas ou cadeiras feitas de corda
(Anexo IV- tabelas 4.6 a 4.13).
Nenhuma
Pouca
Importancia na renda familiar
Grande
Distrito
Muito grande
Palma
Mocimboa da Praia
0 10 20
Numero de AFs
Nenhuma
Distrito
Grande
Palma
Mocimboa da Praia
0 2 4 6 8 10 12 14
Numero de AFs
Nenhuma
Pouca
Importancia na renda familiar
Grande
Distrito
Muito grande
Palma
Mocimboa da Praia
0 10 20
Numero de AFs
Nenhuma
Pouca
Distrito
Muito grande
Palma
Mocimboa da Praia
0 10 20 30
Numero de AFs
12
10
6
Numero de AFs
4 Distrito
2 Palma
0 Mocimboa da Praia
M
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e
de
Conhecimento sobre a doença, CBSD, pelos AFs: Dos 52 AFs entrevistados, 45 tinham
conhecimento da existência da doença do listrado castanho da mandioca e 7 não tinham
(Tabela 11). Como não houve distribuição de estacas provenientes de variedades
tolerantes, é possível que também não tenha havido disseminação da informação sobre
a doença.
30
25
Numero de AFs
20
15
10
0
Aves de rapina
Elefantes
Gafanhotos
Podridao
Cochonilha
Outros(lesmas,
Acaros
Ratos
Macacos
Porcos
infestantes
caracois e
parasitas)
Figura 23. Principais pragas, doenças e outros factores naturais que afectam a produção de mandioca em
Palma
30
Numero de AFs 25
20
15
10
Aves de rapina
Elefantes
Gafanhotos
Podridao
Cochonilha
Outros(lesmas,
Acaros
Ratos
Macacos
Porcos
infestantes
caracois e
parasitas)
Pragas, doencas e infestantes
Figura 24. Principais pragas, doenças e outros factores naturais que afectam a produção de mandioca em
Mocímboa da Praia
Causas da podridão da mandioca: No distrito de Mocímboa da praia, 46% dos AFs não
sabiam quais as causas da podridão da mandioca, 35% diziam que era a cochonilha e o
modo como as senhoras tiram as folhas (novas) para fazer mathapa e, 19% diziam que
era a falta de rotação e o aquecimento do solo. No distrito de Palma, 77% não sabiam
quais as causas da doença, 12% diziam que era a cochonilha e 11% apontavam a falta
de limpeza e a presença de infestantes parasitas, como causas da doença.
Observou-se que a maior parte dos entrevistados (47 AFs) tinham conhecimento da
doença, ou seja associavam-na às diversas causas acima citadas que não correspondem
à descrição apresentada pelos pesquisadores da doença referidos no capítulo 4.2 do
presente trabalho.
Manifestação da doença nas diferentes partes da planta: Todos os AFs diziam que toda
planta era afectada pela doença. Foram citadas várias manifestações da doença nas
diferentes partes da planta; folhas tornam-se amarelas, murchas e/ou esbranquiçadas, o
caule enrugado, escuro ou esbranquiçado e a raiz apodrece mas, apenas 20%
descreveram correctamente os sintomas foliares, 2% os sintomas do caule e 27% os
sintomas radiculares. Estas disparidades na descrição da manifestação da doença nas
diferentes partes da planta, foram devidas à falta de informação e conhecimento sobre a
doença.
Maneio: No distrito de Mocímboa da Praia os AFs (81%) não sabiam quais eram os
meios de combate à doença, 15% diziam que queimavam estacas provenientes de
plantas doentes e 4% diziam que se encontrassem plantas doentes, apenas cortavam a
parte afectada e deixavam ficar a outra menos afectada. Em Palma, todos os
entrevistados não sabiam quais eram os meios de combate à doença. Tanto em
Mocímboa como em Palma, os AFs diziam que mesmo que não soubessem os meios de
combate, quando encontrassem uma planta doente na sua machamba de mandioca,
arrancavam-na, deitavam-na fora e punham outra planta no lugar.
7. CONCLUSÃO
• A fraca criação animal impossibilita aos AFs de usar os animais como fonte de
rendimento e faz com que a sua principal fonte de rendimento seja a venda dos
produtos provenientes das machambas.
8. RECOMENDAÇÕES
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CGIAR NEWS (2003). Responding to a Persistent Villan: Cassava Brown Streak Virus
set to play havoc in Sub- Saharan Africa. www.cgiar.org/enews/july2003/
FAO- Food and Agriculture Organization of the United Nations (1998). FAO
Production Yearbook for 1997. Vol. 51. Rome- Italy, 239pp.
FAO- Food and Agriculture Organization of the United Nations (2004). Economic and
Social Department, The Statistics Division. http://apps.fao.org/faostat/
HAJI, F.; M. LIMA e J. ALENCAR (1997). Histórico sobre mosca branca no Brasil.
In: Encontro Latino-Americano e do Caribe sobre moscas brancas e Geminivirus.
Resumos. Santo Domingo: Junta Agroempresarial Dominicana Inc., p.5-8.
LEGG, J. e R. HILLOCKS (2003). Cassava Brown Streak Virus Disease: Past, Present
and Future. Natural Resources International Limited, Aylesford- UK, 89pp.
MADER, MISAU e PNUD (2001), O doce que dá saúde. In: Extensão Rural,
Moçambique. Ano 2, n°4, 40pp.
MALEIA, M. (2003). Tese de Licenciatura. Avaliação das perdas causadas pelo vírus
do listrado castanho na cultura da mandioca (Manihot esculenta Crantz) na província da
Zambézia. FAEF- UEM, Maputo, 64pp.