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meee eel Wet ¢ Agua subterranea e sua acgao geolégica vo Karmann aCe eee ‘gua éa substincia mais abundante na superfi- cic do planeta, participando dos seus processos moxleladores pela dssolucio de maresiais terrestres ¢ do transporte de particulas. Eo melhor ¢ mais comum’ solvente disponivel na natureza e seu papel no intemperismo quimico é evidencindo pela hidrélise (Cap. 8). Nos ios, a gua € responsivel pelo transporte de pparticulas, desde a forma idnica (em soluedo) até Iho € blocos, representando meio mais efieiente de erosio da superficie terrestre (Caps. 9 € 1¢). Sob forma de gelo, acumula-se em grandes volumes, inclusive gele tas, escarificando © terreno, arrastando blocos rochosos © esculpindo a paisugem (Cap. 11), Sua importincia na superficie terrestre €atestadaain- a quando se comparam as areas eohertas por dgua e gelo com aquelas de “terra firme”: do total de S100? nv’ da superficie da Terra, 310s10" km: sio eobertos por oceanos, em contraposicao a 184,04810' km’ de ter 1 firme, resultando numa proporgio entre superficie maritima e terra firme de 2,42 : 1. Considerando-se que cerca de 2,510? kni* das terras firmes so cobertas por rios € lagos até 15x10" km? por geleins, esta relacio fica ainda mais desfavorivel para as terras emersas, Por isso a Terra € chamada de planeta azul quando vista do fgqua tam, espago: € a cor da dau, Em subsupertice, bem ¢ importante, alimentando pogos, hoje respor por significant stecimento de gua em grandes cen p- 20) Ea gua que mantém a vida sobre a Terra, pela fotossintese, que produz biomassa pela reacio entre CO, €H.0. brar que praticamente 80% do corpo humano & tos urbanos e freas iridas ste contexto biol6gico, devemos lem- composto por dgua. A origem da agua, sua distribuigio em superficie ¢ subsuperfci assim como © movimento entre seus t= servat6rios naturas so temas do presente capitul, todos fundamentais para ori (0 aprowe umento, manejo & protegio dos mananciais hidricos do planeta "Terra. 7.1 O Movimento de Agua no Sistema Terra - Ciclo Hidrologico A gua distribui-se na atmosfera e na parte superficial «la crosta até uma profundidade de aprosimadamente 10 ken abaixo da interface atmosfera/crosta, constituin do a hidrosfera, que consiste em uma série de rios, lagos, vae na atmosfériea, agua subterrinea e agua retida reservatdrios como os oceanos, gele por de nos seres vivos. O constante intereimbio entre estes re- servatérios compreende © ciclo da agua ou ciclo hidrolégico, movimentaclo pela energia solar, € repre senta © processo mais importante da dinimica externa la Terra TAA Origem da agua No cielo hidrolégico vamos acompanhar 0 percur so de uma gota de agua pelos reservatérios nanurais (fabela posta esti nos passosiniciais cla diferenciaedo do pla ). Mas de onde veio a primeira gor yun na historia da Terra est relax ‘A origem da primeira 4g cionada dgascitica meno de liberacio de gases por um sélide ow liquide quando este aquecidlo ou resftiado, Este processo, att ante até hoje, teve inicio na fase de resfriamento geral da “Terra, ap6s a fase inical de fusio parcial. Neste gradativo resftiamento ¢ formaga dlos gases, principalmente vapor de agua (H,1)) © gis carbvinico (CO. voliteis da eristaizacio do magma (Cap. 16). A geracio com a formacio da armostera, ou seja, a » do planeta. Este termo refere-se ao fend- » de rochas igneas, foram libera ‘entre wisios outros, como subprodutos de € observada atualmente igua sob forma de vape em erupedes vuleiniexs, sendo chamada de agua juve~ nil, suportando 0 modelo acima, sobre a origem da gua. Logo surge outra diivida: o volume de gua que atualmente compde a hidrosfera foi gerado ggadativamente ao longo do tempo geoligico ou surgi repentinamente num certo momento desta bist gedlogos defendem a segunda possiblidade, Existem evidéncias geoguimicas que suportam a formacio de quase toda a atmosfera e a égua hoje disponivel nesta primeira fase de resfriamento da ‘Terra; desde entio, este volume teria sofrido pequenas variagdes, apenas por reciclagem, através do ciclo das rochas (Cap. 2) 7.1.2 Ciclo hidrolégico Partindo de um volume total de agua relativamente constante no Sistema Terra, podemos acompanhar 0 ci- dlo hidrologico (Fig, 7.1) iniciando com o fe meno dt que representa a condensacio partie do vapor de sigua presente na. at mosfera, dando origem 4 chuva. Q ‘gua transforma-se dinet tes, por aglutinacao, atingem tamanho e peso suficientes, «a precipitacio ocorre sob forma de neve ou granizo, responsivel pel geragio € manutengio do importante reservat6rio representado pels geleiras nas calotas pola ilo 0 vapor de nente em cristais de gelo e es res € nos cumes de montanhas, = Lago subtree do caverna Pago Encantedo (calcdries do Grupo Uno}, ltseté, BA. Foio: Adriano Gambarini ae ed Tabela 7.1 Distribuicdo de agua nos principais reservatorios naturais. A agua doce liquida disponivel na Terra corresponde praticamente a agua subterranea. Reservatério ert) Oceanos 1.370 Geleiras e capas de gelo 30 Aguas subteéneas 60 Lagos, rios, pantanos e 02 reservotbros oniicils Umidade nos solos 0,07 Biosfera 0,0006 Atmostera 0,0130 Parte da precipitagio retorna para a atmosfera por evaporagio direta durante seu percurso em direelo a superficie terrestre, Esta fracio evaporada na atmos fera soma-se ao vapor de gua formado sobre 0 solo c agucle liberado pela atividade biologica de organis. Fig. 7.1 O ciclo hidrol6gico, Ee caad 94 2 10-1000 anes 4 2semanas © 10,000 anos <0,01 2 semanas «10 anos 0,01 2semonasa 1 ano <0,01 semana <001 ~ 10s ‘mos, principalmente as plantas, através dla respiracio. Fsta soma de processos € denominada evapotrans- Piragio, na qual a evaporucio direta & causada pela radiacio solar ¢ vent , enquanto a transpiracio de- pende da vegetacio. A evapotranspiracio em reas Vopor de agus on oe oO ¢ 4 aCe te eee ry florestadas de clima quente ¢ timido devolve 4 atmos. fera até 70% da precipitagio, Em ambientes glaciais 0 retorno da ‘agua para a atmostera ocorre pela subli macio do gelo, na qual estado sélido part o yrsoso, pela agi do vento (Cap. 11). gua passa diretamente do. Fim regides fore addas, uma parcela da precipita cio pode ser retida sobre folhas © caules, sofrendo evaporacio posteriormente, Este processo € a taco, Com a movimentagio das fothas pelo vento, parte da ‘gua retida continua seu trajeto para 0 solo. \ interceptagio, portanto, diminui o impacto das goras de chuva sobre © solo, reduzindo sua agio inter Uma vez atingido o solo, dois eaminhos podem ser seguidns pela goticula de agua. O primeiro € infiltea 10 que depende principalmente das earac- ial de cobertura da superficie. A Agua de infiltragio, guiada pela forga gravitacional, tende a preencher os vazios no subsolo, seguindo em profundidade, onde abastece © corpo de agua subterrinea. A segunda possibilidade ocorre quan- do a capacidade de absorcio de agua pela superficie € superada e o excesso de Agua inicia o escoamen- to superfic zonas mais baixas. Este escoamento inicia-se atra vés de pequenos filetes de agua, efémeros © disseminados py , impulsionado pela gravidade para superficie do solo, que conver- gem para os cirregos € rios, constituindo a rede de drenagem, O bom Jembrar ainda que parte da agua de infiltragao retorna A superficie através de nascentes, alimentando o escoamento superficial ou, através de rotas de fu- xo mais profundas e lentas, reaparece diretamente coamento superficial, com t cegies, tem como destino final os oceanos. F nos oceanos, Durante o trajeto geral do escoamento superficial nas dreas emersas e, principalmente na superticie dos loceanos, ocorre a evaporacio, realimentando © vapor de agua atmostérico, completando assim 0 ciclo hidrol6gico. Estima-se que os oceanos contribuem com ‘do total anual evaporado e os continentes com 15% por evapotranspiragiv. 7.1.3. Formagio e consumo de gua no ciclo hidrolégico O ciclo hidrolégico pode set comparado a uma gran- de maquina de reciclagem da égua, na qual operam processos tanto de transferéncia entre os reservatsri ‘08 como de transtormacao entre os estados gasoso, liquide ¢ sdlido. Proeessos de consumo e formacie de gua interferem neste ciclo, em relative equilibrio através do tempo geol6gico, mantendo o volume geral de agua constante no Sistema Terra. Hi, portante, um balango entre a geragio de dgua juvenil ¢ consumo de gua por dissocia sedimentares, 0 € sua incorpornedn em rochas Considerando 0 tempo geoligico, © ciclo hidrologico pode ser subdividido em dois subciclos: ‘© primeiro opera a curto prazo envolvende a dindmi ca externa da ‘Terra (movido pela energia solar ¢ gravitacional, Cap. 9; 0 se clo, de longo prazo, é ‘movimentado pela dindmica interna (tectoniex de pl cas, Cap. 6), onde a sgua participa do ciclo das tochas ig 7.1). N cBes fotoguimicas (forossintese) onde € retida ciclo “ripido”, a ‘igua € consumida nas rea prineipalmente na producdo de hiomassa vegetal (ce lulose e acticas). Com a reacio contriria 4 fotossintese 4 respiragao, esta gua retorna ao ciclo. No cielo “lento” © consumo de agua ocorre no intemperismo quimico através das reagdes de hicrlise 8) ena formacio de rochas seximentates € metamorfieas, com a formacio de minerais hidrataclos (Cap. 2). A. pro: ducto de 4gua juvenil pela atividade vulcanica representa © retorno desta Agua ao ciclo rapide. ap. 7.1.4 Balango hidrico e bacias hidrogrificas © ciclo hidrolégico tem uma aplicacio pritica no estudo de recursos hidricos (Cap. 20) que visa avaliar ¢ monitorar a quantidade de agua disponi vel na superficie da Terra. A unidade geogrifica para esses estudos é a bacia hidrografica, defini da como uma area de captagio da agua de precipitagio, demarcada por divisores topogrifi cos, onde toda Agua captada converge para um nico ponto de saida, 0 exutdrio (Pig, 7.2), A bacia hidrografica é um sistema fisico onde podemos quantificar 0 ciclo da agua, Esta anilise quantitativa é feita pela equagio geral do bala hidrico, expressio basiea da Hidrologia: Nesta equacio, P eorresponde ao volume de gua precipitado sobre a area da bacia, Ho volume que voltou i atmosfera por evaporacio € transpinicio, ¢ Q 20 volume total de agua escoado pela bacia, duran:

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