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1.

Introdução
As raízes da análise técnica remontam a 1884, após o surgimento da
Teoria de Dow, desenvolvida por Charles Dow.
A Análise Técnica é um processo de análise do histórico dos preços e
das quantidades da acção, tendo como objectivo a determinação dos
preços futuros, tentando assim reduzir o risco do investimento.
2. Variáveis
Existem várias variáveis que definem o preço e o volume utilizados na
análise técnica:
o Preço de abertura - preço da primeira transacção da sessão.
o Preço máximo - preço mais alto que foi transaccionada a acção
durante a sessão.
o Preço mínimo - preço mais baixo que foi transaccionada a acção
durante a sessão.
o Preço de fecho - preço da última transacção da sessão.
o Volume - número de acções que foram transaccionadas na
sessão.
3. Gráficos
O gráfico é o fundamento da análise técnica, já que permite encontrar
padrões ao longo da evolução temporal. Existem vários tipos de gráficos
que nos proporcionam diferentes análises.
o Gráfico de Linha - este tipo de gráfico é o mais simples que
existe, já que a linha representa os preços de fecho da acção.

o Gráfico de Barras do Preço - este é o tipo de gráfico mais


utilizado na análise técnica, já que fornece a informação do preço
de abertura, máximo, mínimo e de fecho. O ponto mais acima do
traço é o preço máximo, o mais baixo é o preço mínimo. O preço
de fecho é o tracinho da direita e o de abertura é o tracinho da
esquerda. Logo, este tipo de gráfico fornece-nos visualmente a
informação das variáveis do preço.

o Gráfico de Barras do Volume - O volume dá-nos a quantidade


transaccionada de um activo sendo interpretado como a medida
de força compradora ou vendedora de determinado título. Este é
normalmente apresentado ao fundo do gráfico, junto á data.

o Gráfico tipo "Vela" - Este tipo de gráfico foi inventado pelos


japoneses no séc XVII. Cada "vela" representa um período de
tempo, isto é um dia. Por vezes é utilizada com o fim de unir os
preços máximos ou preços mínimos para traçar linhas de
tendência de uma forma mais fácil.
Normalnte os analistas técnicos utilizam o gráfico barra, já que nos
fornece de uma forma rápida informações que são úteis para a análise
técnica.
4. Suporte e Resistência
Os preços da acção resultam do confronto entre o comprador e o
vendedor, desta forma, o preço quando é formado implica um acordo
entre o vendedor e o comprador, logo os vendedores prevêm que o
preço vai descer e os compradores prevêm que o preço vai subir.
Quando existe mais compradores que vendedores (pressão de compra)
o preço sobe, quando existe mais vendedores que compradores o preço
desce.
o Suporte - Nível de preço em que existe uma procura significativa
pondo fim a um movimento de descida do preço da acção
fazendo alterar o movimento da acção (subida), logo é o preço
em que a maioria dos investidores, acreditam que a acção vai
subir.
o Suporte horizontal - O valor do suporte é o mesmo ao longo de
um determinado período.

o Suporte ascendente - O valor do suporte aumenta ao longo do


tempo.

o Suporte descendente - O valor do suporte diminui ao longo do


tempo.

o Linha de suporte - Linha cujos pontos são os níveis de suporte


horizontal, descendente ou ascendente.
o Resistência - Nível de preço em que existe uma oferta
significativa que impossibilite o preço de subir mais, fazendo
alterar o movimento da acção (descida), logo, é o preço em que a
maioria dos investidores, acreditam que a acção vai descer.
o Resistência horizontal-O valor da resistência é o mesmo ao longo
de um determinado período.

o Resistência descendente-O valor da resistência diminui ao longo


do tempo.

o Resistência ascendente - O valor da resistência aumenta ao


longo do tempo.

o Linha de resistência - Linha cujos pontos são os níveis de


resistência horizontal, descendente ou ascendente.
As expectativas dos investidores mudam com o tempo. Se as
subidas/descidas forem acompanhadas por um volume alto estas
poderão indicar-nos uma alteração dos níveis de suporte/resistência.
Deste modo, nas subidas as resistências são quebradas repetidamente
até o sentido ascendente alterar, nas descidas os suportes são
quebrados até o movimento de descida alterar.
Normalmente quando os níveis de suporte ou de resistência são
quebrados com sucesso; nas subidas os níveis de resistência tornam-se
níveis de suporte, nas descidas os níveis de suporte tornam-se níveis de
resistência.
O arrependimento dos investidores - Por vezes, após a quebra de um
nível de resistência/suporte, os compradores/vendedores questionam a
validade do novo nível de preços, e podem começar a vender/comprar,
reajustando de novo o preço aos níveis anteriores de
resistência/suporte. Esta situação cria um fenómeno de arrependimento
que faz com que o preço retorne ao nível anterior, à quebra do nível de
resistência/suporte.
Então como saber, após uma quebra de um nível de suporte/resistência
se os investidores vão se arrepender ou não? Normalmente a quebra de
suporte/resistência com elevado volume não é questionado, e
consequentemente não existe arrependimento, mas quando a quebra é
acompanhada por um volume baixo, há uma maior probabilidade dos
investidores se arrependerem.
Resumindo estes conceitos de resistência e suporte:
o O preço da acção representa o consenso entre os compradores e
os vendedores.
o As alterações do preço são uma consequência de alterações das
expectativas dos investidores quanto ao preço futuro da acção.
o Quando existe consenso de que a acção não desce mais ocorre
um nível de suporte, este é o ponto em que existe mais
compradores do que vendedores.
o Quando existe consenso de que a acção não sobe mais ocorre
um nível de resistência, este é o ponto em que existe mais
vendedores do que compradores.
o A penetração de um nível de resistência ou de suporte, traduz
uma alteração nas expectativas dos investidores.
o O volume é útil para determinar quanto forte é a alteração das
expectativas.
o Quando existe um arrependimento dos investidores o preço retrai-
se para níveis anteriores ao preço de penetração.
5. Linhas de Tendência
Linha de tendência - Uma linha de tendência tem que ligar pelo menos 2
pontos, quantos mais melhor. É normalmente requerido um 3º ponto
para confirmar a tendência. A tendência indica-nos a direcção do preço
de um activo financeiro durante um determinado período de tempo. A
máxima junto do analista investidor técnico é "the trend is your friend" (a
tendência é nossa amiga), a diferença entre tendência e níveis de
suporte/resistência, é que a tendência representa uma mudança,
enquanto que o suporte/resistência são barreiras a ultrapassar. Será
tanto mais significativa quanto maior for o tempo que permanece sem
ser penetrada. Existem tendências de curto prazo, de médio ou de longo
prazo e de diverso tipos:
A tendência de subida é definida por sucessivos máximos de preços
mínimos, isto é cortes sucessivos de níveis de resistência ( o mercado
está comprador e faz subir os preços).

Uma tendência de descida é definida por sucessivos mínimos de preços


máximos, isto é quebras sucessivas de níveis de suporte ( o mercado
está vendedor e faz cair os preços).
Também nas linhas de tendência existe o arrependimento dos
investidores, e aqui também o volume é extremamente importante para
a determinação do significado dessa penetração.
Se o volume aumenta quando uma linha de tendência é cortada dá-nos
um sinal importante de que a tendência pode alterar.
Além disso por vezes não se consegue definir qual a direcção de
determinado título, neste caso estamos perante uma tendência
indefinida.
6. Médias Móveis
Médias Móveis - A média móvel não é mais que um indicador que nos
dá o preço médio de um activo durante um intervalo de tempo. Existem
vários tipos de médias móveis, a simples, exponencial, triangular,
variável e ponderada.
Na média móvel simples os preços têm todos o mesmo peso, na
exponencial e ponderada, os preços recentes têm um maior peso.
Por exemplo, a média móvel simples 25 dias é o preço de fecho das
últimas 25 sessões do activo a dividir pelo número de sessões (25). logo
ao calcular este indicador podemos especificar qual o intervalo de tempo
que queremos.
Existem várias interpretações para este indicador, um deles é a relação
que se pode estabelecer entre o preço da acção e a sua média móvel.
Um sinal de compra surge, quando o preço da acção cresce acima da
sua média móvel, um sinal de venda surge quando o preço da acção cai
abaixo da sua média móvel.
A variável mais importante deste indicador é o número de períodos de
tempo usado para calcular a média. Desta forma os sinais de compra e
venda vão depender deste factor. A chave é estudar o sucesso de
diferentes médias para a mesma acção, logo é necessário optimizar a
média para cada título, utilizando assim o computador.
Também se pode utilizar 2 médias móveis para gerar sinais, por
exemplo utilizando as médias 10 e 30, se a média mais curta cortar a
mais longa no sentido ascendente é um sinal de compra, se a média
curta quebrar a longa em sentido descedente dá-nos um sinal de venda.
Normalmente com médias até 15 dias a análise é de muito curto prazo,
até 30 dias é de curto prazo e de 30 a 200 dias a análise já é
considerada de longo prazo.
A média móvel exponêncial, é calculada atribuindo uma percentagem do
preço de fecho de hoje ao valor da média móvel do dia de ontem.
Exemplo: Para calcular a uma média móvel exponêncial de 9%, faz-se:
Média móvel exponêncial de 9% = (Preço de fecho de hoje X 9 %) +
(Média móvel de ontem X 91 %)
Desta forma o peso dos preços mais recentes aumenta
considerávelmente na média total dos preços.

As médias móveis deste gráfico (Portugal Telecom em 1998) dão-nos


alguns sinais de compra e venda. O primeiro sinal de compra ocorre no
dia 29 de Junho quando a média móvel de 5 dias (linha a tracejado)
corta a de 15 dias (linha a cheio). O sinal de venda dá-se no dia 27 de
Julho quando a média 5 quebra a de 15 em sentido descendente. A
partir desta data a PT está vendedora, dando sinal de compra somente
em 10 de Outubro e de venda no dia 12 de Novembro.
As médias móveis são muito úteis, mas não nos podemos restringir
somente a este instrumento de análise para tomar decisões de
investimento.
7. MACD (Moving Average Convergence Divergence)
O MACD é um oscilador de médias móveis, cujo o objectivo é localizar
pontos de viragem nas tendências. Este indicador tem duas variáveis, a
primeira é o calculo da diferença entre duas médias móveis
exponênciais, e a segunda é um indicador sinal.
Exemplo:
MACD1=Média Móvel Exponêncial 14 dias - Média
Móvel Exponêncial 28 dias
Signal= MM Exponêncial do MACD1
O sinal de compra dá-se quando o MACD1 cruza o Signal para cima e o
sinal de venda ocorre se o MACD1 cruza Signal para baixo.
Analisando o gráfico da EDP em 1998, podemos observar que no início
de Outubro quando o MACD1 (linha a cheio) cruza o signal (linha a
tracejado) para cima dá-nos um sinal claramente de compra a 20,90
euros. Em Novembro dá-se um sinal de venda a 21,7 euros. No final de
Dezembro o MACD dá um sinal de compra a 18,2 euros e em Fevereiro
um sinal de venda a 21,3 euros.
Tal como as médias móveis este indicador não deve ser utilizado
individualmente para a tomada de decisão de investimento.
8. RSI (Relative Strength Index)
O RSI mede a velocidade a que os preços se movem. Este indicador é
um oscilador que acompanha o preço, e que varia entre 0 e 100. A
periodicidade mais recomendada é a de 14 dias, mas também se pode
utilizar o RSI de 9 e 25 dias.
O RSI dá-nos indicação se a acção está sobrevalorizada (quando se
encontra acima dos 70) ou subavaliada (quando se encontra abaixo dos
30). O RSI gera sinal de compra quando corta a linha dos 30 e sinal de
venda quando quebra a dos 70. Mas, não se deve utilizar o RSI
individualmente, já que é considerado um indicador complementar.
Neste exemplo também da Portugal Telecom podemos visualizar vários
sinais, o primeiro sinal é de vender em 22 de Julho de 1998 a 55 euros,
após a linha de RSI quebrar os 70 pontos. A cotação da acção cai até
Outubro (31 euros) nesta mesma data o RSI dá um sinal de compra ao
cruzar a linha 30 pontos. A cotação sobe até 6 de Novembro onde atinge
os 43 euros onde de novo o RSI dá-nos um sinal de venda quebrando a
linha dos 70 pontos.
9. Oscilador Estocástico
Oscilador Estocástico -É um indicador que compara o preço de fecho de
uma acção com um intervalo de preço (oscilador) durante um
determinado período sendo formado por duas linhas. A linha principal e
que normalmente aparece a cheio é denominado de linha %K, a outra é
a média de %K (%D), para além disso utiliza-se uma medida de
intervalo de oscilação (20,80). Existem várias interpretações deste
instrumento de análise técnica:
o Origina um sinal de compra quando as duas linhas %K e %D
quebra a linha 20 em sentido descendente, e sinal de venda
quando as mesmas cortam a linha 80 em sentido ascendente.
o Origina um sinal de compra quando a linha %k corta a %D em
sentido ascendente e sinal de venda quando a %K quebra a %D
em sentido descendente.
O oscilador estocástico é um indicador muito utilizado para fazer day
trading, já que normalmente é utilizado para negociação de curto prazo.
SO= (cotação de fecho - mínimo dos últimos K dias) / (máximo dos últimos K
dias - mínimo dos últimos K dias).
Este gráfico do BCP dá-nos vários sinais de compra e venda de curto
prazo. O primeiro sinal de compra a 25 euros ocorre no dia 18 de
Dezembro de 1998 quando a linha a cheio do SO cruza a linha a
tracejado. O sinal de venda dá-se dia 4 de janeiro a 26,5 euros. Ao longo
do mês de Janeiro são originados vários sinais de compra e venda com
um nível de sucesso baixo, mas como foi dito anteriormente o SO é
utilizado no curto prazo sobretudo em day trading.

10. Bolinger band


Bolinger band -Como o nome indica, as bolinger bands são bandas que
contornam a evolução dos preços, afastando-se ou estreitando-se
conforme a volatilidade, isto é, quando as bandas estão afastadas existe
uma volatilidade elevada dos preços, quando estão próximas a
volatilidade é baixa.
Este indicador é utilizado para reforçar os sinais dados por outros
indicadores, como por exemplo o RSI. Quando o preço corta ou toca a
banda superior sentido ascendente e o RSI está perto de 70, dá-nos um
sinal de venda. Quando o preço corta ou toca na banda inferior e o RSI
é inferior a 30, dá-nos um sinal de compra. A continuidade da tendência
é originada quando:
o Os preços tocam a banda superior e o RSI é menor do que 70.
o Os preços tocam a banda inferior e o RSI é superior a 30.
Os sinais de compra e venda para a EDP estão assinalados no gráfico
seguinte.
11. Conclusão
A análise técnica deve ser encarada como um complemento da
estratégia de investimento de cada investidor. Esta por vezes dá-nos
sinais errados, mas o mais importante é que num determinado período
de tempo a percentagem de ganhos seja alta, mesmo que daí resultem
algumas perdas. É um instrumento extremamente útil que nos dá uma
noção de uma forma rápida, da evolução e variação dos preços de
determinado activo financeiro. A previsão na análise técnica pode ser
bem sucedida se construirmos um modelo que nos dê uma taxa de
sucesso considerável, para testar estes modelos existem diversos tipos
de software. Para além do software que testa ou optimiza modelos
mecânicos como o Metastock, advanced get, ou o tradeadvisor, existem
outros que utilizam redes neuronais que optimizam modelos dinâmicos,
como o Biocom, Brainmaker. A análise técnica é fundamental para o
investidor, já que podemos determinar a tendência do mercado
reduzindo assim o risco dos nossos investimentos.

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1. Introdução
O objectivo da Análise Fundamental é determinar, em cada momento do
tempo, qual o valor intrínseco de cada empresa. Para tal, há que
conhecer bem a empresa que se está a tentar avaliar, para
posteriormente se tentar quantificar o valor que consideramos justo.
Com base nessa avaliação e determinação do preço justo para cada
empresa, conclui-se se o preço de mercado está caro ou barato.
2. Análise da Empresa
O princípio básico da análise fundamental é conhecer bem as empresas
que se estão a avaliar. Para tal, é necessário seguir uma série de
passos para que efectivamente se consiga aferir a atractibilidade do
investimento. O primeiro passo, obviamente, é analisar o sector e o
mercado em que a empresa se insere e a forma como se posiciona face
à sua envolvente, nomeadamente:
2.1 Envolvente Macroeconómica
o Crescimento da economia e das suas componentes principais:
evolução do PIB, consumo privado, consumo público,
investimento, exportações e importações.
o Evolução da inflação.
o Evolução das taxas de câmbio (mais importante nas empresas
exportadoras, importadoras ou com fortes investimentos no
estrangeiro).
o Taxa de desemprego.
o Taxas de juro (necessárias para analisar os custos da dívida e
fundamental para avaliar o custo de oportunidade de investir na
empresa).
o Outros factores (ciclo eleitoral, risco do país, riscos políticos e
sociais, etc).
2.2 O Sector
o Legislação aplicável.
o Concorrentes.
o Potenciais entrantes no mercado.
o Fornecedores (por exemplo, quem são, qual o seu peso relativo
no negócio e importância na determinação de preços).
o Clientes (identificação, peso no negócio, canais de distribuição,
influência no preço, etc).
o Produtos substitutos.
2.3 Empresa
Após uma análise detalhada dos factores principais que podem afectar a
vida da empresa, há que analisá-la directamente. De uma forma geral e
antes de tentar estimar a evolução futura da empresa, há que conhecer
bem o negócio e a forma como se posiciona no mercado, analisando
simultaneamente a evolução histórica dos seus principais indicadores
financeiros e os impactos que a gestão da empresa e as condições de
mercado têm tido na evolução da rentabilidade. Assim sendo, é
necessário analisar :
Vendas:
o Os produtos/serviços que vende (quais os produtos, em que
mercados e para que clientes, pesos relativos, evolução, quota de
mercado, vantagens competitivas, etc).
o Novos produtos.
o Processo produtivo.
o Tecnologia.
Custos Operativos:
o Estrutura e evolução.
o Custos das matérias primas.
o Custos com pessoal (número e evolução dos trabalhadores e
custo por trabalhador).
o Outros custos da actividade (p.ex, electricidade, marketing,
publicidade, subcontratação, etc).
o Custos totais de produção.
o Amortizações do imobilizado.
o Provisões para clientes em mora.
Resultados Financeiros:
o Nível de endividamento e sua evolução (decorrente dos
investimentos feitos e da estrutura do negócio).
o Custo da dívida.
Outras Custos/ Receitas:
o Impostos.
o Resultados de empresas subsidiárias.
o Resultados extraordinários.
Análise de Balanço:
o Análise da estrutura e evolução do balanço.
o Evolução e nálise da estrutura de capitais: endividamento versus
capitais próprios.
o Investimentos.
o Evolução das principais rúbricas da actividade: clientes,
existências, fornecedores, outros, etc.
Todos estes indicadores determinam, por fim, a evolução do Resultado
Líquido da empresa que, em última análise, reflecte a evolução global da
actividade da empresa. De uma forma generalista, os Resultados
Líquidos são a expressão mais óbvia do sucesso relativo de cada
empresa (quanto mais altos e quanto maior o crescimento) embora
ocasionalmente possam ocorrer factores que perturbem esta lógica.
Exemplos disso são períodos de fortes investimentos (com consequente
aumento de dívida e custos financeiros) que, apesar de representarem
um custo no curto prazo para a empresa, poder-se-ão reflectir em
ganhos futuros (maiores vendas e maiores resultados no futuro).
A análise duma empresa não pode ser feita, no entanto, duma forma
estática e olhando apenas para performances passadas. Não obstante,
é fundamental analisar os dados históricos, uma vez que providenciam
informação significativa sobre os aspectos importantes da sua
performance até à data. Apesar disso, sendo que o objectivo principal da
análise é avaliar a empresa e comparar essa avaliação com os preços
actuais, é sobretudo necessário olhar para o futuro e tentar determinar a
evolução da rentabilidade e dos principais indicadores financeiros da
empresa. Assim sendo, a análise da atractibilidade ou não da empresa
como investimento baseia-se largamente nas estimativas que os
analistas fazem para a sua evolução.
2.4 Estimativas
As estimativas sobre cada empresa decorrem essencialmente da análise
de todos os passos anteriores e perspectivas para cada uma dessas
variáveis. A gestão da empresa e o conhecimento das suas perspectivas
e posicionamento são também fundamentais para determinar a
estimativa que se faz para a evolução de todos os indicadores. Uma boa
gestão, que vem garantindo ao longo do tempo uma evolução positiva
da empresa e que apresenta objectivos credíveis, cumprindo esses
compromissos assumidos com os seus accionistas ao longo do tempo
pode garantir uma opinião, perspectivas e estimativas mais favoráveis
para a empresa, sendo que o contrário também se verifica.
Em resumo, a análise fundamental pega em todos os conhecimentos
sobre o passado e, de acordo com pressupostos a nível
macroeconómico, sectorial e específicos de cada empresa, estima a
evolução dos seus principais resultados e indicadores financeiros, que
servem de base à avaliação.
Assim sendo, é necessário estimar todos os indicadores relevantes a
nível macroeconómico, sectorial, de Demonstração de Resultados e
Balanço para se poder obter uma base sólida que permita prosseguir
para a avaliação da acção.
3. Avaliação
3.1 Indicadores de Mercado
Existem diversos indicadores de mercado largamente utilizados em todo
o mundo e que, apesar de não poderem ser olhados estaticamente (um
ou dois números, de per não dão grande informação), servem de base a
uma visão evolutiva e comparativa das empresas e, em alguns casos,
podem fornecer claros sinais de sub ou sobreavaliação duma empresa.
o P/E (ou PER - price to earnings ratio)
Relação entre a cotação da acção e os resultados por acção. Indica o
número de anos que o investidor necessitaria para recuperar o
investimento com os resultados por acção.
P/E = Cotação (P) / EPS
Este rácio é o mais tradicional dos indicadores de mercado. Apesar das
suas limitações, decorrentes do facto dos resultados por acção não
serem o único determinante da atractividade da empresa e poderem
variar significativamente ao longo dos anos, fornece uma razoável base
de comparação para empresas do mesmo sector, sectores comparáveis,
ou mesmo mercados. Historicamente, quanto mais baixo o P/E, mais
atractiva será a empresa. Há obviamente cuidados a ter nesta análise,
como por exemplo no caso de empresas cíclicas (com fortes variações
nos resultados), empresas com prejuízos (que poderão ser explicados
ou não por factores extraordinários) ou empresas muito jovens (com
baixos resultados ou prejuízos que ainda não reflitam o potencial de
crescimento).
O P/E é calculado para vários anos futuros com base nas estimativas de
resultados por acção para cada empresa para os próximos anos.
Tendencialmente, para indicar ser um investimento atractivo, o P/E dos
anos subsequentes deveria apresentar valores decrescentes, indicando
que os resultados por acção continuam a subir ao longo do tempo e que
o investidor vai conseguindo "recuperar" o investimento feito nessa
acção cada vez mais rapidamente.
o EPS (earnings per share)
Resultado líquido por acção. É o lucro estimado que cabe a cada acção
que estamos a analisar, com base na análise da empresa feita
previamente pelo analista (caso estejamos a olhar para o futuro.
Obviamente o EPS de 1998 ou outro ano passado é calculado com base
nos resultados líquidos já divulgados e reais).
EPS = Resultado líquido* / Número de Acções
* expurgado de resultados extraordinários
o P/CF (ou PCF - price to cash flow)
Relação entre a cotação da acção e o cash flow por acção. Indica o
número de anos que o investidor necessitaria para "recuperar" o
investimento com o cash flow por acção.
P/CF = Cotação (P) / CFPS
Este rácio analisa-se da mesma forma que o P/E. Tradicionalmente,
usa-se para efeitos comparativos e teoricamente, quanto mais baixo fôr,
mais atractiva é a empresa em termos relativos. Usa-se
complementarmente ao P/E, pois fornece alguma informação adicional,
nomeadamente nos casos de empresas que estejam em fase de fortes
investimentos (apresentando EPS menores e aparentemente com um
P/E menos atractivo porque está a ter maiores custos com amortizações
que no futuro poderão gerar maiores resultados) ou com uma política de
amortizações mais forte (visto que a amortização não é um custo real,
mas sim é um custo contabilístico que representa investimentos
passados e consequentemente não implica saída de dinheiro da
empresa. Isto é, uma política de amortizações mais agressiva pode
penalizar o EPS e a comparação de P/Es, sem no entanto afectar o
verdadeiro valor da empresa).
o CFPS (cash flow per share)
Cash flow por acção. É o cash flow que estimado que cabe a cada
acção que estamos a analisar, com base na análise da empresa feita
previamente pelo analista.
CFPS = Cash Flow* / Número de Acções

* Resultados Líquidos + Amortizações + Provisões


o P/BV (ou PBV - price to book value)
Relação entre a cotação da acção e o valor contabilístico por acção.
Indica quantas vezes o investidor está a pagar pelo valor contabilístico
dessa acção.
P/BV = Cotação (P) / BVPS

Este rácio dá-nos apenas uma visão estática da empresa, uma vez que
o valor contabilístico por acção não é, na grande maioria dos casos,
representativo do valor da empresa. Um P/BV elevado geralmente
significa que se espera um forte crescimento de resultados da empresa
no futuro ou que a empresas tem significativas mais valias "escondidas"
no seu balanço (por exemplo, se no passado comprou um terreno muito
barato, cujo preço de mercado actual é muito mais elevado, é natural
que o ganho potencial não esteja reflectido no valor contabilístico da
empresa, uma vez que, por prudência e visto que o terreno ainda não foi
vendido, ele deverá estar contabilizado ao preço de custo e não ao
preço da venda potencial). Este rácio pode dar algumas indicações
importantes: no caso de empresas com o mesmo perfil de rentabilidade,
um P/BV mais baixo poderá significar que essa empresa está
relativamente barata. Também é útil para ajudar a avaliar empresas com
resultados negativos.
O P/BV é geralmente superior a 1, uma vez que na generalidade dos
casos, os investidores acreditam que a empresa vai continuar a
apresentar resultados positivos e uma rentabilidade razoavelmente
superior a um investimento com menor risco (como uma obrigação ou
um depósito bancário). Quando o P/BV é menor que 1, isso geralmente
pode significar que os investidores não acreditam que a empresa tenha
uma rentabilidade que compense uma alternativa menos arriscada, que
a empresa vai demorar muito tempo até conseguir apresentar resultados
interessantes ou que poderá ter menos valias potenciais.
o BVPS (book value per share)
Valor contabilístico por acção. É o valor dos capitais próprios estimado
que cabe a cada acção que estamos a analisar, com base na análise da
empresa feita previamente pelo analista.
BVPS = Capitais Próprios* / Número de Acções

* ou Situação Líquida = Capital Social + Prémios de Emissão +


Reservas + Resultados Líquidos
o Dividend Yield
Indica a percentagem de quanto o dividendo por acção representa face
à cotação da acção.
Dividend Yield = Dividendo por acção / Cotação (P)

Uma vez que os dividendos são efectivamente pagos pela empresa aos
accionistas, é relevante saber que proporção representam do preço
pago pela acção. Embora esse rendimento não seja directamente
comparável com a remuneração duma obrigação ou dum depósito (visto
que o preço das acções pode variar fortemente), pode no entanto ser um
critério de escolha de investimento. Um investidor conservador de médio
prazo pode preferir investir em empresas mais estáveis e cujas
perspectivas de valorização de preço não são tão atractivas como outras
alternativas desde que a empresa pague dividendos que representem
uma taxa de remuneração atractiva face a, por exemplo, um depósito ou
uma obrigação.
o Payout Ratio
Percentagem dos resultados líquidos da empresa distribuidos aos seus
accionistas sob a forma de dividendos.
Payout Ratio = Dividendos / Resultado Líquido

o EV/Sales (enterprise value versus sales)


Relação entre o valor de todos os capitais que financiam a empresa e as
vendas. Sendo que as vendas são geralmente difíceis de manipular em
termos contabilísticos e comparáveis na generalidade dos países, é um
indicador que pode fornecer alguma comparação de preços entre
empresas do mesmo sector, quer no mesmo país, quer em países
diferentes.
EV/Sales = Valor da Empresa* / Vendas
* Valor da Empresa = Capitalização Bolsista (Cotação * Número de
Acções) + Dívida + Interesses Minoritários
Este rácio tem algumas limitações visto que não considera a evolução
da rentabilidade das empresas. Por exemplo, dentro dum mesmo sector
uma empresa pode apresentar um rácio de EV/Sales mais elevado
porque apresenta sistematicamente resultados superiores, em termos
relativos. No entanto, se compararmos empresas com margens e perfis
de rentabilidade semelhantes (ou que acreditemos venham a ser muito
semelhantes no futuro), o EV/Sales pode dar indicações sobre a sub ou
sobreavaliação dessas acções.
o EV/EBITDA (enterprise value versus cash flow operacional)
Relação entre o valor de todos os capitais que financiam a empresa e
cash flow operacional. Dá-nos a indicação de como os lucros gerados
pela empresa (antes de custos da dívida, custos não monetários - como
as amortizações e provisões - e impostos) remuneram todos os capitais
investidos na empresa, i.e., dão a indicação de em quantos anos o cash
flow operacional "paga" esses capitais investidos.

EV/EBITDA = Valor da Empresa* / Cash Flow Operacional**

*Valor da Empresa = Capitalização Bolsista (Cotação * Número de


Acções) + Dívida + Interesses Minoritários
** Cash Flow Operacional = Resultado Operacional + Amortizações +
Provisões =
= Vendas - Custo Matérias Vendidas e Consumidas - Custos c/Pessoal -
Fornecimentos e Seriços Externos - Outros Custos (+Receitas)
Operacionais
Desde que as políticas contabilísticas das empresas não sejam muito
diferentes, este indicador é bastante útil para comparar empresas, por
vezes mesmo em sectores diferentes, uma vez que relaciona as
margens de lucro operacional (excluindo potenciais problemas
decorrentes de políticas contabilísticas diferentes em amortizações ou
fases diferentes de investimento) com os valores dos capitais investidos
na empresa.
3.2 Método dos Cash Flow Livres Descontados (DFCF)
Este método de avaliação tem como objectivo determinar qual o
verdadeiro valor empresa. É um método de avaliação relativamente
complexo mas, no entanto, dos mais usuais, baseado exclusivamente na
expectativa de evolução da performance da empresa, comparada com
um investimento alternativo e sem risco.
A ideia subjacente é simples. A partir da evolução histórica e do
conhecimento da empresa, estima-se a evolução de todos os
indicadores financeiros da empresa, com o objectivo de calcular no final
da análise, o dinheiro que realmente é gerado pela empresa após os
investimentos feitos (os cash flows livres). Estas estimativas são feitas
para períodos relativamente longos (10 anos, pelo menos), assumindo-
se um valor para a perpetuidade, com base num crescimento de longo
prazo esperado para a empresa (g). Posteriormente descontam-se
esses cash flows livres a uma taxa média ponderada de remuneração
dos capitais investidos (WACC ou weighted average cost of capital). Em
termos muito simples, compara-se a rentabilidade real da empresa com
o mínimo que é requerido para remunerar os capitais investidos na
empresa. Através desse processo consegue-se estimar o valor da
empresa para o accionista.

WACC = Custo da Dívida*(1-taxa de imposto)*(Dívida/(Dívida+Capitais


Próprios)) +
+ Custo do Capital1 * (Capitais Próprios/(Dívida +Capitais Próprios))
1
Custo do Capital = Taxa de Juro sem risco + Beta * Prémio de risco do
mercado
o Beta
Indicador de volatilidade da acção face ao mercado. Este indicador é
calculado estatisticamente com base na evolução históricas das
cotações. Um Beta de 1.3 significa que, em termos médios, se o
mercado subir 1%, a empresa tendencialmente sobe 1.3%. Obviamente,
se o mercado descer 1%, a empresa tende a descer, em média, 1.3%.
No fundo, este é um indicador de risco que dá uma medida se a acção
que estamos a analisar é mais ou menos arriscada que a média de
todas as acções cotadas.
o Prémio de Risco
Remuneração adicional (para além da taxa de juro sem risco) requerida
pelos investidores para investir em acções num determinado mercado. O
prémio de risco pode ser estimado estatisticamente se existir uma série
temporal suficiente. Em Portugal, consideramos que o prémio de risco
justo para investir em acções (para além da taxa de juro) é 5%.
4. Price Target
Preço que consideramos justo para uma acção para uma determinada
data (final de 1999, p. exemplo). Os Price Targets determinam a
recomendação de Compra, Acumular, Manter, Reduzir ou Vender
(excepto em casos especiais, como p. exemplo, uma OPA). O Price
Target é calculado com base na avaliação efectuada através do Método
dos Cash Flows Livres Descontados, confirmado com a análise dos
principais indicadores de mercado de cada acção.

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